CRISE FEBRIL Por Manuela Costa de Oliveira

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
CRISE FEBRIL Por Manuela Costa de Oliveira
Advertisements

Crise Convulsiva Febril
ESTADO DE MAL EPILÉPTICO Janeusa Primo Neuroped 2009 Neuroped 2009.
Superintendência de Vigilância em Saúde - SVS Superintendência de Vigilância em Saúde - SVS Centro de Epidemiologia - CEPI VACINAÇÃO CONTRA INFLUENZA E.
CONCEITOS E OBJETIVOS DA EPIDEMIOLOGIA
Síndrome de Guillain-Barré. É uma doença rara na qual os nervos periféricos se deterioram. Fraqueza muscular (paralisia total), e pode causar anormalidades.
REFLUXO VÉSICO-URETERAL: Diagnóstico & Tratamento clínico DIEGO ESTEVAM GOMES OLIVEIRA Urologia Pediátrica e Doenças da Uretra.
Instituto Oncoguia Nossa missão: Transformar a realidade do câncer no Brasil por meio de informação de qualidade e ações de promoção.
Criptorquidia em 2016 Diagnóstico e Tratamento
Introdução à Citopatologia UNIP – Assis Profa. Dra. Renata Bittencourt.
Intervenção Multidisciplinar: Qualidade de Vida dos Indivíduos com Doença de Parkinson Apresentação: Jéssica Emidio (2º ano) Daniela C Monfredini (3º ano)
GEPED 25/08/2015 Caio Dinelli Pinheiro – R1 Departamento de Radiologia HC – InRad Orientador: Dr. Luiz Antônio Nunes de Oliveira.
EMERGÊNCIA GERIÁTRICA ABORDAGEM DO IDOSO NO PRONTO-SOCORRO Mariana Ribeiro.
DIABETES MELLITUS – TIPO II Jailda Vasconcelos Juan Borges Poliana Zanoni Shamara Taylor.
Avaliação de Testes Diagnósticos e de Rastreamento.
SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem para feridas.
Lactente chiador Caracteriza-se por 3 episódios de
Convulsão Febril Apresentação: Nayra N. Ribeiro
REUNIÃO CIENTÍFICA DA ACEMT 23/02/2013
05/12/2017.
Maria Beatriz Martins Linhares4.
CONVULSÕES.
GRUPO DE ESTUDOS DE NEURORRADIOLOGIA
Disciplina de Infectologia da UFCSPA Serviço de DIP da Santa Casa
Pneumonias adquiridas na comunidade: como tratar
SURTOS E EPIDEMIAS DE DOENÇAS INFECCIOSAS
Artigo 25-5 Diego A. Effio Solis
Meningite Bacteriana: Diagnóstico e Tratamento
Exantema Súbito Roseola infantum, sexta doença,
EPIDEMIOLOGIA.
Anticonvulsivantes e convulsivantes
Orientação Alopsíquica
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CASO CLÍNICO 1 Lactente de 7 meses de idade é levado ao Posto de Saúde com história de diarréia há 7 dias, com cerca de 4 evacuações diárias, líquido-pastosas,
Doença Sexualmente Transmissível Aluna: Karina dos Santos TST - 25
BRONQUIECTASIA Dra Luisa Siquisse.
Cefaléia Termo usado para descrever qualquer dor que ocorra em uma ou mais áreas do crânio, face ou pescoço. São causadas por estímulos na rede de fibras.
Maria Teresa F. C. Garcia Propedêutica Neurológica 6o. Termo.
PROTOCOLO DE MAMAS EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
História Natural da Doença
Leishmaniose Visceral em Pediatria: novos indicadores de prognóstico?
Métodos e Técnicas de Exploração Diagnóstica
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Especialização em Saúde da Família Modalidade a Distância Turma 8 Melhoria da Atenção ao Câncer.
Dra Nazah C M Youssef Mestre em Medicina Interna - UFPr
Terapia de Reidratação Oral e Hidratação Venosa
UTI PEDIÁTRICA DO HRAS/HMIB/SES/DF
PNEUMONIA ASSOCIADA À ASSISTÊNCIA- NOVAS DEFINIÇÕES
DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO
STATUS EPILEPTICUS Drª. Ana Marily Soriano Ricardo
Filipe Lacerda de Vasconcelos Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF
Efeito da posição dos recém-nascidos no
Natália Mansur Pimentel Figueiredo André Soares M Costa
Infecção urinária febril Maurícia Cammarota
Secretaria do Estado de Saúde do Distrito Federal Hospital Regional da Asa Sul ATENDIMENTO DO PACIENTE COM SIBILÂNCIA NA EMERGÊNCIA DO HOSPITAL REGIONAL.
ATLS Advanced Trauma Life Support for Doctors
Desafios no diagnóstico da toxoplasmose congênita: como sinais e sintomas precoces podem auxiliar o pediatra Elaine Cristina Rey Moura Monografia apresentada.
HIV - ACOMPANHAMENTO DA CRIANÇA EXPOSTA
HIPERPLASIA CONGÊNITA DAS SUPRA-RENAIS (HCSR)
Meningite Bacteriana: Diagnóstico e Tratamento
Compartilhando imagens...
Uso de álcool e drogas no ambiente de trabalho
Convulsão febril Apresentação : Ecimar Gonçalves da Silva junior
Solicitação de exames citológicos e anatomopatológicos
Autores: Manoel Menezes da Silva Neto Mathias Palácio John
CONVULSÃO FEBRIL Por Vanessa Macedo Silveira Fuck
Infecções do Trato Urinário
Caso Clínico Convulsão Febril
Estudos Descritos: Variáveis relativas às pessoas
Caso Clínico: Epilepsia
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E PROCESSOS DE TRABALHO RELACIONADOS
Transcrição da apresentação:

CRISE FEBRIL Por Manuela Costa de Oliveira Orientado por Dra Denize Bomfim Unidade de Pediatria do Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF www.paulomargotto.com.br 7/3/2009

Definição Ocorrência na infância. Entre 3 meses e 5 anos *Consensus Development Meeting On Long-term Management of Febril Seizures >1 mês – International League against Epilepsy Associada à febre. Excluídos: Processo infeccioso grave - sepse ou meningite. Causa intracraniana definida. Crise epiléptica afebril prévia. Idade neonatal.

Epidemiologia Problema neurológico mais comum na infância. 80% dos casos de convulsão. 2 a 5% das crianças < 5 anos. *Varia de 1% a 14%, dependendo do estudo. A primeira CF ocorre em média entre 18 e 22 meses. Benigna, DNPM normal.

Fisiopatologia Baixo limiar do córtex cerebral em desenvolvimento. Susceptibilidade da criança a infecções. Propensão a ter febre alta. Componente genético afetando o limiar convulsígeno: 24% com história familiar de crise febril; 4% com história familiar de epilepsia.

Febre Fator determinante da crise febril. Crise ocorre no 1º dia de febre. Muitas vezes é o primeiro sinal clínico. Mais relacionada a elevação da temperatura do que ao valor da temperatura.

Classificação Generalizadas: -Tônico-clônicas -Clônicas -Hipotônicas Convulsivas Não - convulsivas Generalizadas: -Tônico-clônicas -Clônicas -Hipotônicas -Tônicas Parciais: -“ Generalizadas: -Ausência Parciais -Parciais complexas

Classificação Simples: Mais comum (80%) Generalizada (tônico- clônica) < 15 minutos Não se repete nas primeiras 24h. * Os pais podem referir hipotonia, mas, nesses casos, geralmente há uma fase clônica rápida que pode passar despercebida. Complexa: – Focal – > 15 minutos – Recorre em 24 horas *Costumam ocorrer associadamente -Manifestações neurológicas pós-ictais (paresia de Todd)

Diagnóstico Anamnese :descartar intoxicacão, trauma, meningite/ história familiar. Exame físico: pesquisa de possíveis focos infecciosos/sinais meníngeos. Exames laboratoriais de rotina devem ser feitos apenas como parte da avaliação do quadro infeccioso e não por causa da crise febril. Observar a criança nas primeiras 24 horas após a convulsão, principalmente em caso de sintomas de meningite.

Diagnóstico - Punção lombar A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda que, após a ocorrência da primeira crise com febre em: Lactentes abaixo de 12 meses, a realização da punção lombar deve ser fortemente considerada; Em uma criança entre 12 e 18 meses, a indicação, apesar de não ser tão forte, ainda assim deve ser considerada; Acima de 18 meses, a punção lombar é recomendada na presença de sinais e sintomas meníngeos.

Diagnóstico - EEG Não há associação convincente entre anormalidade precoce no EEG e recorrência de CF ou desenvolvimento futuro de epilepsia. A AAP recomenda que o EEG não deve ser realizado na avaliação de uma criança neurologicamente saudável. Assim, as indicações de EEG em qualquer tipo de CF ficam restritas às seguintes situações: Na suspeita de doença cerebral subjacente; Na presença de atraso do DNPM; Na presença de déficit neurológico.

Prognóstico Caráter benigno, sem comprometimento do DNPM. Recorrência: Varia de 20 a 30%. 70% das crianças terão apenas uma crise, 20% delas terão duas CFs, e apenas 10% terão chance de ter várias CFs. Maior risco de recorrência: Idade <12-18 meses; História familiar; Quanto menor o tempo da febre (menor temperatura /menor limiar )

Prognóstico Evolução para epilepsia: Risco 2 a 10 x maior do que na população geral. 2% a 7% em acompanhamento a longo prazo.

Prognóstico Annegers et al. estudaram separadamente as características da CF complexa e observaram que o risco de epilepsia é proporcional ao número de características apresentadas. Para as crianças que tiveram as três características complexas (crise focal, prolongada e recorrente em 24 horas), o risco foi de 49%. Além do tipo de CF, história familiar de epilepsia e a presença de anormalidades neurológicas, tanto ao exame quanto no desenvolvimento, são fatores preditivos para epilepsia posterior no grupo de crianças com CF.

Tratamento Imediato

Medidas gerais – em 5-10 min (Suporte Avançado de Vida no Paciente com convulsão aguda) Estabilização cervical. VAS pérvias – aspiração e intubação, se necessário. Oxigenoterapia. Posicionamento do paciente – prevenção contra a broncoaspiração.

Medidas gerais – em 5-10 min Acesso venoso para exames diagnósticos , glicemia capilar e administração de drogas. ABAIXAR A FEBRE!!!!

Diazepam (dose 1) 0,3 mg/kg/dose P x 0,06 ml EV Diazepam (dose 2) 5 min Diazepam (dose 2) *Outras formas de administração: Intra-nasal Sublingual 5 min Diazepam (dose 3)

Fenitoína (Dose ATAQUE EV) 20 mg/kg P x 0,4 ml Fenitoína Pós-BZD (3 doses) 20 min Fenitoína (Dose ADICIONAL EV) até 2 x 5mg/kg Max: 30mg/kg

Pós -fenitoína ou pós- BZD Fenobarbital sódico (Dose ATAQUE EV) 20mg- 40mg/kg P x 0,2 ml 20 min Fenobarbital sódico (Dose ADICIONAL) 5mg/kg Max: 30 mg/kg

Tratamento Profilático Controverso. Efeitos adversos importantes. Considerar quando o risco de recorrência é alto: -História familiar de crise febril; -Primeira crise febril antes de 18 meses; -Temperatura menor que 38ºC; -Curta duração da febre.

Tratamento contínuo Menos aceito. Efeitos colaterais importantes. Indicado quando a elevação da temperatura é tão rápida que a mãe ou cuidador não conseguem notar o surgimento da febre, e esta é detectada após a ocorrência da convulsão. Considerar nível de instrução da família.

Tratamento contínuo Fenobarbital: 3 a 5mg/kg/dia(1-2x). Preferível em <2 anos. Efeitos colaterais: hiperatividade, irritabilidade e distúrbio do sono (60%) /decréscimo do quociente de inteligência? Ácido Valpróico: 15 - 40mg/kg/dia (2-3x). Preferível em >2 anos. Risco de hepatite fulminante.

Profilaxia intermitente Mais aceita atualmente. A tolerabilidade aos benzodiazepínicos é boa, sendo que 20% a 30% dos pacientes apresentam efeitos colaterais de leve a moderada intensidade, que são transitórios e não impossibilitam o uso da medicação. Uso: quando há qualquer sinal de adoecimento.

Profilaxia intermitente Diazepam: 0,5 – 1 mg/kg/dia, 2-3x/dia. Efeitos colaterais: sonolência, tontura, excitação, hiperatividade, ataxia. Clobazan: 0,01-0,09 mg/kg/dia (2-3x) Suspenso 24 h após último pico febril

Referências Tratado de Pediatria – SBP Tratamento das crises febris, Marilisa M. Guerreiro . Jornal de Pediatria - Vol. 78, Supl.1 , 2002. INTERMITTENT DIAZEPAM AND CONTINUOUS PHENOBARBITAL TO TREAT RECURRENCE OF FEBRILE SEIZURES - A systematic review with meta- analysis , Alice Hatsue Masuko1, Aldemar Araujo Castro2, Gustavo Rocha Santos3, Álvaro Nagib Atallah3. Arq Neuropsiquiatr 2003;61(4):897-901. Conduta no primeiro episódio de crise convulsiva,Valentina Nicole- Carvalho1, Adélia Maria de Miranda Henriques-Souza2 J Pediatr (Rio J) 2002; 78 (Supl.1): S14-S18:

Nota do Editrr do site www.paulomargotto.com.br Consultem: Midazolam intramuscular versus diazepam endovenoso nas crises convulsivas Autor(es): Joana Cecília, Narcela Maia, Paulo R. Margotto