ESTUDOS BIOGRÁFICOS. Mestrandos: Alexandre Costa Gilberto Lapa Disciplina : Métodos Qualitativos em Administração Profª Drª Maria Auxiliadora Diniz de.

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Transcrição da apresentação:

ESTUDOS BIOGRÁFICOS

Mestrandos: Alexandre Costa Gilberto Lapa Disciplina : Métodos Qualitativos em Administração Profª Drª Maria Auxiliadora Diniz de Sá Agosto / 2010

O Trabalho 1. Para Começar Conhecendo um pouco das personalidades 3. Um pouco de História 4. Método x Produto 5. Entendendo o Estudo Biográfico 6. As várias maneiras dos Estudos Biográficos 7. A Biografia e seus múltiplos usos 8. Para Finalizar Referências

Para Começar...

BIOGRAFAR Pesquisar e escrever a Biografia de alguém BIOGRAFIA Relato da vida de alguém. Ex: livro, filme, etc.

“As pessoas lêem e continuam lendo biografias, acredita Stephen B. Oates, pelo prazer de se projetarem em outras vidas, diferentes tempos, outros destinos e de retornarem ao presente após a viagem. É como se o leitor se deliciasse com o fato ‘de não estar sozinho no mundo’, de poder compartilhar sua própria história com outra pessoa, não importando a época.” (VILAS BOAS, 2002, p. 37).

Conhecendo um pouco das personalidades

“A ciência sem a religião é paralítica; a religião sem a ciência é cega.” ALBERT EINSTEIN “A virtude está no meio, no justo equilíbrio entre os extremos.” BUDA “A grande diferença entre o homem e o macaco é o senso moral.” CHARLES DARWIN “Põe quanto és no mínimo que fazes.” FERNANDO PESSOA “Sempre há uma parcela de loucura no amor, porém sempre há um pouco de Razão na loucura.” FRIEDRICH NIETZSCHE

“Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias.” GANDHI “Educar não é somente instruir; mas, desenvolver a moralidade e o caráter.” GETÚLIO VARGAS “Acho que a única função digna do cinema é mostrar o homem ao homem.” GLAUBER ROCHA “A música é um alimento indispensável para a alma humana.” HEITOR VILLA-LOBOS

“O importante não é o que fazemos de nós, mas o que fazemos daquilo que fazem de nós.” JEAN-PAUL SARTRE “Enquanto há vida há esperança.” JOHN LENNON “Que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois de tua morte, ele permaneça.” LEONARDO DA VINCI “Devemos ir até aqueles que sofrem da pior de todas as doenças: a solidão.” MADRE TERESA DE CALCUTÁ “A Natureza criou o homem de tal modo que ele pode desejar tudo sem poder obter tudo.” NICOLAU MAQUIAVEL

“É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus.” OSWALD DE ANDRADE “A amizade só se conhece é na adversidade.” Pe. CÍCERO “O trabalho nos afasta de três grandes males: tédio, vício e pobreza.” VOLTAIRE “A dor é orgulhosa e obriga o dono a curvar-se.” WILLIAM SHAKESPEARE “Algumas pessoas amam o poder e outras têm o poder de amar.” BOB MARLEY

Vocês já pensaram na História de Vida dessas Pessoas...

Um pouco de história...

Peter Burke afirma que seu surgimento na Inglaterra, França e Alemanha seja posterior ao século XVII, porém sua origem remeteria-se à Grécia antiga [...]” (PIMENTA, 2010) [...] segundo Arnaldo Momigliano, seu surgimento está diretamente ligado à Pérsia. (PIMENTA, 2010) No século XIX [...] a história pessoal e intelectual de homens de ciências floresceu como gênero [...] (FIGUEIRÔA, 2007) Até meados de 1750, as biografias se referiam a grupos de pessoas, determinadas pela hierarquia, função social e profissão [...] Foi a partir de Johnson (1791) que as biografias passaram a focalizar uma só pessoa” (GOBBI, 2005, p. 88) Entretanto, as contribuições mais significativas ficaram a dever-se à Escola de Chicago que influenciada por Robert Park, produziu um notável conjunto de estudos, onde é patente o interaccionismo simbólico de George Herber Mead ( ). Onde, compreendendo as representações do Indivíduo, compreendemos as representações do Grupo Social em que o mesmo se movimenta. A partir da subjetividade, acedia-se à objetividade; (FONTES, 2010)

As Histórias de Vida como objeto de pesquisa científica deram origem a um notável conjunto de estudos logo a seguir à 1ª Guerra Mundial. O primeiro estudo de referência foi o de W. I. Thomas e F. Znaniecki, intitulado “The Polish Peasant in Europe anda America ( )”. (FONTES, 2010) ; Entre meados dos anos 30 e os anos 50, os Métodos Biográficos é secundarizado na pesquisa social em favor dos Métodos Quantitativos, mais econômicos; (FONTES, 2010) A reabilitação dos estudos biográficos deveu-se à forte personalidade de líderes a marcar suas presenças no panorama mundial, durante e após a Grande Guerra de 1939/45 [...] as biografias surgidas a partir do século XX procuraram a articulação com o tempo do biografado [...] No bojo dessa renovação, ressurgiram as autobiografias [...] (PENNA, 2008, p.22) Durante os anos 60, o arranque da denominada “observação participante” trouxe novas contribuições para o reforço das Metodologias Qualitativas, entre elas, os Métodos Biográficos (FONTES, 2010); O ressurgimento dos Métodos Biográficos ocorreu por alturas do 9º Congresso Mundial de Sociologia (1978) (FONTES, 2010);

Durante décadas, as biografias em História das Ciências tiveram como tema “grandes vultos” [...] (FIGUEIRÔA, 2007); A segunda metade do século XX encantou-se definitivamente pela História Social, combinando-a com a História Econômica [...] o recurso a privilegiar personagens individuais ganhou profusão” (PENNA, 2008, p.21 Por muito tempo, a biografia foi vista como modelo de história tradicional, mais propensa à apologia do que à análise [...] preteriram as trajetórias individuais em favor das investigações macro-orientadas. [...] Nos últimos anos, os estudos biográficos deixaram os bastidores e passaram para o primeiro plano da historiografia [...]” (SCHMIDT, 1998) Nos anos 80, assiste-se à consagração dos Métodos Biográficos, sendo de destacar à proliferação de estudos biográficos sobre os Professores

Histórias de Vida na Formação de Professores As Histórias de Vida sempre tiveram um papel formador ao longo dos tempos, uma poderosa função como modelos de comportamento. Numa sociedade onde as ideologias e os valores estão em crise, a vida vivida, concreta, tende a ser assumida como a única coisa em que se pode confiar.

Dinâmica das dimensões destacadas no Relato Autobiográfico segundo Estudos de Knowles (2004)

Método x Produto A Biografia pode ser estudada como um método qualitativo de pesquisa, mas também é analisada como um produto final. De um lado, uma metodologia para realizar uma pesquisa em diversas áreas; Do outro, um produto resultante de uma pesquisa que utilizou os mais variados métodos para a coleta de dados.

Entendendo o Estudo Biográfico

Seu objeto de estudo é o indivíduo, na sua singularidade. Este é o aspecto incontornável e marcante desta metodologia. O levantamento de Histórias de Vida pode fazer-se com base em biografias, autobiografias, mas igualmente em diários, portfólios e outras fontes de informação similares. É enorme a riqueza e complexidade da informação recolhida (FONTES, 2010); Duas concepções de sociedade são necessárias para entender as histórias de vida: - Sociedade Atomizada – as ações e processos sociais são entendidos como agregações complexas de ações individuais; - Sociedade Especular – as ações e processos individuais são entendidos como “reflexos” ou “homologias” de um dado grupal social ou de uma dada sociedade.” (FONTES, 2010) A base orientativa utilizada para a elaboração das Histórias de Vida se fundamenta no entendimento das relações que os sujeitos estabelecem consigo mesmo, com os outros e com o mundo, a fim de compreender: a pessoa; as outras pessoas e o entorno (TORALES, 2010)

É fruto do trabalho de indivíduos, em particular ou em grupos, num tempo e espaço específicos. Estudos biográficos procuram usar o particular para nos ajudar a ver e a compreender padrões mais amplos em áreas tais como o desenvolvimento de idéias, as práticas, e os papéis culturais ou políticos; Em princípio, podemos resgatar qualquer vida. Falar dos outros é falar de si, falar de outra época é mirar a nossa, em algum aspecto; Ler ou escrever uma biografia é um exercício de liberdade nos aproximando e nos fazendo descobrir a vida de homens e mulheres que interagem(iram) e modificam(icaram) o entorno em que vivem(ram). [...] Podemos identificar as histórias de vida como de três tipos: –Depoimento biográfico único – referente a um único personagem histórico, que constituirá a unidade totalizante de pesquisa; –Pesquisa biográfica múltipla – trata-se de um conjunto e depoimentos de história de vida; –Pesquisa biográfica complementar – refere-se a depoimentos acoplados a um projeto de pesquisa que visam complementar informações recolhidas em outras fontes [...] (DELGADO, 2006, p.22)

O que se deve entender primeiramente é a existência de duas maneiras de biografia: a que reconhece na trajetória existencial de um indivíduo uma riqueza imensa, a ponto da biografia bastar-se nos limites dessa vida; e as biografias que só aparecem se relacionadas ao tempo do biografado.” (PENNA, 2008, p.38) A vida dos indivíduos é assim portadora de um sentido que os ultrapassa. A Biografia é em si mesma uma “micro-relação social, através da qual se pode ler uma sociedade” (Gonçalves). Não toda a sociedade, mas parte da mesma através dos grupos primários: a família, os grupos de trabalho, a vizinhança, a classe social (Durão). O primeiro elemento que marca as biografias históricas produzidas recentemente [...] diz respeito à escolha dos personagens enfocados. Antes “grandes vultos”, hoje “gente miúda”. (SCHMIDT, 2010)

Uma diferença entre biografias tradicionais e novas refere-se aos objetivos a que estas se propõem. As primeiras, normalmente, buscavam ou louvar ou denegrir os personagens enfocados, apresentando suas vidas como modelos de conduta positivos ou negativos para os leitores. Já os trabalhos recentes procuram fugir deste viés apologético, encarando seus personagens como vias de acesso para a compreensão de questões e/ou contextos mais amplos”. (SCHMIDT, 2010); Um último aspecto que me parece relevante neste elenco de características dos trabalhos biográficos recentes, também relativo à construção da narrativa, relaciona-se com espaço da ficção nas biografias históricas. Por muito tempo, os historiadores procuraram banir a ficção de sua escrita. Hoje, pelo contrário, cada vez mais se fala do papel da invenção no conhecimento histórico. (SCHMIDT, 2010).

[...] a biografia é realmente um “gênero de fronteira” entre a história e a ficção, a realidade e a imaginação [...]. (AGUIAR; MEIHY e VASCONCELOS, 1997, in: SCHMIDT, 2010); Mais que um desafio, escrever Histórias de Vida é uma possibilidade singular de mergulhar no passado, no íntimo dos entrevistados. É a dicotomia entre o real e o pessoal, a produção e a ruptura. É a renovação do presente (GOBBI, 2005); Produzir uma história de vida, tratar a vida como uma história [...] talvez seja conformar-se com uma ilusão retórica, uma representação comum da existência que toda tradição literária não deixou e não deixa de reforçar”. (BORDIEU, 2006). A história de vida é uma dessas noções do senso comum que entraram como contrabando no universo científico; inicialmente, sem muito alarde, depois, com estardalhaço”. (BORDIEU, 2006).

A construção das biografias não deve pretender abordar todo o período de duração das vidas dos personagens. Deve enfocar o contexto no qual ele viveu, uma vez que ele adquire grande importância para nos ajudar a realçar o próprio personagem situado na sociedade de seu tempo. (PIMENTA, 2010); Importante questão metodológica: a forma como será analisado o personagem (a escala de análise proposta para sua compreensão). (PIMENTA, 2010); Os estudos biográficos são um componente importante para a compreensão das ciências e das tecnologias [...] O melhor dos estudos biográficos procura usar o particular para nos ajudar a ver e a compreender padrões mais amplos [...]. (FIGUEIRÔA, 2007) Vilas Boas (2002, p.53-55) afirma que as fontes de um biógrafo são idênticas às de um historiador [...] ele chama de fontes primárias “as gravadas ou impressas que não dependem de filtro de memória humana no presente da investigação” [...] Já as fontes secundárias são aquelas que dependem diretamente do exercício da lembrança, ou seja, da remontagem do passado [...] Fontes Primárias: documentos, correspondências, clippings, livros de memória e autobiografias, testemunhos orais, questionários, fotos e diários; [...] Fontes secundárias: entrevistas. (GOBBI, 2005)

Ficam, então, as seguintes questões: 1.Será que o Método Biográfico é adequado à análise da realidade social? 2.Como se pode elevar ao social a partir daquilo que é único e irrepetível, a subjetividade de cada indivíduo? 3.O que motiva os pesquisadores a utilizarem essa técnica? 4.Que motivos levam as pessoas a lerem biografias? 5.Quais os limites impostos à construção de uma biografia? 6.Qual a importância de uma biografia? 7.Quais vidas resgatar? Quem mereceria ser trazido ao presente pela via biográfica? Quais os critérios para seleção? A quais perguntas queremos responder?.

As várias maneiras dos estudos biográficos...

Há várias formas de se desenvolver um estudo biográfico, entre elas: Biografia Autobiografia História de Vida Trajetória de Vida Prosopografia Egohistória Auto-história História Oral

O relato de vida é uma narração realizada a partir da própria trajetória vital do sujeito, enquanto história de vida é um relato situado em determinado contexto histórico [...]” (TORALES, 2010); No percurso em direção ao resgate de “anônimos”, ou de grupos ou comunidades atuantes em determinados espaços e tempos, vêm ganhando força abordagens de tipo prosopográfico. A prosopografia objetiva não apenas biografar um grupo em seu conjunto, mas sim pôr em relação às biografias individuais de seus integrantes [...] A análise prosopográfica possibilita encontrar o que há – e o que não há – em comum num grupo, seja ele “natural” ou “artificial”.”. (FIGUEIRÔA, 2007) Prosopografia e biografia modal. Nessa ótica, as biografias individuais só despertam interesse quando ilustram os comportamentos ou as aparências ligadas às condições sociais estatisticamente mais frequentes [...] Este tipo de biografia, que poderíamos chamar de modal, porquanto as biografias individuais só servem para ilustrar formas típicas de comportamento ou status [...]” (LEVI, 2006)

Biografia e contexto. Nesse segundo tipo de utilização, a biografia conserva sua especificidade. Todavia a época, o meio e ambiência também são muito valorizados [...] Pode-se alegar que o contexto é frequentemente apresentado como algo rígido, coerente, e que ele serve de pano de fundo imóvel para explicar a biografia (LEVI, 2006); A biografia e os casos extremos. Às vezes, as biografias são usadas especificamente para esclarecer o contexto [...] (LEVI, 2006); Biografia e hermenêutica. [...] Nessa perspectiva, o material biográfico torna-se intrinsecamente discursivo, mas não se consegue traduzir-lhe a natureza real [...] o que torna significativo é o próprio ato interpretativo [...] (LEVI, 2006)

[...] a Egohistória [...] é, ao mesmo tempo, um exercício de livre pensar, mas também um relato que busca traçar uma narrativa em condições de reconstruir um passado vivido por quem se presta a evocá-lo. Na Egohistória, tudo depende da visão pessoal [...] No relato, o autor é o acontecimento (PENNA, 2008); [...] a Auto-história é uma contribuição que proporciona uma visão diferente, na medida em que o relato transcorre mediado pelo autor. [...] ressalta mais a visão de uma geração do que a de uma individualidade. (PENNA, 2008)

[...] A história de vida é uma anamnésia construída a partir da observação do outro, ou seja, da observação do historiador que se posiciona com alguém interessado na reconstituição de trajetórias existenciais [...] Trata-se de um depoimento de caráter necessariamente coletivo [...] (PENNA, 2008); Nas histórias de vida nos deparamos com duas situações possíveis – comum também nas biografias [...] Trata-se dos personagens mortos ou vivos. No primeiro caso, as lembranças de familiares, amigos e companheiros de trabalho, juntamente com o que for possível dispor em termos de material produzido pelo próprio personagem, são fontes suficientes para o trabalho. No que se refere aos personagens vivos, além das fontes mencionadas, é indispensável a coleta de depoimentos da memória que puder reconstruir os dados com o sujeito-objeto da biografado [...] (PENNA, 2008)

Em resumo, as relações entre Biografia, Autobiografia, Egohistória e Auto- história, podem assim ser definidas: a Biografia visa traçar o perfil e as particularidades do personagem [...] A Autobiografia traz para o nível da observação pessoal fatos e situações compreendidas no universo do autor [...] A Egohistória recria a realidade à luz da perspectiva intimista de quem narra. E, a Auto-história propõe-se a narrar os acontecimentos através de uma percepção interessada do auto-historiador. (PENNA, 2008) [...] a história oral é um procedimento, um meio, um caminho para a produção do conhecimento histórico. Traz em si um duplo ensinamento: sobre a época enfocada pelo depoimento – o tempo passado, e sobre a época na qual o depoimento foi produzido – tempo presente. (DELGADO, 2006)

[...] procedimentos relativos à história oral identificam dois tipos de entrevista como as mais utilizadas em pesquisas ou projetos de pesquisa que produzem fontes orais: depoimentos de história de vida e entrevistas temáticas [...] consideramos uma terceira forma: entrevista de trajetória de vida. (DELGADO, 2006); [...] um depoimento de história de vida é prolongado e compõe-se de uma série de entrevistas [...] as entrevistas temáticas são entrevistas que se referem a experiências ou processos específicos vividos ou testemunhados pelo entrevistado [...] as trajetórias de vida são depoimentos de história de vida mais sucintos e menos detalhados. (DELGADO, 2006); É comum em alguns trabalhos biográficos o autor construir primeiramente uma história de vida para então extrair os elementos da biografia que deseja realizar. Em casos onde o biografado é suficientemente conhecido dispensa-se uma reconstituição de sua história [...]” (PENNA, 2008, p.36)

A Biografia e seus múltiplos usos...

Nos campos do jornalismo, da literatura e do cinema, parece-me que há um interesse preferencial pelas trajetórias de indivíduos destacados [...] (GOMES, 2008) [...] nos romances biográficos e nas cine-biografias, em geral, as referências históricas servem mais como uma ambientação para as ações e sensações dos personagens [...] (GOMES, 2008). No cinema, mesmo nos filmes que se propõem a contar a vida de um personagem real, a presença da ficção também é marcante. (GOMES, 2008).

No cinema...

A cinebiografia de uma das estilistas mais famosas de todos os tempos cinebiografia

HistóriaHistória de Michael Oher, um jovem negro morador de rua, vindo de um lar destruído, que é ajudado por uma família branca que acredita em seu potencial. Com a ajuda do treinador de futebol de sua escola e de sua nova família, Oher terá de superar diversos desafios a sua frente, o que também mudará a vida de todos a sua volta

Na Publicidade

Ver Vídeo Folha HitlerVídeo

Nos Vídeos institucionais...

Ver Vídeo BraskemVídeo

Na Psicologia...

Ver vídeo Terapia Biográfica (clique aqui)vídeo

Na Música...

Ver vídeo Eduardo e Mônicavídeo

Para Finalizar...

“Minha história talvez não faça nenhum sentido... Não existem histórias sem sentido” (Baudolino e Nicetas)

Depois de conhecer sobre Estudo Biográfico ou Biografia, você já pensou como contaria a História de Vida dessas pessoas...

Referências BORDIEU, Pierre. Ilusão biográfica. In: AMADO, Janaína e FERREIRA, Marieta de Moraes (orgs.). Usos & abusos da história oral. 8.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006, p CANCIAN, Renato. Escola de Chicago – empirismo: abordagem biográfica e criminalidade. UOL Educação. Disponível em. Acesso em 09 de agosto de 2010 DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. História oral: memória, tempo, identidades. Belo Horizonte: Autêntica, 2006 FIGUEIRÔA, Silvia F. de M. A Propósito dos Estudos Biográficos na História das Ciências e das Tecnologias. Revista de História e Estudos Culturais. Vol.4, Ano IV, nº 3, Disponível em. Acesso em 10 de agosto de 2010

Referências FONTES, Carlos. Métodos Biográficos. Disponível em: >. Acesso em: 09 de agosto de 2010; GOBBI, Maria Cristina. Método Biográfico. In: DUARTE, Jorge e BARROS, Antonio (orgs.). Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas, 2005, p GOMES, Marcelo Bolshaw. Entrevista Biográfica. III Congresso Internacional sobre Pesquisa (Auto)biográfica. Natal: Edfurn, Disponível em Acesso em 09 de agosto de 2010 GOMEZ, Margarita Victoria. Contexto dos estudos biográficos e memorialísticos. Arquivo Vivo, nº 175, Disponível em:. Acesso em: 09 de agosto de 2010 LEVI, Giovanni. Usos da biografia. In: AMADO, Janaína e FERREIRA, Marieta de Moraes (orgs.). Usos & abusos da história oral. 8.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006, p

Referências PENNA, Lincoln de Abreu. Auto-História: a intervenção no social. 2.ed. Rio de Janeiro: E- papers, 2008 PIMENTA, Everton Fernando. O Ressurgimento do Gênero Biográfico na História: definição e questionamentos. Disponível em. Acesso em 10 de agosto de 2010 SCHMIDT, Benito Bisso. Luz e Papel, Realidade e Imaginação: as biografias na História, no Jornalismo, na Literatura e no Cinema. XXII Encontro Anual da ANPOCS. Caxambu, Disponível em Acesso em 10 de agosto de 2010 TORALES, Marília Andrade. Estudos Biográficos na Pesquisa em Educação Ambiental. Disponível em Acesso em 20 de agosto de 2010

Nós Agradecemos