AUTISMO À LUZ DO HUMANISMO E DA PSICANÁLISE

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Transcrição da apresentação:

AUTISMO À LUZ DO HUMANISMO E DA PSICANÁLISE Psicopatologia Infanto-Juvenil Prof. Achilles Furtado

Histórico Psicose infantil – inicio deste século Demência precocíssima – Sanctis, 1903; Demência infantil ou psicose desintegrativa – Heller, 1908; Esquizofrenia infantil – Potter, 1933 Brandley, Lutz, Despert e Bender, 1937 – diferença entre esquizofrenia nos adultos e em crianças; Kanner, 1943 – Distúrbios autísticos do contato afetivo; Asperger, 1944 – psicopatia autística caracterizada por: déficit na sociabilidade, restrição de interesses e comprometimento da linguagem e comunicação.

Histórico 1961 – proposta a seguinte definição: Desconhecimento da própria identidade; Preocupação patológica com objetos; Resistência a mudanças no ambiente; Experiência perceptiva anormal; Ansiedade frequente e excessiva; Alteração dos comportamentos motores; Comprometimento das relações emocionais; Perda ou não do desenvolvimento da linguagem

Classificação 1° e 2° edições do DSM (APA, 1952; 1968) o termo esquizofrenia infantil descrevia o autismo; DSM III (1980), autismo como uma nova classe de transtornos da infância integrando os Transtornos Globais do Desenvolvimento – TGD; TGD – “transtornos crônicos, caracterizados por prejuízos graves e abrangentes em diversas áreas do desenvolvimento: Habilidades de interação social e recíproca, habilidades da comunicação ou presença de comportamento, interesse e atividades estereotipadas.” (APA, 1994).

Critérios Diagnósticos CID-10 (1994) Transtornos do desenvolvimento psicológico T. específico do desenvolvimento da fala e da linguagem T. específicos do desenvolvimento das habilidades escolares T. específico do desenvolvimento motor T. específicos mistos do desenvolvimento Transtornos globais do desenvolvimento Outros T. do desenvolvimento psicológico T. do desenvolvimento psicológico não especificado

Critérios Diagnósticos DSM-4R (2000) Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou na adolescência Retardo mental T. da aprendizagem T. das habilidades motoras T. das comunicações Transtornos globais do desenvolvimento T. de déficit de atenção e disruptivos T. de alimentação da primeira infância T. de tique T. de excreção Outros T. da infância e adolescência

Autismo A pessoa com autismo apresenta alterações características com início precoce afetando o comportamento, a comunicação/ linguagem e a socialização.

Tabela - Critérios Diagnósticos para o Transtorno Autista (299.00). A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois de (1), um de (2) e um de (3) prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por pelo menos dois dos seguintes aspectos: (a) prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social (b) fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento (c) falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por ex., não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse) (d) falta de reciprocidade social ou emocional

Tabela - Critérios Diagnósticos para o Transtorno Autista (299.00). (2) prejuízos qualitativos na comunicação, manifestados por pelo menos um dos seguintes aspectos: (a) atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por uma tentativa de compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímica) (b) em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação (c) uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática (d) falta de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos apropriados ao nível de desenvolvimento

Tabela - Critérios Diagnósticos para o Transtorno Autista (299.00). (3) padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes aspectos: (a) preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse, anormais em intensidade ou foco (b) adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais (c) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por ex., agitar ou torcer mãos ou dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo) (d) preocupação persistente com partes de objetos

Tabela - Critérios Diagnósticos para o Transtorno Autista (299.00). B. Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade: interação social, (2) linguagem para fins de comunicação social, ou (3) jogos imaginativos ou simbólicos. C. A perturbação não é melhor explicada por Transtorno de Rett ou Transtorno Desintegrativo da Infância Fonte: DSM IV (FIRST, FRANCES e PINCUS, 2000).

Gestalt-Terapia Abordagem fenomenológica cuja finalidade é a consciência e metodologia a awareness. É baseada no existencialismo dialógico, no processo EU-TU, na visão holística e na teoria de campo. (Ribeiro, 1994)

Categorias Fundamentais Fronteira de contato: É física e psicológica. Separa e une o organismo ao ambiente. Dá limite e proteção. O ato terapêutico é um momento de contato. Teoria do Self: Id, ego, personalidade. Organismo/Pessoa: É o ser em sua totalidade organísmica; Awareness: Consciência interna do contato; Interação: é o que caracteriza o humano, é a relação (identidade, limite, contato, diferenciação) Linguagem; Ciclo de Contato e Experiência;

A Linguagem É a forma utilizada para se comunicar, trocar informações, expressar idéias e sentimentos. Através das diferentes formas da linguagem a criança que ainda não tem o domínio da fala estabelece contato com o mundo e com o outro. Dentre outras linguagens podemos enumerar algumas de fundamental importância para a Gestalt-terapia: Simbólica, Corporal e Lúdica.  

A Interação A linguagem está no campo da interação ambiente/organismo social e cultural. A interação se dá via linguagem, seja ela qual for, e isso é só é possível quando as duas pessoas tem interesses em comum. A mensagem flui quando os sujeitos têm algo em comum, quando são em comum. E ser em comum é ser como o um.

"É necessário que, de uma maneira ou de outra, a palavra e a fala deixem de ser uma maneira de designar o objeto ou o pensamento, para tornar-se a presença deste pensamento no mundo sensível, e não sua vestimenta, mas seu emblema ou seu corpo". Maurice Merleau-Ponty

Abordagem Gestáltica Atua com base na teoria do self e suas funções fenomenológicas descritos por Perls, Hefferline e Goodman ( 1951); A psicose é um ajustamento (de busca) criativo em função dos distúrbios da função do Id e da dificuldade do Ego em estabelecer contato com o ambiente; O trabalho de intervenção gestaltática visa o oferecer suporte terapêutico para que a pessoa entre em contato com o ambiente interno e externo;

Autismo em Gestalt-terapia “Enrijecimento dos limites da fronteira de contato que bloqueia a comunicação do organismo (pessoa) com seu ambiente, deixando a criança isolada, no sentido em que sua capacidade para estabelecer relacionamentos fica largamente diminuída” (AMESCUA, 1999, p. 3).

Características gerais Elas variam muito de criança para criança: Dificuldade de estabelecer conexão de olhar; Apego a alguns objetos ou impermanência com objetos; Pouca ou nenhum contato verbal; Movimentos repetitivos, fazer girar objetos; Ecolalia; Baixa capacidade de fantasiar, imaginar; Não consegue fazer contato com suas emoções;

Gestalt-terapia e Autismo O autista não consegue fazer uma diferenciação entre o Eu e o Tu entre os objetos internos e externos, nem identificar onde ela começa e termina; Ex. Dibs. Dificuldade com os pronomes, o uso do Eu; Apesar da awareness se centrar na fronteira de contato, busca-se estimular a consciência das necessidades internas. O trabalho terapêutico visa estimular a awareness, fazendo a atenção da criança circular, ir ao objeto, ir do interior para o exterior, do que é seu para o que é do outro. Ex. Dibs.

Como não consegue se distanciar do objeto não consegue falar sobre ele, nem sobre si mesmo. Quando a awareness se amplia a linguagem flui melhor; Dibs; Há um precipício entre a criança e a mãe. O buraco negro da não existência, que o desorganiza e do qual foge criando uma carapaça que o afasta do outro e de sim mesmo e o liga aos objetos; Uso em psicoterapia, ludoterapia de objetos autísticos e figuras sensoriais ( caixa de areia, tintas, água, etc);

O brincar é fundamental no processo terapêutico e deve ser estimulado pelo terapeuta a partir de seu envolvimento; Brincando se trabalha a consciência do corpo, e do contato , distinguir o EU do Outro. O mais difícil é fazer usar a imaginação e expressar suas emoções.

Até o Fim Interprete: Fantine Thó Composição: Fantine e Jonh   Cuidar de você Sem saber a causa dessa dor profunda Cuidar de você... Os mares podem secar O som deixar de existir A mais linda cor apagar Com você eu vou até o fim O que quiser passar Por menos que eu esteja aqui Mais perto que o ar vai estar Com você o melhor de mim Até o Fim Fantine Thó Composição : Fantine e Jonh  Até o Fim Fantine Thó Composição : Fantine e Jonh  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMESCUA, Guadalupe. Autismo na teoria gestática: em direção a uma teoria gestalt da personalidade. Gestalt Review, 3 (3):2226-238,1999. AXILINE, Virgínia. Dibs: em busca de si mesmo. Rio de Janeiro: Agir, 1973. GRANZOTO, M. J. Muller, R. L. Muller. Clínica dos ajustamentos psicóticos: uma proposta a partir da gestalt- terapia. RIBEIRO, Jorge P. Gestalt-terapia- o processo grupal. São Paulo: Summus, 1994.

SITES SOBRE AUTISMO Autismo Brasil: www.autismo.com.br ABRA: www. autismo. org.br AMA: www. ama.org.br

SITES SOBRE GESTALT-TERAPIA INFANTIL Luciana Aguiar : <gestaltcomcriancas.blogspot.com> Centro de Gestalt do Rio Grande do Sul: <http://www.igestalt.psc.br/>

EQUIPE: CLAUCIANE DIANA NEGREIROS EUSELENE RODRIGUES GARDÊNIA IZABELLA FARIAS LUMARA ALVES NATERCIO CAPOTE NILA MARA SILVIA LEMOS