Filosofia da educação musical Tramas e fios – pag
Filosofia da educação musical Os antigos métodos de ensino já não cumprem integralmente sua função, tendo que se adaptar à nova realidade. Meados do séc. XX : Educação musical utilitária cede lugar à educação musical fundamentada na qualidade estética -> Bastante forte na América do Norte e na Inglaterra. 1958: Primeira vez que a Sociedade Nacional para o Estudo da Educação Musical fornece linhas diretoras para o estabelecimento de uma filosofia da educação. Aparecem Bennett Reimer e Abraham Schwandron seguindo a linha de reflexão de John Dewey, Suzanne Langer e Leonard Meyer. Dewey coloca a arte no centro da sala de aula. Exerce influência no Brasil através de Anísio Teixeira.
Langer compreende a música como o espaço onde não há mais realidade tangível. Não aceita a música como objeto de estudo físico, fisiológico e psicológico do som, opõe-se à linha da psicologia experimental. A duração não é um fenômeno mensurável, é a imagem do tempo "vivido", que somente pode ser "medido" em termos de sensibilidade, tensão e emoção. Langer é filósofa e não educadora mas suas ideias afetam a educação musical. Meyer organiza as maneiras de entendimento da música em dois campos: Referencialistas: que se utilizam da música como representação de fatos e fenômenos externos a ela. Absolutistas: que se dividem em absolutistas formalistas, que acreditam que a música nada expressa além dela mesma, e os expressionistas, que acreditam que música é uma forma simbólica com estreitas similaridades com os sentimentos humanos.
Bennett Reimer Pertence ao grupo de educadores "filósofos" que priorizam a reflexão a respeito da prática, enfatizando os aspectos valorativos e procurando determinar a natureza e o valor da música e da educação musical. Seu foco de interesse é o reconhecimento do valor da música e da educação musical. Seu pensamento pode ajudar a pensar no porquê da falta de interesse na presença da música no currículo da escola brasileira. Discute educação musical nos seus mais variados contextos. Acredita que a educação musical necessita de uma filosofia que a auxilie a firmar-se como área autônoma. "O impacto que ela tem na sociedade depende, em grande escala, da qualidade do entendimento da profissão e do que ela pode oferecer de valor para a sociedade" (Reimer, 1970, p.3) Em seu livro carrega nas tintas, na condução de sua argumentação a respeito das abordagens com o qual não concorda.
Bennett Reimer Descarta qualquer possibilidade de escuta referencial. Não reconhece música como linguagem.Organiza seus argumentos de modo a mostrar que o processo criativo (subjetivo, dinâmico e pluridirecional) se distancia do comunicativo (clara, objetiva, estável e monodirecional), portanto, da linguagem. Segundo Fonterrada, diferente do que Reimer aponta, o processo comunicativo é complexo, não totalmente previsível e definível e é impossível analisar seu componentes por conter muitas variáveis e envolver conteúdos conscientes, inconscientes e pré-conscientes.Por outro lado o processo criativo nem sempre parte de um "impulso inicial" mas de uma matriz que se identificaria com o processo de comunicação apresentado por Reimer. Defende a educação musical estética tendo por case a ideia da música como facilitadora da "educação dos sentimentos".
Keith Swanwick Professor de educação musical no Instituto de Educação da Universidade de Londres, regente e também já foi professor para adolescentes em escolas de educação geral. Dá grande relevância ao conhecimento intuitivo que resulta da experiência musical e à relação dinâmica entre intuição e análise. Fundamenta sua teoria no pensamento de Benedetto Croce que defende que o conhecimento pode ser intuitivo ou lógico, individual ou universal. Acredita que é melhor pensar na estética a partir de sua raiz, que indica "conhecimento obtido pelos sentidos, a base sensória a partir da qual habilidade e consciência de expressão e de forma são postos a trabalhar artisticamente" (Swanwick, 1994, p.35), discordando assim de Reimer. Entende que estética e arte não são sinônimos. Depois de anos de reflexão e busca por bases psicológicas do conhecimento musical chega à conclusão de que o conhecimento artístico não é um domínio separado das outras atividades da mente. "Minha posição é que o crescimento do conhecimento, em qualquer nível, emerge intuitivamente e é nutrido e direcionado pela análise. O conhecimento musical não é exceção e observar e participar do fazer musical das crianças nos oferecer outras descobertas quanto a essas estruturas e processos.” Desenvolveu uma teoria da aprendizagem de música que ficou conhecida como Teoria Espiral.
No modelo espiral, a crianças passa, sucessivamente, pelos blocos "material, "expressão", "forma" e "valor" e, em cada um deles, experimenta cada proposta, atividade ou ação, de início intuitivamente e, depois, pela análise. Parte do intuitivo para chegar ao lógico e do individual para chegar ao universal. Nenhum tipo de experimento é neutro. Teoria Espiral – Keith Swanwick
David Elliot Professor da Universidade de Toronto, tem como principal interlocutor Bennett Reimer. Pesquisa engajada em questões sociais. Crítico da proposta de educação musical "estética", que, segundo ele, concebe a arte desterritorializada, descontextualizada e não comprometida com a realidade humana. Alinha-se a Swanwick por discordar da "visão idealista" de Reimer, porém se afasta por considerar a prática social, e não a estrutura psicológica, determinante da prática musical. Considera errôneo conceber obras musicais como objetos autônomos. Também discute a questão da natureza e do valor da escuta e das obras musicais. Chama de "musicalidade" o conjunto multidimencional de conhecimentos da qual dependem todas as formas de musicalização. Musicalidade e escuta são dois lados da mesma moeda.
Discussão Ellit adota uma visão estreita a respeito da educação estética. Para ele o conceito apresentado por Reimer e outros pesquisadores é reducionista. Swanwick discorda no entendimento de "estética" e de "arte". O próprio conceito de estética e arte não está suficientemente discutido entre os educadores musicais. No Brasil há falta de acesso a esses autores. A principal função da arte é atingir outras dimensões de si mesmo e ampliar e aprofundar seus modos de relação consigo próprio, com o outro e com o mundo. "Embora, à primeira vista, possa parecer que os três autores situam-se em campos opostos, na verdade seus pontos de vista não são excludentes; cada um examina a música por um ângulo e, com isso, contribui para o aprofundamento das questões que cercam a educação musical e sua prática."