“Crianças de seis anos no Ensino Fundamental: que realidade é essa?”

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Transcrição da apresentação:

“Crianças de seis anos no Ensino Fundamental: que realidade é essa?” Geni Cléia Alves da Silva, aluna do Curso de Pedagogia - Séries Inicias do Ensino Fundamental, PUIC, Campus Norte - Pedra Branca. Como meu foco nesta pesquisa eram as crianças e seu envolvimento nas atividades escolares e, devido ao pouco espaço que estas tinham para se manifestar, solicitei às professoras de cada grupo um período em classe para desenvolver atividades diferenciadas. Isto porque tinha objetivo de observá-las numa proposta de trabalho que contemplasse a literatura infantil e o aspecto lúdico no ensino-aprendizagem. Percebi uma grande diferença nas crianças no dia em que ministrei a aula, pois, a participação foi unânime, até a própria professora admirou-se com seus alunos, chegou a comentar “Meu Deus, este menino desde o primeiro dia de aula nunca tinha escrito nada, hoje percebi o quanto ele sabe”... Provavelmente se fosse oferecido momentos para o educando expressar-se naturalmente, sem cobranças de cópias de escritas sem nenhum significado, estas crianças mostrariam todo seu potencial. As crianças de seis anos necessitam e se envolvem em atividades de expressão como o desenho, a pintura, a modelagem, a dança, a poesia e a própria fala. Mas, tais atividades parece que são consideradas improdutivas nas escolas que observei. Crianças sob a coordenação da professora da classe e em atividade lúdica promovida pela pesquisadora. Conclusões Podemos concluir que muito se têm que caminhar em direção a um Ensino Fundamental de qualidade. Nas duas turmas observadas o que mais se destacou foi a ausência de uma proposta pedagógica que contemple as necessidades lúdicas das crianças. Estas são tratadas como recipientes vazios que devem receber o conhecimento escolar de modo passivo e pouco têm de possibilidades de interação significativa com a linguagem escrita. O tempo para brincadeiras livres é pequeno, haja vista que se restringe ao horário de recreio. Numa das escolas este tempo reduzido faz com que as crianças lanchem e brinquem de correr ao mesmo tempo. Bibliografia   BENJAMIM, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus, 1984 CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o Ba – Be – Bi – Bo - Bu. São Paulo: Scipione, 1998. FREIRE, Madalena. Observação registro reflexão: Instrumentos Metodológicos I, 2ª ed, São Paulo: PND - Produções Gráficas Ltda, 1996. GOULART, Ana Lúcia e MELLO, Suely Amaral (org) Linguagens Infantis: outras formas de leitura. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1991.     Apoio Financeiro: Unisul Introdução Com a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos um novo desafio se coloca para a pedagogia das Séries Iniciais do Ensino Fundamental: Crianças na faixa etária dos seis anos que, antes da Lei 11.275 de 2006, estavam sem acesso a pré-escola agora terão direito a freqüentar o ambiente escolar, porém, deverão ingressar no Ensino Fundamental. Considerando os problemas que a escola pública apresenta ao gerar altos índices de repetência e evasão escolar nas 1as séries do Ensino Fundamental, como fazer para assegurar a verdadeira efetivação do direito a educação? O que se está fazendo para que estas crianças não engrossem futuras estatísticas negativas? Como as escolas de Ensino Fundamental terão que se adaptar a esta nova realidade, se faz necessário observar e analisar o que se passa com os maiores beneficiados ou prejudicados com esta resolução: as crianças de seis anos, agora em ambiente formal de educação. É histórica a dificuldade da escola em alfabetizar crianças dos meios populares e, com um ano a mais no Ensino Fundamental – ampliando-se o tempo de contato destas crianças com a cultura letrada – podemos estar favorecendo aqueles que mais precisam da escola. Mas, um tempo maior não é garantia de sucesso escolar. É a qualidade deste um ano a mais que favorecerá, não só a alfabetização destas crianças, quanto o sentido de pertencimento a um novo grupo: o escolar. Neste sentido se faz necessário conhecer estes novos alunos do Ensino Fundamental e a proposta da escola para eles. Objetivos - Conhecer a realidade escolar de crianças que ingressaram no ensino fundamental de duas escolas públicas estaduais. - Observar crianças em classe de 1º ano do Ensino Fundamental evidenciando: a) como reagem a proposta pedagógica da escola e, em quais atividades se envolvem; b) o que fazem no tempo livre, de quanto tempo livre dispõe e quais espaços são utilizados; c) as experiências que vivenciam com a linguagem escrita. - Identificar a percepção da família em relação ao ingresso da criança no Ensino Fundamental. Metodologia Esta foi uma pesquisa exploratória de caráter participativo. Os dados foram obtidos primeiramente pela observação do grupo de crianças em atividade de sala de aula em duas escolas da rede pública estadual da região. As observações realizaram-se uma vez por semana durante dois meses, primeiramente na escola A e depois na escola B. Após o período de observação foram realizadas atividades de linguagem com o grupo de alunos de uma das escolas, com objetivo de verificar a interação do grupo de crianças e se ocorreria o envolvimento dos sujeitos da pesquisa em atividades lúdicas e significativas de linguagem. Também foi realizado questionário com as famílias das crianças observadas. Porém, poucas famílias deram retorno deste instrumento de pesquisa. Resultados Considerando que as crianças de seis anos de idade são sujeitos ativos e que aprendem na interação com o mundo, nos ocasionou surpresa constatar a proposta escolar a que tinham que se submeter estas crianças. As aulas eram desenvolvidas sem consideração a realidade infantil, sem ouvir os sujeitos da aprendizagem. A partir desta situação as crianças se limitavam a copiar do quadro da classe lições sem sentido para elas, portanto, sem saber o que estavam escrevendo. Isto nos lembra a consideração de Cagliari de que: “Na alfabetização, alguns alunos são exímios repetidores de lições que dominam sem saber o que significam. Conseqüentemente, quando precisam aplicar o conhecimento de maneira criativa e individual, acabam revelando sua ignorância.” (Cagliari,1999,p.45) Crianças submetidas a este tipo de trabalho estão “condenadas” ao fracasso escolar. O insucesso de muitas delas pode ser produzido na própria escola já que o período que passavam em classe se resumia a cópia de atividades escritas, as quais nem mesmo eram acompanhadas pela professora. Esta se limitava a explicar a atividade ao grupo como um todo sem se dirigir aos alunos individualmente.