Michel Foucault (1926 – 1984). Verdade e Poder

Disciplina: Como homens e mulheres aprendem a se comportar? O que acontece quando não se comportam de acordo com o previsto? Em que tipo de justificativas se baseiam as regras de comportamento? Em que lugares os ensinamentos sobre o que é socialmente aceitável e não aceitável são transmitidos? Por que e por quem eles são cobrados?

CURAR E ADESTRAR, VIGIAR E PUNIR Pensa o cenário da consolidação das “sociedades disciplinares” nos sécs. XIX e XX (o surgimento de novos saberes – biologia, psiquiatria, sociologia, pedagogia - e novos dispositivos disciplinares). Quando as instituições estabelecem procedimentos de controle ao mesmo tempo mais eficazes e menos dispendiosos.

Nau dos insensatos Hieronymus Bosch, 1490. Ao longo da Idade Média, todos os que fossem tidos como “dementes” eram confinados na chamada “nau dos insensatos”; todos os criminosos eram condenados à pena de morte; quaisquer tipo de “deformados” eram recolhidos em monastérios; e os que sofriam de males físicos eram levados à hospitais que na verdade eram “depósitos de doentes”. Assim como a Nau dos insensatos na Idade Média, Foucault pensa que o saber psiquiátrico, desenvolvido no séc. XIX, seria um mecanismo radical de exclusão, cuja maior expressão seriam os manicômios. Nau dos insensatos Hieronymus Bosch, 1490.

Panóptico – modelo arquitetônico desenhado pelo filósofo utilitarista Jeremy Benthan em 1785. A criminologia vai definir as personalidades criminosas e a reclusão no presídio substitui a morte punitiva precedida por um detalhado suplício do corpo . Onde ela ainda existe , busca-se garantir uma “morte humanizada, sem torturas ou humilhações”.

A partir do século XVIII se iniciou um processo de organização e classificação científica dos indivíduos, que veio garantir uma nova forma de disciplinar e controlar a sociedade. Cada “anormalidade” passou então a ser identificada por um saber científico e enquadrada como um tipo de “patologia social”. O nascimento da medicina clínica e a criação do hospital passou a focar o corpo do doente com o objetivo de trazê-lo ao normal. Acreditamos que a medicina tem o poder de curar porque tem o poder de saber mais sobre o nosso corpo do que nós mesmos.

A escola organizada de acordo com parâmetros pedagógicos é uma invenção do início do séc. XIX. Acreditamos que ela tem o poder de ensinar porque tem o poder de saber quais são os comportamentos desejáveis, quais são os conteúdos imprescindíveis e qual é a didática adequada.

Foucault e a teoria disciplinadora da escola

Foucault fez uma arqueologia de todos esses saberes: medicina, psiquiatria, criminologia, etc. e se encarregou de formular uma crítica incisiva das práticas disciplinadoras – de controle e adestramento – de cada uma destas instituições onde esses saberes são praticados e reproduzidos.

MICRO-PODER Para Foucault, as estruturas de poder extrapolam o Estado e permeiam, ainda que de forma difusa e pouco evidente, as diversas práticas sociais cotidianas. O poder se faz aceito porque está associado ao conceito de verdade. É a crença nesta verdade pretensamente neutra, que independe das decisões humanas, que nos autoriza a julgar, condenar, classificar, reprimir e coagir uns aos outros.

O conhecimento não é uma entidade neutra e abstrata; ele expressa uma vontade de poder. Se a ciência moderna se apresenta como um discurso objetivo, acima das crenças particulares e das preferências políticas, alheio aos preconceitos, na prática, ela ajuda a tornar os “corpos dóceis”.

O biopoder dirige-se à massa, ao conjunto das populações e ao seu hábitat. Isso ocorre porque o processo de especialização, deflagrado com a divisão do trabalho, exige cada vez mais que a população seja racionalmente classificada, educada e controlada para ser, por fim, transformada em força de trabalho.

TAREFA: Recorte uma gravura que sugira uma correlação entre saber e poder conforme sugere Foucault e coloque no papel esta sua reflexão. Para entregar na próxima aula Valor: 1,0 pontos.