Paula Roberta Ferreira F2 setor retina ISCMSP Endoftalmite Paula Roberta Ferreira F2 setor retina ISCMSP
Conceito A endoftalmite infecciosa ocorre quando alguma estrutura intra-ocular é colonizada por microrganismo replicante, causando resposta inflamatória que pode, em casos graves, atingir todos os tecidos oculares. A maioria das endoftalmites é de origem bacteriana, mas fungos, vírus e parasitas também podem causar infecção.
Endoftalmites 2/3 após cirurgias. Incidência após cg de catarata 0,05%-0,16% 25% casos após trauma. Exógena: porta de entrada (trauma ou cg) Endógena: outro foco infeccioso do próprio corpo.
Etiologia Pós-cirúrgica: 70% Aguda: menos de 6 semanas após cirurgia: 94% bacterias gram + ( Staphylococcus coagulase negativo - 70%, Staphylococcus aureus - 10%, Streptococcus - 11% ) 6% bactérias gram negativas. Crônica: mais de 6 semanas após a cirurgia: Propionibacterium acnes, Staphylococcus coagulase negativo e fungos Associada a cg filtrante (trabeculectomia-meses/anos): Streptococcus (47%), Staphylococcus coagulase negativo (22%) e Haemophilus influenzae (16%)
Etiologia 2. Pós- trauma: 20% 3. Endógena: 8% Bacillus cereus (24%), Staphylococcus (39%) e bactérias gram negativas (7%) 3. Endógena: 8% Rara, geralmente causada por fungos (Candida); pode ser causada por Staphylococcus aureus e bactérias gram negativas em pacientes debilitados com septicemia.
Quadro clínico Principais sintomas da endoftalmite aguda são: dor intensa, baixa da acuidade visual, hiperemia, edema palpebral, córnea com edema de vários graus, células e flare intensos em CA, podendo apresentar hipópio e hifema. Membrana inflamatória pupilar, o vítreo com vários graus de opacidade devido a reação inflamatória. O exame de ultrassonografia pode ajudar no diagnóstico.
Quadro clínico Endoftalmite crônica ou endógena Uveíte crônica não granulomatosa, indolente P. acnes pode induzir placas esbranquiçadas no saco capsular Endoftalmite c/ bolhas filtrantes Semelhante a endoftalmite ag, presença de bolha purulenta
Tratamento Curso agudo e fulminante Tratamento – atb empiricamente Intra- vítrea Endovenoso e subconjuntival (barreira hemato-retiniana) VVPP
Endophthalmitis Vitrectomy Study - EVS Obj: avaliar o papel VVPP e atb endovenosos Participantes: pctes com sinais e sintomas de endoftalmite aguda após cg de catarata ou implante de LIO. Randomização: ATB sistêmicos ou não. VVPP imediata ou Injeção IV ATB Resultados coletados: AV e transparência de meios
Endophthalmitis Vitrectomy Study - EVS Não houve diferença AV final ou transparência de meios ATB venosos (amicacina/ceftazidime) Não houve diferença entre VVPP x Injeção IV ATB : pctes AV melhor que percepção luminosa Pctes PL melhor a VVPP
Endoftalmite aguda após cg Se a AV for > PL: colher vítreo para cultura + injeção intravítrea de Vancomicina(2.25mg/0.1ml) + Ceftazidime (1mg/0.1ml) Se a AV for igual a PL: vitrectomia via pars plana + injeção intravítrea de ATB Antibióticos tópicos fortificados 1/1 hora Corticóide tópico (acetato de prednisolona 1%) 2/2 horas Atropina 1% 8/8 horas Antibiótico endovenoso não é utilizado de rotina. Considerar o uso de quinolonas de terceira e quarta geração (gatifloxacina endovenosa ou moxifloxacina 400mg via oral).
Endoftalmite aguda após 5 dias de cg catarata Endoftalmite aguda após 5 dias de cg catarata. Realizado Inj IV ATB – 20/30
Endoftalmite crônica após cg Colher material para cultura (2 semanas) Inj IV ATB e saco capsular VVPP + Injeção IV ATB (remoção seletiva de placa esbranquiçada) VVPP + explante de LIO + retirada de saco capsular + Inj IV ATB.
Endoftalmite após trauma, cg filtrante, endógena Considerar uso de anfotericina B 0.005mg/0.1ml (IV) Semelhante endoftalmite aguda, VVPP mais precoce Blebite (ATB topicos e /ou subconjuntivais) Pior prognóstico. Corticóide IV???
Endoftalmite associada a bolha c 2 anos de cg – VVPP + inj ATB IV
Seguimento 1. Avaliar o paciente a cada 12 horas 2. Melhora da dor. 3. Considerar corticóide oral associado a um protetor gástrico 4. Após 48 horas o paciente deve mostrar sinais de melhora clínica(melhora da dor, diminuição da inflamação, diminuição do hipópio). Considerar nova injeção de antibiótico se não houver melhora (baseado no antibiograma) e se AV for de no mínimo movimentos de mãos. Entretanto, se houver piora do quadro ou AV for de percepção luminosa, realizar vitrectomia.
Prognóstico Depende do microrganismo isolado. Pacientes que atingiram 20/100 ou melhor: Micrococo coagulase negativo 84% Gram negativo 14% Staphylococos aureus 50% Strepcocos 30% Enterococo 14% Pseudomonas ou Bacillus sem relato de preservação visual
Prognóstico EVS 53% preservaram visão de 20/40 ou melhor 15% mantiveram a visão 20/200 ou pior 5% ficaram com percepção luminosa