PRAGMÁTICA: A LEITURA QUE VEM DEPOIS DA SEMÂNTICA.

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Transcrição da apresentação:

PRAGMÁTICA: A LEITURA QUE VEM DEPOIS DA SEMÂNTICA. XXVIII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica PRAGMÁTICA: A LEITURA QUE VEM DEPOIS DA SEMÂNTICA. Débora Ramalho Michele de Oliveira Moura (UFRJ/PIBIC) Orientadoras: Miriam Lemle Aniela Improta França Departamento de Lingüística/ UFRJ Novembro de 2006

Introdução Tomemos alguns exemplos e vejamos para onde nos conduzem. Nesta apresentação vamos analisar alguns exemplos de palavras que são traduções perfeitas uma da outra na família das línguas neolatinas. Estas observações são relevantes para que possamos responder à seguinte pergunta: há uma correspondência previsível entre as condições de uso e o conteúdo conceptual das palavras? Tomemos alguns exemplos e vejamos para onde nos conduzem.

Exemplos: fer ere u bull a ire [ [ feru ] ere] “virar fera” Novo ponto de negociação semântica V V N v N v R n R n fer ere u bull a ire [ [ feru ] ere] “virar fera” [ [ bulla ] ire] “fazer bolhas”

Exemplos: boll i to coz i do O rótulo da comida provém do método de preparo do alimento O rótulo da comida provém do estado final do alimento.   a a v a v a R v R v boll i to coz i do Comida preparada pelo método de imersão em água fervente. Comida que atinge o estado de cozido (quando preparada em água fervente).

Um dos componentes na fabricação do sapato Exemplos: calzolaio - Noção de calcar (o que fazemos com o pé) calceatus < calc eare Um dos componentes na fabricação do sapato cordonnier - cordão “O que faz o pé? Calcar” “De que é feito um sapato? Cordão, e outros componentes” Duas noções totalmente distintas são empregadas para fazer referência à profissão de sapateiro.

Exemplos: us a bil a proveit á vel - a pro fact a bil us a ble - usus n a n v R v R Pref n Pref R us a bil a ad pro fact Ø bil De que se pode tirar proveito. De que se pode fazer uso.

Exemplos: Francês: recherche Português: pesquisa Nome derivado do verbo rechercher, formado por  re + chercher Chercher é derivado do latim circare, andar ao redor. Português:  pesquisa Nome formado a partir de per ex quirere na forma do particípio quisus, a, um do verbo quirere, perguntar

Exemplos: Francês: remercier tradução: agradecer Português: agradecer Verbo formado a partir de  [ re+ [[merci]+ er]] que por sua vez contém  mercier, que contém o nome merci, que significa mercê (Ex. ela não teve mercê com ele, isto é, não teve benevolência ou compaixão) Português: agradecer Verbo cuja estrutura é  [[a+grato]+ecer]    onde grato é adjetivo ( o apagamento do final de grato, nominalizador, é fonologia).  O significado aqui é “ir para o estado de grato” Italiano: ringraziare       tradução: agradecer Verbo composto por   [re [ [ in [ gratia] ]  are] ] onde gratia é nome. O significado aqui é [[[em graça] ar] reiteradamente], "colocar o outro na graça outra vez"

Conclusão: Expressões que ativam diferentes leituras no módulo conceptual podem servir a idênticos propósitos no mundo prático, a tal ponto que elas satisfazem o requisito de serem boas traduções uma da outra. Esta dissociação entre a semântica derivada da sintaxe e a semântica decorrente da situação de uso nos leva a perceber que o modelo teórico de linguagem no sentido amplo precisa ser dotado de dois módulos dedicados a atribuir significado:  um módulo que faz a leitura semântica da sintaxe e outro módulo que leva em conta a contribuição significativa do contexto de uso. O módulo que leva em conta o contexto situacional de uso da língua é chamado de pragmática.

Referências Bibliográficas: Halle, M. & Marantz (1993) Distributed Morphology and the pieces of inflection. In K, Hale & S. Keyser (Eds.)The view from building 20. Essays in linguistics in honor of Sylvain Bromberger: (111 - 176). Cambridge, MA: MIT Press. Marantz, A. (1997) No Escape from Syntax: Don´t Try Morphological Analysis in the Privacy of Your Own Lexicon. In ª Dimitriadis, L. Siegel, C. Surek-Clark and A. Williams, (Eds.) Proceedings of the 21 st Annual Penn Linguistic Colloquium, U Penn Working Papers in Linguistics 4.2: 201 - 225. Philadelphia: Penn Linguistics Club.

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