Carmen Amorim Gaudêncio Professora Adjunta

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Transcrição da apresentação:

Carmen Amorim Gaudêncio Professora Adjunta camorimg@yahoo.com.br UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CCHLA - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA LAMPSO: AREA DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Carmen Amorim Gaudêncio Professora Adjunta camorimg@yahoo.com.br

ESTRUTURA DA AULA ASPECTOS HISTÓRICOS Oferecer ao estudante de Psicologia uma visão geral acerca do sentido da avaliação psicológica: A razão de sua EXISTÊNCIA, sua LEGITIMIDADE e os principais ELEMENTOS HISTÓRICOS que a demarcaram. Serão abordados quatro aspectos principais: Os MOTIVOS que demandaram a existência da avaliação psicológica. Os PRINCIPAIS EVENTOS HISTÓRICOS que embasaram a aparição e consolidação da área. Elementos da HISTÓRIA RECENTE da avaliação psicológica. A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO BRASIL: Formação e perspectivas.

MOTIVOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA tem um passado relativamente recente (menos de dois séculos), porém uma história antiga. De fato, é provável que a “AP” seja tão antiga quanto a concepção de que as pessoas são parecidas com outras em alguns aspectos, porém diferentes de outras em outros tantos. A necessidade de compreender a variabilidade de pensamentos, afetos e comportamentos intra e inter-individual criou a possibilidade de estruturar modelos explicativos dos processos psicológicos subjacentes. Estes indícios iniciais, seguramente, inspiraram muitos dos trabalhos no âmbito da AP. Pretendia-se diferenciar indivíduos, classificá-los, atribuir méritos e penas em razão de seu perfil ou desempenho. Contudo, esta exigência se tornou maior segundo o mundo foi se modernizando. ANASTASI E URBINA (2002) indicam relatos do sistema de exames do serviço civil utilizado há cerca de 2.000 anos no império chinês. Na Idade Média as universidades européias já empregavam exames formais para conceder graus e honras. Entenda-se por tais processos construtos psicológicos, isto é, objetos de interesse da avaliação que não são diretamente perceptíveis, mas se faz notar em razão de sua influência no comportamento. São alguns exemplos: Traços de personalidade, tipos de raciocínio, estados mentais (depressão, ansiedade). Nenhum homem é absolutamente singular, ímpar. Compartilham-se contextos ambientais, estilos de vida, modos de aprendizagem e cargas genéticas, o que leva a semelhanças entre indivíduos. Porém, justamente pela especificidade das realidades e experiências, nenhum indivíduo é plenamente idêntico aos demais.

MOTIVOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA O cenário previamente traçado foi importante para consolidar a idéia de contar com alguma ferramenta “padronizada” no momento de avaliar as pessoas, evitando cair em impressões subjetivas que apenas promoviam a discriminação. A AP, entretanto, não pode ser encarada estritamente como uma forma de promoção de direitos e igualdades. Foi, sobretudo, um instrumento de triagem, favorecendo escolher indivíduos entre multidões. Quando se olha para a HISTÓRIA, claramente se percebe um impulso da AP em uma época de maior efervescência social: A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. Neste contexto de desenvolvimento, começaram a mudar as atividades simples, manufatureiras, para aquelas mais industriais, constituindo-se aglomerados urbanos onde se evidenciou um espaço profícuo para romper com padrões domésticos e ingressar em relações mais contratuais e formais. Lembrando, estamos falando de eventos que tiveram como marcador temporal os séculos XVIII (Inglaterra) e XIX (demais países). Demandava-se mão-de-obra, havendo a necessidade de selecionar e treinar. Neste sentido, precisava-se conhecer as habilidades dos indivíduos e suas dificuldades, por exemplo, de aprendizagem. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL representou uma transição entre o Feudalismo e o Capitalismo. Significou a substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril. Isso teve impacto na estrutura da sociedade, renunciando a regalias e princípios burgueses em favor do desenvolvimento pautado em indivíduos produtivos.

MOTIVOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA A PSICOLOGIA começa realmente no contexto das mudanças do SÉCULO XIX. O ZEITGEIST (espírito, clima) de então, com as inovações tecnológicas e novas descobertas, provavelmente fruto de movimento Iluminismo, foi o cenário para O LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA EXPERIMENTAL, criado por WILLHEM WUNDT, em 1879. Foi a partir destes eventos, isto é, contexto da Revolução Industrial, ascensão das idéias iluministas (por exemplo, liberdade, igualdade, fraternidade) e consolidação da Psicologia como ciência, que a AP ganhou espaço. A afirmação desta área como campo de conhecimento legítimo dentro da Psicologia se deveu então a dois aspectos principais: Atender às demandas de seleção e qualificação Explicar problemas humanos notórios (transtornos psicológicos relacionados com o aprendizado, interação social e adaptação na atividade de trabalho). Percebe-se claramente que tais fatores estão entrelaçados, são interdependentes. Podem ser vistos como frutos de atender a demandas individuais e da sociedade como um todo, que exige decisões formais pautadas em conhecimentos sólidos, como evidenciados pelos sistemas de medida e classificação.

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS O SÉCULO XIX foi crucial para a consolidação da AP. Inicialmente, o foco foi no contexto clínico. A questão central era o tratamento humano de deficientes mentais. Então se primava por padrões mais eficazes. As instituições na Europa e nos Estados Unidos demandavam a necessidade de um SISTEMA OBJETIVO DE CLASSIFICAÇÃO dos pacientes. Neste marco, os antecedentes históricos da área estão também ligados à Psiquiatria. SEGUIN (1837) fundou a primeira escola dedicada à educação de crianças mentalmente retardadas, pautando seu trabalho no método fisiológico de tratamento. ESQUIROL (1838) dedicou mais de 100 páginas para tratar o que hoje se concebe como “retardo mental”, destacando que existiam graus variados deste déficit cognitivo. Este autor defendia a noção de “curabilidade” do retardo mental. Por meio do seu método crianças severamente retardadas eram levadas a fazer exercícios intensivos em discriminação sensória e no desenvolvimento de controle motor.

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS Destaca-se, entretanto, que a contribuição mais forte para a definição do que hoje se compreende por AP foi da PSICOLOGIA EXPERIMENTAL, colocando-se ênfase nos fenômenos sensoriais (influência da Fisiologia e Física). Desde esta perspectiva interessava a uniformidade e não as diferenças no comportamento, sendo tais diferenças ignoradas ou encaradas como um mal presente (mas indesejado) que limitava a generalização dos resultados. A temática “tempo de reação”, entretanto, sugeria variabilidade entre os indivíduos que não poderia ser atribuída a flutuações (erros). Neste contexto, destacava-se a necessidade de contar com MEDIDAS OBJETIVAS E CONSISTENTES, aspectos que definem em grande parte a atividade corrente desta área de atuação. A propósito, o controle das condições de experimento foi transposto para o fazer da avaliação psicológica, primando-se pela padronização da situação de avaliação e dos procedimentos empregados.

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS No século XIX foram identificadas contribuições de dois dos autores que tiveram forte influência na área: FRANCIS GALTON Uma de suas obras principais, de 1883, foi Inquiries into Human Faculty and Its Development (http://www.galton.org/books/human-faculty/text/galton-1883-human-faculty-v4.pdf). Suas contribuições foram em três áreas: CRIAÇÃO DE TESTES ANTROPOMÉTRICOS (percepção de comprimento, altura do tom). Propôs que os testes de discriminação sensorial mediriam o intelecto de uma pessoa. CRIAÇÃO DE ESCALAS DE ATITUDES. Escalas de pontos, questionários e associações livres, empregadas depois dos experimentos sensoriais para avaliar reações afetivas. DESENVOLVIMENTO E SIMPLIFICAÇÃO DE MÉTODOS ESTATÍSTICOS. Possibilidade de aglomerar e relacionar os dados. Tarefa aperfeiçoada por KARL PEARSON, seu discípulo.

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS JAMES MCKEEN CATTELL The averages given in Table VII. areas usual taken from 26 reactions) Uma de suas obras-chave, de 1890, foi MENTAL TESTS AND MEASUREMENTS (http://psychclassics.yorku.ca/Cattell/mental.htm) Suas contribuições principais são elencadas como seguem: Usou o termo “TESTE MENTAL” pela primeira vez, inaugurando uma área ampla de interesse dos psicólogos e educadores. Procurou estudar DIFERENÇAS INDIVIDUAIS EM TEMPO DE REAÇÃO, que era então percebido como indicação de HABILIDADES INTELECTUAIS. Realizou diversos estudos envolvendo crianças escolarizadas, estudantes universitários e adultos. CATTELL se centrou em TESTES SENSORIAIS, considerando que os complexos (MEMÓRIA, COMPLEMENTAÇÃO DE SENTENÇAS) produziam resultados inconsistentes. Porém, também os resultados de seus estudos se revelaram inconsistentes e SEM ASSOCIAÇÃO COM O NÍVEL INTELECTUAL dos alunos como avaliado pelos professores.

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS No início do SÉCULO XX são destacáveis as contribuições de BINET e SPEARMAN: ALFRED BINET Uma de suas obras principais, de 1916, foi The development of intelligence in children (http://www.archive.org/details/developmentofint00binerich). Suas contribuições podem ser elencadas como seguem: Criou o primeiro TESTE DE INTELIGÊNCIA GERAL (traços físicos, caligrafia). A BINET-SIMON SCALE é indicada como sua principal contribuição. Introduziu o conceito de IDADE MENTAL (IM). O conceito de IM foi fundamental para operacionalizar o de QI (Quociente de Inteligência) O êxito na utilização das escalas de Binet levou a APA (American Psychological Association) a criar os testes ARMY ALPHA e ARMY BETA para seleção militar nas guerras. O conceito de IDADE MENTAL não é consenso. Em geral, entende-se como a capacidade mental esperada de uma pessoa de determinada idade O termo QI surgiu inicialmente em língua alemã (Intelligenz-Quotient), tendo sido acunhado pelo psicólogo germano WILLIAM STERN EM 1912

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS Exemplo do Army Beta

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS CHARLES SPEARMAN Uma de suas obras principais, de 1904, foi ‘General Intelligence Objectively Determined And Measured’ (http://psychclassics.yorku.ca/Spearman/). Contribuiu nos âmbitos teórico e técnico, destacando-se: Foi o PRIMEIRO PSICOMETRISTA, isto é, o primeiro com trabalhos sistemáticos na área, reconhecido como pai da TEORIA CLÁSSICA DOS TESTES (TCT). Deu impulso aos trabalhos de GALTON e PEARSON, desenvolvendo as estatísticas de correlação e ANÁLISE FATORIAL. Neste âmbito também é considerado pioneiro. Descobriu um FATOR GERAL DE INTELIGÊNCIA (denominado FATOR G), resultado das correlações entre os múltiplos testes mentais. A temática do FATOR G, apesar do tempo transcorrido, ainda parece despertar interesse. Recentemente se relacionou este fator com ÁREA ESPECÍFICA DO CÉREBRO, como aparece em NATURE NEUROSCIENCE. http://www.nature.com/neuro/journal/v4/n12/abs/nn758.html

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS A ERA DOS TESTES DE INTELIGÊNCIA (Décadas de 1910 A 1930) BINET e SPEARMAN deram contribuições importantes para o estudo da inteligência. Porém, não foram os únicos. Nomes como Joseph JASTROW, Hugo MÜNSTERBERG e Edward THORNDIKE também se destacaram. A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914) foi decisiva. Vários psicólogos, atendendo a demandas militares, desenvolveram testes psicológicos específicos para selecionar soldados (por exemplo, YERKES, SEASHORE, ANGELL). A necessidade então era contar com instrumentos para seleção rápida, que fossem eficientes e apresentassem conteúdos universais, de modo a permitir o recrutamento de forma objetiva. Os testes então elaborados passaram de centenas, embora alguns rapidamente desapareceram; poucos foram os que conseguiram resistir, estando em uso até os dias de hoje. Um exemplo é o MMPI ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Este instrumento, denominado Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI), é de 1930. Existe versão atualizada nos dias de hoje (MMPI-2), que é inclusive empregada em pesquisas no Brasil, apesar de não constar na lista de testes aprovados http://www2.pol.org.br/satepsi/sistema/admin.cfm?lista1=sim

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS Apesar de mencionar as décadas de 1930 e 1940, a análise fatorial compreendeu um conjunto de técnicas estatísticas que teve origem antes deste período e segue sendo desenvolvida nos dias de hoje. A idéia inicial de SPEARMAN de contar com um FATOR G de inteligência, baseada em matrizes de correlação e extração de um único fator, logo deu lugar a concepção de múltiplas inteligências. Isso foi possível graças ao desenvolvimento da ANÁLISE FATORIAL MÚLTIPLA (admissão de estruturas com múltiplos vetores, fatores). Autores como KELLEY, THOMSON e BURT deram contribuições importantes. Porém, foi provavelmente THURSTONE o mais importante, atuando no desenvolvimento da escalagem psicológica, isto é, elaboração das chamadas escalas de atitudes. LOUIS LEON THURSTONE foi quem fundou, em 1936, a American Psychometric Society, juntamente com a revista Psychometrika, dedicada ao estudo e avanços na Psicometria. ANÁLISE FATORIAL 1930 - 1940

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS Este período amplo é marcado por DUAS TENDÊNCIAS: TRABALHOS DE SÍNTESE. Neste âmbito diversos foram os trabalhos , considerando diferentes aspectos: GUILFORD (Psychometric Methods – 1936; reeditado em 1954) reuniu os avanços realizados até então. GULLIKSEN (Theory of Mental Tests – 1950) sistematizou a teoria clássica dos testes. TORGERSON (Theory and Method of Scales – 1958) sistematizou a teoria sobre a medida escalar. Importante sua concepção sobre teoria da medida. CATTELL (The Scientific Analysis of Personality – 1965) sintetizou dados sobre a medida da personalidade. HARMAN (Modern Factor Analysis - 1967) reuniu os avanços sobre análise fatorial. BUROS (Mental Measurement Yearbook – 1938-1940) apresenta resumo sobre os testes disponíveis na literatura, sobretudo estadunidense. SISTEMATIZAÇÃO DA ÁREA - 1940 a 1980

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS TRABALHOS DE CRÍTICA. Estes não estiveram restritos a um autor ou área específica, mas visavam indicar a necessidade de reformulação do campo da avaliação psicológica. Destacaram-se três grandes linhas: STEVENS (On the Theory of Scales of Measurement – 1946) levantou o problema das escalas de medida, suas especificidades de uso na Psicologia. LORD & NOVICK (Statistical Theory of Mental Tests Scores – 1968) criticou a teoria clássica dos testes (TCT), apontando a inconsistência de procedimentos estatísticos. STERNBERG (Intelligence, Information Processing, and Analogical Reasoning - 1977) introduz a concepção de INTELIGÊNCIA MULTICOMPONENCIAL, isto é, diversos tipos de raciocínio. Neste âmbito, desenvolveu procedimentos próprios de pesquisa, procurando compreender como as pessoas resolvem problemas de raciocínio. SISTEMATIZAÇÃO DA ÁREA 1940 a 1980 Uma forma empregada para “captar” os caminhos do pensamento era solicitar que as pessoas, ao procurarem resolver um problema, verbalizassem cada passo que estivessem pensando ou executando. Isso permitiria saber as circunstâncias dos acertos e erros. 16 16

EVENTOS HISTÓRICOS DECISIVOS Denomina-se esta fase de a era da PSICOMETRIA MODERNA. Contudo, esta não é uma denominação adequada, pois a TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM (TRI) não veio para substituir a TEORIA CLÁSSICA DOS TESTES (TCT). Ela a complementa naquele aspecto em que a TCT é mais frágil: análise dos itens. A TRI é uma teoria que concebe cada item como independente dos demais, permitindo avaliar a possibilidade de acertá-lo (testes) ou endossá-lo (escalas), seu poder discriminativo e grau de dificuldade. Embora se siga dando muito destaque a esta teoria, ainda está pouco difundida. De fato, são escassos os estudos no Brasil que a empregam. Os pacotes estatísticos disponíveis contam ainda com divulgação restrita, empregando, freqüentemente, recursos de programação ou comando de sistema (DOS). TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM - A PARTIR DE 1980

HISTÓRIA RECENTE DA AVALIAÇÃO Os últimos 20 anos foram palco de mudanças substanciais no contexto da AP, tanto em relação às temáticas como aos métodos de análise Possibilidade de tratar com MÚLTIPLAS DIMENSÕES, desenvolvendo concepção mais real da multideterminação do comportamento. Trabalha-se com parcelas de itens e facetas para operacionalizar construtos mais amplos. A ênfase em MODELOS SINTÉTICOS, como os big five [cinco grandes fatores da personalidade: O (abertura), C (conscienciosidade), E (extroversão), A (agradabilidade) e N (neuroticismo)] se fizeram presentes. Desenvolveram-se MODELOS CIRCUMPLEXOS (estruturas complexas, não lineares), como relativas aos afetos, os valores e os interesses vocacionais. Estes passaram a ser concebidos como organizados ao longo de um círculo, refletindo compatibilidades (elementos mais próximos no espaço) e conflitos (os mais afastados).

HISTÓRIA RECENTE DA AVALIAÇÃO ESTRUTURA CIRCUMPLEXA DOS AFETOS Nesta estrutura são localizados dois eixos principais: (1) PRAZER vs DESPRAZER e (2) ATIVAÇÃO vs PASSIVIDADE. Os afetos específicos são organizados ao redor do círculo. Por exemplo, amor (love) é um afeto caracterizado como prazeroso e ativo, ao passo que tédio (boredom) é sentido como desprazeroso e passivo, tranqüilo. 19 19 19 19 19 19 19

HISTÓRIA RECENTE DA AVALIAÇÃO Hoje em dia têm sido desenvolvidos modelos mais complexos de análise de itens por TRI -politômicos, desdobramento. A MODELAGEM POR EQUAÇÕES ESTRUTURAIS, que são procedimentos confirmatórios que permitiram trabalhar com testagem de teorias, confrontando-as com a realidade. MODELOS ESTATÍSTICOS que permitem avaliar estruturas não-lineares, a exemplo do ESCALONAMENTO MULTIDIMENSIONAL, ganhou a possibilidade de ser confirmatório. Muitos RECURSOS COMPLEMENTARES (testes para comparar Alfas de Cronbach, correlações, estruturas fatoriais). Ênfase em estudos TRANS-CULTURAIS, procurando avaliar se construto e medida são universais ou invariantes nos diversos contextos culturais. Inicialmente, a TRI apenas trabalhava com ITENS DICOTÔMICOS (duas alternativas de resposta, como verdadeiro e falso) e GRADUAIS (acertando um item difícil, levaria a acertar outro fácil), hoje se concebe itens com MÚLTIPLAS ESCOLHAS e RESPOSTAS DESDOBRADAS (unfolding), isto é, não necessariamente quem acerta um mais difícil acertará outro mais fácil.

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO BRASIL Escola Normal de São Paulo, o Laboratório de Pedagogia Experimental, dirigido por UGO PIZZOLI - memória, inteligência infantil e psicomotricidade. 1914 Rio de Janeiro, o pediatra FERNANDES FIGUEIRA usa por primeira vez testes de inteligência (BINET-SIMON) na avaliação de internos do Hospício Nacional. 1918 JOSÉ JOAQUIM MEDEIROS E ALBUQUERQUE publica o primeiro livro no país sobre testes psicológicos. 1924 AP surge a partir de preocupações clínicas, especialmente psiquiátricas. BRASIL PRODUÇÃO MÉDICO-CIENTÍFICA, levada a cabo no contexto acadêmico, principalmente na Bahia e no Rio de Janeiro. 1836-1930 Rio de Janeiro tem lugar a primeira TENTATIVA DE CRIAR UM LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA APLICADA A EDUCAÇÃO indício do interesse na avaliação educacional. 1890

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO BRASIL HENRY PIERÓN ensina em São Paulo as disciplinas PSICOLOGIA EXPERIMENTAL E PSICOMETRIA. 1927 É realizada uma pesquisa sobre os testes de GOODENOUGH (desenhos), por BUENO DE ANDRADE e CELSINA ROCHA. 1928 Surge o LABORATÓRIO PSICOLÓGICO THEODORE SIMON, da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico (SP). Orientado pelo SIMON (colaborador de Binet), foi chefiado por HELENA ANTIPOFF. Foram realizadas diversas pesquisas sobre INTELIGÊNCIA, MEMÓRIA, APRENDIZAGEM etc. 1929 No Rio de Janeiro, funda-se o LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA DO HOSPITAL DO ENGENHO DE DENTRO. 1923 Na Bahia, o educador ISAÍAS ALVES inicia observações do desenvolvimento dos pré-escolares, empregando os TESTES BALLARD (domínios mentais). 1924 No Recife, o psiquiatra ULISSES PERNAMBUCO cria o INSTITUTO DE SELEÇÃO E ORIENTAÇÃO PROSSIFIONAL DE PERNAMBUCO (ISOP). Núcleo ativo por mais de 10 anos, empregando diversos testes, inclusive o ALPHA ARMY (ANÍBAL BRUNO). 1925

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO BRASIL REGULAMENTAÇÃO DE PRÁTICAS já desenvolvidas por todo Brasil, com a firmação da Psicologia nos anos 1920. 1930-1962 ORGANIZAÇAO DO DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO DO SERVIÇO PÚBLICO e um ano depois instalou-se o SERVIÇO DE SELEÇÃO PROFISSIONAL. Um dos principais colaboradores foi OTÁVIO MARTINS, que se especializou com THURSTONE, em Chicago, e no Brasil aplica a ANÁLISE MULTIFATORIAL no teste ABC. 1938 Fundação Getúlio Vargas funda o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), referência na América Latina. 1947 Associação Brasileira de Psicotécnica. 1949 ISOP examina os candidatos para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), por meio de entrevistas, provas de aptidão e personalidade. 1951 CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito estende o exame psicotécnico para todos os candidatos à CNH. 1962

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO BRASIL Criação dos cursos de Graduação em Psicologia 1970-1987 Mestrado da UFPB - Doutorado, finais dos anos 80 1976 Avanços das áreas da Psicologia, mas diminuição da área de AP. A idéia de rotular foi marcante, assim como a concepção de inutilidade deste tipo de avaliação 1970-87 Criação dos cursos de graduação em Psicologia 1962-1970 Regulamentação da Psicologia, 1962 (Lei nº 4.119) 1960 Conselho Federal e Conselhos Regionais de Psicologia. Começo de cursos na Universidade de São Paulo. Na Paraíba surge em 1970 1970 24 24 24 24 24 24

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO BRASIL RETOMADA DO CRESCIMENTO. Surgem os LABORATÓRIOS de A P, inicialmente UnB, UNICAMP e UFRGS. FORMAÇÃO DOS PRIMEIROS PESQUISADORES DE AP, fruto da geração que esteve em USA (Cilio Ziviani, Cláudio Hutz), Bélgica (Luiz Pasquali) e Espanha (Fermino Sisto). Esforço para ADAPTAR DIVERSAS MEDIDAS (Escala de Assertividade de Rathus, Questionário de Saúde Geral). São introduzidos TESTES NOVOS no país e elaborados outros: IFP (Inventário Fatorial de Personalidade) DESCENTRALIZAÇÃO DA ÁREA, com profissionais ocupando espaços em diversos estados, como Bahia, Ceará, Minas Gerais e Paraíba. Surgem CONGRESSOS ESPECÍFICOS (MG, PB, SP). Criam-se o Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica e a Sociedade Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos. 1987 Tem lugar o primeiro programa específico de pós-graduação (mestrado e doutorado) em AP na Universidade São Francisco (SP). 1990 25 25 25 25 25 25

REFERÊNCIAS Os textos fundamentais desta aula foram: Alchieri, J. C. & Cruz, R. M. (2004). Avaliação psicológica: Conceito, métodos e instrumentos. 2ª ed.. São Paulo: Casa do Psicólogo. Anastasi, A. & Urbina, S. (2000). Testagem psicológica. 7ª Ed. Porto Alegre: ArtMed. Pasquali, L. (2001). Técnicas de exame psicológico – TEP: Manual. Brasília: Conselho Federal de Psicologia / São Paulo: Casa do Psicólogo. 26

Muito obrigada!!