PRÉ-ECLÂMPSIA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO Disciplina de Obstetrícia Dr. Miguel Arcanjo
INTRODUÇÃO Síndromes Hipertensivas: 1ª causa de mortalidade materna; Brasil: 140 – 160 / 100.000 nascidos vivos; Destas mortes: 30% são causadas por síndromes hipertensivas; Maior morbi-mortalidade materna e perinatal. Incidência: 5% Aumenta de 7 a 10% em primigestas
INTRODUÇÃO Síndromes Hipertensivas: Hipertensão arterial crônica Doença Hipertensiva Específica da Gestação: Sobreposta Pré-eclâmpsia Eclâmpsia Hipertensão gestacional
INTRODUÇÃO Pré-eclâmpsia: Hipertensão Proteinúria e/ou Edema * Após a 20 - 22ª semana de idade gestacional
FATORES DE RISCO Primigesta Isoimunização Rh Diabetes Melitus Gestação múltipla Mola Hidatiforme Raça negra Extremos da vida reprodutiva História de hipertensão crônica Isoimunização Rh Diabetes Melitus Nefropatia Colagenoses Estresse Psicossocial Mudança de parceiro Reestréia funcional
↑ Tromboxane A2 X ↓ Prostaciclinas FISIOPATOLOGIA Teoria da Isquemia Útero-placentária 2ª onda de invasão trofoblástica inadequada ↓ Oxigenação do tecido trofoblástico ↑ Tromboxane A2 X ↓ Prostaciclinas Vasoespasmo generalizado Alt. da coagulação e da Permeabilidade capilar ↑ da PA Lesão no organismo materno
DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO Anamnese Surgimento de aumento da PA Após a 20 – 22ª semana de gestação PA ≥ 140 x 90 mmHg Pacientes previamente normotensas Desaparece até a 12ª semana de puerpério Identificar sinais e sintomas
DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO Medida da pressão arterial: 2 aferições com intervalo de 4 horas com gestante em repouso sentada ou em DLE Braço direito Altura do coração Manguito a 4 cm acima da prega cubital PAS: 1º ruído de Korotkoff PAD: 5º ruído de Korotkoff
DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO Avaliação do fundo de olho: edema de papila exsudato em “flocos algodonosos” hemorragia em “chama de vela” edema subretiniano (descolamento reversível) (Neme, 2005)
DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO USG com dopplerfluxometria: Após 26ª sem: avaliar bem estar fetal 20ª a 24ª sem: incisura nas aa. uterinas Após 16ª sem: Lupus e Sd. Anticorpo Antifosfolípides (Bunduki, 2000)
DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO Pré-eclâmpsia leve: PA ≥ 140 x 90 mmHg PAD ≤ 100 mmHg Proteinúria ≥ 300 mg/ 24h ou 1+ em teste de fita ou 1g em amostra isolada Paciente assintomática
DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO Pré-eclâmpsia grave: PA ≥ 160 x 110 mmHg PAD ≥ 110 mmHg Proteinúria = 2,0 g/ 24h ou 2+ em teste de fita Creatinina ≥ 1,2 DHL aumentado (≥ 600) Plaquetas < 100.000 BT ≥ 1,2 TGO e TGP ≥ 70 Dor epigástrica persistente Dor em hipocôndrio direito Distúrbios visuais ou de consciência Edema pulmonar Anemia hemolítica com esquizócitos no sangue periférico Oligúria < 400 ml/ 24 h
TRATAMENTO Leve: Pré-natal de alto risco Acompanhamento ambulatorial a cada 2 dias Repouso em DLE o maior tempo possível Conhecer os sinais e sintomas de gravidade Controle diário da PA (mais de 1 vez/dia) Dieta*
TRATAMENTO Leve: Anti-hipertensivos (quando a paciente tem HAC): 1ª escolha: alfa metildopa 750 mg a 2 g/dia 2ª escolha: pindolol 10 a 30 mg / dia Avaliação semanal da vitalidade e do crescimento fetal Conduta obstétrica: No termo ou se houver piora do quadro clínico Via de parto: normal
Repouso em decúbito lateral esquerdo ↓ Atividade do SN simpático ↑ Fluxo uterino ↑ Fluxo plasmático renal ↓ Adrenalina ↓Noradrenalina Melhora da Circulação uteroplacentaria ↑ Ritmo de filtração glomerular ↑ Diurese ↓ a PA ↑ Perda de Na ↓ reatividade vascular
TRATAMENTO Grave: Assegurar vias aéreas pérvias e oxigenação adequada Aspiração de secreções + cateterismo vesical Sulfato de Magnésio + anti-hipertensivo Restaurar equilíbrio ácido-básico Estabilização materna e fetal por 2 a 3 horas Resolução da gestação
TRATAMENTO Esquemas do Sulfato de Magnésio Pritchard Zuspan Sibai Ataque: 4 g EV 10 g IM (5 g em cada nádega) Ataque: 4 g EV 8 ml de Sulf. Magn. 50% 12 ml de AD Ataque: 6 g EV Manutenção: 2 – 3 g/h Manutenção : 5g IM 4/4 h Manutenção: 1 - 2 g/h EV em BI – 100 ml/hora
TRATAMENTO Avaliar : - Reflexo patelar ou bicipital - Diurese ≥ 25 ml/hora - FR ≥ 16 i.p.m Antídoto: Gluconato de Cálcio a 10% - 1 amp – 10 ml EV lento Controle dos níveis de Mg: - normal: 1,5 a 2,5 mEq/L nível terapêutico: 4 a 7 mEq/L - abolição dos reflexos patelares: 10 mEq/L - parada respiratória e muscular: 15 mEq/L - parada cardíaca: 30 mEq/L
TRATAMENTO Anti-hipertensivos Hidralazina: 5 mg EV a cada 15 a 20 min Dose máx: 25 mg 1ª escolha Nifedipina: 10 mg SL a cada 30 min Dose máx: 30 mg 2ª escolha Nitroprussiato de Sódio
TRATAMENTO Conduta Obstétrica: > 34 semanas: resolução Sem melhora clínica ou laboratorial Piora Resolução Se < 34 sem: corticoterapia para melhorar o prognóstico perinatal
COMPLICAÇÕES Lesões no organismo materno: Rins: Glomeruloendoteliose Necrose Tubular Aguda (Junqueira, 2000)
COMPLICAÇÕES Fígado: Necrose Hemorrágica Periportal Hematoma Subcapsular Ruptura Hepática (Neme, 2005)
COMPLICAÇÕES Encéfalo: Hemorragia intracraniana Acidente vascular cerebral (Neme, 2005)
COMPLICAÇÕES Placenta: Insuficiência placentária Descolamento Prematuro de Placenta (Neme, 2005)
COMPLICAÇÕES Distúrbios de coagulação CIVD Edema Agudo de Pulmão Descolamento de retina Amaurose Hellp Síndrome Eclâmpsia (Neme, 2005)