Parkinsonismo e Depressão Residência de Psiquiatria

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Transcrição da apresentação:

Parkinsonismo e Depressão Residência de Psiquiatria Carla Costa Gaiger R3 Residência de Psiquiatria HSVP julho, 2009

Parkinsonismo primário Parkinsonismo secundário medicamentoso, tóxico, infeccioso, traumático, vascular, tumoral Parkinsonismo plus acompanhada de outros sintomas neurológicos adicionais.

Parkinson Primário Tríade 1)Tremor: distal, predominantemente em repouso 2) Bradicinesia: redução da amplitude e agilidade dos movimentos corporais 3) Rigidez: hipertonia da musculatura estriada

Parkinsonismo nas Demências Pode ocorrer na: Doença de Alzheimer, Demência por corpos de Lewy. A freqüência de demência é maior entre indivíduos com mais de um SEP do que em aqueles com um ou ausência de SEP.

Demência na Doença de Parkinson Idiopática O prejuízo cognitivo , e em particular a demência, são mais freqüentes com o avançar da idade dos pacientes. A demência por DPI está sendo progressivamente mais reconhecida como uma entidade nosológica distinta. As evidências atuais sugerem que a demência na DP se correlaciona melhor com os corpos de Lewy em certas áreas límbicas e corticais.

Epidemiologia: Atinge 0,1% da população geral e 1% da população acima de 65 anos e sua incidência cresce com o envelhecimento. A sobrevida após o surgimento da doença é em média 9 a 12 anos. A incidência de demência na DPI é 6 vezes maior que na população geral. A prevalência varia de 10 a 50% nos estudos. A disparidade dos estudos se dá pela precariedade na definição mais usualmente aceita que contempla o conceito de demência como uma síndrome cortical, o que não coincide com a demência subcortical característica da DPI.

Fatores de risco para desenvolvimento de demência na DPI: Idade avançada Início da DPI em idade avançada Progressão rápida da doença Baixa resposta à levodopa, com efeitos colaterais exuberantes Presença precoce de alucinações Formas rígidas-acinéticas da doença

Patologia e correlações clínico-patológicas Perdas da inervação colinérgica, dopaminérgica e noradrenérgica têm sido sugeridas como sendo os principais déficits neuroquímicos. É necessário a perda de 60% da pop neuronal da substância negra para que os sintomas motores cardinais da doença de Parkinson apareçam.

Quadro Clínico e formas de apresentação Pacientes com DP podem ser acometidos por qualquer forma de demência, como no resto da população. Ocorre, entretanto um determinado padrão de demência associado à doença de Parkinson, que é presumivelmente causado pelos mesmos tipos de alterações fisiopatológicas que também provocam sintomas motores. A demência por DPI é caracterizada por: Redução ou falta de iniciativa para atividades espontâneas Incapacidade de desenvolver estratégias exitosas para resolução de problemas Lentificação dos pensamentos mnésicos Lentificação do processamento global da informação Prejuízo da percepção visuoespacial Dificuldades de conceitualização Dificuldade na geração de lista de palavras

A demência associada à DPI, na ocasião do diagnóstico, geralmente é de grau leve à moderado e na exploração clínica encontram-se mais salientes: lentificação psicomotora e do processamento cognitivo global, disfunção executiva (prejuízo na abstração, na formação de conceitos, na geração espontânea de palavras), disfunções construtivas e das funções visuoespaciais, baixo rendimento em algumas tarefas matemáticas e prejuízo secundário da memória, em que o armazenamento da informação está relativamente bem preservado. Os pacientes tem um melhor desempenho em tarefas de reconhecimento em comparação a tarefas de evocação livre, o que sugere que a capacidade de armazenamento está preservada, mas a estratégia frontal para acessá-la está deficiente.

DPI: demência subcortical DA: demência cortical DPI: demência subcortical Parece haver uma associação entre declínio cognitivo e presença de transtornos de marcha, bradicinesia e instabilidade postural. Não há relação com tremor.

Parkinson e depressão Demência e depressão são as duas grandes síndromes que podem agravar e trazer conseqüências problemáticas na evolução do processo da Doença de Parkinson (DP). Elas têm influência sobre a qualidade de vida do paciente, aumentam os custos diretos e indiretos do tratamento e sobrecarregam ainda mais o cuidador.

A depressão ocorre em aproximadamente 40% dos pacientes com DP3-6 com uma incidência de 1,86% ao ano e um risco cumulativo de 8,6% ao longo da vida7. Porém, há variação na literatura entre 4-70%, incluindo pacientes com depressão maior, depressão menor e distimia.

A prevalência de depressão na DP é freqüentemente bimodal, ocorrendo em estágios iniciais e finais. Após a fase inicial, os parkinsonianos atravessam uma fase de “lua de mel” com a doença. No entanto, o aumento do comprometimento motor contribui para a recorrência dedepressão. A depressão antecede os sintomas motores em cerca de 25% dos parkinsonianos deprimidos5. Há uma associação positiva entre depressão e subseqüente risco de DP9. Apesar disso, neurologistas não reconhecem ou não diagnosticam depressão e ansiedade em mais de 50% das vezes em consultas de rotina.

Por outro lado, estudos que avaliaram cognição em transtorno bipolar e unipolar do humor (depressão maior) observam que há disfunção executiva e de memória de trabalho, além de déficit de memória, tanto na fase clínica como no período assintomático10. Estes dados apontam para evidência de transtornos cognitivos que seriam fatores de vulnerabilidade para depressão, com impacto sobre a evolução da doença.

O tratamento precoce e eficaz da depressão tem impacto positivo sobre o desempenho cognitivo dos parkinsonianos, o que chama a atenção para a necessidade eventual de reconhecimento da sintomatologia depressiva para a melhora destes pacientes. Além disso, o diagnóstico precoce de depressão pode dirimir dúvidas sobre a ocorrência de demência na evolução da DP, uma vez que este diagnóstico diferencial nem sempre é simples.

com transtorno cognitivo A revisão deste trabalho não permite concluir que a depressão tenha impacto sobre a cognição nos pacientes com DP. Cinco artigos concluem afirmando esta hipótese e quatro não a confirmam. Pode-se afirmar que a interação entre depressão e DP é complexa e bidirecional, ou seja: depressão é um fator de risco para DP, assim como DP é um fator de risco para depressão. É possível se traçar um perfil mais homogêneo do paciente deprimido com DP que evolui com transtorno cognitivo

. Divergências e contradições marcam o conjunto de estudos sobre cognição, DP e depressão. Há limites tênues entre os déficits cognitivos relacionados à depressão e à própria DP. O entendimento do substrato neuroanatômico da depressão em parkinsonianos pode contribuir para o conhecimento de tais limites. Assim, não foi possível definir a depressão como um fator de risco para transtornos cognitivos na DP. Estudos que utilizem critérios diagnósticos definidos e com amostras representativas da população podem trazer esclarecimento sobre o assunto.