Integração e Contextualização

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Transcrição da apresentação:

Integração e Contextualização Pressupostos para a realização

Problema motivador da escolha do tema: Projeto do PDE: Ensino Médio Integrado: Possibilidades e desafios para sua efetiva implementação Prof. Orientador: Adnilson José da Silva Problema motivador da escolha do tema: É possível superar a dicotomia entre formação geral e formação profissional através da oferta do Ensino Médio Integrado? O currículo integrado é vivenciado na prática social e pedagógica das escolas que ofertam essa modalidade de ensino? A INTEGRAÇÃO É POSSÍVEL?

Ensino Médio Integrado: Necessário entender o contexto em qual se situa essa modalidade de ensino LDB 9.394/96: sob a égide dessa lei, dois Decretos Federais foram promulgados: Decreto Federal 2.208/97: proíbe a integração “A Educação Profissional terá organização curricular própria e independente do Ensino Médio” O Decreto também regulamenta formas fragmentadas e aligeiradas de Educação Profissional em função das alegadas necessidades do mercado. Durante sua vigência, houve a desarticulação da oferta da Educação Profissional no Estado do Paraná.

Decreto Federal 5.154/04: revoga o Decreto anterior e abre possibilidade para a integração: “§ 1º A articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio dar-se-á de forma: I - integrada,[…]” Sua promulgação legitima as ações de retomada da oferta de Educação Profissional no Estado do Paraná, que passa a ofertar o Ensino Médio Integrado. Segundo Arroyo (1999), “[...] todo ato educativo tem uma intencionalidade política que vai além do aprendizado de aspectos pontuais e tem como horizonte maior uma opção política por um protótipo de ser humano.” Qual é a intencionalidade do Ensino Médio Integrado?

Propiciar ao educando, em quatro anos de escolarização, uma formação emancipadora, fundamentada nos conceitos de escola unitária e educação politécnica, que rompa com a formação restrita para o mercado de trabalho, através da integração das dimensões do trabalho, da ciência, da cultura e da tecnologia em um único currículo. Os fundamentos políticos e pedagógicos que devem nortear o Ensino Médio Integrado são apresentadas nas Diretrizes de Educação Profissional.

Como entender esses conceitos Como entender esses conceitos? Situando ambos no universo teórico do materialismo histórico. Historicamente, a distribuição dos saberes apresenta- se como um mecanismo de perpetuação das diferenças de classes. A educação é ministrada sob controle, com a definição do que ensinar e que tipo de educação será ofertada, assim como é necessário controlar a organização da produção.

No Brasil, a dualidade estrutural de ensino se expressa de forma contundente no ensino médio. O ideário da POLITECNIA (que não é polivalência) busca romper com essa dualidade, resgatando o princípio da formação humana em sua TOTALIDADE. O objetivo profissionalizante não tem fim em si mesmo, nem se pauta pelos interesses do mercado, mas constituir-se-ia numa possibilidade a mais para os estudantes, na construção de seus projetos de vida, socialmente determinados, possibilitando uma formação ampla e integral.

O objetivo não é a formação de técnicos, mas a formação de trabalhadores, ou seja, de pessoas que compreendam a realidade e que possam também atuar como profissionais. O horizonte é o de propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos das técnicas diversificadas utilizadas na produção – como a ciência se converte em potência material no processo de produção - e não o mero adestramento em técnicas produtivas. Ensino que integre ciência e cultura, humanismo e tecnologia, visando ao desenvolvimento de todas as potencialidades humanas.

Quais são as exigências para que o Ensino Médio Integrado se constitua numa mediação fecunda para a construção de um projeto de desenvolvimento com justiça social e efetiva igualdade? Triplo desafio: Desconstruir a ideologia sobre cursinhos curtos profissionalizantes, sem educação básica de qualidade; Mudanças no interior da organização escolar; Criação de condições para viabilização - sem uma política sólida, a Educação Profissional não passa de um engodo.

As palavras podem ser ditas, as imagens podem ser mostradas, as coisas acontecem se há vontade política e meios ou recursos, e se elas têm legitimidade perante a opinião pública. A escola só muda de fato quando se torna problema e projeto efetivo da sociedade. O tema da formação integrada coloca em pauta um concepção de educação que está em disputa permanente na história: a uns e a outros, que tipo de educação deve ser dada de modo a atender às necessidades da sociedade?

A ideia de formação integrada sugere superar o ser humano dividido historicamente pela divisão social do trabalho entre a ação de executar e a ação de pensar, dirigir e planejar. Formar para o mercado de trabalho ou treinar para o vestibular são práticas operacionais e mecanicistas. É necessário ir além. Nenhum conhecimento é só geral, posto que estrutura objetivos de produção, nem somente específico, pois nenhum conceito apropriado produtivamente pode ser formulado ou compreendido desarticuladamente da ciência básica.

Quais são os pressupostos para uma formação integrada? - existência de um projeto de sociedade: Não estar nem restrito ao mercado de trabalho, nem alheio a ele. Identificação de oportunidades faz parte do processo educativo; - manter, na lei, a articulação, de forma a garantir: qualidade, políticas de acesso e de permanência, orçamento, continuidade;

- adesão dos envolvidos: nos processos de ensino-aprendizagem; na elaboração curricular; na sistematização do conhecimento através das disciplinas básicas; nos projetos que articulem o geral e o específico, a teoria e a prática dos conteúdos; no aproveitamento das lições que os ambientes de trabalho podem propiciar aos educandos (visitas técnicas, estágios, palestras e demais ações de articulação com o setor produtivo). As experiências de formação integrada não se fazem no isolamento.

- articulação da instituição com alunos e familiares através da identificação: Da visão que os alunos têm de si; Das possibilidades de inserção social e laboral; Das modalidades formativas oferecidas pela escola; Necessário diálogo e conscientização sobre EXPECTATIVAS e sua possível REALIZAÇÃO; Levar em consideração que há necessidades materiais para levar adiante um processo educacional completo, tanto por parte dos alunos quanto por parte da instituição.

- o exercício da formação integrada é uma experiência de democracia participativa. O movimento de integração é, necessariamente, social. Há de se dar ao aluno horizontes de captação do mundo além das rotinas escolares. Direito a uma formação completa para a leitura de mundo e para a atuação como cidadão pertencente a um país, integrado dignamente à sua sociedade política.

- garantia de investimentos na educação, que proporcionem materialidade de condições: Laboratórios; Bibliotecas; Material didático; Formação continuada; Tempo de estudo; Tempo para planejamento coletivo; Condições de trabalho e de salário dos professores; Formação integrada supõe investimentos intelectuais, morais e financeiros.

Segundo Garcia e Ferreira: “A palavra tem diversas virtualidades que podem transformar uma realidade quando dita no/pelo grupo social. Uma revolução cotidiana pode se dar no processo de união dos sujeitos que pensam um projeto de sociedade que lhes pertença. A instituição educacional pode ser um espaço de organização da consciência coletiva daqueles que a vivenciam.”

A aprovação do Decreto 5.154/04 trouxe a abertura e o estímulo à formação integrada, mas não trouxe a garantia de sua implementação. Seu horizonte está na sociedade. A educação é um recurso relevante para a compreensão dos fundamentos da desigualdade e para a geração de uma nova institucionalidade no país. Fica a proposta de construir a prática do diálogo no interior da escola, como instrumento planejado para a efetiva implementação do Ensino Médio Integrado.

Referências: FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise (orgs.). Ensino Médio Integrado: Concepção e contradições. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010. PARANÁ. Diretrizes da Educação Profissional: fundamentos políticos e pedagógicos, 2006.