O lúdico no ensino superior: uma prática (im)possível? Maria Vitoria Campos Mamede Maia (UFRJ) mariavitoriamaia@gmail.com Alessandra da Silva Souza Avila Amaral (UNIRIO) aleaamaral@gmail.com  

Questões iniciais Poderia ser o lúdico uma prática possível no ensino superior? Como transformar um espaço marcado pelo trabalho intelectual-acadêmico em um espaço onde o aprender-fazendo pelo lúdico tivesse lugar, já que o mesmo parece ficar restrito à educação infantil?

Atores da pesquisa Estudantes do curso de Pedagogia com entrada no curso em 2010 58 Estudantes: a maioria mulheres de 19 a 25 anos Local : uma sala de aula de um prédio tombado como patrimônio histórico em obras de restauro Duração da pesquisa: 3 semestres

Faculty of Pedagogy The Federal University of Rio de Janeiro – Urca´s camp

Sentar ou não sentar no chão, eis a questão: estamos dando aula quando nossos alunos saem das carteiras? Primeiro período do curso de Pedagogia do turno da manhã Psicologia do Desenvolvimento A maioria dos estudantes gosta do curso de Pedagogia Idade entre 19 e 25 anos Como avaliação foi usada uma atividade de reelaboração temática: “o que você aprendeu do que eu pretendi ensinar?” Foram usados materiais que não são comuns no espaço universitário do curso de Pedagogia: massinha, tinta, fantoches, material de papelaria

Psicologia do Desenvolvimento

Segundo período do curso de Pedagogia do turno da manhã Psicologia de Aprendizagem A turma já esperava alguma atividade que iria tirá-los da cadeira e fazê-los se mexer.

A importância do jogo na psicopedagogia. Primeiro período do curso de Pedagogia da noite Psicopedagogia e Educação A importância do jogo na psicopedagogia.   “As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo para as crianças estar a toda hora explicando.” (O Pequeno Príncipe) Questão: Brincar é um modo de falar sobre si e sobre o mundo. Explique o porquê e fale um pouco da importância do brincar e o que isto possibilita. O fracasso escolar – diferenciação dos problemas de aprendizagem patógenos.   Questão: Analisando a situação ilustrada, podemos perceber na educação como isso acontece? 

Dois grupos de cartas no jogo A bruxinha pergunta Dois grupos de cartas no jogo Um com os temas que podem ser mantidos ou mudados As cartas especiais têm diferentes comandos Amplie a resposta; Contradiga a resposta; Dê um exemplo contrário; Exemplifique de outra forma; Cada grupo ficava com cinco cartas

A reação dos estudantes No primeiro momento todos ficaram em pânico; Como poderiam ser avaliados sem as tradicionais provas? Como criar perguntas e respostas que não podem ser perguntas fechadas e que teve de levar a reflexão sobre o tema? "Jogos não são uma forma de ensinar ou avaliar alguém!", muitos disseram A pergunta que ficou foi: como é que os alunos que iriam lidar com o ensino, não sabem jogar, se o espaço lúdico é o principal espaço para a aprendizagem?

Quarto período do curso de Pedagogia do turno da manhã Concepções e Práticas em Educação Infantil Painéis confeccionados Percebemos um ponto que deve ser considerado: por que todos os painéis seguem o mesmo padrão? Se quiséssemos trabalhar dentro do lúdico com crianças de 0-5 anos de idade, como poderíamos trabalhar com a formatação do espaço?

Tecendo Redes de Conhecimento De maneira lúdica eles deveriam criar uma maneira lúdica de ensinar para turma os principais aspectos da teoria dos autores que não tinham sido ensinados por mim ainda.

Neste contexto não havia professor ou aluno, havia professor-aluno misturado, uma vez que todos nós ensinávamos e aprendíamos.

As perguntas que surgiram a partir desses trabalhos se os alunos aceitaram o jogo como uma opção de trabalho , por que meus colegas ficaram surpresos quando eles tinham visto os alunos sentados no chão? Por que foi estranho para academia ver estudantes de Pedagogia sujos de tinta ou suados por estarem correndo e brincando ? Por que eles olharam para a sala de aula e se perguntaram onde o professor estava, quando eles não me encontravam em pé na administração da sala ou atrás da mesa ? O brincar é postulado como o principal meio de trabalho de um educador, mas depois que crescemos, não estamos autorizados a brincar mais. Brincar não é mais uma coisa séria e necessária e é confundido com não “ensinar”.

Por que acreditar e defender o jogo como uma opção metodológica no ensino superior? zona de desenvolvimento proximal e a importância de experiência trocadas entre pares Vygotsky postula que devemos sempre questionar e começar apenas a partir do qual o aluno é capaz de construir o seu pensamento com os seus próprios recursos estruturais e seguir em frente, tornando-se mais complexo. Piaget O espaço potencial abre, no mundo interno das pessoas, a capacidade de simbolização e, posteriormente, o espaço da cultura. D.W.Winnicott há a suspensão desse cenário e a criação momentânea de um mundo cheio de supresas e encantamento

traça a história do jogo como um elemento da cultura No jogo há alguma coisa no ‘jogar' que transcende as necessidades imediatas da vida e dá sentido à ação. Todo o jogo significa alguma coisa (...) Huizinga Quando o jogo entra na escola, segundo este autor, há muito pouco do espírito do desafio de jogo. Aizencang o jogo permite uma apropriação participativa e refere-se ao " processo de transformação que passa pelo indivíduo , produto de seu compromisso com as atividades culturais , que servem como uma preparação para a sua futura participação em atividades relacionadas". Barbara Rogoff

As dificuldades encontradas A primeira foi a questão da desconstrução de uma forma de aprendizado ou uma forma de aprendizagem que a maioria dos alunos trazem com eles quando entram na universidade. Outra dificuldade evidente é a resistência dos alunos para uma proposta que sempre vai exigir trabalho de grupo e reuniões fora da sala de aula. A terceira dificuldade é o espaço para a proposta de trabalho em que o corpo não vai se sentar em cadeiras. O desafio de promover um espaço onde 58 pessoas sejam capazes de se mover de forma agradável. Nossas escolas geralmente não estão preparadas para as propostas lúdicas, não só no ensino superior, mas também na educação básica. A quarta dificuldade é o tempo que o professor-mediador tem de dedicar à criação de jogos diferentes, propor atividades lúdicas de acordo com cada classe e cada indivíduo e as numerosas correções exigidas por esses tipos de atividades

Conclusão A partir desta pesquisa concluímos que é possível o lúdico ser uma prática possível no ensino superior. Defendemos que a proposta metodológica do lúdico, a partir do espaço lúdico e do jogo, é uma ferramenta vital de trabalho para trazer para o futuro professor uma experiência prática do lúdico em seu futuro trabalho de ensino. É exatamente essas trocas ativas que farão com que haja a formação de educadores críticos. Trabalhando-se em grupo que as relações sociais são postas em causa e os impasses que acontecerem resolvidos socialmente.

Prof. Dr Maria Vitoria Maia OBRIGADA ! Prof. Dr Maria Vitoria Maia mariavitoriamaia@gmail.com