Maconha e Depressão Lisia von Diemen, Flavio Pechansky e Felix Kessler

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Transcrição da apresentação:

Maconha e Depressão Lisia von Diemen, Flavio Pechansky e Felix Kessler

Objetivos Revisar as evidências da existência de associação entre consumo de maconha e depressão Avaliar a etiologia da associação através de estudos de seguimento Revisar ensaios clínicos com tratamento farmacológico para a comorbidade

Método Bases de dados: MEDLINE, SCIELO e PSYCOINFO Unitermos: (cannabis OR marijuana) AND depress* em todos os campos Artigos das línguas inglesa, português e espanhol. Foram incluídos: Estudos de coorte (também obtidos através das citações de outros artigos Estudos transversais com amostras comunitárias ou representativas de uma determinada população não clínica (estudantes por exemplo) Estudos de caso-controle com amostras clínicas que avaliasse a associação entre consumo de maconha e depressão.

Estudos transversais e caso-controles Amostras não-comunitárias Associação entre consumo de maconha e sintomas de depressão em diversas amostras (estudantes, usuários de maconha, indivíduos deprimidos, etc...) Amostras comunitárias A maioria dos estudos demonstra a associação entre as duas patologias

Consumo de maconha e sintomas depressivos ocorrem juntos...

Mas de que forma?

Há 3 hipóteses... Uso de maconha ocasionando ou precipitando sintomas depressivos Sintomas depressivos levando ao uso de maconha Fatores de risco em comum para uso de maconha e sintomas depressivos. Investigação através de estudos de coorte

Uso de maconha sintomas depressivos 3 estudos de coorte corroboram essa hipótese Brook et al. (2002): jovens de 14 anos seguidos até 27 anos o uso de maconha elevou o risco de depressão RR 1,18 (IC 95% 1,04-1,33) Patton et al (2002) 1601 estudantes seguidos por 7 anos uso semanal ou mais freqüente de maconha elevou o RR de depressão para 1,9 (IC 95% 1,1-3,3) Fergusson et al (2002) 1265 crianças seguidas por 21 anos encontrou maior risco de depressão em usuários de maconha, maior risco quanto maior a freqüência de consumo (RR 2 para uso diário)

Depressão uso de maconha 5 coortes avaliaram depressão precedendo uso de maconha Estudos com amostras grandes, bom tempo de seguimento Amostras comunitárias e de estudantes Nenhum estudo mostrou risco aumento de consumo de maconha após o surgimento de depressão

Fatores de risco em comum Não foi encontrado nenhum estudo de coorte. Melhor evidência: estudos com gêmeos Lynskey (2004): gêmeos monozigóticos e dizigóticos discordantes para depressão e para dependência de maconha Gêmeos discordantes para dependência de maconha: o risco de depressão foi maior nos dependentes de maconha entre os pares dizigóticos, mas foi semelhante nos gêmeos monozigóticos. Gêmeos discordantes para depressão maior: o risco de dependência de maconha foi maior nos indivíduos deprimidos dos pares dizigóticos, mas não nos monozigóticos.

Tratamento Não há ensaio clínico com antidepressivos para indivíuos com depressão maior e abuso ou dependência de maconha Utiliza-se inibidores da recaptação da serotonina por alguma evidência de efetividade (relatos de caso, estudos abertos) Cautela para uso de lítio porque o THC aumenta o risco de intoxicação por lítio Considerar fatores como levar em conta fatores como gravidade dos sintomas história prévia de depressão história familiar de transtornos do humor relação temporal dos sintomas com o uso de maconha

Conclusões Não há evidências de que os sintomas depressivos predisponham a consumir maconha Há fortes evidências de que o consumo de maconha seja um risco para consumo de maconha, não estando claro se a maconha causaria sintomas depressivos ou desencadearia depressão em indivíduos vulneráveis O estudo com gêmeos aponta para uma vulnerabilidade genética em comum para os dois transtornos.