MIELOMENINGOCELE ASPECTOS PSICOLÓGICOS ELIZENE DOS REIS OLIVEIRA – PSICÓLOGA HELENICE MEIRELLES ANDRADE - PSICÓLOGA
Diversas patologias podem causar deficiência física no indivíduo, deixando sequelas em seus organismo, que retardam seu desenvolvimento psicossocial e afetivo e dificultam sua independência no campo pessoal, familiar, social, educacional e profissional.
Trata-se de um quadro clínico congênito, podendo gerar prejuízos irreversíveis ao desenvolvimento global do indivíduo. Há possibilidade de déficit cognitivo em decorrência da hidrocefalia. Quanto mais cedo a comunicação e o esclarecimento sobre o diagnóstico, menos os pais alimentarão as fantasias criadas durante os nove meses de gestação em relação ao nascimento de seus filhos idealizados.
Quanto mais visíveis são os defeitos, mais imediatas são as reações, maiores serão as dúvidas que envolvem o problema. A crise e o enfrentamento começam quando os pais recebem o diagnóstico da doença. A reação desses pais é de choque e pode ser acompanhada de negação.
?...Foi após o nascimento que soubemos que ela tinha mielomeningocele, tomamos um susto, o que era aquilo, não sabíamos nem falar o nome do problema dela, pesquisamos na internet, nunca tivemos uma situação desta na família, depois o médico explicou que ela nasceu com o finalzinho da coluna aberta...?
Nesse primeiro estágio é comum os pais tentarem negar a realidade ou a gravidade da condição do filho; isso lhes permite ter esperança de que a criança possa melhorar.
Os pais podem usar mecanismos de enfrentamento para lidar com a tristeza e a preocupação com seu filho. Os mecanismos de enfrentamento são: a negação, a raiva, a culpa (forma que a raiva toma quando se internaliza), e a intelectualização.
A família precisa se reorganizar no que se refere ao aspecto emocional após o impacto inicial frente ao nascimento de uma criança com DF. É significativa a importância da família no que se refere a postura frente a situação de deficiência, implicando diretamente na maneira como o DF se percebe e lida com suas dificuldades no cotidiano.
Na Escola É muito importante que a criança com mielomeningocele frequente a escola regular, onde ela possa desenvolver seu potencial intelectual e interagir com outras crianças. É na escola que ela aprende a confiar em si mesma, percebendo que é capaz de realizar a maioria das atividades.
O aluno com deficiência física deve ser olhado como um sujeito que, apesar de possuir uma especificidade que o diferencia dos demais, é capaz de responder com competência às exigências do meio, desde que lhe sejam oferecidas as condições necessárias. Ele percebe que suas capacidades equiparam-se às dos outros alunos e que sua diferença, em função de sua deficiência física, não é um fator limitante para o seu conhecimento.
ENFRENTANDO AS SITUAÇÕES DO COTIDIANO As interações sociais são consideradas como um importante fator do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento sócio- emocional dos indivíduos. As habilidades pessoais podem facilitar os relacionamentos, as tomadas de decisões, o enfrentamento das situações do cotidiano e melhorar a qualidade de vida e a saúde das pessoas.
O temor da diferença marca a dificuldade de aproximação dos outros, reduzindo assim as oportunidades de interação entre os jovens deficientes e seus companheiros escolares, levando ao isolamento.
Assim, o problema enfrentado pelos alunos no desenvolvimento das interações sociais pode ser influenciado por vários aspectos, como: as seqüelas aparentemente visíveis que causam estranhamento no grupo social; o processo de superproteção familiar, e também a própria restrição motora, que pode impedir a criança de iniciar espontaneamente as trocas sociais.
O isolamento social e a frustração de não se incluir, ou sentir-se diferente, pode trazer problemas emocionais ( raiva, explosões, ansiedade,depressão).
Jovens com hidrocefalia e mielomeningocele parece ter diminuídas as oportunidades para interagir e competir com seus pares, mostrando às vezes dificuldades para se engajar em conversação significativa. Por exemplo: crianças com hidrocefalia são verbais, mas freqüentemente suas conversas são pouco profundas
Elas podem parecer imaturas, pois são lentas ao processar a informação recebida de seus colegas. Sutilezas de expressão ou decoro social não são entendidas. Elas podem parecer menos socialmente maduras que seus colegas.
Nem toda criança com hidrocefalia e/ou mielomeningocele enfrenta esses problemas, mas é importante estarmos cientes da possibilidade disso acontecer
ESTRATÉGIAS É muito importante que as questões emocionais e sociais sejam reconhecidas e percebidas. É crucial que haja intervenção cedo. Buscar uma consciência não só das limitações impostas por um quadro clínico mas também de suas possibilidades: Melhorar a autoimagem e autoestima;
Favorecer a inserção escolar e social; Incentivar a autonomia e independência; Promover e encorajar a vivência e elaboração de sentimentos ditos ‘‘negativos’’, através de escuta e acolhimento.
“O que sabemos fazer, aprendemos fazendo”. ( Aristóteles)