Os primeiros passos na construção das idéias e práticas de educação infantil
História infância é uma construção histórica e social. o cuidado e a educação das crianças foram entendidos como tarefas de responsabilidade da mãe e de outras mulheres. a criança pequena era vista como pequeno adulto, assim que se passava o período de dependência total de outros para a satisfação de suas necessidades físicas, começava a ajudar nas atividades cotidianas.
nas classes sociais mais privilegiadas, as crianças eram vistas como objeto divino, misterioso. paparicos superficiais eram reservados às crianças, mas sem considerar a existência de uma identidade pessoal.
Revela a idéia da família como matriz educativa. Denominações das instituições de guarda e educação da primeira infância Revela a idéia da família como matriz educativa. crèche – francês – manjedoura, presépio. asilo nido – italiano – ninho que abriga. escola materna – atendimento de guarda e educação fora da família a crianças pequenas.
Atendimento em situação desfavorável Idade Antiga - “rodas”: cilindros ocos de madeira, giratórios em igrejas e hospitais de caridade para o recolhimento de bebês – na Idade Média (395 a 1453) e Moderna (1453 a 1789) A responsabilidade por esse recolhimento ficava a cargo de entidades religiosas, que conduziam os enjeitados a um ofício quando crescessem.
As idéias de abandono, pobreza, culpa, favor e caridade impregnam, assim, as formas precárias de atendimento a menores nesse período. Não tinham uma proposta instrucional formal, adotando atividades de canto, memorização de rezas e passagens bíblicas.
Tais atividades voltavam-se para o desenvolvimento de bons hábitos de comportamento, a internalização de regras morais e de valores religiosos, além da promoção de rudimentos de instrução. Acreditavam que a criança nascia sob o pecado e que portanto, deveria ser corrigida desde pequena.
Defendiam um rigoroso planejamento do tempo nas escolas, gerando uma rígida rotina a ser seguida, fundada na idéia de autodisciplina. A partir de 6 anos, a leitura e a escrita eram ensinadas a partir do ensino religioso. Outras instituições foram criadas para atender crianças acima de 3 anos, com a preocupação de combater as péssimas condições de saúde dos grupos mais desfavorecidos.
O básico, todavia, para os filhos dos operários, era o ensino da obediência, da moralidade, da devoção e do valor do trabalho, sendo comuns propostas de atividades realizadas em grandes turmas, muitas delas com cerca de 200 crianças. Nas salas de asilo parisienses, que se disseminaram pela Europa até a Rússia, era freqüente que grupos de até 100 crianças obedecessem a comandos dos adultos dados por apitos.
Uma nova concepção de educação infantil na Europa iniciou-se na fase avançada da Idade Moderna. O desenvolvimento científico e tecnológico, decorrentes da expansão comercial, geraram condições para a formulação de um pensamento pedagógico para a era moderna. A discussão sobre a escolaridade obrigatória enfatizou a importância da educação para o desenvolvimento social.
A criança passou a ser o centro do interesse educativo dos adultos e começou a ser vista como sujeito de necessidades e objeto de expectativas e cuidados. O mesmo não acontecia com as crianças mais pobres, para as quais era proposto apenas o aprendizado de uma ocupação. Havia os defensores da educação como um direito universal.
Os pioneiros da educação infantil buscavam descobrir como conciliar novas formas disciplinadoras que eliminassem as punições físicas. A questão do “como ensinar” adquiriu proporções significativas. Vários autores, preocupados com crianças que vivenciaram situações sociais críticas, cuidaram de elaborar propostas de atividades que compensassem eventuais problemas de desenvolvimento.
O que aparece de novo, a partir do século XVIII, é o fortalecimento dessas idéias. Vejamos as contribuições de: Comênio (1592 – 1670) Rousseau (1712 – 1778) Pestalozzi (1746 – 1827) Froebel (1782 – 1852)
Comênio (1592 – 1670) Educador, bispo protestante checo. Afirmava que o nível inicial de ensino era o “colo da mãe” e deveria ocorrer dentro dos lares. Defendia o uso de livros com imagens para educar crianças pequenas, assim como o cultivo dos sentidos e da imaginação, através do manuseio de objetos, do brincar e da realização de passeios.
Rousseau (1712 – 1778) Filósofo nascido em Genebra. Criou uma proposta educacional que combatia preconceitos e autoritarismos. Afirmava que a infância não era apenas uma via de acesso à vida adulta e tinha valor em si mesma. Defendia uma educação não orientada pelos adultos, mas que fosse resultado do livre exercício das capacidades infantis e enfatizasse não o que a criança tem permissão para saber, mas o que é capaz de saber.
Pestalozzi (1746 – 1827) Suíço, defendia que a força vital da educação está na bondade, no amor e na família. A educação deveria cuidar do desenvolvimento afetivo desde o nascimento das crianças. Destacou o valor educativo do trabalho manual, do desenvolvimento da destreza prática e de atitudes morais. Adaptou métodos de ensino ao nível dos alunos através de atividades de música, arte, geo., aritmética, ling. oral e de contato com a natureza.
Froebel (1782 – 1852) Educador alemão, que levou adiante as idéias de Pestalozzi. Sua proposta incluía atividades de cooperação e o jogo, que possibilitavam o desenvolvimento intelectual, moral e físico. Elaborou canções e jogos para educar sensações e emoções, enfatizou o valor educativo da atividade manual, confeccionou brinquedos para a aprendizagem da aritmética e da geometria, além de propor a inclusão de conversas, poesias e o cultivo da horta pelas crianças. Dividiu os recursos pedagógicos em prendas (materiais que não mudavam de forma- cubos, cilindros,bastões) e ocupações (materiais modificáveis-argila, areia e papel).
A educação infantil européia no século XX O século XX se caracterizou pela consolidação do estudo científico da criança. Médicos e sanitaristas fizeram-se cada vez mais presentes na orientação do atendimento dispensado a crianças, em instituições fora da família.
A sistematização de atividades para crianças pequenas com o uso de materiais especialmente confeccionados foi realizada por dois médicos interessados pela educação, além de outros: Decroly (1871 – 1932) Montessori (1879 – 1952) Freinet (1896 – 1966)
Decroly (1871 – 1932) Médico belga que trabalhava com crianças excepcionais. Propunha atividades baseadas na idéia de totalidade do funcionamento psicológico e no interesse da criança. Preocupava-se com o domínio de conteúdos pela criança, mas via a possibilidade de encadeá-los em rede, organizando-os ao redor de centros de interesse em vez de serem voltados para as disciplinas tradicionais. Os centros de interesse compreendiam 3 eixos: observação, associação e expressão. Defendia a observação rigorosa dos alunos para classificá-los em turmas homogêneas.
Montessori (1879 – 1952) Médica psiquiatra italiana que trabalhava com crianças portadoras de deficiência mental. Elaborou materiais adequados à exploração sensorial pelas crianças e ao alcance dos objetivos educacionais. Criou instrumentos especialmente elaborados para a educação motora (ligados aos cuidados pessoais) e para a ed. dos sentidos e da inteligência (letras móveis, contadores, etc.). Propôs a diminuição do mobiliário usado pelas crianças e dos objetos domésticos cotidianos, para a brincadeira de casinha.
Freinet (1896 – 1966) A escola deveria extrapolar os limites da sala de aula e integrar as experiências do meio social. Deveria favorecer a auto-expressão e a participação em atividades cooperativas. Atividades manuais e intelectuais permitem a formação de uma disciplina pessoal e a criação do trabalho-jogo, que associa atividade e prazer. A pedagogia de Freinet envolve técnicas ou atividades como aulas-passeio, desenho e texto livre, jornal escola, correspondência interescolar, livro da vida, além de oficinas de trabalhos manuais e intelectuais, o ensino por contratos de trabalho e a organização de cooperativas.