Caso clínico Homem de 55 anos procura o ambulatório dos internos com queixa de aumento progressivo do volume abdominal há 3 meses. Ao exame clínico: BEG,

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
ANATOMIA RENAL.
Advertisements

AGENTES BACTERIOLÓGICOS DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
MENINGITES NA INFÂNCIA
Transplante Hepático Sumara Barral.
Trombose Venosa Profunda
Discussão Casos Clinicos Clínica Médica
Derrame Pleural Prof. Marcos Nascimento
SÍNDROME HEPATORRENAL
UNIVERSIDADE POSITIVO NÚCLEO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA DISCIPLINA DE CLÍNICA MÉDICA I.
Monitores: Monitoria de Laboratório Clínico
CETOACIDOSE DIABÉTICA
Insuficiência cardíaca congestiva
Cristiane Vieira da Cruz
Casos Clínicos Antibióticos
Aluna: Maria Paula Turma: 71 Professora: Mariluce
Déficit de volume plasmático
GLOMERULONEFRITE PÓS INFECCIOSA
Material expositivo para as capacitações
APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA EM CÃES E GATOS
Acompanhamento da Nutrição Parenteral e suas complicações
Infecção urinária na infância
Doença Inflmatória Intestinal
CASO CLÍNICO Neurologia infantil Doenças DESMINIELIZANTES
Saulo da Costa Pereira Fontoura
Universidade Federal da Bahia Faculdade de Medicina-HUPES Serviço de Anatomia Patológica IMUNOPATOLOGIA I Transplante Hepático Caso 1.
Barbeiro S., Canhoto M., Martins C., Gonçalves C., Cotrim I., Arroja B., Silva F. e Vasconcelos H. Serviço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar de Leiria.
Caso 1: Homem de 62 anos refere episódios recorrentes de monoartrite de joelho há 5 anos que melhoram com o uso de antiinflamatorios não hormonais e está.
DERRAME PLEURAL Prof. Edson Garrido.
Avaliação Nutricional
A unidade intermediária e a criança com problemas geniturinários
Apresentação:Rodolfo Squiabel Iamaguti, Túlio Bosi, Rafael Alvarez
Anemia Falciforme -Complicações Pulmonares
Professora Ms. Maísa M. Silva
Diabetes Insípidus e SSIADH Caso clínico 1
Diarréia aguda.
Leptospirose Definição: Bactéria do gênero Leptospira.
DOENÇAS HEPÁTICAS Professor Manoel Ricardo Aguirre de Almeida
Cirrose Hepática Prof. Tibério Medeiros Novembro,
Avaliação Nutricional
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA -- ETIOLOGIA
DISCUSSÃO DE CASO CLÍNICO
Glomerulonefropatias
Saulo da Costa Pereira Fontoura R2 Clínica Médica
CIRROSE E COMPLICAÇÕES Divisão de Gastroenterologia
Caso Clínico 1 Diagnóstico Diferencial dos Derrames pleurais
CASO CLÍNICO.
LÍQUIDO SINOVIAL.
Temas em Anticoagulação Terapêutica Itamar de Souza Santos DCM – HU / 6º ano 2009.
Caso Clínico R.M.C 55 anos, história de febre há 3 dias, dores no corpo, sobretudo em coxas e panturrilhas. Refere que na última semana aproveitou as chuvas.
Prof. José Marcos Iório Carbonari Pediatria PUC-Campinas 2009
Transplante Hepático Caso 3
Narcizo A. Tonet Citologia Clínica
Líquido cefalorraquidiano
GRUPO D ELAYNE TENÓRIO ELIZEU LEMOS GABRIELA COUTO HUGO NAPOLEÃO.
Leonardo Gebrim Costa Julho 2009 Internato em pediatria ESCS
Recomendações para vacinação em pessoas infectadas pelo HIV
Prof. Dra. Ana Cecilia Sucupira Novembro 2008
Prof Dr: Marcos Antonio Buzinaro Faculdade Atenas Paracatu / MG
Distúrbios Hidroeletrolíticos
PROVAS DE FUNÇÃO RENAL RODRIGO CÉSAR BERBEL.
Avaliação do Equilíbrio hidroeletrolítico. Avaliação Importante para o controle de qualquer paciente gravemente doente Importante para o controle de qualquer.
Seminário de Cirurgia Geral Alunos: Eduardo Assad Paulo Phillipe Moreira.
DIAGNÓSTICO, MONITORIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Ascite Aluno José Gaspar Prado Rezende
Transcrição da apresentação:

Caso clínico Homem de 55 anos procura o ambulatório dos internos com queixa de aumento progressivo do volume abdominal há 3 meses. Ao exame clínico: BEG, descorado +/4+, hidratado, ictérico +/4+, eupneico, afebril. PA=112x70mmHg, P=72bpm, FR=18ipm. Ausculta cardíaca normal. Murmúrios vesiculares presentes, diminuídos em 1/3 inferior HTD, com diminuição da ausculta da voz e percussão submaciça nesse mesmo local. Abdome globoso, tenso, com sinais de ascite. Membros sem alterações. Quais são os sinais de ascite identificáveis no exame clínico? Quais exames estão indicados nesse momento?

Diagnóstico da ascite Paracentese abdominal com apropriado estudo do líquido ascítico é a conduta mais eficiente para diagnosticar a causa da ascite e se o líquido está infectado. Paracentese diagnóstica é um procedimento simples e seguro. Coagulopatia não contra-indica a punção.

Diagnóstico da ascite Indicações de paracentese Detecção inicial de ascite Por ocasião de internações hospitalares. Deterioração clínica em pacientes ambulatoriais e internados (febre,dor abdominal, palpação dolorosa, alteração do estado mental, íleo,hipotensão). Anormalidades laboratoriais que possam indicar infecção (leucocitose, acidose, piora da função renal). Sangramento gastrointestinal.

Diagnóstico da ascite Paracentese – Laboratório (mínimo) Ascite Contagem celular (EDTA) Albumina / PTF GRAM Cultura (em frascos de hemocultura) Sérico Albumina

Diagnóstico da ascite Gradiente soro-ascite de albumina ( mg/dl) Alb ( sérica) – Alb ( líq.ascítico) Coleta de alb.sérica no mesmo dia.

Diagnóstico da ascite GSAA ≥ 1,1mg/dl. Cirrose Insuf.cardíaca congestiva Metástases hepáticas maciças GSAA < 1,1mg/dl. Carcinomatose peritoneal Peritonite tuberculosa Pancreatite Síndrome nefrótica

Diagnóstico da ascite Contagem celular Valores normais - até 500 cels/mm3 Punção traumática-correção 1 PMN para 250 eritrócitos. 1 linfócito para 750 eritrócitos.

Diagnóstico da ascite USG abdome: Fígado heterogêneo, sem nódulos, de dimensões diminuídas. Presença de grande quantidade de líquido livre no abdome  Exames séricos: Proteínas totais = 4,1 g/dl, Albumina = 2,0 g/dl, glicose = 98 mg/dl, Na = 140 mEq/L, K=4,5 mEq/L, Uréia = 38 mg/dl, Cr = 1,0 mg/dl, Bilirrubina total = 2,5 mg/dl, bilirrubina direta = 2,0 mg/dl, TP (INR)=1,55  Exames da punção do líquido ascítico: Proteínas totais = 1,3 g/dl, albumina = 0,2 g/dl, glicose = 96 mg/dl. 125 células, 40% polimorfonucleares, 60% linfomonocitárias. Cultura e gram: ausência de bactérias. Citologia oncótica negativa. 3. Qual a provável etiologia da ascite desse paciente? Justifique. 4. Cite o tratamento (farmacológico e não-farmacológico) inicial para a ascite

Tratamento da ascite Restrição da ingestão de Na+ (< 80 mEq / dia) Restrição de ingestão de água se houver hiponatremia Diuréticos (espironolactona, amiloride, furosemida) Paracentese + albumina Shunt peritôneo-venoso TIPS Transplante hepático

Tratamento da ascite Principal objetivo no tratamento da ascite não complicada: balanço negativo de sódio. Abordagem conforme o grau da ascite Grau 1: leve – apenas restrição de sódio Grau 2: moderada Grau 3: tensa

Espironolactona 400 mg/dia Ascite grau 2 Espironolactona 100 - 200 mg/dia Boa Resposta Não Resposta Ajustar a dose Espironolactona 400 mg/dia + Furosemida 160 mg/dia Boa Resposta Não Resposta Ajustar a dose Ascite refratária FJC

Espironolactona 100 - 400 mg/dia Ascite grau 3 Paracentese + albumina IV (6 - 8 g/l) Espironolactona 100 - 400 mg/dia + Furosemida 40 - 160 mg/dia Não Resposta Boa Resposta Ascite refratária Ajustar a dose FJC

Ascite refratária Ascite não responsiva ou que recorre precocemente após instituição da terapia. Resistente a diurético e intratável por diurético. Dieta e doses máximas por no mínimo 7d. Ausência de resposta: perda inferior a 0,8kg (>4 dias) e perda urinária de Na < que a ingesta Recorrência precoce de ascite : 4 semanas (grau 2/3) Complicações do diurético: encefalopatia, insuficiência renal (↑creat 100% e >2mg/dl), hiponatremia (queda de 10mmol/L e Na<125 mmol/L), hipoK (<3mmol/L) e hiper K (>6 mmol/L)

Caso clínico - continuação Paciente retorna em uso de furosemida 80 mg/dia + espironolactona 200 mg/d. Refere que ficou bem por dois meses, com diminuição progressiva da ascite até que, há 1 semana o volume abdominal voltou a aumentar, acompanhado de dor abdominal difusa. No exame clínico, abdome tenso, com sinais de ascite e dor discreta à palpação, difusa. 5. Cite causas mais freqüentes de descompensação de ascite 6. Qual a conduta nesse momento?

Peritonite Bacteriana Espontânea Critérios diagnósticos: PMN > 250/mm3 ou leucócitos > 500/mm3 Cultura positiva Apenas critério citológico: Neutrascite Apenas critério microbiológico: Bacterascite Diagnóstico diferencial com PBS: pensar quando gram presente (ou mais de um agente isolado), glicose baixa, proteína alta e/ou DHL acima do valor sérico

Caso clínico - continuação Exames da punção do líquido ascítico: Proteínas totais = 2,7 g/dl, albumina = 1,8 g/dl, glicose = 92 mg/dl. 850 células, 80% polimorfonucleares, 20% linfomonocitárias. Gram ausente, culturas em análise. Citologia oncótica negativa. Exame sérico: albumina = 2,0g/dl.   7. Qual o diagnóstico? 8. Cite a conduta nesse momento

Peritonite Bacteriana Espontânea - Tratamento Cefotaxima 2g a cada 6 a 8 horas, IV, por 5 dias Ceftriaxona 2g ao dia, IV, por 5 dias Ciprofloxacina 200mg IV a cada 12 horas por 2 dias + 500 mg a cada 12h VO, por 5 dias Ofloxacina 400mg a cada 12 h, VO, por 8 dias Albumina humana 20%, 1,5g/kg nas primeiras 6 horas e 1g/kg no 3o dia de tratamento.

Peritonite Bacteriana Espontânea - Profilaxia Profilaxia secundária Norfloxacina 400 mg por dia, VO SMZ+TMP 800+160 mg por dia, VO Reduz a recidiva anual de 68 para 20% Profilaxia primária HDA, esclerose Ceftriaxone 1g EV ao dia até retorno dieta + Norfloxacina 400 mg VO 12/12h até completar 7 dias Proteína <1mg/dl na ascite(?)