Políticas Públicas para a C&T: em direção a um policy framework alternativo

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Transcrição da apresentação:

MR13 Um diálogo necessário: A política científica e tecnológica, a inovação e as ciências sociais

Políticas Públicas para a C&T: em direção a um policy framework alternativo Renato Dagnino Unicamp

o diagnóstico de “gap de implementação” e a Política em curso - o “gap de formulação” e a necessidade de um novo policy framework

como a comunidade de pesquisa visualiza a produção de conhecimento? tecido social

conhecimento comunidade de pesquisa tecido social TECIDO DE RELAÇÕES, CAMPO DE RELEVÂNCIA E CRITÉRIO DE QUALIDADE governo conhecimento comunidade de pesquisa militares mov.sociais qualidade com relevância e qualidade “verdes” empresas tecido social campo de relevância “sinal” de relevância

a importância da empresa como parceira conhecimento comunidade de pesquisa a importância da empresa como parceira empresas

A EMPRESA NÃO DEMANDA O CONHECIMENTO DESINCORPORADO TEORICAMENTE “TRANSFERÍVEL” E SIM O EMBUTIDO NOS PROFISSIONAIS “RELEVANTES E DE QUALIDADE” FORMADOS NA UNIVERDIDADE COMUNIDADE DE PESQUISA RH para CONCEBER Tecnologia PAÍSES AVANÇADOS P&D SÃO ELES QUE VÃO CONCEBER TECNOLOGIA NA EMPRESA, FAZENDO P&D E TORNANDO-A COMPETITIVA EMPRESA

com quem a empresa norte-americana contrata P&D?

mas…, para chegar à sociedade, o conhecimento tem que passar pela empresa universidade sociedade Inovação EMPRESA beneficios conheciminto

“sistema” de C& T comunidade conhecimento de pesquisa comunidade Sinal de qualidade dos países avançados cultura científica dos países avançados conhecimento “sistema” de C& T comunidade de pesquisa comunidade de pesquisa “qualidade” sem relevância

BRASIL (1980-2000) o crescimento dos artigos publicados É EXPLICADO pelo crescimento dos doutores formados

BRASIL COREA Artigos Científicos 1980 2000 Patentes

COREA (1980-2000) o crescimento do gasto privado em P+D (US$ bi) 10,0 2,5 5,0 7,5 92 1980 84 88 96 2000 o crescimento do gasto privado em P+D (US$ bi) explica o 92 1980 84 88 96 2000 500 1500 1000 2500 3000 3500 Patentes crescimento das patentes

Onde está quem faz P&D?

? PAÍSES PAÍSES AVANÇADOS PERIFÉRICOS P&D MANEIRA DE FAZER CIÊNCIA COMUNIDADE DE PESQUISA COMUNIDADE DE PESQUISA MANEIRA DE FAZER CIÊNCIA LEGITIMAÇÃO / IMITAÇÃO RH para CONCEBER Tecnologia PAÍSES AVANÇADOS RH para OPERAR Tecnologia Importada PAÍSES PERIFÉRICOS P&D ? EMPRESA EMPRESA IMPORTAÇÃO DE TECNOLOGIA

Análise da Política: Objetivo da Política: Conteúdo da Política: gap de implementação  manutenção do modelo Análise da Política: Objetivo da Política: estimular a relação da universidade com as empresas dos segmentos Hi Tec parques e pólos tecnológicos, fundos setoriais, lei da inovação Conteúdo da Política:

o “gap de formulação” (modelo inadequado) e a reorientação proposta - modelizando, para entender como o ator dominante (comunidade de pesquisa) percebe: a relação pesquisa – produção e seus obstáculos a importância da HiTec (PCT, PTI e realidade) o caráter neutro da ciência e determinista da tecnologia (visão ideológica da C&T) sua participação no processo de elaboração da política de C&T

MODELIZANDO e CRITICANDO: como a comunidade de pesquisa entende a relação pesquisa – produção?

RELAÇÃO PESQUISA - PRODUÇÃO OBSTÁCULOS Estruturais: - modelo de desenvolvimento (primário exportador, ISI, neoliberal) - concentração de renda - “dependência tecnológica” predomínio das ETNs

a relação pesquisa - produção TIPOS DE OBSTÁCULOS: Estruturais Institucionais determinação

RELAÇÃO PESQUISA - PRODUÇÃO OBSTÁCULOS Institucionais: visão instrumentalista modelo ofertista linear estilo de decisão da comunidade de pesquisa ênfase na HiTec arranjos institucionais pesquisa – produção ineficazes

a relação pesquisa - produção TIPOS DE OBSTÁCULOS: Estruturais Institucionais determinação realimentação

RELAÇÃO PESQUISA - PRODUÇÃO OBSTÁCULOS Estruturais: - modelo de desenvolvimento (primário exportador, ISI, neoliberal) - concentração de renda - “dependência tecnológica” predomínio das ETNs Institucionais: visão instrumentalista modelo ofertista linear estilo de decisão da comunidade de pesquisa ênfase na HiTec arranjos institucionais pesquisa – produção ineficazes

? PAÍSES PAÍSES AVANÇADOS PERIFÉRICOS P&D MANEIRA DE FAZER CIÊNCIA COMUNIDADE DE PESQUISA COMUNIDADE DE PESQUISA MANEIRA DE FAZER CIÊNCIA LEGITIMAÇÃO / IMITAÇÃO RH para CONCEBER Tecnologia PAÍSES AVANÇADOS RH para OPERAR Tecnologia Importada PAÍSES PERIFÉRICOS P&D ? EMPRESA EMPRESA IMPORTAÇÃO DE TECNOLOGIA

“sistema” de C& T comunidade conhecimento de pesquisa comunidade Sinal de qualidade dos países avançados cultura científica dos países avançados conhecimento “sistema” de C& T comunidade de pesquisa comunidade de pesquisa “qualidade” sem relevância

dogma, wishful thinking, …. ou realidade? EMPRESA Inovação universidade conheciminto sociedade beneficios mas…, para chegar à sociedade, o conhecimento tem que passar pela empresa dogma, wishful thinking, …. ou realidade?

MODELIZANDO e CRITICANDO: como a comunidade de pesquisa entende a importância da HiTec para a PCT e a PTI?

a importância da HiTec em nosso país e... nossa realidade tecnológica e industrial nossa Política de C&T

nos EUA e Japão: 16% da atividade industrial se dá em segmentos baseados em alta tecnologia (gastos de P&D superiores a 4% do faturamento) em conseqüência: a política industrial e tecnológica e a agenda de pesquisa estão focadas nesses segmentos

setores de média tecnologia (6 em 27) 1,8 1,3 2,7 1,2 15 23 esforço tec. relat. (filiais paulistas) 32 10 74 78 92 % das multi nas 500 maiores 85

Participação da HiTec no Produto Industrial: alta tecnologia: 0% média tecnologia: 16% baixa tecnologia: 84%

que se pode esperar da relação universidade-empresa localizada no País? como a empresa entende a relação pesquisa - produção? como atua a empresa?

- para 71% das empresas, a aquisição de máquinas e equipamentos mais atualizados é a principal estratégia de desenvolvimento tecnológico (CNI). - para 3%, a absorção de pesquisadores na empresa (8o e penúltimo lugar)

- universidades e institutos de pesquisa públicos ou privados estão em 10o e 11o (penúltimo) lugar entre as fontes de conhecimento - das empresas inovadoras paulistas, só 1,5% consideram importante a relação com Universidades e Institutos de Pesquisa

a atuação da empresa local (brasileira e estrangeira) é economicamente racional e em todo o mundo ocorre assim (3 melhores negócios)

MODELIZANDO e CRITICANDO: a visão ideológica instrumental da comunidade de pesquisa sobre a C&T

CONDICIONADA POR VALORES TECNOCIÊNCIA PODE SER ENTENDIDA COMO... NEUTRA INSTRUMENTALISMO DETERMINISMO AUTÔNOMA CONTROLADA PELO HOMEM SUBSTANTIVISMO TEORIA CRÍTICA CONDICIONADA POR VALORES

CONDICIONADA POR VALORES NEUTRA DETERMINISMO visão Marxista tradicional: é a força motriz (linear e inexorável) da história que, baseada na verdade universal e na eficiência, “empurra” a sociedade INSTRUMENTALISMO visão moderna, otimista, padrão: ferramenta para o bem ou para o mal, mas que, usada com ética, faz a sociedade evoluir CONTROLADA PELO HOMEM AUTÔNOMA SUBSTANTIVISMO visão pessimista da Escola de Frankfurt: possui dinâmica e valores substantivos da “sociedade tecnológica” capitalista (controle, eficiência, poder); e não pode ser usada para propósitos diferentes, de indivíduos ou sociedades TEORIA CRÍTICA grupos com valores alternativos devem se incorporar ao processo de reprojetamento e adequação sócio-técnica e criar instituições para seu controle democrático CONDICIONADA POR VALORES

CONDICIONADA POR VALORES visões ideológicas sobre a tecnologia NEUTRA INSTRUMENTALISMOVisão padrão otimista DETERMINISMO Marxismo Tradicional AUTÔNOMA CONTROLADA PELO HOMEM SUBSTANTIVISMO Escola de Frankfurt TEORIA CRÍTICA CONDICIONADA POR VALORES

MODELIZANDO e CRITICANDO: como a comunidade de pesquisa atua no processo de elaboração da política?

modelos e enfoques: policy networks e governance epistemic communities advocacy coalitions policy analysis teoria das organizações

“qualidade” e liberdade acadêmica são vistos como balizamento suficientemente potente para dispensar um modelo racional de tomada de decisões (Ham e Hill) processo incremental, marcado por non-decison making (Bachrach e Baratz) atores ajustam seus interesses a um consenso de conveniência (Lindblom) que protege as instituições (Elmore) da sociedade e do estado

a agenda de decisão é limitada a assuntos seguros mediante a terceira face do poder (Lukes) mais do que uma policy network (Peterson e Bomberg), a comunidade atua se apropriando de “sua” política ao longo de um continuum formulação – implementação (Hogwood e Gunn) a revisão por pares substitui a avaliação da política a avaliação ex post, quando existe, é ritualística (Weiss)

a política expressa a conciliação entre atores com sólidos laços corporativos, reforçados muitas vezes por uma atitude quase conspirativa que visa a proteger a ciência – e os cientistas – do ´obscurantismo´ dos encarregados da política econômica.

leva a situações que se diferenciam apenas incrementalmente do status quo, dado que "as coisas sempre foram feitas deste modo...“, que este é o acordo “possível”, e que “planejar a ciência tende a gerar situações piores do que deixar que ela siga seu livre curso...”.

as instituições do CPESP são: “arenas de conflito e barganha” nas quais indivíduos e sub-unidades com interesses específicos competem por vantagens relativas no exercício do poder e na alocação de recursos escassos necessários para a realização de seus objetivos ou projetos (pessoais ou de grupos)”

DEMOCRATIZAÇÃO POLÍTICA DEMOCRATIZAÇÃO POLÍTICA DEMOCRATIZAÇÃO ECONÔMICA ADEQUAÇÃO SÓCIO-TÉCNICA tempo 1985 2010 2025

FRONTEIRA DO CONHECIMENTO DINÂMICA INOVATIVA CONVENCIONAL DINÂMICA ALTERNATIVA NECESSIDADE Grande Empresa DEMANDA produtos HiTec 30.000 EUA 3.000 Brasil Classe Pobre Classe Rica Renda (US$)

FRONTEIRA DO CONHECIMENTO DINÂMICA INOVATIVA CONVENCIONAL DINÂMICA ALTERNATIVA NECESSIDADE Grande Empresa DEMANDA produtos HiTec 30.000 EUA 3.000 Brasil Classe Pobre Classe Rica Renda (US$)

nossa proposta policy framework Obstáculos Institucionais NÓ CRÍTICO: GOVERNABILIDADE + OPORTUNIDADE policy framework modelo ofertista linear estilo de decisão da com. pesquisa visão instrumentalista da C&T estratégias de pesquisa e valores Obstáculos Institucionais política “interna” de C&T