Maneiras de fazer educação física na escola. Educação Física, identidade e processo de escolarização. Danúbia Aires.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
A criança e a cultura lúdica
Advertisements

A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO DOCENTE
TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL
PEDAGOGIA 3ºPNA PROFª GIANE MOTA
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
Disciplina: Educação Formal e Não-Formal 3º ano Psicologia 2007
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL - UEMS
MÓDULO I Como articular a função social da escola com as especificidades e as demandas da comunidade? Sonia Terezinha de Souza Penin Sofia Lerche Vieira.
Liderança, Motivação e Avaliação de desempenho
Máscaras Africanas.
Identidade dos Indivíduos nas Organizações
O Plano de Ação Curricular na Escola
EDUCAÇÃO PEDAGOGIA E PESQUISA Prof.ª Ms. Graça Ane Hauer
O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Para onde vai a educação? Tradução de Ivette Braga,
ESCOLA E DEMOCRACIA A TEORIA DA CURVATURA DA VARA
LETRAMENTO Magda Soares, 2010.
AMBIENTE ALFABETIZADOR E ARITIMETIZADOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: MUITO ALÉM DO LETRAMENTO E DA PURA BRINCADEIRA " A alfabetização não é apenas um objetivo.
Gestão de Negócios Aula 9 Haroldo Andrade.
CMEI PRÍNCIPES E PRINCESAS
DESAFIOS NA ARTICULAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR COM A EDUCAÇÃO BÁSICA
Ciências no Ensino Fundamental e na Educação Infantil – Aula 9
OS OBJETIVOS E CONTEÚDOS DE ENSINO
REUNIÃO DE PAIS DOS ALUNOS DA
Prof. Daniela Reis.
Construindo o futuro do seu filho!
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Desafios do itinerário vocacional
TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO
A FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO: CURRÍCULO DE ENFERMAGEM
PLANEJAMENTO ESCOLAR Importância e significado do planejamento escolar
EDUCAÇÃO FÍSICA E MODERNIDADE
EDUCAÇÃO, ESCOLA E PROFESSORES. Para que ensinar?  Os aspectos didáticos devem estar subordinados à definição de propósitos educativos válidos para orientar.
Teoria do Desenvolvimento Organizacional
Administração de Recursos Humanos II
História nas atuais propostas curriculares
Como estimular o Desenvolvimento dos Colaboradores
OS TEMPOS ESCOLARES E A APRENDIZAGEM.
SILVANA BERBEL FERNANDES
Sociologia geral Introdução.
Jean Piaget Foi professor de Psicologia na Universidade de Genebra de 1929 a 1954 e tornou-se mundialmente reconhecido pela sua revolução epistemológica.
ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL ( ETI)
A Educação Matemática como Campo Profissional e Científico
OBJETIVOS: A FASC em suas atribuições, tem por objetivo oferecer aos profissionais e acadêmicos uma prática constante de atualização, por intermédio de.
A sociologia e a educação: alguns conceitos e teóricos básicos
Escola e Família Ambas são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado, modificando as formas de funcionamento.
POR QUE INCLUSÃO? Maristella Abdala.
TÉCNICAS DE ENSINO: instrumental teórico-prática
ADELAIDE REZENDE DE SOUZA
POSITIVISMO Doutrina filosófica de Augusto Comte ( ), segundo a qual a verificação pela experiência é o único critério da verdade. (Mini Dic. Aulete.
[Antropologia Cultural]
História da Educação no Brasil
PROJETO O teatro na escola tem uma importância fundamental na educação, ele permite ao aluno uma enorme sucessão de ideias e de aprendizados onde podemos.
Psicologia Escolar Professora: Bárbara Carvalho Ferreira.
CEAP:CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ
CEAP:CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ
Universidade de Uberaba – UNIUBE Letras – Português Série Licenciatura Ensino-aprendizagem de Literatura na Sala de Aula: Arte, literatura e prática.
AULA5: AS RELAÇÕES HUMANAS DEPENDEM DE VALORES E REGRAS
Cultura corporal: DIÁLOGOS ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E O LAZER
Educação Integral: uma perspectiva ampliada
Dra.Teresa Cristina Barbo Siqueira
Seminário: Formação de professores no limiar dos 20 anos da LDB Natalino N. da Silva
DIDÁTICA A inter-relação da Educação com a Licenciatura, a Pedagogia e a Didática Objetivos: Estabelecer relações entre Educação, Licenciatura e Pedagogia.
periodização da vida como construção social
TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA.
A PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO Ana Paula Palheta PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO.
Saberes docentes.
Matriz de avaliação processual
Aulas 3 e 6 Instituições Sociais
Transcrição da apresentação:

Maneiras de fazer educação física na escola. Educação Física, identidade e processo de escolarização. Danúbia Aires

Para que a instituição escola? Buscando assegurar a evolu ç ão da sociedade, tem-se não como a ú nica, mas uma das principais mediadoras desse processo de socializa ç ão de conhecimentos, a educa ç ão. Por sua vez a transmissão cultural e sistematizada dos conhecimentos à s novas gera ç ões tornou necess á ria a forma ç ão da institui ç ão escola. (Saviani, 1991)

Funções da escola Com a finalidade de desenvolver o processo de socializa ç ão das novas gera ç ões, garantindo a reprodu ç ão social e cultural em fun ç ão da sobrevivência das sociedades, mesmo que esta reprodu ç ão atenda aos anseios não da massa popular necessitada de mudan ç as, mas da elite dominante em fun ç ão do capital, vale ressaltar que a fun ç ão social da escola não se restringe apenas a de socializa ç ão. (PEREZ GOMEZ, 2001)

Surgimento de uma cultura escolar e enraizamento da educação física A presença da educação física nas praticas escolares, no Brasil, remonta ao século XIX, e desde então ela experimenta um processo permanente de enraizamento escolar.

A reforma do ensino promovida no estado de Minas Gerais em 1906 Substituição paulatina do modelo escolar até então existente; Escolas isoladas, professores remunerados pelo estado ou por particulares; Funcionando em casas, em igrejas ou em salas alugadas ou cedidas pelas autoridades ou mesmo por pessoas físicas; Não se pretendia mais que instruir crianças pobres nas primeiras letras e nas quatro operações; O conhecimento escolarizado era o conhecimento do próprio mestre, sem ambições de mudar hábitos, comportamentos e valores das crianças.

O motivo das mudanças Problemas vivenciados após a Proclamação da República fortaleceram a crença de que a construção de uma nação e um Estado próspero dependia, em grande parte da “educação intelectual, moral e física” do povo. Crítica as escolas e as mestres até então responsáveis pela educação.

Propõe-se um novo modelo Pretendia-se muito mais que apenas instruir crianças: era preciso educá-las nas boas maneiras e dar-lhes uma profissão. A escola provocaria nas crianças uma mudança de sensibilidade, de linguagem, de comportamentos e mesmo de perspectivas pessoais. Sendo essa uma nova representação que vai sendo consolidada em torno do lugar da escola nas praticas sociais.

A missão Operar uma verdadeira revolução nos costumes, sob o ponto de vista moral, atingindo os benefícios dela na própria vida econômica. Onde, em vez de um exercito de analfabetos, teriam um pessoal operário suficientemente preparado para realizar suas tarefas com inteligência e aptidão. Que esse mesmo operário oferecesse garantias de economia e incremento a industria que se tentava organizar em Minas Gerais e no País.

Modernização e Mudanças: atendimento as exigências do mercado. A inserção no mundo moderno dependeria de instruir e educar o povo, tido por analfabeto, doente e despreparado para as novas formas de trabalho, organizadas sob a lógica capitalista de produção; Os saberes, os conhecimentos das crianças nessa nova proposta eram desprezados, necessitavam ser substituídos; A escola seria o local do saber legitimado e “autorizado”, sendo visto como necessário a prosperidade da nação; A meta era formar cidadãos republicanos, civilizados, disciplinados, sadios e trabalhadores ordeiros (pacatos e acrítico);

O corpo das crianças Acreditavam que este deveria ser belo, forte, saudável, higiênico,ativo, ordeiro, racional em contraposição ao fraco, sujo e preguiçoso; Para essa educação do físico, em um sentido mais amplo muitos dispositivos foram mobilizados. Dentre estes: A construção de prédios e espaços próprios para as praticas; Organização dos tempos escolares; Material didático necessário para todas as cadeiras;

A cadeira de exercícios físicos A cadeira de exercícios físicos foi mais um dos dispositivos para o cultivo do corpo na escola, para uma ampla e profunda educação física das crianças. Era o momento inicial de seu enraizamento na escola. Fortes indícios da ligação da cadeira de exercícios físicos com o aperfeiçoamento e a regeneração racial brasileira. As aulas eram separadas por sexo, onde meninos marchavam e aprendiam regras e meninas brincavam e alongavam-se à sombra. Tal pratica contribuiu para a construção escolar das diferenças.

Novos modelos e novas praticas de educação física Ao longo dos anos, o modelo escolar foi estruturado, mas muitas coisas permaneceram: A hierarquia dos saberes; Os rituais que instituem as relações de poder, Seriação anual e promoção mediante avaliação quantitativa. Que atravessou o século! Logo em seguida, após o esplendor, o que restou foi a precarização dos espaços e do trabalho docente

Questões para análise Se um novo modelo escolar foi instituído na reforma mineira de 1906 para viabilizar um determinado projeto de sociedade, que projeto(s) estaria(m) orientando novas maneiras de organizar a escola ao final do século XX ? E a educação física, permanecerá enraizada na cultura escolar?