Os valores e a educação Não há educação sem valores, mas falar de valores na educação não é fácil, pois caímos na tentação do positivismo, do relativismo.

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Transcrição da apresentação:

Os valores e a educação Não há educação sem valores, mas falar de valores na educação não é fácil, pois caímos na tentação do positivismo, do relativismo e da indiferença. E não há educação sem um certo sagrado (o que nos escapa) e símbolos.

I – Tentação do positivismo A afirmação da cientificidade das ciências humanas implica numa suspensão total dos valores. A ciência não propõe valores. Nas ciências da educação os fenômenos estudados estão implicados em valores ou podem induzir juízos de valores, como por exemplo a questão do insucesso escolar. Daí surge o paradoxo das ciências da educação, ou seja, enquanto ciência só podem perguntar o que (causa) dos fatos educativos, mas por outro lado, os fatos educativos dos quais elas se ocupam são um “dever-ser” e de modo explícito ou implícito estão baseados em valores.

As ciências da educação não podem evitar falar dos valores; mas poderão fazê-lo sem deixar de ser científicas? Solução pelo argumento da objetividade. Poderia supor que os valores são fatos sociais comuns e por isso a ciência só precisa apenas constatá-los, não lhe cabendo julgar a respeito, nem aprová-los. Esta solução cairia num juízo de valor ao conceber os valores como fatos comuns e tal juízo não pode ser autorizado pela mesma. Solução pelo argumento da instrumentalidade. Por meio de uma inversão dos meios pelos fins, a tendência da tecnicidade do trabalho pedagógico se baseia na eficácia como valor por excelência, isto é por traz do argumento da instrumentalidade que tende a objetivação das ciências da educação se baseia num juízo de valor, contraditoriamente. A última solução não responde a questão, já que por meio do argumento da coerência não é possível evitar o juízo de valor nas ciências da educação. Ao exaltar a coerência não se emite apenas um juízo objetivo, mas um juízo de valor que nega todas as incoerências (ou recusa o direito a incoerência).

II – A tentação do relativismo Todos os valores são relativos ao contexto (lugares e épocas) e com isso a impossibilidade de encontrar uma definição à palavra educação. Podemos aceitar essa relatividade inerente aos valores, mas não se trata de um relativismo que tende a uma banalização dos valores.

II – A tentação do relativismo A tentativa de resolver essa problemática entre a relatividade dos valores e a formulação de uma concepção geral de educação parte do pressuposto que toda a sociedade sabe distinguir o bem do mal, sendo as variações de valores de ordem superficial. Contudo isso não solucionaria a questão. Primeiro porque os mesmo valores podem ter sentidos diferentes e segundo há hierarquia de valores diversos.

II – A tentação do relativismo A relatividade total dos valores suprimiria a educação, já que tal relatividade é oriunda do meio, e não da vontade individual. Há duas formas de relativismo atual: culturalismo - critica radical da cultura ocidental que se pretende ser universal, defendendo que é apenas mais uma cultura dentre as outras, em prol da singularidade cultural. marxismo esquerdista – crítica a cultura escolar por esta ser qualificada como uma cultura burguesa a serviço da classe dominante.

III – Tentação da indiferença A corrente humanista que se iniciou nos EUA e na Europa que nega a autoridade dos valores na educação, isto é, todo valor constrangente. Por outro lado valoriza a espontaneidade, entre outros valores sob o nome da tolerância. Tal tolerância contribui para a pedagogia, mas que nega tudo que seja da ordem do contrário, ou da intolerância. É por meio da valorização da tolerância que se pode chegar a uma indiferença, se esta não tiver um contrapeso.

III – Tentação da indiferença A questão central é saber como educar por meio dos valores sem endoutrinar o educando? Para responder tal questâo precisamos rever uma distinção entre o bom e o mau uso da autoridade. O mau uso da autoridade é a recusa desta, como por exemplo, se o professor recusar a transmitir valores, os educandos serão educados pelos colegas, pelos meios de comunicação, sem nenhuma proteção, isto, expondo os educandos, sem mediá-los a aprender a refletir e fazer suas próprias escolhas sem o consentimento do clã ou por preconceitos e por outros motivos passageiros. Da indiferença, da demissão dos educadores é onde mora o perigo de endoutrinamento, e não mais da religião ou da política. Do bom uso da autoridade, podemos supor aquele que situa a própria autoridade entre os valores da educação. O educador neste caso seria o representante deste uso, já que ele está aí para orientar de modo que o educando desenvolva o seu pensamento e a sua vontade, já que o modo como ele usará sua competência é imprevisível e não progamavel. O endoutrinamento é o caminho inverso, é a própria repressão deste pensamento e da vontade individual.