História da Música IV CMU 351 Módulo III Pré-clássico na Alemanha: O “Empfindsamer stil” e a Escola de Mannheim Prof. Diósnio Machado Neto.

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Transcrição da apresentação:

História da Música IV CMU 351 Módulo III Pré-clássico na Alemanha: O “Empfindsamer stil” e a Escola de Mannheim Prof. Diósnio Machado Neto

O “estilo expressivo” de C P E Bach No meio do século XVIII, emerge um “estilo sensível” ou “estilo expressivo”, principalmente na Alemanha. –Influência das idéias iluministas da música como veículo do sentimento –Forte negação da textura contrapontística e esforço para reduzir os ornamentos, através de um expressivo melodismo. Essa postura já aparece em 1737, quando o crítico Johann Adolf Scheibe escreveu, comentando a obra de Bach, que “a música teria maior persuasão se contivesse mais afabilidade em vez da escritura polifônica” –Empfindsamer Stil é caracterizado por uma ênfase em nuances sutis ou matizações de emoções ou sentimentos que mudam no curso de uma peça Esta postura contrasta diretamente com a Doutrina dos Afetos C.P.E. Bach ( ) foi o principal compositor desse estilo –Publicou, em 1753, o Ensaio sobre a verdadeira arte de tocar instrumentos de tecla, Discute a ornamentação e problemas da execução musical de sua época. –No mesmo sentido temos o tratado de Quantz – Tratado para tocar a flauta e o de Leopold Mozart – Tratado para tocar o violino –Nos movimentos lentos (esp. adágios) realizava grandes explosões emocionais, alcançadas por modulações enarmônicas para regiões remotas. Apesar disso, os movimentos de sonata raramente contêm contraste temático bem desenvolvido, apesar da tendência para "flutuações emocionais“ –Essa “interrupção” dramática é fundamental para o desenvolvimento da forma sonata e sua estrutura, que privilegia contrastes; o drama em ação. –Outra característica do estilo é o uso de figuras de suspiro, alternância de modo que introduzem um “phatos” de acentuado sentimento Paralelismo musical com o movimento literário Sturm und Drang –“As penas do jovem Werther” de Goethe

C.P.E. Bach - Ensaio sobre a verdadeira arte de tocar instrumentos de tecla “Um músico não pode mover os sentimentos a menos que ele também movido. Ele deve necessariamente sentir todos os afetos se ele espera despertar-los na sua audiência. O revelar do próprio humor estimulará o humor no ouvinte. Se a música tem passagens tristes, o artista tem que se adoecer e tem que se sentir triste. Da mesma forma, em passagens vivamente joviais o executante têm que se pôr novamente no humor apropriado e, assim, constantemente variando as paixões, ele conseguira despertar os afetos nos outros”.

Sonata nº4 Técnicas do Empfindsamer –Suspiro melódico (comp.1) Termino da frase no tempo fraco do compasso –Ornamentos típicos do estilo –Multiplicidades de padrões rítmicos Agitação, efervescência –Modulações Transição para a relativa maior (Lá M) é típica do simbolismo do sentimentalismo vigente no estilo

A transformação formal pelo contraste - sonata Transformação –A partir de meados do século XVIII, os compositores combateramm o isolamento das vozes com o isolamento da frase e a articulação da estrutura. O fraseio do final do século XVIII é claramente periódico o que levou a estrutura não mais atuar como "melodia expandida", mas como "melodia articulada". O máximo representante desse conceito foi a sonata. Fundamentos –A maior mudança da música que ocorre no séc. XVIII é o realce do contraste entre tônica e dominante, já que até então não havia ocorrido tal fenômeno No século XVII costumava-se fazer cadências tanto em dominante como em subdominante. No entanto, a possibilidade de desestabilizar o sistema privilegiou, através de modulações, as cadências na dominante –Princípio do contraste e não da expansão –No século XVIII, deve-se entender a modulação como a dissonância levada ao seu mais elevado posto, o de uma segunda tonalidade. No início do século XVIII, as passagens por outras tonalidades não se estabeleciam (A arte da fuga, de Bach) No entanto, em Haydn e Mozart "é possível contrastar as distintas tonalidades com o centro tonal, de forma articulada e inclusive dramática, e ampliar assim seu leque significativo“ (Rosen). –A maior dificuldade do período de transição justamente foi vencer as características marcantes da era barroca. A frase periódica do estilo nascente era diametralmente oposta a característica de seqüência harmônica barroca. O grande obstáculo era assentar os acentos da frase periódica, que exigia novos rumos do ritmo harmônico. A harmonia seqüencial enfraquecia esse sentido.

A sonata ditemática O “ensaio” para a forma sonata do período clássico é a forma ditemática –Podemos encontrar o esboço dessa forma já na música de J.S.Bach (sonatas para cravo de ca. 1720), Scarlatti e Leclair As sonatas de C.P.E.Bach –O emprego sistemático dessa forma ocorre numa coletânea de sonatas de Em 1760, essa forma tornou-se típica do 1º movimento das sonatas e sinfonias clássicas Estrutura AA’BB’AB Tema 1Transição modulante Tema 2 (tons vizinhos D ou Tr) Desenvolvimento modulante para a T Tema 1 na T Reexposição Tema 2 na T :

Giovanni Platti (1690 – 1763) Sonata em Dó m. Tema A A’ - transição Seção A B B’ Re-exposição de A e B na T B na T

A Escola de “Mannheim” A capela da corte do Príncipe Eleitor do Palatinado Karl Theodoro –Em 1720, a corte do Príncipe Eleitor instala-se em Mannheim, vinda de Heidelberg, ambas na região de Badem-Württemberg Sua orquestra alcançou fama internacional Johann Stamitz ( ) –Nasceu na Alemanha, mas foi educado em Praga –Considerado o fundador dessa escola. Seu Tri para Orquestra Op.1e sua Sinfonias à 4 vozes abrem novas perspectivas no tratamento da música instrumental sinfônica. –Principalmente no que diz respeito ao tratamento independente dos instrumentos de sopros. As inovações de Stamitz –O uso de novos efeitos Temas em tríades ascendentes rápidas e precisão no uso da dinâmica e articulação. –Uma grande evolução foi o crescendo usado nas sinfonias desse grupo. Como diz Rosen "A transição dinâmica é um corolário lógico e até necessário de um estilo que se inicia com o fraseio articulado e da pé a métodos de transição rítmico de um tipo de textura a outro“ –Outra importante contribuição foi usar movimentos com dois temas, sendo o segundo mais lírico. A sonata ditemática –Emprego de uma forma sonata embrionária Tema A (tônica)--Tema B (Dom.): A (Dom)-A(Tônica)-B (tônica) Compositores –1ª geração Franz Richter –2ª geração ( ) Os filhos de Stamitz: Anton e Karl Franz Beck Christian Cannabich

A música de Mannheim Características da música –A melodia como elemento central da articulação formal Elimina-se o baixo contínuo –Ordenação dos compassos em números pares Influêmcia da música de dança –Variação da estrutura temática –Abundância de motivos musicais no 1º movimento. –Contrastes temáticos em lugar do afeto barroco –Mannheimer Manieren – efeitos como crescendo de forma sincronizada. Alternância entre f/p em um pequeno espaço (dramatismo) “Sentimento” – dois temas opostos Além desse importante efeito, os compositores dessa escola usam outros elementos típicos do “estilo expressivo” como: acordes interrompidos, trémolos, motivos de suspiros e pausas repentinas – Minueto no 3º movimento da sinfonia Claridade formal Dança como a expressão natural do homemem movimento

Johann Christian Bach A internacionalização de um estilo –Johann Christian Bach (1735 – 1782) é um compositor alemão que sofre influência da música italiana (principalmente nas melodias) e atua grande parte de sua vida na Inglaterra; é conhecido como o Bach londrino. Iniciou sua educação com o irmão C.P.E. Bach –Nota-se a influência nas obras da juventude: »Gestos dramáticos que causam interrupções contínuas das frases. »Ritmo harmônico lento, se comparada com as obras barrocas Aos 20 anos passou a Milão e posteriormente à Bologna, onde estudou com o padre Giambatista Martini –Importante, também, na formação do jovem Mozart Em 1762, mudou-se para Londres Os 40 concertos para tecla –J.C.Bach é o primeiro compositor a incluir a denominação de pianoforte nos seus concertos Op. 7 (ca.1770) – Sei concerti per cembalo o piano e forte –Nos seus concertos, apesar de adotar uma estrutura de ritornelos parecida com o barroco, articula a frase com base nos contrastes tonais.

Esquema formal Exposição Desenvolvimento Recapitulação OrquestraSoloSolo e/ou orquestra Seção A (A)- Transição Seção final (F) A- Transiç ão Tema B - F Caden- za Exposição + material novo A–Trans. B - Cadenza Final TônicaDominante Tonalidades vizinhas Tônica