EFEITOS DA ADIÇÃO DE UREIA NA QUALIDADE DE FERMENTAÇÃO DA SILAGEM DE RAMOS DA PODA DO CAQUI E SUA DIGESTIBILIDADE, PREFERÊNCIA, BALANÇO NITROGENADO E FERMENTAÇÃO.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Utilização de biodigestor: Viabilidade técnica e econômica
Advertisements

Uso do 13C e 15N no Estudo de Cadeias Tróficas e Nutrição
USO DE SUPLEMENTOS EM PASTAGENS: ESTADO DA ARTE E DESAFIOS DA PESQUISA
Planejamento de Sistemas Pastoris
Potencial das pastagens para produção animal
Adubação de pastagens Prática difícil e controvertida
Prof. Fabiano Dahlke TAMANHO DAS PARTÍCULAS DOS INGREDIENTES - RAÇÃO Prof. Fabiano Dahlke Departamento de Zootecnia Setor de Ciências Agrárias - UFPr.
CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS
LABORATÓRIO DE ECOTOXICOLOGIA
CURSO DE BOAS PRÁTICAS PECUÁRIAS
Daniel Kramer Fernanda Voltam Livia Matuda Tatiane Pereira
A fosfátase alcalina preocupa-se com a gordura? José Miguel Gomes, Luís Flores Santos, Luís Azevedo Maia Serviço de Bioquímica da Faculdade de Medicina.
Treinamento de Produtos
Zootecnia II Aula 4. Metabolismo: Proteínas, Carboidratos, Lipídios
Zootecnia II Aula 3. Digestão de Nutrientes e Microbiologia do Rúmen
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA
CONSIDERAÇÕES SOBRE ALIMENTOS E ADITIVOS PARA RUMINANTES
Fabricio Souza, Pablo Silveira e Sheilla Moreira
Treinamento de Produtos
Bagaço de cana-de-açúcar como substrato para a produção de etanol: determinação quantitativa da lignina e digestibilidade in vitro. ROMUALDO SHIGUEO FUKUSHIMA.
Pastagens e Plantas Forrageiras Aula 10. Alimentação Suplementar
O que são subprodutos Subproduto agrícola Subproduto agro-industrial
USP – Universidade de São Paulo FSP – Faculdade de Saúde Pública
Prof. João Darós Malaquias Júnior Zootecnista
Processos Digestivos nas Espécies Domésticas
Forragicultura Acadêmicos: Saulo Oliveira Sarmento 4º ano Tatiane Beloni 5º ano Tatiane Beloni 5º ano.
AVALIAÇÃO DA PRÉ-HIDRÓLISE QUÍMICA E ENZIMÁTICA NO TRATAMENTO DA BIOMASSA RESIDUAL DA SUINOCULTURA VISANDO A OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE GERAÇÃO DE ENERGIA.
Preparo do Inóculo para o Processo Fermentativo Industrial
As cascas de arroz têm sido utilizadas pelas agroindústrias como biomassa para suprir a sua demanda energética, aquecer a água das caldeiras e o ar destinado.
Linha Ruminantes - Matsuda
Suplementação em pasto
Nutrição de ovinos: uso de alimentos alternativos
Salsichas de baixa gordura enriquecidas com w3 e algas comestíveis: Efeitos do óleo de oliva e do armazenamento sob refrigeração nas características físico-químicas,
Nutrição animal - Introdução, conceitos gerais -
pH e Microrganismos do Rúmen
PRODUÇÃO DO NOVILHO PRECOCE
TECNOLOGIA EM RAÇÃO EXTRUSADA PARA RUMINANTES
Aula 04 - Nutrientes: Carboidratos
Anatomia e Fisiologia Animal Aula10. Sistema Digestivo - RUMINANTES
Iogurte Clívia Flávia Lenice Luciana Rocha Miriane Priscila.
Preparo de meio (mosto) para fermentação
Fermentações Alimentares
Coleta de Amostras Cuidados com amostras após colhidas:
BOVINOCULTURA LEITEIRA
COMPOSTAGEM.
Gordura e Produtividade
Determinação de Carboidratos em alimentos
As perdas fermentativas por gases das silagens (PG) apresentaram comportamento quadrático positivo com adição dos níveis da torta de girassol (Figura 1).
FIBRAS.
Módulo III - Métodos de Preservação da Carne
Departamento de Bioquímica e Imunologia
Conservação de alimentos por fermentação
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E FORMULAÇÃO DE RAÇÃO
Bioquímica da digestão dos ruminantes
Universidade Federal do Pampa Campus Dom Pedrito Zootecnia
Dieta baseada em lipídios
Conservação de Forragens
Leite a pasto Manejo Racional da Pastagem Helvécio Vaz Oliveira* * Veterinário, Especialista em Solos e Meio Ambiente, Manejo da Pastagem, Mestre em Produção.
IMPORTÂNCIA DAS PLANTAS FORRAGEIRAS
Carboidratos.
Aula Curva de Lactação - Fases
TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
CLASSIFICAÇÃO PROCESSAMENTO
Valor Alimentar das pastagens de sequeiro. Variação sazonal e limitações à produção de ovinos José Pedro Fragoso de Almeida Carlos Sousa C Rebelo Andrade.
PROTEÍNAS 1. Polímeros de resíduos de aminoácidos Maioria  Único macronutriente que contêm N São sólidos incolores e cristalinos Sabor amargo ou sem.
Silagem de cana-de-açúcar na nutrição de ruminantes
Nutrição de ruminantes
Composição Química das Forrageiras Forragens de alta qualidade, devem fornecer energia, proteína, minerais e vitaminas. A composição química é utilizada.
Transcrição da apresentação:

EFEITOS DA ADIÇÃO DE UREIA NA QUALIDADE DE FERMENTAÇÃO DA SILAGEM DE RAMOS DA PODA DO CAQUI E SUA DIGESTIBILIDADE, PREFERÊNCIA, BALANÇO NITROGENADO E FERMENTAÇÃO RUMINAL DE BOVINOS DE CORTE

INTRODUÇÃO Poda de árvores frutíferas; Os ramos da poda de frutas podem servir de recurso forrageiro para ruminantes; O valor nutritivo de volumosos de baixa qualidade pode ser melhorado através de tratamento alcalino; Tratamento com ureia é considerado um método seguro, conveniente e de baixo custo com efeito melhorando o valor de forragens de baixa qualidade. Terada et al., 1986 Fadel Elseed (2004) Kyuma et al., 1996

INTRODUÇÃO Objetivou-se avaliar as características de fermentação da silagem de RPC com e sem adição de ureia e o valor nutritivo da silagem para bovinos de corte por meio da avaliação do consumo, digestibilidade, retenção de nitrogênio, preferência e fermentação ruminal.

400g/kg de capim e 600g/kg de concentrado MATERIAL E MÉTODOS PREPARAÇÃO DA SILAGEM: RPC: corte em comprimentos de 1-2 cm; Misturado aos tratamentos com 0% (nenhuma), 4% (baixo), ou 8% (alto) de ureia com base na MS; 60 dias de fermentação; * Palha de arroz: corte em comprimentos de 2 cm; ESTUDO DA DIGESTÃO: Quatro novilhas (404 ± 18 kg) - DQL 4x4; Exigências nutricionais segundo AFFRCS, 2000; Dietas experimentais: 800 g/kg da dieta basal e 200 g/kg de silagem de RPC ou palha de arroz MS. Adaptação: 10 dias e 5 dias de coleta/período; 400g/kg de capim e 600g/kg de concentrado Houve o ajuste da umidade da silagem;

MATERIAL E MÉTODOS ESTUDO DA DIGESTÃO: ESTUDO DA PREFERÊNCIA Digestibilidade: método da cinza insolúvel em ácido (CIA); Coleta de amostras de fezes, urina e do liquido ruminal (0 e 4 horas após a alimentação) ; pH do fluido ruminal; Amostras do liquido ruminal foram armazenadas -20°C para as analises AGV e N-amoniacal; ESTUDO DA PREFERÊNCIA Quatro novilhas (410 ± 28 kg) foram adaptadas com silagem de RPC e palha de arroz por 20 dias; Para medir a preferência foi utilizado o método descrito por Cao et al. (2009); Relativa relação da ingestão da dieta= ingestão de MS da dieta A (ou B)/(ingestão MS da dieta A + ingestão MS da dieta B). Houve o ajuste da umidade da silagem;

MATERIAL E MÉTODOS ANALISES QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS MS, PB, EE e MM segundo AOAC (1990) FDN e FDA segundo Van Soest et al. (1991) N-total de acordo com método Kjeldahl descrito pela AOAC (1990) CIA segundo o método de Suto (2001) Alantoína segundo o método de Matsumoto e Itabashi (1988) Creatinina segundo método de Shibata e Kitamura (1964) Ac. láctico e N-amoniacal segundo método de Cao et al. (2009) AGV segundo método da cromatografia gasosa Fungos e leveduras foram contadas em Agar dextrose ANALISES ESTATISTICAS Composição química da palha de arroz e da silagem de RPC: análise unidirecional de variância; Dados de digestão: QL 4x4; Contrastes polinomiais: o efeito da inclusão de ureia nas silagens nos vários parâmetros avaliados.; Teste de Tukey: P<0,05. Foi analisado pH, N-amoniacal, AGV em amostras de silagens e liquido ruminal;

RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1. Composição química da palha de arroz e da silagem de ramos podados do caqui tratados com e sem ureia RPC Palha de arroz Silagem RPC Sem ureia (0%) Baixa-ureia (4%) Alta-ureia (8%) MS (g/kg) 598,2 926,0 578,0 562,6 554,2 MO (g/kg MS) 971,4 827,7 967,9 963,1 966,3 PB (g/kg MS) 65,3 37,0 63,9 76,8 98,3 EE (g/kg MS) 7,9 14,8 9,0 9,7 9,8 FDA (g/kg MS) 686,5 398,8 692,2 685,2 672,4 FDN (g/kg MS) 841,3 686,8 884,5 855,8 851,3 EB (Mj/ kg MS) 19,7 16,6 18,7 19,8 20,0 Devido ação da hidrolise da uréase, a ureia forma amônia, parte da hemicelulose que esta incluída na FDN é dissolvida, e os componentes da parede celular da foragem diminuem (Takahashi et al. 2011).

↑ [ ] N amoniacal inibiu a atividade microbiana durante a ensilagem Tabela 2. Características fermentativas da silagem de ramos podados do caqui tratados com e sem ureia Silagem RPC Sem ureia (0%) Baixa-ureia (4%) Alta-ureia (8%) Umidade (g/kg) 422,0 437,4 445,8 pH 4,5 8,47 8,57 Acid. Lático (g/kg MF) 5,54 1,33 0,62 Acid. Acético (g/kg MF) 0,22 1,4 1,86 Acid. Propiônico (g/kg MF) 0,009 0,004 Acid. Butírico (g/kg MF) 0,26 0,02 N-amoniacal (g/kg MF) 0,15 2,42 4,84 Fungos (ufc/g MF) 1,6x10³ ND Leveduras (ufc/g MF) 3,5x104 Silagens tratadas com ureia possuem o pH próximo ou acima do neutro durante a ensilagem (Yunus et al. 2000) e apresentam rápida produção de amônia durante os primeiros estágios da fermentação (Hill & Leaver, 1999). ↑ [ ] N amoniacal inibiu a atividade microbiana durante a ensilagem

Tabela 3. Proporção dos ingredientes das dietas experimentais Feno Concentrado Dietas Palha de arroz Sem ureia (0%) Baixa-ureia (4%) Alta-ureia (8%) Ingrediente (g/kg MS) - 320 480 200 Sem ureia RPC Baixa-ureia RPC Alta-ureia RPC Continua...

Tabela 3. Composição química do feno, concentrado e das dietas fornecidas aos animais Palha de arroz Sem ureia (0%) Baixa-ureia (4%) Alta-ureia (8%) Composição química MS (g/kg) 882,5 885,6 892,7 823,1 820,0 818,3 MO (g/kg MS) 812,3 911,5 863,0 891,0 890,1 890,7 PB (g/kg MS) 60,1 189,0 117,4 122,7 128,3 129,6 EE (g/kg MS) 19,3 38,7 27,7 26,3 26,4 FDA (g/kg MS) 474,3 109,2 284,0 342,6 341,2 338,7 FDN (g/kg MS) 679,2 210,7 455,8 495,4 489,6 488,7 EB (Mj/ kg MS) 18,8 18,7 16,5 19,0

Tabela 4. Digestibilidade dos nutrientes e conteúdo de nutrientes de bovinos alimentados com dietas contendo palha de arroz, silagem de ramos da poda de caqui com e sem ureia Silagem RPC Palha de arroz Sem ureia (0%) Baixa-ureia (4%) Alta-ureia (8%) Digestibilidade aparente (%) MS 68,0 56,3 62,7 64,2 MO 72,1 58,4 64,7 66,6 PB 54,1 63,7 66,5 EE 63,2 65,6 64,8 65,8 FDN 59,1 37,3 46,8 47,4 FDA 48,6 57,2 58,9 EB 60,9 52,4 61,6 Conteúdo de nutriente PBD (g/kg MS) 68,5 66,4 81,7 90,2 ED (MJ/kg MS) 11,2 9,8 11,7 11,9 CMS (kg/dia) 5,66 5,61 5,57 5,62 Vários autores reportaram o tratamento com ureia de pastagens de baixa qualidade melhorando a digestibilidade dos nutrientes em ruminantes (Habib et al., 2008) A digestibilidade da hemicelulose é melhorada por causa da ação alcalina da amônia rompendo as ligações ester entre a hemicelulose e a lignina, e a digestibilidade celulolítica é melhorada por enfraquecimento das camadas entre glicoconjugados e a lignina (Takahashi et al., 2011). Continua...

Tabela 4. Retenção de nitrogênio e excreção de alantoína de bovinos alimentados com dietas contendo palha de arroz, silagem de ramos da poda de caqui com e sem ureia Silagem RPC Palha de arroz Sem ureia (0%) Baixa-ureia (4%) Alta-ureia (8%) Retenção nitrogênio (g/dia) Ingestão de nitrogênio 102,2 106,3 117,5 123,4 Excreção urinária 50,7 52,6 57,8 60,5 Excreção fecal 35,6 37,4 40,2 42,1 Retenção de nitrogênio 15,9 16,3 19,5 20,8 Excreção de alantoína 12,6 12,8 11,7 15,1 A excreção urinária de alantoína não foi diferente entre os tratamentos, indicando que o crescimento microbiano não foi modificado pelos tratamentos de ureia.

Tabela 5. pH, AGV e N-amoniacal do fluido ruminal de bovinos alimentados com palha de arroz, silagem de ramos da poda do caqui sem e com ureia Horas após ingestão Dietas Palha de arroz Sem ureia (0%) Baixa-ureia (4%) Alta-ureia (8%) pH 7,17 7,18 7,16 4 7,15 7,03 7,05 7,09 AGV total (mM) 81,14 64,3 72,71 73,31 91,5 64,79 79,58 85,34 Ac. Acético (mol/mol) 0,42 0,39 0,35 0,41 0,40 0,37 Ac. Propiônico (mol/mol) 0,24 0,22 0,25 Ac. Isobutírico (mol/mol) 0,02 0,04 0,05 0,03 Ac. Butírico (mol/mol) 0,23 0,21 Ipharraguere et al. (2005), reportou que a variação no conteúdo de PB em dietas de vacas de leite e ovelhas não afetou o pH ruminal; Ipharraguere et al. (2005), reportou que a concentração de AGV no fluido ruminal aumentou com a elevação da PB na dieta;

Tabela 5. pH, AGV e N-amoniacal do fluido ruminal de bovinos alimentados com palha de arroz, silagem de ramos da poda do caqui sem e com ureia Horas após ingestão Dietas Palha de arroz Sem ureia (0%) Baixa-ureia (4%) Alta-ureia (8%) Ac. Isovalérico (mol/mol) 0,06 0,09 0,10 0,07 4 0,08 Ac. Valérico (mol/mol) 0,03 0,04 0,05 Relação Ac. Acético / Ac. propiônico 1,64 1,58 1,37 1,49 1,48 1,5 N-amoniacal (mg/L) 77,7 74,2 123,6 141,3 93,6 70,6 134,2 181,8 Kozloski et al. (2007) relatou que dietas tratadas com ureia aumentam a concentração de N-amoniacal ruminal.

Proporção relativa de ingestão (MS) Tabela 6. Ordem de classificação da palatabilidade pela proporção relativa da ingestão de MS entre quatro dietas por bovinos Proporção relativa de ingestão (MS) Preferência Palha de arroz Sem ureia (0%) Baixa-ureia (4%) Alta-ureia (8%) Ordem de classificação 0,922 0,973 0,899 1 0,078 0,388 0,572 3 0,027 0,612 0,854 2 0,101 0,428 0,146 4

CONCLUSÃO Os resultados indicam que a ensilagem de RPC tratados com ureia inibem fungos e leveduras durante o armazenamento da silagem, aumentando a digestibilidade de RPC em bovinos. A preferência por silagem tratada com 4% ureia MS foi melhorada em comparação com a não tratada.

OBRIGADA PELA ATENÇÃO!