ECONOMIA MONETÁRIA Economia monetária e financeira – Fernando Cardim de Carvalho et al. (cap. 3) Economia monetária: a macroeconomia no contexto monetário.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Mercado Financeiro 1/13 Aula 2 Políticas Econômicas Parte I ABREU FILHO, José Carlos Franco de, et alli Finanças corporativas. 9ª. edição revista. Rio.
Advertisements

ECONOMIA – AULA 02 MICROECONOMIA - INTRODUÇÃO. 2 Microeconomia Ou Teoria dos Preços, ou Teoria da Firma Estuda decisões tomadas por pequenas unidades.
MERCADO FINANCEIRO – ASSAF NETO, Alexandre Tópicos Especiais em Economia III – Marcados de Capitais – Prof. Ido Michels.
© 2004 by Pearson EducationMacroeconomia, 3ª ediçãoOlivier Blanchard Prepared by: Fernando Quijano and Yvonn Quijano 2 C A P Í T U L O Um Giro pelo Livro.
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
Economia Monetária II 3ª aula
Economia Monetária I Programa.
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
INTRODUÇÃO A ECONOMIA DE EMPRESA
Disciplina: Economia Internacional
Economia Internacional
EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA de 1968 a 2015
MERCADO FINANCEIRO MONETÁRIO E DE CAPITAIS
Economia Monetária II 4ª aula
Disciplina: Teoria Monetária II 2ª aula
MERCADO FINANCEIRO MONETÁRIO E DE CAPITAIS
Mercado Cambial Segmento do mercado financeiro no qual são realizadas as transações cambiais, ou as compras e vendas de moedas estrangeiras. Possui como.
Disciplina: Economia Internacional
Contabilidade Empresarial
Economia Monetária II 12ª aula
Existência de Equilíbrio e convergência
Disciplina: Economia Internacional
Economia Monetária II 26ª aula
Disciplina: Economia Internacional
Fundamentos de Microeconomia
ECONOMIA MONETÁRIA 1.5 – O multiplicador monetário A quantidade ofertada de base monetária é estabelecida pelo BACEN. A quantidade demandada dessa base.
Novos Instrumentos Comerciais e Financeiros
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
Comportamento do Consumidor
A hiperinflação húngara de
Sistema Financeiro Nacional
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
FUNDAMENTOS DA ECONOMIA
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
Maneiras de classificar o mercado financeiro
Disciplina: Economia Internacional
Técnicas de análise da conjuntura, com aplicações à análise do desempenho do PIB 2/4/2018 Prof. Francisco Eduardo Pires de Souza
Disciplina: Teoria Monetária II 2ª aula
PROF. Jaldo Jones Silva Fortes
Fundamentos de Macroeconomia (Curso de Administração de Empresas)
MICROECONOMIA PONTO DE EQUILIBRIO
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
Economia Monetária II 19ª aula
Disciplina: Economia Internacional
Técnicas de análise da conjuntura, com aplicações à análise do desempenho do PIB 2/4/2018 Prof. Francisco Eduardo Pires de Souza
Teoria Keynesiana Prof. Diego Fernandes Emiliano Silva
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
Introdução à Economia Pedro Telhado Pereira.
Economia Monetária II 16ª aula
Introdução à Economia Pedro Telhado Pereira.
Prof. Dr. Fabrício Molica de Mendonça
Políticas Macroeconômicas: Monetária e Fiscal
POLÍTICA MONETÁRIA.
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Economia Internacional Exercícios e revisão para prova
Macroeconomia Seção 2.3: Contabilidade nacional e teoria Keynesiana
Análise ESTÁTICA COMPARATIVA
Disciplina: Economia Internacional
Disciplina: Tópicos Especiais em Economia Internacional (I)
DEMANDA.
Transcrição da apresentação:

ECONOMIA MONETÁRIA Economia monetária e financeira – Fernando Cardim de Carvalho et al. (cap. 3) Economia monetária: a macroeconomia no contexto monetário – Ernani Teixeira UNIDADE III - A INTERAÇÃO ENTRE OS SETORES MONETÁRIO E REAL

ECONOMIA MONETÁRIA Introdução A Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) ocupa posição central na análise sobre economia monetária. Mais especificamente, a partir de 1911, a equação de trocas desenvolvida pelo economista americano, Irving Fisher, destacava a importância da AM para controlar exogenamente a oferta monetária. Outro importante economista da área de economia monetária foi o sueco Knut Wicksell. Partindo da TQM, ele desenvolveu um instrumental analítico mais sofisticado, incorporando elementos da relação entre poupança e investimento bem como destacando a importância do setor bancário para a acumulação de capital numa economia capitalista.

ECONOMIA MONETÁRIA 3.2 – Teoria Quantitativa da Moeda: versão de transações A TQM estabelece que os preços são determinados pela quantidade de moeda em circulação, supondo-se que a velocidade de circulação da moeda e o volume de transações se mantenham constantes. Um aumento da oferta monetária teria como efeito imediato um aumento no nível de preços, mas a produção real da economia ficaria constante.

ECONOMIA MONETÁRIA De acordo com o economista americano Irving Fischer, a equação de trocas estabelece a identidade entre o total de pagamentos em moeda e o total de bens e serviços transacionados na economia. No entanto, pode-se afirmar que a equação de trocas de Fisher representa uma tautologia, no sentido de que não há uma formulação de comportamento em termos da equação proposta. A equação de trocas é:  MV = PT (1) Onde: M = quantidade de moeda em circulação. V = velocidade de circulação da moeda. P = preços dos bens e serviços. T = quantidade de transações físicas de bens e serviços.

ECONOMIA MONETÁRIA A leitura do lado direito da equação mostra a quantidade de bens e serviços transacionados multiplicada por seus respectivos preços e o lado esquerdo mostra o total de moeda utilizado para realizar os pagamentos, expresso pela quantidade de moeda multiplicada por sua velocidade de circulação.

ECONOMIA MONETÁRIA No entanto, esta versão da TQM apresentava alguns problemas conceituais e estatísticos e foi substituída por uma versão mais adequada para tratar dos problemas apontados. A variável T (volume de transações) foi substituída pela variável PIB, que considera a produção de bens e serviços finais da economia. Portanto, a nova equação de trocas passou a ser: MV = Py (2) Onde: M = quantidade de moeda em circulação. V = velocidade de circulação da moeda. P = preços dos bens e serviços. .y = PIB real.

ECONOMIA MONETÁRIA Entre as hipóteses da TQM pode-se citar: a oferta cria sua própria demanda (Lei de Say), a economia opera ao nível de pleno emprego (y é dado), a velocidade de circulação da moeda é estável e a moeda serve apenas como meio de troca. As mudanças de preços devem ser atribuídas às mudanças na oferta monetária. “O nível de preços P, portanto, é considerado uma variável passiva, determinado pela oferta de moeda” (CARDIM et al., p.32, 2015).

ECONOMIA MONETÁRIA 3.3 – TQM – a versão de Cambridge Na abordagem inicial das transações, referente à TQM, um aspecto importante é que a moeda é um elo entre os atos de compra e venda. Na abordagem dos saldos monetários de Cambridge, os atos de compra e venda não necessariamente ocorrem na mesma data e a moeda serve como uma “residência temporária” para o poder de compra. E a pergunta que se faz é: qual a quantia de moeda que as pessoas e as empresas desejarão reter? E a resposta inicial é: a quantidade de moeda a ser retida dependerá da renda.

ECONOMIA MONETÁRIA Em termos algébricos: M = kPy (3) Onde: k = razão do estoque de moeda em relação à renda nominal (k = 1/V, 0 < k < 1). A variável k é conhecida como constante marshalliana.

ECONOMIA MONETÁRIA Segundo Friedman, a equação (3) representa uma função de demanda por moeda. Isto quer dizer que a demanda por moeda (M) depende de uma proporção k da renda, expressa por P e y. Como a oferta monetária (Ms)é uma variável exógena, o equilíbrio no mercado monetário ocorre quando: M = Md = Ms (4)

ECONOMIA MONETÁRIA Segundo a TQM, a inflação ou a deflação são resultantes dos desvios da oferta de moeda de seu nível de longo prazo. Assim, a inflação é o resultado da diferença entre a taxa de expansão da oferta de moeda e da taxa de crescimento do produto real.

ECONOMIA MONETÁRIA 3.4 – Postulados da TQM - Proporcionalidade entre o crescimento da oferta de moeda e o nível de preços. - A variável dependente é o preço e a variável independente é a oferta de moeda. - A moeda não é neutra no curto prazo, mas é neutra no longo prazo. - A oferta monetária é independente da demanda por moeda.

ECONOMIA MONETÁRIA 3.5 – Wicksell e o processo cumulativo O processo cumulativo de Wicksell considera os mecanismos diretos e indiretos de transmissão monetária sobre a demanda por bens e serviços.

ECONOMIA MONETÁRIA Mecanismo direto ou efeito saldos reais: ↑M → ↑poder de compra dos consumidores, dados os preços dos bens e serviços → ↑retenção dos saldos monetários reais → ↑ demanda por bens e serviços. Se a oferta de bens e serviços da economia é dada → ↑ preços dos bens e serviços. Mecanismo indireto: ↑ oferta de moeda (e sua velocidade de circulação) → ↓taxa de juros e ↑demanda por bens e serviços → ↑preços dos bens e serviços.

ECONOMIA MONETÁRIA 3.5.2 – A Economia Mista de Moeda-Crédito e o Processo Cumulativo De acordo com Wicksell, a existência dos bancos e de depósitos criados como contrapartida de empréstimos deveria ser levada em consideração para analisar uma economia monetária. Em sua análise do processo de desequilíbrio cumulativo ele avalia como o equilíbrio monetário é perturbado e depois restaurado numa economia mista de moeda e crédito.

ECONOMIA MONETÁRIA Em sua análise, os preços seriam alterados por causa da desconexão entre duas taxas de juros: A – Taxa de juros de empréstimos ou de mercado. B – Taxa natural de juros.

ECONOMIA MONETÁRIA

ECONOMIA MONETÁRIA Onde: rn = taxa natural de juros. r0 e r1 = taxas de juros de mercado.

ECONOMIA MONETÁRIA A taxa natural de juros é determinada pela igualdade entre poupança e investimento. Quando a taxa natural de juros for igual à taxa de juros de mercado, a economia estará em equilíbrio monetário. Mas, isto não é regra e sim exceção, pois a taxa de juros de mercado é fixada pelo sistema bancário [e não por um leiloeiro walrasiano].

ECONOMIA MONETÁRIA Se a taxa de juros de mercado for igual a r0 → I > S. Ou seja, os empresários desejam pegar empréstimos num volume superior aos depósitos do público junto aos bancos comerciais. O mecanismo de transmissão indireto seria: Bancos comerciais: ↑crédito através do ↑ do volume de depósitos → excesso efetivo de DA → ↑preços. A inflação persistirá enquanto houver diferencial entre as taxas de juros.

ECONOMIA MONETÁRIA A taxa de juros poderá fica abaixo da taxa natural caso haja expansão da oferta monetária por parte do Banco Central. Neste caso: ↑oferta monetária → ↑nível de reservas bancárias dos bancos comerciais → ↑ oferta de empréstimos e de depósitos bancários → ↓ na taxa de juros de mercado em relação à taxa natural de juros. [“isto porque a taxa de juros menor torna mais rentável a contratação de empréstimos para o empresário investidor comprar bens de capital, gerando um excesso de demanda no mercado de bens, que resultaria em um aumento no nível de preços” (CARDIM et al., p. 36-37, 2015)].

ECONOMIA MONETÁRIA De maneira semelhante, os bancos poderiam teoricamente manter os preços em queda, se a taxa de juros de mercado permanecer acima da taxa natural, como por exemplo, ao nível da taxa de juros de mercado r1. Neste caso, o custo do capital é maior que a taxa de retorno esperada do capital e a poupança será maior que o investimento.

ECONOMIA MONETÁRIA O mecanismo de transmissão indireto seria: Bancos comerciais: ↓ crédito através do ↓ do volume de depósitos → escassez de DA → ↓preços. A deflação persistirá enquanto houver diferencial entre a taxa de juros de mercado e a taxa de juros natural.

ECONOMIA MONETÁRIA A pergunta que se faz neste ponto da análise é a seguinte: “seria o processo cumulativo do mecanismo indireto de Wicksell explosivo?” A resposta é não porque segundo Wicksell há um mecanismo estabilizador do nível de preços!

ECONOMIA MONETÁRIA ↑preços → ↑necessidade de criação de moeda adicional para satisfazer o aumento da demanda por moeda pelo motivo transação → a conversão por parte do público dos depósitos em meio circulante e a conseqüente queda das reservas bancárias induzem os bancos a aumentarem a taxa de juros de mercado até que ela se torne igual à taxa de juros natural.

ECONOMIA MONETÁRIA A queda nas reservas bancárias diminui o desejo dos bancos em aumentar o volume de empréstimos e a taxa de juros de mercado sobe até atingir a taxa de juros natural. Em conseqüência, os preços retornam ao seu nível anterior à operação do mecanismo de transmissão indireto.

ECONOMIA MONETÁRIA Para Wicksell a taxa de juros natural não é fixa. Ela flutua de acordo com os fatores que provocam flutuação na atividade econômica. Se o volume de capital aumenta devido à acumulação de poupança, a taxa de juros natural pode baixar.