Síndrome de Encefalopatia Posterior Reversível

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Transcrição da apresentação:

Síndrome de Encefalopatia Posterior Reversível Acadêmico: Guilherme Barbosa Ferraz

Hichey e col., em 1996, introduziram a expressão síndrome da leucoencefalopatia posterior reversível; A expressão encefalopatia posterior reversível (PRES) foi proposta por Casey; síndrome caracterizada por cefaleia, alteração das funções mentais, convulsões e déficit visual associados a achados de imagem que traduzem edema cortical e subcortical de distribuição posterior.

Causas mais frequentemente associadas com a PRES: Encefalopatia hipertensiva, eclampsia, neurotoxicidade a ciclosporina-A e encefalopatia urêmica; Menos comum: Púrpura trombocitopênica trombótica e associação com a infecção pelo HIV-1;

Achados neurológicos: Podem ser agudos ou subagudos; usualmente são complicações de doenças já conhecidas ou decorrentes do tratamento com drogas imunossupressoras; A maioria dos pacientes apresenta acentuada elevação da tensão arterial, outros apenas moderados níveis e até níveis normais; Sintomas: Cefaleia, vômitos, alteração das funções mentais, convulsões, estupor e distúrbios visuais.

Achados tomográficos e de ressonância magnética: Presença de edema subcortical e ocasionalmente cortical nos lobos occipital e parietal, ocorrendo em menor grau nos lobos temporal e frontal, ponte, cerebelo e outras localizações; Podem gerar problemas diagnósticos;

A sintomatologia regride caso seja corrigidos os mecanismos determinantes em tempo; Os achados de imagem desaparecem nos exames de “follow-up”; Podem instalar-se danos irreversíveis como cegueira cortical e morte;

Caso clínico Paciente do sexo masculino, negro, com 60 anos de idade deu entrada no Serviço de Emergência com crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas e distúrbio de linguagem. Não havia déficit motor. Apresentava antecedente médico de hipertensão arterial sistêmica de longa data e uso irregular de anti-hipertensivos e diuréticos. Ao exame físico, a tensão arterial era 240 X 140 mm Hg. Os exames laboratoriais mostraram taxas de uréia e creatinina normais.

A TC revelou apagamento dos sulcos da convexidade, redução das dimensões do sistema ventricular supratentorial e acentuada hipodensidade da substância branca subcortical parietal bilateral.

A RM evidenciou a presença de hiperintensidade de sinal nas sequências ponderadas em T2 ao nível da substância branca da coroa radiada, notadamente daquela adjacente aos cornos posteriores. Vê-se acometimento do tronco encefálico, cerebelo e tálamo, associado à redução das dimensões do sistema ventricular infra e supratentorial e dos espaços subaracnóides das convexidades e da base.

Não se identifica restrição do coeficiente de difusão aparente (CDA) que pudesse traduzir isquemia recente.

Há achados sugestivos de transudato protéico, prevalentemente no território vascular do sistema vertebrobasilar. O coeficiente de difusão aparente (CDA) não evidenciava alterações, o que confirmava a ausência de edema citotóxico.

Após normalização dos níveis tensionais, foi realizado, novo estudo TC do crânio; 72 horas após, não mais evidenciou alterações.

Discussão O termo leucoencefalopatia posterior reversível é controverso porque geralmente não há acometimento isolado da substância branca; O termo reversível é apropriado, porque quando instalado a terapia apropriada as lesões são predominantemente reversíveis; Embora nem todas as lesões tenham localização posterior, a tendência é a localização no território vertebrobasilar devido á inexistência de barorreceptores.

Existem duas teorias para a fisiopatologia da PRES, são elas: Reação exagerada da autorregulação vascular cerebral resultando em vasoespasmos reversíveis com potencial para desenvolvimento de isquemias. Tem tido suporte pelo encontro ocasional de grandes vasos em espasmos durante cateterismo angiográfico e angioressonância. Resultado de hiperperfusão cerebral quando a pressão arterial se eleva além do limite superior ao da autorregulação cerebral. Ocorre então extravasamento de líquido, e o córtex que é mais firme tende a resistir ao edema que migra para a substância branca.

O que faz da segunda teoria a mais aceita? Nos casos de PRES associados a uso de imunossupressores, pode haver lesão direta do endotélio vascular. O que faz da segunda teoria a mais aceita? Achados de áreas hiperintensas na sequência FLAIR; Relatos de anatomia patológica com quase nenhuma evidência de infarto; Presença maior de edema vasogênico em estudos com imagens de difusão (DW) e por alterações do coeficiente de difusão (CDA).

Algumas das PRES podem ter mecanismos patogênicos sobrepostos; A PRES pode ser suspeitada com base na história clínica, mas são sinais inespecíficos; A RM é essencial no diagnóstico da PRES quando os fatores de risco clínico não estão presentes ou quando a TA não está muito elevada; A melhoria dos achados de RM em exames subsequentes pode ser chave no diagnóstico.

Referência Fernandes FJF, Júnior MACM, Pedreira AV, Silva CLS, Tavares HC, Barbosa VA. Síndrome de ebcefalopatia posterior reversível: Relato de caso; 2002; Salvador, Brasil.