A Crítica da Razão Prática

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Transcrição da apresentação:

A Crítica da Razão Prática Kant Filosofia

Razão Teórica X Razão Prática Uso teórico X uso prático da razão Ao buscar conhecer, Kant afirma que necessitamos sempre de um objeto sensível: as categorias do entendimento devem ser usadas, aplicadas, a um objeto sensível – caso contrário, podemos, no máximo formular teorias coerentes, mas sem nenhum objeto sensível para tirar a contraprova, não obtemos conhecimento Isso significa que não podemos conhecer os objetos suprassensíveis da metafísica (Deus, a liberdade, a alma) Assim, nunca poderemos conhecer a liberdade: se somos ou não livres, como funciona a liberdade.... Entretanto, se utilizarmos nossa razão para pensar como devemos agir (“devo sair com meus amigos sexta à noite, ou ficar em casa estudando...?”) nós, automaticamente, pressupomos a nossa própria liberdade e, mais, experimentamos a liberdade como um fato de nossas vidas

Razão Teórica X Razão Prática Dessa maneira, se somos incapazes de saber teoricamente se somos livres ou determinados, em nossas vidas de seres humanos racionais, pressupomos e experimentamos nossa liberdade. Assim, ao pensar a ética e a moral, devemos partir do princípio de que sejamos livres! OBS: não confundir o sentido da palavra ‘puro’ significando uso teórico da razão que é oposto ao uso prático da razão, com o outro sentido de ‘puro’ significando ouso teórico da razão que é oposto ao empírico

A Razão Prática Ao criticar a Razão em seu uso prático (‘como devemos agir?’), podemos encontrar certas leis universais da conduta individual dos seres humanos – o que significa dizer que serão leis a priori, válidas para todo e qualquer ser humano, em toda e qualquer sociedade, não importando o tempo histórico nem a localização geográfica! Entretanto, como estamos aqui no reino da moral, os indivíduos podem decidir se seguem ou não os princípios da moral. Mundo natural – reino da necessidade, regido pela causalidade e necessidade Mundo moral – reino da liberdade, regido pela escolha livre dos indivíduos

A ética do dever Dever: implica a obediência aos princípios éticos a priori da conduta pessoal de cada um – princípios esses que são determinados pela própria razão em seu uso prático. Princípios a priori da razão prática: são chamados por Kant de imperativos categóricos – Imperativo denomina uma ordem, uma lei que deve ser seguida caso se queira agir eticamente; Categórico denomina a condição a priori de possibilidade de uma ação ética

O imperativo categórico É um único, do qual Kant deduz todos os demais imperativos para o uso ético da razão prática “Age somente de acordo com aquela máxima, pela qual possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal”, “age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se mediante tua vontade a lei universal da natureza” Há dois desdobramentos desse imperativo: “Agir de tal forma que seja possível generalizar essa ação a todos os seres humanos” (‘não faça com os outros aquilo que você não queira que façam contigo’, ‘dois pesos, uma só medida’) “Agir de tal forma que sua ação tome a humanidade como fim e não como meio” (agir pensando no bem da humanidade como um todo, de forma geral) Não importa se a ação seja realizável ou não, o fim, ou a finalidade da ação ética deve levar em conta o bem comum de todos. A própria ideia de bem é objetiva, i.e.: independe dos valores subjetivos de cada sujeito (pois deve levar em conta a humanidade em geral)

Imperativos hipotéticos e regulativos A partir do estabelecimento do princípio ético da razão prática (do imperativo categórico), Kant deduz outros imperativos da razão prática: os hipotéticos e os regulativos. Imperativos hipotéticos: diferentemente dos categóricos, são meios para a obtenção de um fim externo à ação em questão (‘quero ser honesto, portanto não colarei na provas...’) Imperativos regulativos: são imperativos que regulam as ações éticas dos seres humanos, sem os quais não haveria sentido em agir eticamente

Os imperativos regulativos Devemos pressupor a existência de Deus, que possibilita o bem supremo da humanidade e recompensa a vida virtuosa (que segue os preceitos éticos) com a felicidade; Devemos pressupor a liberdade, que possibilita a vontade livre dos agentes para escolher o dever e a virtude ao invés do vício; Devemos pressupor a imortalidade da alma, já que, em nosso mundo, felicidade e virtude não coincidem (e, assim, a escolha pela vida e conduta éticas em nossa vida acarretaria em consequências que ultrapassam essa própria vida).

Saldo Geral das duas Críticas Kant nega ao conhecimento humano aquilo sem o qual a vida moral é impossível... Nega ao conhecimento aquilo que ele recupera, e deve recuperar, no nível da moral. Próxima aula: discussão do texto da As2 – “Resposta à pergunta: o que é o esclarecimento?”