O estudo e o ensino de música: a busca (de um roteiro de vida)

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Transcrição da apresentação:

O estudo e o ensino de música: a busca (de um roteiro de vida) Manuel Veiga PPGMUS – EMUS - UFBA Salvador, 18 de Setembro de 2009

Introdução Agradecimentos Pretensões e razões

Estudo e Ensino Distinção Ênfases Relação Estudo - aplicação da inteligência para aprender, compreender algo que se desconhece ou de que se tem um conhecimento apenas delineado. Ensino - transferência de conhecimento, de informação, especialmente de caráter geral, na maioria das vezes em local destinado a esse fim (escola, oficina etc.); instrução (Dicionário eletrônico Houiass da língua portuguesa, 2001. Rio de Janeiro: Objetiva). Ênfases Na aquisição de conhecimento (estudo) Na transmissão de conhecimento (ensino) Relação Centrada no sujeito (estudo) Direcionada para o outro (ensino) Sim, pelo objeto, mas reversa

Linguagem Definição Construção: “contratos sociais” Lingüística - qualquer meio sistemático de comunicar idéias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc. (Houiass, 2001) Derivação: por extensão de sentido - qualquer sistema de símbolos ou objetos instituídos como signos; código (Houiass, 2001) Todo sistema de signos que serve de meio de comunicação entre indivíduos e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguir-se uma linguagem visual, uma linguagem auditiva, uma linguagem tátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. (Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0, 2004. Curitiba: Positivo) Construção: “contratos sociais” Hipótese de Sapir-Whorf (controvertida) Linguagem cria cultura Linguagem molda o pensamento Hipótese atual O peso da cultura entre os ingredientes da música

Paradigmas e Epistemes Nem tudo é possível em qualquer tempo, não só para os estilos Paradigma – Para Kuhn, “um paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente uma comunidade científica de indivíduos que partilham um paradigma”. (A estrutura das revoluções científicas). Episteme – Termo reintroduzido por Foucault, designando “espaço” historicamente situado, onde se reparte o conjunto dos enunciados que se refere a territórios empíricos constituindo o objeto de conhecimento positivo (não-científico) (Japiassú, Hilton e Danilo Marcondes. 2008. Dicionário básico de filosofia. 5ª ed. ( Rio de Janeiro: Zahar). E o resto é ruído ... Repressão e medo: Strauss, Mahler, Alma Rosé. . . Auschwitz Dimensões psicológicas, fatores ontológicos: ser ou não ser Blacking e as relações entre música e cultura: valores, estruturas e funções Disciplinas nascentes e cambiantes O “belo estudo” de Helmholtz das leis do som musical Onde entra Ellis e seus cents? Musicologia comparativa Etnomusicologia

Músicas e Música Música “são”: a concordância no esquema de Jean Molino Cosmopolitismo (difusão) e universalidade (essência) Abordagens Nomotéticas Nas análises Na busca de universais Idiossincráticas Sociológicas No tempo: períodos históricos No espaço: áreas musicais (não, ciclos, Kulturkreis) Psicológicas Idioletos Nossa música

Percepção Normal – como seria? Outras espécies? Excepcional – precocidade, talento? Aberrante (Oliver Sacks, Alucinações musicais) Espiral da percepção motivação, conhecimento, observação, compreensão, reinicia o ciclo Apreciação Critérios: formal, psicodinâmico, correlativo, conjugado Holismo (doutrina)

Músicos e Musicólogos Variedade de perfis Atitudes: dos ateóricos aos hiperteóricos: pró-teóricos e pró-práticos produtivos Arte ou ciência: arte e ciência Técnica: exercício versus estudo TEMPO PARA UM EXPERIMENTO? Música da palavra Música do corpo Rítmicas diferentes

Cultura Música Música Cultura Contextos como perante na na perante

Poderes e Controles Sócio-culturais Paradoxo do faz-de-conta (cultura brasileira) Etnocentrismo Preconceitos Ainda epistemes e paradigmas Usos e funções Dosagem (tutela e cartolas por todo lado) Tolerância ao insulto cantado Responsabilidades e riscos

Complexidade sem Confusão Simplismo Caminhos para o conhecimento: tempo zerado (sincronia, estrutura) e tempo variável (diacronia, processo) Musicologia (conjunção) e musicologias (disjunção)

Modelo tripartido de Alan Merriam Conceitos Comportamentos Produtos

Modelo Cibernético Meio ambiente + Homem Meio ambiente + Homem Tecnologia Organização Social Ideologia (Cultura) Música (subsistema) Meio ambiente + Homem Tecnologia Organização Social Ideologia (Cultura) Música (subsistema)

À la Foucault Música Superfície do “econômico : conflitos - regras Superfície do “filológico”: sistemas - significados Superfície do “biológico : necessidades - normas Música t ≠ 0 (processos) t = 0 (estruturas)

Disciplinaridade e Interdisciplinaridade Semelhança e diferença: comparação, reduções, superficialidade Unidades e eixos Análises e hermenêutica Fases do estudo: descrição, interpretação, explicação ou compreensão “Teoria” e artinhas (nossa obsessão com a escrita e as gramáticas)

Disciplinaridade e Interdisciplinaridade O que se pode estudar: Quadro de Aristides Quintilianus (c. 300) e versão moderna de Claude Palisca (“Theory, theorists” in New Grove) Uma busca necessária para o dia-a-dia: interdisciplinaridade: Interna = disciplinaridade = mínimos essenciais Externa = convergência na base teórica Equívoco = fomento pela proximidade física (por cima) Risco = oba-oba (REUNI, IHACMS), descontinuidade na formação Ruptura entre a execução e a reflexão nas escolas de arte

Disciplinaridade e Interdisciplinaridade O que se pode ensinar: Conteúdos flexíveis, adaptáveis aos tempos e aos contextos, em estrutura curricular atenta ao fenômeno musical Ensino integrado com foco na literatura e percepção, recriação das teorias; tutoriais; integrações Impropriedade de adjetivos no batismo do que não se sabe: “qualificação“ de cursos e continuum de Mantle Hood: opção “nossa música” Suspensão temporária do descrédito: (des)orientadores e (des)orientandos Autocrítica: fomento da dúvida (antes e depois, não durante o fazer) Troca de paranoia por credenciamento sensato para trabalho coletivo e vôo solo Ética: servir Ética: não ser chato Ética: ainda ética (deontologia)

Bibliografia e Metodologia MUS 502 e 503 como ementa impraticável O ROBIM como um roteiro de vida [http://www.citeulike.org/user/maviriveiju/tag/robim] Smetak: “tentei, tentei, mas não consegui”. E daí?

Espero não ter sido chato. Grato pela paciência. FIM Espero não ter sido chato. Grato pela paciência. Manuel Veiga mveiga@ufba.br

Aristides Quintilianus (c. 300 d.C.) Conhecimento Musical Teórico (theoretikon) Natural (physikon) aritimético (arithmetikon) natural (physikon) Artificial (technikon) “harmônico” (harmonikon)  rítmico (rhythmikon) métrico (metrikon) Prático (praktikon) Criativo (crestikon) melo-poético (melopoiia) (relativo a canto) temporal (rhythmopoiia) poiético (poiēsis) (composição de música e poesia) Performativo (exangeltikon) instrumental (organikon)  vocal (ōdikon) dramático (hypokritikon)

Quintilianus atualizado por Claude Palisca Teórica Científica: 1. matemática, 2. física, 3. psicológica, 4. fisiológica, 5. antropológica, 6. sociológica Técnica: parâmetros: 1. altura, 2. duração, 3. timbre Crítica: 1. analítica, 2. estética, 3. valorativa Histórica Prática Criativa: 1. composição escrita, 2. improvisação, 3. sintética (tape, computador, etc) Pedagógica: 1. melodia, 2. harmonia, 3. contraponto, 4. orquestração, etc Performativa: 1. instrumental, 2. vocal, 3. eletrônica ou mecânica, 4. dramática e coreográfica Funcional: 1. pedagógica, 2. terapêutica, 3. política, 4. militar, 5. recreativa

Música “são”? Músicas Músicas Poiético Estésico Zona Neutra Poiético