AVALIAÇÃO CRÍTICA DOS ESTUDOS QUE AVALIAM A EFICÁCIA TERAPÊUTICA

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
DIRETRIZES CONSENSO CONFORMIDADE
Advertisements

Ética em pesquisa envolvendo seres humanos
Técnico em enfermagem do trabalho
ESTUDO RANDOMIZADO Profa. Dra. Adele Schwartz Benzaken ACADÊMICOS: Katia Gulminetti Malu Pinheiro Monica Betti Maria Enedina Talita Souza.
Consentimento Livre e Esclarecido
ÉTICA EM PESQUISA.
Flávia Tavares Silva Elias
Andréa Menezes Cássio José Renata C. M. Silva
Ética em Pesquisas Clínicas
Medidas de associação II: tratamento. Estudo dirigido
Número necessário para causar danos NNH
Avaliação crítica de um artigo científico
Pesquisas com dados existentes: análise de dados secundários, estudos suplementares e revisões sistemáticas.
Delineando estudos de testes médicos
Tipos de Pesquisa Clínica
EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA
CONEP: histórico, funções e relações com os CEPs.
Metodologia Científica Medidas de Frequência e Associação
Boas Práticas Clínicas: Protocolo Clínico
Elaboração: Rosane Schlatter Revisão: Nadine Clausell
Avaliação Avaliação de parâmetros clínicos
Boas Práticas Clínicas Documento das Américas Introdução
Metodologia Científica
Seminário sobre Economia da Saúde
PROCESSO DE REVISÃO DOS ARTIGOS CIENTÍFICOS
REABILITAÇÃO CARDIOPULMONAR E METABÓLICA: ASPECTOSPRÁTICOS
Epidemiologia e Saúde Ambiental
Meta-análise em Medicina
Medidas de Freqüência e de Associação em estudos clínicos
Estudos de prognóstico
Ensaios Clínicos.
Medicina baseada em evidências
Introdução à pesquisa clínica
ESTUDO CLÍNICO RANDOMIZADO CONTROLADO
Marcus Tolentino DECIT/SCTIE/MS
DESENVOLVIMENTO DE PROTOCOLOS BASEADOS EM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS
Avaliação Avaliação de parâmetros clínicos
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO
Revisão Sistemática e Metaanálise 2014
A Metodologia da Pesquisa Clínica
Metodologias de Intervenção Psicológica
Análise de sobrevida.
Viéses e Fatores de Confusão
PADRONIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA MÉDICA
Mark J Bolland, Andrew Grey, Greg D Gamble, Ian R Reid Lancet Diabetes Endocrinol 2014; 2: 307–20 THE EFFECT OF VITAMIN D SUPPLEMENTATION ON SKELETAL,
Análise de sobrevida 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Clínica Ampliada e Arranjos Organizacionais
Principais tipos de estudo descritivos
TISSUE PLASMINOGEN ACTIVATOR FOR ACUTE ISCHEMIC STROKE THE NATIONAL INSTITUTE OF NEUROLOGICAL DISORDERS AND STROKE rt-PA STROKE STUDY GROUP N Engl J Med.
MONITORAMENTO DOS PROJETOS COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA CEP
Ensaio clínico controlado
PRINCÍPIOS ÉTICOS BÁSICOS Deontologia e responsabilidade
Resumo – principais tipos de estudo
Principais delineamentos de estudos epidemiológicos
VIII Curso de Metodologia Científica do IMIP
Ensaio clínico controlado
MÉTODOS EMPREGADOS EM EPIDEMIOLOGIA
Aspectos Conceituais da Epidemiologia
Epidemiologia Analítica
PESQUISA CLÍNICA E PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIA-PBE
estudos longitudinais
Um ensaio clínico controlado da isoniazida em pessoas com anergia e infecção pelos vírus HIV que estão em alto risco à tuberculose Gordin, 1997.
Exercício Sobre Teste Terapêutico
ESTUDOS DE COORTE E CASO-CONTROLE
Seminário de Medicina Social Terapia Preventiva a TB em portadores de HIV Grupo 3 Daniel Vagner Vanessa Victor.
Saúde Baseada em Evidências Edina Mariko Koga da Silva
Ensaios clínicos em países em desenvolvimento: a falácia da urgência ou a ética do mercado Encontro Nacional dos Comitês de Ética em Pesquisa Brasília,
Teste Diagnósticos Avaliação
Principais tipos de estudo descritivos Profa. Dra. Edina Mariko Koga da Silva Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina UNIFESP.
Faculdade de Saúde Pública Universidade de São Paulo Evidências em Saúde Deborah Delage 01/10/2015.
Transcrição da apresentação:

AVALIAÇÃO CRÍTICA DOS ESTUDOS QUE AVALIAM A EFICÁCIA TERAPÊUTICA Prof.ª Ana Maria Ramalho Prof.ª Valeska Figueiredo Prof.ª Yara Hahr Hokerberg Adaptado de José Ueleres Braga

DESENHO BÁSICO DO ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO DESFECHOS DESFECHOS CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE RANDOMIZAÇÃO RANDOMIZAÇÃO favorável favorável Grupo experimental Grupo experimental desfavorável desfavorável População com a condição de interesse Selecionados: população de estudo favorável Grupo controle desfavorável

Ensaios Clínicos Controlados Antes de qualquer apreciação metodológica, é importante avaliar se o estudo foi submetido a alguma apreciação ética... Em geral esta informação está registrada na seção de Métodos ou no último parágrafo da Introdução Um ensaio clínico só pode ser iniciado após submissão e aprovação do projeto por um Comitê de Ética em Pesquisa – Plataforma Brasil Resolucão 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde atualização da Resolução 196/196 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Referenciais da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade

CONSELHO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA http://conselho.saude.gov.br/Web_comissoes/conep/index.html

CONSELHO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA http://conselho.saude.gov.br/Web_comissoes/conep/index.html

PLATAFORMA BRASIL http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf

PLATAFORMA BRASIL http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA A intervenção foi definida de modo claro e objetivo? E o(s) desfecho(s) estudados? Diferença entre medicamento, fármaco e esquema terapêutico estudado  dose, frequência, duração, etc. Qual o resultado esperado para a intervenção? Cura, melhora, alteração de resultados de testes laboratoriais, prevenção de doenças, aumento do tempo de sobrevida, etc. Como estes desfecho serão avaliados/medidos? Quais os critérios de definição utilizados?

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA A alocação dos pacientes nos grupos de tratamento foi randomizada? Os grupos eram similares no início do ensaio? Houve randomização? A randomização funcionou? Observar as características prognósticas dos pacientes do grupo de tratamento e controle na "entrada" ou "nível básico" ("baseline") do estudo. Embora nunca saibamos se existe similaridade para fatores prognósticos desconhecidos, ficamos mais tranquilos quando os fatores prognósticos conhecidos estão sutilmente balanceados.

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA Os pacientes, seus médicos e os demais membros da equipe do estudo estavam "cegos" quanto ao tratamento para evitar o viés de aferição? Pacientes conscientes do tratamento experimental possivelmente têm uma opinião sobre sua eficácia, o que também ocorre para os que estão mensurando as respostas ao tratamento (médicos, enfermeiros, profissionais de saúde). Essas opiniões, sejam otimistas ou pessimistas, podem distorcer os resultados do estudo. Estudo duplo-cego

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA Exceto pela intervenção experimental, os grupos foram tratados igualmente? Se um grupo é acompanhado mais atentamente, é mais provável que os eventos sejam relatados ou que os pacientes sejam tratados com intervenções estranhas ao estudo. Intervenções outras que o tratamento em estudo, quando aplicadas de modo diferenciado entre os grupos de tratamento e controle distorcem os resultados ("cointervenções").

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA Todos os desfechos clinicamente importantes foram considerados? Tratamentos são indicados quando eles fornecem importantes benefícios O que se busca é a evidência de que os tratamentos melhoram os desfechos importantes para os pacientes (e. g. prevenir a hospitalização por insuficiência cardíaca ou diminuir o risco de infarto do miocárdio)

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA Os pacientes que entraram no ensaio foram adequadamente contados e considerados em sua conclusão? O seguimento foi completo para evitar viés da perda de seguimento? Cada paciente que entrou no ensaio deve ser seguido e contado em sua conclusão. Se ocorreu "perda de seguimento", a validade do estudo pode está comprometida. Os pacientes perdidos podem ter diferentes prognósticos em relação aos que continuaram no estudo, e podem ter desaparecido porque eles sofreram desfechos adversos (pioraram ou morreram) ou porque eles estavam indo bem e, portanto, não sentiram necessidade de retornar à clínica para avaliação

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA Os pacientes foram analisados nos grupos em que foram randomizados? Nos ensaios clínicos, os pacientes algumas vezes esquecem de tomar o seu remédio ou mesmo recusam completamente seu tratamento. Estes devem ser excluídos das análises de eficácia? NÃO!  princípio da "intenção de tratar" (intention-to-treat). Análise por intenção de tratar: todos os sujeitos devem ser analisados nos grupos para os quais foram randomizados, independente de terem ou não completado o tratamento prescrito => MELHOR QUALIDADE!!! Análise por protocolo: inclui apenas aqueles que completaram o esquema terapêutico sem qualquer desvio do protocolo

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA Qual foi o tamanho do efeito da intervenção estudada? Risco relativo (RR) Redução absoluta do risco ou risco atribuível (RAR) Redução relativa do risco (RRR) Número necessário a tratar - “Number Needed to Treat”-(NNT). NNT=1/RAR.

MEDIDAS DE EFEITO DOS ESTUDOS TERAPÊUTICOS Pac. curados = a+c Pac. ñ.curados = b+d Pac. Tr.exp. = a+b Pac. Placebo = c+d RR = a/(a+b)/ [c/(c+d)] NNT = 1/RAR RAR = [a/(a+b)] - RRR = (1 -RR)100 cura RESPOSTA AO TRATAMENTO Tratamento experimental Placebo ou trat.convencional s/cura a b c d a+c a+b b+d c+d

MEDIDAS DE EFEITO DOS ESTUDOS TERAPÊUTICOS Coutinho & Cunha. Conceitos básicos de epidemiologia e estatística para a leitura de ensaios clínicos controlados. Rev Bras Psiquiatr. 2005

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA Qual foi a precisão da estimativa do efeito do tratamento? Estimativas pontuais e intervalares. Intervalo de confiança das medidas de efeito e/ou o p valor para apreciar a significância estatística dos resultados. Qual o nível de confiança aceitável? Em geral 5%. Não basta a intervenção ter se mostrado eficaz em termos de suas medidas de efeito, é necessário avaliar se estas medidas de efeito têm significância estatística!!!

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA Os resultados são clinicamente significativos? Por outro lado, os resultados da pesquisa devem ter significação clínica além de “estatisticamente significantes”. Enquanto a precisão (significância estatística) depende do tamanho amostral, a relevância clínica depende das implicações no prognóstico do paciente.

APRECIAÇÃO DA METODOLOGIA Os benefícios do tratamento são equivalentes aos potenciais danos e custos? O impacto de um tratamento está relacionado não apenas a sua redução do risco relativo, mas também ao risco de um desfecho adverso para o qual foi planejado para prevenir. Uma boa medida para avaliar esta situação é o NNT , isto é, o inverso da redução absoluta do risco (1/RAR) que corresponde ao número de pacientes que deverão ser tratados para prevenir um evento Por exemplo, quantos pacientes eu preciso tratar para prevenir uma morte seguida a um ataque brando do coração em paciente de baixo risco com este medicamento?

Guidelines CONSORT statement JADAD scale Randomização Cegamento Guideline que reúne os principais aspectos metodológicos a serem apresentados em uma publicação JADAD scale Escore de qualidade usado para selecionar artigos para revisão sistemática baseado em 3 itens: Randomização Cegamento Perda de seguimento

JADAD scale Escore de Qualidade (Jadad et al, 1996) http://www.prosit.de/images/3/36/Assessing_the_Quality_of_Reports_of_Randomized_Clinical_Trials_Is_Blinding_Necessary.pdf

JADAD SCALE - Exemplo

REVISÃO SISTEMÁTICA e METANÁLISE: ALTERNATIVA para o número crescente de publicações ... Síntese útil para a decisão clínica, pois seleciona as publicações de diversas bases segundo critérios de qualidade “... Uma revisão que é preparada utilizando uma abordagem sistemática para minimizar viéses e erros aleatórios...” (Chalmers e Altman, 1995. Systematic Reviews in Health Care) Permite combinar os resultados de vários estudos A síntese quantitativa destes resultados é denominada METANÁLISE

Primeiro autor do estudo primário Linha do não efeito Primeiro autor do estudo primário IC

Apresentação gráfica dos resultados de uma metanálise: Forest Plot

Uso da streptoquinase EV (trombolítico) no IAM

Uso da estreptoquinase EV (trombolítico) no IAM

Efeito da bupropiona em relação ao tabagismo