Prof. Ms. Wesley Luis Carvalhaes

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Transcrição da apresentação:

Prof. Ms. Wesley Luis Carvalhaes LITERATURA E INFÂNCIA “Ainda acabo fazendo livros onde nossas crianças possam morar.” Monteiro Lobato Prof. Ms. Wesley Luis Carvalhaes UEG – UnU Inhumas

Desenvolvimento Humano Literatura e Desenvolvimento Humano A Psicologia do Desenvolvimento Humano “O desenvolvimento humano caracteriza-se como fenômeno complexo, dinâmico e situado em marcos espaço-temporais concretos” (ARAÚJO; OLIVEIRA, 2010). Base: psicologia sócio-histórica, identificada por Vygotsky como teoria histórico-cultural. Vygotsky (1978; 1998, 2003) afirma que os fenômenos psíquicos são complexos; sua gênese encontra-se na cultura e na sociedade.

A cultura e a sociedade são contextos em que se dá a “transformação integrada e constante dos fenômenos mentais” (ORIONTE; SOUZA, 2007, p. 107). Posição oposta à orientação idealista e materialista mecanicista que dominava a psicologia no início do século XX. Para a psicologia sócio-cultural, o desenvolvimento humano é um processo dialético e complexo. Visão inovadora acerca do processo de desenvolvimento, contrariando a modelagem linear e objetivista (funções como resposta a dificuldades e barreiras relacionadas a uma circunstância específica).

Na perspectiva da teoria histórico-cultural, o desenvolvimento humano é “um processo dialético complexo, caracterizado pela periodicidade, desigualdade no desenvolvimento de diferentes funções, metamorfose ou transformação qualitativa de uma forma em outra, imbricamento de fatores internos e externos, e processos adaptativos que superam os impedimentos que a criança encontra” (VYGOTSKY, 2003, p. 96). A psicologia sócio-histórica rejeita a ideia de uma natureza humana independente das formas culturais específicas, algo como uma essência universal do homem.

Ao atuar em sistemas concretos de atividades, cada um constrói e reconstrói sua consciência, configurando o mundo externo historicamente constituído e compartilhado em realidade internalizada (ANDRIANI, 2003). A atividade social é mediada por instrumentos materiais e simbólicos é o contexto no qual o ser humano vivencia e se apropria da produção histórica da humanidade (ROSA, 2003), estabelece relações com a realidade cultural e com os outros homens, construindo a história e transformando a realidade (VYGOTSKY, 2003). O homem é visto como parte de sistemas de crenças e valores (ARENDT, 2004; VALSINER, 1997).

O que é literatura? Arte; produto cultural; objeto cultural. Para Antônio Cândido, em sua obra Direito Humanos e Literatura, é uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita, o que a torna um direito e fator indispensável da humanização; assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem o sonho, pode não haver equilíbrio social, sem a literatura. Literatura como atividade simbólica por meio da qual se estabelecem as relações humanas, em um processo constante de significação e ressignificação.

Como pensar a literatura infantil? Para pensar a literatura infantil, é preciso pensar: quem é seu leitor? Até o Século XVII, as crianças conviviam igualmente com os adultos, não havia um mundo infantil, diferente e separado, ou uma visão especial da infância. Não se escrevia, portanto, para as crianças. Com as mudanças de uma nova estruturação familiar a criança passa a ser vista como um ser humano com necessidades próprias, e um tempo diferente para o seu desenvolvimento.

Os primeiros livros para crianças surgem somente no final do século XVII escritos por professores e pedagogos. Estavam diretamente relacionados a uma função utilitário-pedagógica e, por isso, foram sempre considerados uma forma literária menor. A produção para a infância surgiu com o objetivo de ensinar valores (caráter didático), ajudar a enfrentar a realidade social e propiciar a adoção de hábitos. Essa função utilitário-pedagógica ainda persiste na produção de muitas obras (ZILBERMAN, 1985; PALO; OLIVEIRA, 1986).

A literatura infantil propriamente dita partiu do livro escolar, do livro útil e funcional, de objeto eminentemente didático (ZILBERMAN, 1985). Será que esse caráter fica marcado em nossa prática? O que dizer sobre perguntas do tipo: O que o autor quis dizer? O que você entendeu sobre o livro? O texto literário, assim como a música, é arte. A arte é feita para ser compreendida? É necessário sistematizar o que se experimenta quando se tem contato com um objeto artístico? Se cantamos para os bebês, por que não lermos para os bebês?

Importância da literatura na infância Despertar o gosto pela leitura. Possibilitar à criança, desde a mais tenra idade, o trabalho com as construções simbólicas. Propor o trabalho com temas relacionados à vida social. Proporcionar momentos de prazer pelo trabalho com a fantasia, com o “faz de conta”. Por meio da ficção, da história, podem-se se trabalhar os aspectos afetivo, intelectual e social (CADERMATORI, 1987). Iniciar a criança em discussão de temas de difícil tratamento objetivo (a morte, por exemplo).

Entre

Referências ARAÚJO, Cláudio Márcio de. OLIVEIRA, Maria Cláudia L. S. de. Significações sobre desenvolvimento humano e adolescência em um projeto socioeducativo. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 26, n. 3, p.169-194, 2010. CADEMARTORI, Ligia. O que é literatura infantil. 4 ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 4 ed. São Paulo: Global Ed., 4ª ed., 1985. PALO, Mª José e OLIVEIRA, Mª Rosa . Literatura  Infantil - Voz de criança. São Paulo: Ática, 1986.