O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever Roberto Cardoso de Oliveira
Olhar, ouvir e escrever - Faculdades do entendimento sociocultural; inerentes à construção teoria social Ciências Sociais (e Direito) Articulação da pesquisa empírica com a interpretação de seus resultados Pesquisa empírica – “A pesquisa empírica lida com processos de interação face-a-face, isto é, o pesquisador não pode elaborar a pesquisa em “laboratório” ou em uma biblioteca – isolado e apenas com livros à sua volta. Nesta modalidade da elaboração do conhecimento, o pesquisador precisa “ir ao campo”, isto é, o pesquisador precisa inserir-se no espaço social coberto pela pesquisa; necessita estar com pessoas e presenciar as relações sociais que os sujeitos-pesquisados vivem. É uma modalidade de pesquisa que se faz em presença.” (Paulo Meksenas, )
Três etapas da apreensão dos fenômenos sociais Atos cognitivos/epistêmicos, não simples sentidos Olhar e ouvir “disciplinados” - percepção + Escrever - pensamento
O olhar Domesticação teórica do olhar Esquema conceitual da disciplina – prisma através do qual a realidade sofre processo de refração Exemplo do antropólogo ao entrar na maloca Insuficiência do olhar
35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O!
Ouvir Olhar e ouvir – faculdades complementares Eliminação de “ruídos” Diferentes idiomas culturais De informante a interlocutor – diálogo Do confronto ao encontro “observação participante”
Escrever Geertz – estar lá x estar aqui Escrever lá – caderno de campo Escrever aqui – redigir o texto em frente ao computador, debate-lo com o orientador, conversar com colegas, expor em congressos acadêmicos. Ato cognitivo é o escrever aqui!
Comunidade de comunicação e argumentação – controle pelos pares “Nova refração” Interpretação - Mais que tradução da cultura nativa na cultura antropológica Uso da primeira pessoa do singular Muitas vozes
Ato de escrever é simultâneo ao ato de pensar Memória como elemento mais rico na redação de um texto Presentificação do passado Relativização como característica do fazer antropológico Ruptura com o etnocentrismo
(...) a pesquisa, como ato de conhecimento, tem como sujeitos cognoscentes, de um lado, os pesquisadores profissionais; de outro, os grupos populares e, como objeto a ser desvelado, a realidade concreta. Quanto mais, em tal forma de conceber e praticar a pesquisa, os grupos populares vão aprofundando como sujeitos, o ato de conhecimento de si em suas relações com a sua realidade, tanto mais vão podendo superar ou vão superando o conhecimento anterior em seus aspectos mais ingênuos. Deste modo, fazendo pesquisa, educo e estou me educando com os grupos populares. Voltando à área para pôr em prática os resultados da pesquisa não estou somente educando ou sendo educado: estou pesquisando outra vez. No sentido aqui descrito pesquisar e educar se identificam em um permanente e dinâmico movimento (Paulo Freire, 1983:36)