Estudo ergonômico das atividades de trabalho dos professores idosos da Unisul Engenharia e Ciências da Saúde Carla Lima (graduanda em Eng. de Produção)

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1 Estudo ergonômico das atividades de trabalho dos professores idosos da Unisul Engenharia e Ciências da Saúde Carla Lima (graduanda em Eng. de Produção) Profas. Ana Regina Dutra e Anna Quialheiro A. da Silva Campus da Grande Fpolis – PIBIC Introdução Quanto às condições de trabalho, a Organização das Nações Unidas (ONU, 2002) adverte que, para manter uma boa capacidade de trabalho (aptidão funcional laboral), é crucial garantir condições de trabalho adequadas aos idosos. Objetivo Geral Estudar a relação das condições de trabalho e a capacidade laboral do professor idoso da Unisul. Metodologia A amostra estudada foi composta por professores idosos que ministram aulas nas modalidades presencial e a distância. A Análise ergonômica do trabalho foi a metodologia empregada, juntamente com a avaliação da capacidade física funcional, utilizando como modelo a bateria de testes da AAHPERD. Resultados O trabalho docente é afetado por diversos fatores, com menor ou maior intensidade, mas que acabam influenciando o seu desenvolvimento. Dentre estes fatores, podemos citar os aspectos físicos, organizacionais, cognitivos, alunos, objetivos do ensino (WILHELM & MERINO, 2006). Quanto às condições e trabalho No ensino presencial, as salas de aula se mostraram adequadas, do ponto de vista de espaço, possibilitando que o professor possa atender os alunos individualmente em suas cadeiras. Alguns componentes do mobiliário se mostraram inadequados, por exemplo, a mesa do professor é pequena, principalmente, quando precisa ainda colocar sobre a mesma o data-show e/ou retroprojeto. Um elemento arquitetônico que atrapalha o andamento da aula é a instalação da porta de entrada/saída na frente, ou seja, ao lado do quadro-negro/mesa do professor, tirando a concentração dos alunos e professor, cada vez que a mesma é aberta/fechada. No ensino a distância, os professores fazem de seus escritórios (em casa) o local para ministrar suas aulas. Eles buscam uma adequação personalizada das condições técnicas de trabalho as suas características antropométricas e biomecânicas. Condições ambientais de trabalho No ensino presencial, quanto às condições acústicas encontradas nas salas de aula foram bastante satisfatórias. Quanto às condições luminicas, observou-se a presença de ofuscamento em algumas salas de aula, decorrente de uma iluminação insuficiente e mal projetada, ocorrendo reflexos no quadro-negro. As condições térmicas das salas de aula mostraram-se adequadas, já que todas as salas possuem ar condicionado e durante o inverno, o frio não traz desconfortos. No ensino a distância, a preocupação se coloca com os atendimentos aos alunos durante a noite, a deficiência na iluminação tem trazido cansaço visual entre os professores idosos. Condições organizacionais de trabalho A jornada de trabalho acontece de segunda a sábado. Durante a semana as aulas são ministradas nos períodos matutino, vespertino e noturno. No sábado as aulas acontecem no período da manhã. Alguns cursos da Universidade têm calendário especial, empregando também os sábados à tarde e, ainda, o mês de fevereiro. Professores de disciplinas básicas (matemática, leitura e produção textual, ciência e pesquisa e outras), normalmente têm carga horária cheia, ministrando aulas praticamente de segunda a sábado, nos diversos períodos. As aulas têm duração de 1hora e 30 minutos ou de 3 horas. Além das aulas presenciais, ou seja, em sala de aula, muitos deles ministram disciplinas no ambiente virtual, em cursos à distância. No ensino a distância, os professores procuram se organizar quanto ao tempo, pois o cansaço é imediato quando se passa longas horas na frente do computador, principalmente, no período da noite. Quanto a análise das atividades de trabalho do docente idoso - Análise das atividades do ponto de vista postural/gestual No desenvolvimento das atividades, as posturas adotadas alternam-se entre em pé, em equilíbrio estático ou dinâmico, e postura sentada, em virtude das variadas estratégias empregadas. A postura em pé acontece quando da explicação de conteúdos, escrevendo no quadro, com um dos braços acima dos ombros, ou quando circula na sala para atender os alunos. Nas aulas utilizadas para a aplicação de provas, exercícios, estudos dirigidos, debates e outras, percebeu-se um desgaste menor do professor, devido ao seu maior tempo sentado, sem a necessidade de ficar em pé. Salienta-se que o professor idoso a partir de sua experiência cria estratégias metodológicas para minimizar o cansaço físico. -Análise das atividades do ponto de vista cognitivo Apesar da alta exigência temporal sofrida pelo professor entre preparar as aulas, ministrá-las, acompanhar disciplinas do ambiente virtual, orientar monitores, preparar e corrigir provas, a experiência na profissão ajuda a criar novas formas de organizar o trabalho, minimizando o estresse. Para avaliar a carga mental, empregou-se o método NASA TLX, que contempla seis níveis: cognitivo, temporal, físico, realização, esforço e frustração, numa escala de 0 a 100. A carga mental de trabalho do professor idoso é considerada moderada (48,3). O nível de frustração é baixo, o que demonstra que apesar da idade, do volume de trabalho e da pressão temporal, os professores se sentem realizados ministrando aulas, tanto no presencial quanto no virtual. A experiência adquirida ao longo dos anos lhes torna mais sábios para lidar com as variabilidades do processo de ensinar. Conclusões A preocupação da Ergonomia reside nas condições de trabalho (técnicas, fisico- ambientais e organizacionais) que fazem o trabalhador envelhecer mais rapidamente, buscando adequações das mesmas a este, que com o envelhecimento, sofre algumas limitações físicas e fisiológicas. Mas, os anos de trabalho permitem a acumulação de uma experiência profissional (saber e saber-fazer) que facilita a execução das tarefas, que necessita ser valorizada e aproveitada pelas organizações. Bibliografia ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Segunda Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento. Disponível em:. Acesso em: 22 de agosto de 2002. RAFFONE, A. M. e HENNINGTON, E. A. Avaliação da capacidade funcional dos trabalhadores de enfermagem. Revista de Saúde Pública, 39 (4), pp:669-76, 2005. TARDIF, M.;LESSARD, C. O trabalho do docente. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2005. WILHELM, L.; MERINO, E.A.D. A ergonomia e o trabalho docente: reflexões sobre as contribuições da ergonomia na educação. In: XXVI ENEGEP, Fortaleza, 2006. Apoio Financeiro: Unisul e CNPq