2° Seminário de Psicologia da Educação Análise do artigo: Histórias sociais e singulares de inclusão/exclusão na aula de química Autores: Maria de Fátima.

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Transcrição da apresentação:

2° Seminário de Psicologia da Educação Análise do artigo: Histórias sociais e singulares de inclusão/exclusão na aula de química Autores: Maria de Fátima Cardoso Gomes e Eduardo Fleury Mortimer Alunos: Wanderson Matias acrescentar os outros nomes. Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Junho de 2010

2° Seminário de Psicologia da Educação Contextualização: O artigo é parte de uma pesquisa realizada em 2000 e 2001 em duas escolas de Belo Horizonte, uma pública federal e uma privada. O artigo foi assinado por Maria de Fátima Cardoso Gomes ( graduada em Psicologia pela UFMG (1981), mestrado e doutorado em Educação pela UFMG (1995 e 2004 respectivamente) e atualmente é Professora Adjunto de Psicologia da Educação da UFMG) e Eduardo Fleury Mortimer (Bacharelado em química UFMG (1980), mestrado em educação UFMG (1988) doutorado pela USP (1994). Foi recebido pela faculdade de Educação da UFMG em janeiro 2006 e foi aprovado para publicação em setembro A pesquisa obteve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – e da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior – Capes – no Brasil e, na França, do Centre National de la Recherche Scientifique– CNRS.

2° Seminário de Psicologia da Educação OBJETIVO DO ARTIGO: O objetivo principal deste artigo/pesquisa, foi tentar compreender como se constroem as relações de inclusão/exclusão nos processos de ensino-aprendizagem relativos aos conhecimentos de química no ensino médio, contrastando as histórias sociais e singulares de inclusão/exclusão de nove estudantes, quatro da escola particular e cinco da escola pública.

2° Seminário de Psicologia da Educação Justificativa: O artigo, segundo os autores, insere-se no movimento das pesquisas educacionais que procuram situar a discussão sobre inclusão/exclusão escolar no contexto das salas de aula de química Já existem práticas diferenciadas de ensino de ciências e de química que se preocupam com a inclusão dos estudantes nos processos de ensino- aprendizagem. Sendo essas práticas mediadas por propostas didático- pedagógicas baseadas em princípios construtivistas e socio-interacionistas (construção coletiva do conhecimento), justifica-se o estudo das relações de inclusão/exclusão de estudantes em salas de aula onde elas são implementadas, tendo em vista seu caráter inovador. Além disso, os resultados da pesquisa podem servir de subsídio aos professores nelas envolvidos.

2° Seminário de Psicologia da Educação METODOLOGIA : As histórias sociais e singulares de nove sujeitos/alunos foram estudadas e apresentadas por meio de contrastes entre pares, para entender como os alunos se incluíram e foram incluídos na sala, nos grupos e na escola, pelos colegas e pela professora. Procurou-se identificar as relações que esses alunos estabeleciam com o saber em química no cotidiano da sala de aula, assim como os fatores que favoreciam as relações de inclusão e de exclusão. Tais contrastes permitem estabelecer uma ligação entre essas práticas cotidianas e as trajetórias escolares e pertencimentos sociais, étnicos e de gênero dos estudantes.

2° Seminário de Psicologia da Educação PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Os pressupostos teórico-metodológicos do artigo/pesquisa têm por base a abordagem sociocultural, o conceito de prática discursivamente construída e o conceito de relação com o saber. Da abordagem sociocultural, trabalhou-se com os conceitos de discurso e de sujeito propostos por Bakhtin (1992) e Vygotsky (1996, 1989, 1979), entendendo o discurso como linguagem- em-uso e o sujeito como social e singular. Trabalhou-se também com a idéia de que os sentidos criados pelos sujeitos aparecem primeiramente no plano interpessoal e depois no intrapessoal (Vygotsky, 1996), e que os dois planos são construídos nas interações entre professoras e alunos.

2° Seminário de Psicologia da Educação PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS A relação com os outros pode ser traduzida igualmente na relação com o saber, que é sempre uma relação com os outros, com o mundo e consigo mesmo. A relação com o saber é uma relação pessoal, singular, e está ligada ao desejo de saber dos sujeitos. O conceito de relação com o saber possibilita a análise dos processos de construção de sentidos pelos estudantes, daquilo que aprendem na escola, assim como das histórias de inclusão e de exclusão. Assim cada sala de aula é única e que professores e alunos constroem a vida da sua sala, dia após dia, semana após semana, mês após mês e ano após ano.

2° Seminário de Psicologia da Educação PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS As escolhas metodológicas feitas na pesquisa/artigo, segundo os autores, estão em consonância com o entendimento da sala de aula como uma prática socialmente construída por membros de um grupo.

2° Seminário de Psicologia da Educação PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS No trabalho, a pergunta "o que conta?" como inclusão na sala de aula para as professoras e para os alunos foi central. Perguntar "o que conta?" e não "o que é?" muda a direção das análises, visto que representa mais um processo do que um produto, pois foram as práticas discursivas e sociais da sala de aula que constituíram gradualmente inclusões de alguns alunos e exclusões de outros.

2° Seminário de Psicologia da Educação PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Partiu-se da concepção de que o ambiente inclusivo não é dado, mas pode e deve ser construído. Considerou-se que as condições e os recursos disponíveis nas salas de aula são dinâmicos e que as ações dos participantes informam as possibilidades de desenvolvimento individual e coletivo por meio de interações que não são nem homogêneas nem lineares, e que constroem formas múltiplas de inclusão/exclusão dos estudantes

2° Seminário de Psicologia da Educação Com base nesses pressupostos teóricos e metodológicos, foi possível detalhar um pouco mais as questões que tentou-se responder na pesquisa/artigo: Como os alunos estudados se incluíram na sala, nos grupos e na escola? Como foram incluídos pelo grupo, pela professora e pela escola? Que relações estabeleceram com os colegas, nos pequenos grupos e com a professora em particular? Que relações estabeleceram com o saber em química?

Contrastando Histórias escolares, sociais e singulares Apresentaremos os dados sob a forma de contrastes entre duplas de estudantes compostas regularmente por um(a) estudante da escola pública federal e um(a) estudante da escola particular.

Iniciaremos pelo contraste entre Donato e Denise. Eles apresentaram predominantemente processos de exclusão mais do que de inclusão em suas respectivas salas. Donato é da escola pública federal e Denise da escola particular. Ele é negro, de classe média baixa e não via "noção" em aprender química. Ela é branca de classe média e não conseguia aprender química.

Donato e Denise

Donato e Denise incluíram-se e foram incluídos no processo de ensino- aprendizagem de química por vias bem diferentes das de seus colegas. Porém, como já foi apontado, o trabalho em pequenos grupos representou para ambos o mais forte fator de inclusão na sala de aula.

Semelhanças

Mesmo apresentando semelhanças entre eles, ou seja, possuindo histórias escolares acidentadas, estar excluído na escola parece não ter o mesmo sentido nem a mesma conseqüência para cada um deles.

Segundo Nogueira:...a origem social atua sobre o rendimento escolar de formas variadas, mesclando elementos culturais e econômicos, tais como: a atmosfera cultural do lar, os esquemas de organização do pensamento, a estrutura da língua falada, as atitudes face à escola, a relação com o saber, as informações que os pais detêm sobre o universo escolar, as oportunidades que oferecem de atividades extra-escolares (cuja extensão e riqueza crescem na medida em que se sobe na hierarquia social), os recursos financeiros que põem a serviço dos estudos dos filhos. (2002, p.11)

Parece-nos que ser excluído de uma escola particular e ter que ir para outra, no turno da manhã, não pesa tanto quanto ser excluído de uma escola pública/federal e ter que ir para outra escola pública/estadual, para o turno da noite.

Assim, o pertencimento étnico não pode ser analisado separadamente das circunstâncias econômicas, sociais, culturais e políticas dos sujeitos, e mesmo das condições concretas que eles vão construindo nas interações em sala de aula. E foi por isso que pudemos observar e analisar histórias de inclusão entre os estudantes negros e brancos, e não apenas histórias de exclusão de um ou de outro.