DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO E DISMOTILIDADES DO ESOFAGO

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Caso Clínico L.R..
Advertisements

REFLUXO GASTROESOFÁGICO EM PEDIATRIA
Refluxo Gastro-Esofágico (RGE)
Esofagites Infecciosas
Quiz 14 Geral.
Quiz 16 GERAL.
Manejo de Dor Torácica de Origem Gastroesofágica
PNEUMONIAS CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLOGIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Distúrbios do Trato Digestório
MEGAESÔFAGO.
Doença do Refluxo Gastroesofágico: análise crítica dos métodos diagnósticos Eponina M. O. Lemme (FBG)
Coordenação: Paulo R. Margotto 16/11/2009
DOENÇA DO REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO (DRGE)
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
Assistência de Enfermagem à Cirurgias Gastrintestinais
1. Porção distal do esôfago com erosão maior do que 5 mm (esofagite erosiva grau B de Los Angeles) e área de epitelização colunar.
Esofagite erosiva, com convergência lateral entre duas erosões
Gastrites erosivas por AAS e AINEs
Doença do refluxo gastroesofágico e carcinoma do esôfago
ALTERAÇÕES DO APARELHO DIGESTIVO
SISTEMA DIGESTIVO.
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
Quiz 14 Geral.
Revisão Anatomia e Morfologia TGI
IV Simpósio da Sociedade de Gastroenterologia do Rio de Janeiro
Terapia Nutricional Enteral
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PACIENTES COM ALTERAÇÕES GASTROINTESTINAIS
DOR ABDOMINAL RECORRENTE
Doença do refluxo gastroesofágico
DOENÇA INFLAMATÓRIA DO INTESTINO O QUE SABEM OS DOENTES?
Apresentação de Caso Clínico
VESÍCULA BILIAR A vesícula biliar é um saco membranoso, em forma de pêra, situado na face inferior do fígado (lado direito). É um órgão muscular no qual.
LAUDOS ENDOSCÓPICOS 2.
ESÔFAGO DE BARRETT Hospital Universitário Cajuru
Adalgisa Ferreira Gastrohepatologia UFMA
O que é um antiácido? Um antiácido é uma substância básica (pH superior a 7). Para que serve? Os antiácidos neutralizam os ácidos do estômago, o que ajuda.
Síndrome de Boerhaave e Mallory-Weiss
Sandro Schreiber de Oliveira
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS COMUNS
REFLUXO GASTROESOFÁGICO
Esofagite Dissecante Costa Santos V., Nunes N., Ávila F., Rego A.C., Pereira J.R., Paz N., Duarte M.A. Serviço de Gastrenterologia do Hospital do Divino.
Farmacologia e Tratamento das Enfermidades do Esôfago
Profa. Adriana Sanchez Ciarlo
Úlcera Péptica Lesão gástrica ou duodenal crônica recorrente,
REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
Megaesôfago.
SÍNDROME do INTESTINO IRRITÁVEL
Fisiopatologia das doenças estomacais
Raquel Adriana M. S. S. Takeguma R1- Pediatria
Liga Acadêmica de Gastroenterologia e Hepatologia-LAGH
Divertículos Esofágicos
Ambulatório de Pneumologia Hospital Júlia Kubitschek-BH
Francielle Chiavelli Chiaratti Cirurgia Infantil
ÚLCERA PÉPTICA.
Gastroenterologia Clínica
Nathalia Carbinatti Franzini
FARMACOLOGIA DO APARELHO DIGESTIVO
Terapia nutricional em enfermidades orais e esofagianas
Terapia nutricional em enfermidades orais e esofagianas
REFLUXO GASTROESOFÁGICO
DIARRÉIA E CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
Doença do Refluxo Gastroesofágico
TRATAMENTO DE PACIENTES COM DISTÚRBIOS GÁSTRICOS E DUODENAIS
ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO NA GRAVIDEZ
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFAGEANO
Transcrição da apresentação:

DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO E DISMOTILIDADES DO ESOFAGO Cesar A. P. kubiak

Função esofágica Esôfago normal : 3 zonas funcionais esfíncter esofágico superior, corpo, esfíncter esofágico inferior, que protege as vias aéreas de aspiração e o esôfago de refluxos gástricos

Definições Refluxo gastroesofágico (RGE): refere-se a qualquer episódio de refluxo de conteúdo gastroduodenal. Esofagite por refluxo: lesão tecidual no esôfago devido ao refluxo. DRGE: refere-se ao refluxo considerado patológico, tanto em termos de freqüência e/ou duração.

Fisiopatologia A anormalidade fundamental da DRGE é a exposição do epitélio esofágico ou supra esofágico à secreção gastroduodenal, que depende da competência da JEG A incompetencia da JEG depende de 3 fatores: 1- Relaxamento transitório do EEI 2- Hipotenção do EEI 3- Alteração anatômica da JEG – hérnia do hiato

DRGE Etiologia – multifatorial: Obesidade – álcool – tabaco - sedentarismo-envelhecimento Diminuição da pressão no EEI Hérnia de hiato deslizante - Medicamentos : antiespasmódicos- bloqueadores de canais de cálcio - AINH Alimentos secretores: temperos, doces concentrados, gaseificados, gordurosos, café e chimarrão

Pacientes que procuram tratamento o médico DRGE subclínica. Dificilmente procuram médicos Complicações da DRGE Esofagite ou sintomas graves

Válvula (Barreira anti-refluxo) Externa (Crura diafragmática) DRGE Válvula (Barreira anti-refluxo) Reservatório Pressão Dilatação Esvaziamento Secreção Extensão Posição Função Deglutição Motilidade Gravidade Saliva Resistência tissular Externa (Crura diafragmática) Interna (EIE) Bomba Refluxato

DRGE DRGE Sintomática 35% 5% DRNE Esofagite erosiva Doença do Refluxo Não Erosiva (Endoscopia negativa) Esofagite erosiva Doença do refluxo erosiva complicada 60%

DRGE Sintomas: Esofagites - pirose, azia, sialorréia Constrições pépticas do esôfago - disfagia Regurgitação ou ruminações “Globus histéricus” –Disfagia oro-faringea Tosse crônica – broncoaspiração - asma Sangramento digestivo Dor torácica não cardiogênica

DRGE Sintomas: Erosão do esmalte dentário Halitose Doença periodontal Rouquidão e disfonia Espasmo do esôfago - dismotilidades

Manifestações extra-esofágicas da DRGE Asma no adulto Aspiração com pneumonite quimica-sufocamento Tosse crônica – espástica noturna Laringite crônica- granuloma de cordas vocais Erosões dentárias Pigarro crônico Estenose sub glótica

Complicações Hemorragias digestivas – agudas ou crônicas Estenose do esôfago: 8-12% Perfurações Malignização Intratabilidade clinica – refratariedade - Tratamento cirúrgico Asma e sibilância Esofago de Barret:10-15%

DRGE

Dismotilidade e a importância clinica no diagnóstico diferencial da dor torácica Doenças gastro - esofágica ....................................42% (DRGE,dismotilidade,úlcera péptica ,doença biliar) Cardiopatia isquêmica ........................................ 31% Síndromes da parede torácica ........................... 28% Pericardite ............................................................. 4% Pleuris/ Pneumonia .............................................. 2% Embolia pulmonar ................................................. 2% Outras .................................................................... 4% Fruegaard ,P. et al :Eur Heart-17:1028-1996

Distúrbios da Motilidade do Esôfago 50% dos casos de dor torácica não coronariana Acalasia (aperistalse do corpo esofageano) 2% Espasmo difuso do esôfago (peristalse normal intermitente) 10% Esôfago em quebra-nozes (peristalse normal com aumento na amplitude distal) 50% Esfíncter inferior hipertenso 2% Distúrbios inespecíficos da motilidade 36% ( Síndrome do intestino irritável)

Diagnósticos diferenciais Carcinoma de esôfago Leiomioma Divertículos ( de Zenker) Esclerodermia Anel de Shatzki Estenose inflamatória – DRGE Hérnia de hiato Candidíase Laceração de mucosa ( S. Mallory-Weiss) Corpos estranhos Esofago de Barret- metaplasia- epitelio colunar com celulas caliciformes

DRGE e Dismotilidades Diagnóstico: anamnése e exame físico Videoesofagogastroduodenoscopia Videolaringoscopia pH metria de 24 horas Manometria esofágica de 24 horas Rx de esôfago contrastado com bário Teste de infusão ácida de Bernstein * Só 25% dos pacientes tem endoscopia ou RX revelador de DRGE

O escore de classificação endoscópica da esofagite de refluxo mais utilizado é o de Savary-Miller modificado: Grau I: Erosões lineares ou ovaladas ocupando uma única prega longitudinal; Grau II: Erosões situadas em mais de uma prega longitudinal, confluentes ou não, sem ocupar toda circunferência Grau III: Erosões exsudativas confluentes ocupando toda a circunferência do esôfago; Grau IV: Complicações. Úlcera esofágica profunda, com exsudato e erosões circundantes no esôfago distal. Estenose péptica do esôfago distal; Grau V: Barret. Áreas de metaplasia de Barret.

Classificação de Los-Angeles: Grau A: erosões < 5 mm de extensão; Grau B: erosões > 5 mm de extensão, mas sem acometer o topo das pregas mucosas; Grau C: erosões acometendo o topo das pregas mucosas, mas não circunferenciais; Grau D: acometendo pelo menos ¾ da circunferência esofágica.

Imagens ESOFAGITE EROSIVA DISTAL BARRETT ESTENOSE ÚLCERA

pHmetria de 24h Esofagomanometria Passado um delgado catéter no esôfago com sensores capazes de registrar o pH intraluminal; Deve ser colocado a 5cm do limite superior do EEI; O refluxo é constatado pela queda do pH esofágico (<4,0) e a DRGE quando mais de 7% das medidas de pH encontram-se <4,0. Esofagomanometria Catéter esofágico que consegue medir a pressão de diversos pontos específicos, avaliando o estado motor tanto do EEI, quanto do corpo do esôfago; DRGE – hipotonia esfincteriana; *Não é o método de escolha para o diagnóstico de DRGE*; Indicações: DRGE com indicação cirúrgica; Suspeita de distúrbios motores esofágicos associados; Localizar o EEI, antes da pHmetria.

Teste de Bernstein: Inicia-se por um catéter esofágico o gotejamento de SF 0,9% na porção superior do esôfago; Em determinado momento, esta infusão é substituída por HCl 0,1N sem o conhecimento do paciente; A reprodução dos sintomas nos 30min seguintes e o seu desaparecimento com a suspensão do HCl selam a existência de uma relação entre a presença de material ácido no estômago e os sintomas.

DRGE - Tratamento Evitar Refluxo Medida Comportamental Elevar cabeceira (15-20 cm) do leito Evitar alim. que favoreçam o refluxo Evitar medicamentos que agridam a mucosa Não deitar após refeições que â pressão do EIE Emagrecer Evitar refeições volumosas Evitar á de pressão intra-abdominal Restringir fumo e álcool Medida Comportamental Cedido Dr.Kleiner

Tratar com medidas anti-refluxo e Inibidores da Bomba de Próton (“step down”) Tratar com medidas anti-refluxo e Inibidores da Bomba de Prótons ou Inibidores H2 (“step up”) Resposta após 3 semanas ?

Resposta após 3 semanas ? Terminar o tratamento Endoscopia (se ainda não realizada) pHmetria 24h (em vigência da medicação) Manometria Terminar o tratamento (3 meses) e depois suspender a medicação Não resposta Boa resposta Preferência do Paciente DRGE refratária Terapia de Manutenção (IPB em baixa dose ou bloqueador H2) Considerar Cirurgia anti-refluxo Recidiva em menos de 3-6 meses? Novas recidivas

Tratamento Dieta branda- sem estimulantes,sem gaseificados, pouco volume principalmente à noite( doces concentrados, frituras, molhos, temperos, conservas, chá ou café ) Cuidados posturais –cabeceira elevada Diminuir peso corporal Evitar o álcool e o tabaco Combater o sedentarismo Evitar medicamentos nocivos

Tratamento Pró-cinéticos : Cisaprida-”enteropride” Bromoprida –”digesan”,”plamet” Metoclopramida- “plasil”, “eucil” Domperidona –”motilium”,”peridal” antes das refeições - * noturna Antiespasmódicos: Hioiscina”-buscopan” Diciclomina –”bentyl” Brometo de pinaverio – “dicitel” Mebeverina – “ duspatalim”

Tratamento Lembrar que os procinéticos :metoclopramida e bromoprida são antagonistas dopaminérgicos e da hidroxitriptamina- 25% do usuários apresentam os seguintes efeitos colaterais: Tremor Parkinsonismo Depressão Discinesia tardia

Tratamento Antiácidos convencionais: sais de cálcio( constipação- acidez de rebote), magnésio( diarréia) ou alumínio( constipação, hipofostemia); pouco eficientes: 4 a 6 tomadas “mylanta-plus, riopan gel, andursil, maalox-plus, magnésia bisurada, etc...” Inibidores H2:bloqueiam a secreção acida basal no jejum e noturna Ranitidina : “antak, zylium’ -150mg- 2 vezes ao dia Famotidina: ‘famoset, famox’- 20mg- 2 vezes ao dia Nizatidina :’Axid’- 150mg – 2 vezes ao dia

Tratamento Inibidores de bomba de próton – referência: Omeprazol :” Losec, peprazol”- 40mg- 2 vezes ao dia.30 dias,depois 40mg/dia Lanzoprazol: “lanzol” -30mg- 2 vezes ao dia.30 dias, depois 1 vez ao dia Pantoprazol : “pantozol –pantocal”-40mg -2 vezes ao dia, 30 dias, depois 1 vez ao dia Rabeprazol – ‘pariet” – 20mg- 2 vezes ao dia. 30 dias, depois 1 vez ao dia Esomeprazol –”nexium” 40mg – 2 vezes ao dia.30 dias Medicação por toda a vida e usar antes das refeições, podendo levar a um aumento da secreção de gastrina pela cél G do antro

Tratamento Casos refratários de difícil manejo: Fundoplicatura laparoscópica- Toupet ou Nissen Esofago de Barrett : metaplasia escamosa do epitélio escamoso em epitélio colunar > adenocarcinoma: Fundoplicatura laparoscópica, esofagectomia, laser fotodinâmico, termo ablação

Displasia de Baixo Grau Terapia Endoscópica ou esofagectomia Esôfago de Barret Ausência de Displasia EDA a cada 2-3 anos Displasia de Baixo Grau EDA de 6 em 6 meses Displasia de Alto Grau Focal Terapia Endoscópica ou esofagectomia Difuso Esofagectomia

Fontes e créditos Kleiner – Marcos : VI Congresso Paranaense de Clinica Médica – 2004 – Conferencia:DRGE MKSAP – 2003 – American College of Physicians Harrison – Medicina Interna – 16º edição 01. COELHO, J. C. U. Aparelho Digestivo: Clínica e Cirúrgica. Volume I. 3ª Edição. Editora Atheneu. São Paulo – SP. 2005. 02. KUMAR, V; ABBAS, A. K; FAUSTO, N. Robbins & Cotran: Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 7ª Edição. Editora Elsevier. Rio de Janeiro – RJ. 2005. 03. LOPES, A. C. Tratado de Clínica Médica. Volume I. Editora Roca. São Paulo – SP. 2006. 04. TOWNSEND, C. M; [et al]. Sabiston: Tratado de Cirurgia – A Base Biológica da Prática Cirúrgica Moderna. Volumes I e II. 17ª Edição. Editora Elsevier. Rio de Janeiro – RJ. 2005. 05. DEPARTMENT OF MEDICINE WASHINGTON UNIVERSITY. The Washington Manual: Manual de Terapêutica Clínica. 31ª edição. Editora Guanabara-Koogan. Rio de Janeiro – RJ. 2005. 06. SABISTON, D. C. [et al]. Sabiston: Atlas de Cirurgia Geral. 1ª Edição. Editora Guanabara-Koogan. Rio de Janeiro. 1995. 07. BOUCHIER, I. A. D. [et al]. French’s: Diagnóstico Diferencial em Clínica Médica. 13ª Edição. Editora Medsi. Rio de Janeiro – RJ. 1996. 08. DYNAMIC MEDICAL. Online Database. Disponível em www.dynamicmedical.com