Evolução das Abordagens em Economia Industrial (3)

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Transcrição da apresentação:

Evolução das Abordagens em Economia Industrial (3) Ronaldo Fiani Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) O Modelo E-C-D sempre teve uma ênfase muito forte na parte empírica. Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) Os primeiros estudos empíricos do paradigma E-C-D demonstraram, por exemplo, uma relação positiva entre concentração da indústria (número de vendedores) e lucratividade das empresas. Isso ajudou a impulsionar o paradigma E-C-D. Instituto de Economia

IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Mas ele tinha alguns problemas (ou pelo menos, eram percebidos como problemas). Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) Um dos aspectos que será percebido como problema é o fato de que a análise não era tão formalizada quanto a teoria microeconômica convencional. Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) Isso se tornou mais problemático a partir dos anos 1960-70, quando impulsionada pelos trabalhos de Arrow e Debreu uma década antes, a teoria microeconômica vai ganhar formalizações cada vez mais sofisticadas. Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) Alguns autores passam a denunciar a análise baseada E-C-D como sendo excessivamente empírica e pouco elaborada teoricamente. Todavia, dois outros problemas mais importantes afetariam o paradigma E-C-D. Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) O primeiro problema com o paradigma E-C-D foi favorecer uma interpretação determinística das relações entre estrutura e conduta por parte das cortes norte-americanas no julgamento de casos de defesa da concorrência. Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) Assim, as cortes começam a considerar o tamanho das empresas uma espécie de mal em si mesmo. Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) O marco neste sentido foi o caso Alcoa em 1945, quando a empresa foi considerada culpada de tentativa de monopolização do mercado de alumínio. Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) Isso porque a empresa estava expandindo sua capacidade à frente da expansão da demanda, mantendo assim reserva de capacidade ociosa. Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) Influenciadas pelo paradigma E-C-D, as cortes tendiam a produzir excessos, além de prejudicar o interesse das grandes empresas. Instituto de Economia

As Origens da Economia Industrial (2) Um caso de excesso que se tornou referência foi o caso Brown Shoe (1962), em que a corte não permitiu o ato de concentração entre duas empresas produtoras de sapatos (Brown e Kinney), embora elas dispusessem apenas de algo em torno de 5% do mercado nacional. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) O segundo problema, será a percepção de perda de competitividade dos produtos norte-americanos nos anos 1970. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) O aumento das parcelas de mercado absorvidas por produtos alemães e japoneses será interpretada como uma consequência de uma política de defesa da concorrência menos rigorosa nestes países. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Desse modo, em função de: 1) Interpretações legais polêmicas; IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) 2) Um ambiente acadêmico mais favorável a formalizações rigorosas, e 3) Uma inflexão na política antitruste norte-americana com vistas à competição internacional de suas empresas... IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) O paradigma E-C-D vai começar a sofrer fortes críticas, as mais influentes vindas do que ficou conhecido como “escola de Chicago de Economia Industrial”. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Na verdade, a escola de Chicago não se limitava à Universidade de Chicago. Um dos mais importantes economistas que criticavam o paradigma E-C-D, Harold Demsetz, era da Universidade da California, Los Angelas. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Na verdade, a primeira geração de economistas de Chicago, Como Henry Simons, que defendeu nos anos 1930 a divisão das grandes empresas. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Simons acreditava que a maior parte das indústrias poderia ser atendida por um número relativamente grande de empresas, sem que com isso fossem sacrificadas economias de escala significativas. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Simons escreveu na Grande Depressão, e acreditava que se a economia continuasse comandada por grandes empresas,a pressão política acabaria por generalizar as empresas públicas. A chamada “segunda geração”de Chicago vai adotar uma abordagem diferente. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Economistas como Harold Demsetz e Richard Posner vão adotar algumas hipóteses importantes: A primeira de natureza teórica: a base teórica fundamental para a análise dos problemas de Economia Industrial é a “Teoria dos Preços” (Price Theory), ou seja, a teoria microeconômica ortodoxa. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Isso, obviamente, implica utilizar modelos formalizados, pela crescente formalização da teoria microeconômica. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) A segunda hipótese, de natureza mais metodológica é a de que o modelo de concorrência perfeita em geral fornece uma “boa aproximação” das indústrias no mundo real. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Isso valeria até mesmo para as indústrias que são imperfeitamente competitivas. Aqui temos de abrir dois parênteses. O primeiro será para o chamado Teorema do Segundo Melhor. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) O Teorema do Segundo Melhor é frequentemente ignorado, embora ele date de 1956, quando foi demonstrado por Richard Lipsey e Kelvin Lancaster. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) O teorema afirma que se houver mais do que uma distorção na economia, nada garante que ao eliminarmos uma distorção estaremos nos aproximando do resultado eficiente. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) O segundo parênteses é para o teorema Sonnenschein-Mantel-Debreu, que afirma que o equilíbrio geral não é nem único, nem estável. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) A razão disto é que o efeito-renda faz com que as próprias curvas de demanda e oferta se desloquem, multiplicando os equilíbrios possíveis e complicando a convergência para qualquer equilíbrio (uma vez fora dele). IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Apesar disso, com base nestes princípios, os economistas desta segunda geração de Chicago criticavam a relação causa-efeito pressuposta pelo paradigma E-C-D. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) O argumento era o de que, pela falta de uma elaboração teórica mais rigorosa, o sentido assumido pelo E-C-D poderia ser invertido. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Uma maior concentração industrial pode resultar de uma maior eficiência de determinadas empresas, que por isso cresceriam mais do que as outras, resultando daí a concentração. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Assim argumentavam esses autores, melhor do que simplesmente assumir que uma elevada concentração significa empresas com poder de mercado e ineficiência... IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) ...Seria analisar a conduta das empresas em setores concentrados, examinando a possibilidade destas condutas envolverem ganhos de eficiência para as empresas e os consumidores. Ou seja, argumentava-se a favor de uma maior ênfase na conduta das empresas e menos na estrutura do setor. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Essa argumentação efetivamente enfraqueceu o paradigma E-C-D, tanto como base de Economia Industrial, quanto como base de análise de defesa da concorrência. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) Ao menos nos Estados Unidos. A mudança da ênfase para a conduta vai propiciar a incorporação de Teoria dos Jogos à Economia Industrial. Esta incorporação será conhecida como Nova Organização Industrial (New Industrial Organization). Alguns autores também chamam essa abordagem de pós-Chicago. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

As Origens da Economia Industrial (2) O mesmo não é necessariamente verdade no caso da Europa, e menos ainda no caso brasileiro. Basta consultar o livro Industrial Organization in Context de Stephen Martin (Oxford: Oxford University Press, 2010) e o Guia para a Análise de Atos de Concentração da SEAE/Min. Faz. IE-UFRJ Prof. R. Fiani

RONALDO FIANI fiani@ie.ufrj.br Fim da Terceira Aula RONALDO FIANI fiani@ie.ufrj.br Instituto de Economia