Instituto Politécnico de Castelo Branco Escola Superior de Educação Curso: Educação Básica Ano Lectivo: 2009/2010 Disciplina: Aquisição da Linguagem.

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Transcrição da apresentação:

  Instituto Politécnico de Castelo Branco Escola Superior de Educação Curso: Educação Básica Ano Lectivo: 2009/2010 Disciplina: Aquisição da Linguagem Professora: Maria Gabriela Nunes Discentes: Ana FilipaHeitor e Ana RaquelTaborda Desenvolvimento e Aquisição da Linguagem durante o Primeiro Ano de Vida 8 De Janeiro de 2010

Introdução Como futuras educadoras, é essencial que conheçamos a forma como as crianças adquirem e desenvolvem a sua linguagem, é essencial que conheçamos cada um dos factores que influenciam este desenvolvimento e cada uma das etapas percorridas. O primeiro ano de vida de uma criança é de extrema importância para o seu desenvolvimento linguístico. Nesta fase a criança adquire competências comunicativas essenciais e que serão importantíssimas para um harmonioso desenvolvimento e crescimento linguístico.

Palavras-Chave Linguagem Desenvolvimento Aquisição da Linguagem Aprendizagem Estádios de Desenvolvimento

Desenvolvimento e Aquisição da Linguagem durante o Primeiro Ano de Vida O primeiro ano de vida do bebé (pertencente ao período sensório-motor defendido por Piaget) assume-se como uma fase de extrema importância para o desenvolvimento e aquisição da linguagem. Este período, vulgarmente designado por pré-linguístico, pode caracterizar-se pelo surgimento das bases de comunicação entre o bebé e aqueles que o rodeiam, pelo inicio da vocalização e pelo desenvolvimento das capacidades de discriminação auditiva.

Ao desenrolar do processo que termina na articulação correcta de sons dá-se o nome de desenvolvimento fonológico. Este desenvolvimento fonológico é apenas um dos domínios do desenvolvimento linguístico e diz respeito a três vertentes de acordo com Piaget: A discriminação auditiva (Percepção/Recepção) O desenvolvimento vocal (produção) Os aspectos sociais da linguagem

O Processo de Discriminação Auditiva A percepção dos sons da fala pode ser considerada um primeiro passo na compreensão da linguagem oral, daí a importância que é dada desde cedo à interacção linguística com a criança como forma de estimulação. Desde cedo, a criança começa a distinguir e diferenciar sons, sendo capaz de prestar atenção e reter a informação e estímulos recebidos na memória sensorial. Além disso, a habilidade do recém-nascido para distinguir entre o que é ou não é a voz humana, para reconhecer desde muito cedo a voz da mãe, e distinguir entre entoações que expressam ternura ou zanga, são exemplos da aptidão prematura para o reconhecimento de padrões de fala.

De entre as fontes de estimulação, a voz humana, em particular a voz materna, será aquela que assume maior importância e que apresenta maior potencial de informação, assumindo importância tanto do ponto de vista linguístico como do ponto de vista psicológico. Mesmo antes de nascer, a criança é exposta a uma grande variedade de sons, nomeadamente a cadeias fónicas que lhe são dirigidas, o que poderá explicar a preferência selectiva dos bebés pelos sons da voz humana (a qual é caracterizada por variações de intensidade, duração e frequência que parecem agradar muito aos recém-nascidos).

Segundo alguns teóricos, este processo de discriminação auditiva começa ainda antes do bebé nascer. Ao nascer, embora o recém-nascido não consiga integrar convenientemente os sons que o rodeiam, consegue responder geneticamente aos sons olhando na direcção da voz e reagindo à voz humana, em particular à voz da mãe, o que demonstra que já é sensível ao que ouve. À medida que os dias vão passando, o bebé consegue aumentar o tempo de fixação da atenção nos estímulos e a capacidade de memória – ocorrem alterações na discriminação dos sons da fala.

Marcos no desenvolvimento da discriminação da fala Nascimento Reacção a variações acústicas relacionadas com a voz humana; reflexo de orientação e localização da fonte sonora; preferência pela voz materna. 1-2 Semanas Distinção entre voz e outros sons. 1-2 Meses Discriminação na base do fonema. 2-4 Meses Discriminação entre vozes que expressam ternura ou zanga. 5-6 Meses Identificação de padrões de entoação e ritmo. 9-13 Meses Compreensão de sequências fonológicas em contexto.

A Evolução do Desenvolvimento Vocal O desenvolvimento da produção da fala ocorre de acordo com o desenrolar da maturação biológica da criança, podendo ser considerado, até certo ponto, pela universalidade. Mesmo antes da criança conseguir articular as primeiras palavras, esta já sabe como comunicar e como produzir respostas adequadas, começando por interagir verbalmente através do choro. O período pré-linguistico pode, assim, ser dividido em quatro importantes etapas:

Etapa I: Choro como actividade reflexa e sons do tipo vegetativo O choro é a primeira manifestação sonora do bebé e a sua primeira forma de comunicação, manifestando através dele o seu estado biológico. Na sua sequência vai receber assistência e atenção. O bebé produz também os chamados sons vegetativos (tosse, espirros e soluços), que juntamente como o choro vão habituar a criança à passagem de ar pelos órgãos fonadores.

Etapa II: Palreio e Riso O palreio consiste numa cadeia de sons vocálicos, principalmente sequências de (o), e de sons consonânticos, principalmente (g) e (K). É através do palreio que por volta dos três meses de idade se manifesta o domínio da regra de interacção comunicativa “pegar a vez” (cada um dos interlocutores pratica o processo de iniciar, terminar e passar ao outro a oportunidade de se exprimir). É também nesta segunda etapa que surge o sorriso e as gargalhadas, também como forma de interacção comunicativa.

Etapa III: Lalação (Chilreio/Gorjeio) A lalação estende-se até aos nove/dez meses e a principal característica é a reprodução silábica, sendo que a estrutura básica da lalação assenta na combinação consoante/vogal repetida em cadeia – ex. “mamama” ou “bababa”. Durante esta fase, a criança produz uma grande diversidade de sons, sendo que muitos não estão presentes na comunidade linguística.

Etapa IV: Sílabas não reduplicadas e cadeias prosódicas A estrutura reduplicada característica da lalação dá lugar a produções de não decuplicação como “ma” e “pa”. Esta etapa parece ser influenciada pelas capacidades auditivas da criança, na medida em que o comportamento dos bebés surdos e ouvintes se afasta aqui. A partir desta etapa, as produções do bebé aproximam-se cada vez mais das palavras, podendo registar-se a existência de proto-palavras (palavras inventadas pelas crianças para designar pessoas ou objectos do mundo restrito da criança) – ex: “mo-mo” para chupeta.

É também nesta etapa que se regista a ocorrência de sequências de sons com variações de acentuação e padrões de entoação diversificados – são as chamadas cadeias prosódicas ou gíria entoacional.

E finalmente: As primeiras palavras Por volta dos nove/doze meses aparecem as primeiras palavras. As primeiras palavras são referentes na sua maioria a pessoas, objectos ou acontecimentos do mundo da criança, e referem-se na sua maioria a coisas que se movem ou se podem mover. Estas primeiras palavras são normalmente monossílabos ou a reduplicação de sílabas já pronunciadas no período da lalação – ex: mamã, bebé, papa. O aparecimento das primeiras palavras é considerado por muitos o final do período pré-linguístico e a entrada no período linguístico.

As primeiras palavras vão depender de muitos factores, nomeadamente, da composição fónica da palavra (uma vez que certos sons são mais fáceis de pronunciar que outros) e da influência dos adultos.

Marcos no desenvolvimento da produção fonológica Nascimento Choro e sons vegetativos 2 Meses Palreio e riso. 3-9 Meses Palreio e lalação. 9-14 Meses Lalação, gíria entoacional e primeiras palavras.

Aspectos Sociais Relativos à Linguagem Não nos podemos esquecer que a linguagem é desenvolvida com base numa vertente de interacção social, pelo que é importante referir a evolução da linguagem na sua vertente social. Assim, de acordo com Piaget, ao nascer e no decorrer do primeiro mês de vida a criança demonstra desde logo preferência pela voz humana; entre o primeiro mês e o quarto ocorre a tomada de vez primitiva e ocorre o inicio da pseudo-imitação; e aos 12 meses a criança começa a participar em jogos sociais que levam à compreensão de papéis no discurso.

A Interacção Linguística entre o Adulto e a Criança É necessário compreender que para que uma criança aprenda a falar é preciso primeiro que lhe falem e depois que a deixem e incentivem a falar. Cabe-nos a nós, enquanto adultos conscientes, o papel de proporcionar às crianças ambientes estimulantes, em que lhes oferecemos novas experiencias, em que as levamos a descobrir! É importante ainda que adaptemos o nosso discurso visto que ele será a plataforma para o discurso de cada criança.

O Papel do Educador no Desenvolvimento da Linguagem Estabelecer o Contacto Ocular Observar Preparar o Contexto Escutar Esperar Nomear Seguir Repetir Trabalhar os Cinco Sentidos Imitar Incitar Expansão Verbal e não-verbal

Papa! Mamama! Uaaaaaá!