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Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro
Questão: Como se explica a difusão internacional deste regime monetário?
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Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro
4 categorias gerais de explicações: (1ª) Adesão ao padrão-ouro explicada pela evolução da oferta relativa dos dois metais preciosos, o ouro e a prata (tese dos teóricos monetários). - oferta de prata superior à de ouro, verificada a partir de 1860 e continuando até 1900, forçou os países interessados em preços e valores monetários estáveis a preferir o ouro. Contra-argumento: preços relativos da prata e do ouro foram determinados mais pela procura do que pela oferta. E as aspirações a imitar a GB tiveram uma forte influência na determinação da procura relativa dos dois metais preciosos.
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(2ª) Opção pelo padrão-ouro explicada por política de interesses de alguns grupos (tese de Marcello de Cecco). - sector industrial e financeiro preferia o ouro com base no argumento de moeda estável. - exportadores de produtos primários preferiam a prata porque os preços em baixa permitiam ultrapassar os efeitos da política aduaneira de barreiras às importações alimentares nos países da Europa Ocidental, depois de 1875. Contra-argumento: explicação que não se afigura válida para todos os casos nacionais (Rússia e Japão, por exemplo)
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Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro
(3ª) Opção pelo padrão-ouro explicada por circunstâncias diplomáticas (tese de Flandreau e Eichengreen). - confrontação política Franco-Prussiana após 1870 que conduziu à derrota da França e à sua obrigação de pagar indemnizações em títulos convertíveis em ouro; - indemnizações de guerra serviram à Alemanha para criar uma moeda nacional com base no ouro; - efeito dominó da opção alemã – a rede de externalidades; - põe-se em causa racionalidade da escolha.
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(4ª) Opção pelo ouro explicada pela evolução intelectual, social e política no interior das nações, causada pelo desenvolvimento económico do século XIX (tese de Alan Milward) - relação económica e política que o ouro tinha com o desenvolvimento económico / maiores entradas de capital estrangeiro para os países menos desenvolvidos / diminuição do prémio de risco dos empréstimos / convertibilidade significava credibilidade.
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Outras causas possíveis: - Poucos custos na adesão - economias onde já circulava uma grande quantidade de moedas de ouro (GB, Portugal); - O ouro era um padrão monetário alternativo para um regime economicamente liberal.
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O padrão-ouro como um regime de taxas de câmbio com bandas de flutuação (=> pontos do ouro) Explicação e significado dos pontos do ouro: - as taxas de câmbio podiam flutuar no interior de margens estreitas, correspondendo aos pontos de entrada e de saída do ouro, sem que os negociantes do ouro tivessem significativos lucros de arbitragem. - Banda de flutuação definida pelos custos de transacção.
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- margem superior corresponde ao ponto de importação do ouro (desvalorização da divisa) e margem inferior ao ponto de exportação do ouro (revalorização da divisa). = progresso tecnológico da 2ª ½ do século XIX ↓ estes custos => passaram de 2 ½% para 0.5% do valor do ouro negociado entre meados do século e as vésperas da I Guerra Mundial. =
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Questão: Porque é que o sistema monetário do padrão-ouro foi mais estável no centro do que na periferia?
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Países do Centro => 2 mecanismos conseguiam manter a estabilidade do sistema: 1 – Existência de Bancos Centrais. 2 – Diversificação económica a implicar uma menor sujeição a choques externos. = Banco Central – quase exclusivo da emissão + assumiam a estabilidade do sistema (na prática) + Banco dos bancos =
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Países da Periferia (maior instabilidade do sistema): 1 - Muitos países não tinham Bancos Centrais. 2 - Países produtores de matérias-primas sujeitos a choques no mercado de bens e sua relação com os desvios desestabilizadores dos fluxos de capitais internacionais (choques da oferta).
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Dinâmicas da transição => 3 vias: (1) passagem da prata ou bimetalismo para o ouro sem um período de grande instabilidade cambial. A troca de prata por ouro no mercado mundial permitiu-lhes acumular as reservas necessárias para a actividade de um padrão-ouro (Alemanha, Holanda, Bélgica, França, Suíça, Estados Escandinavos). (2) passagem de padrões formalmente bimetálicos, mas efectivamente inconvertíveis, para o ouro com atraso relativo e depois de um longo período de inconvertibilidade. Precisaram de mais tempo para acumular reservas (Áustria, Rússia, Japão, algumas nações latino-americanas).
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(3) passagem do padrão-prata para o ouro com períodos de inconvertibilidade em países de economias menos desenvolvidas e com laços imperiais formais ou informais com o núcleo industrial. Adoptaram padrão divisas-ouro, pois desta forma o banco central ou o governo mantinha as suas reservas não em barras de ouro, mas sob a forma de activos denominados em moedas convertíveis em ouro (caso da Índia).
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Da bibliografia recomendada ver: Convertibilidade Cambial, capítulos 2 e 3. Bibliografia complementar: Eichengreen, Barry; Flandreau, Marc (1997), The Gold Standard in Theory and History, Routlledge, London and New York.
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