Luiz Fernando de Paula Professor da Faculdade de Ciências Econômicas do Estado do Estado do Rio de Janeiro (UERJ ) e Vice-Presidente da Associação Keynesiana.

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Transcrição da apresentação:

Luiz Fernando de Paula Professor da Faculdade de Ciências Econômicas do Estado do Estado do Rio de Janeiro (UERJ ) e Vice-Presidente da Associação Keynesiana Brasileira

Subprime e securitização da hipoteca Empréstimos hipotecários com taxas de juros ajustáveis para indivíduos que não tinham renda suficiente e regular (subprime). Obrigações hipotecárias garantidas (títulos lastreados em hipotecas). Instituições financeiras e fundos de investimentos vendem essas obrigações para investidores institucionais de qq lugar do mundo. Securitização: títulos lastreados em dívidas emitidos nos mercados de capitais para financiar empréstimos. Esses ativos recebem classificação de grau de investimento (acima de BBB+) de uma agência de rating.

A crise... Crença de que preços das imóveis continuariam a subir para sempre (em caso de inadimplência, casa pode ser vendida com lucro). Contudo, a medida que os juros dos empréstimos imobiliários aumentam, eleva a inadimplência, comprometendo o retorno sobre os ativos hipotecários securitizados. Bancos são obrigados a informar acerca da perda desses títulos (marcados pelo valor de mercado) e agências de risco rebaixam os mesmos. Crise de crédito transforma-se em uma crise de liquidez, detonando uma crise de confiança no sistema financeiro Queda no valor dos ativos securitizados gera uma deflação de dívida -> CRISE FINANCEIRA SISTÊMICA!

Mas qual a causa da crise? Economistas liberais atribuem a política monetária frouxa do FED, que seria responsável pela bolha de ativos. Mercados financeiros regulamentados tendem a ser pouco inovadores e ineficientes. Visão keynesiana: crise financeira é resultado fundamentalmente da falta de regulamentação dos mercados financeiros. Regulamentação é necessária devido ao problema de assimetria de informações e instabilidade que é intrínseca ao funcionamento desses mercados. Desregulamentação financeira: a) Fim das barreiras entre mercados domésticos. b) Liberalização dos fluxos (desregulamentação da conta de capital do balanço de pagamentos).

Ainda a desregulamentação financeira.... Acirramento da concorrência bancária e queda nas margens de intermediação financeira: conglomeração financeira e aumento da escala de operação. Instituições financeiras procurar explorar diferentes mercados, inclusive de baixa de renda. Securitização em tese serviria para diluir riscos, mas na prática serve para esconder riscos! Mecanismos de auto-regulação do setor são falhos devido ao caráter pró-cíclico da tomada de risco. Criação de novos instrumentos financeiros não- regulamentados. Omissão dos reguladores? Minsky: “estabilidade é instabilizante”

Pode ela acontecer de novo? Peculiaridades da crise atual: a) Crise da globalização financeira. b) Epicentro da crise nos países centrais (EUA, Europa...). c) Contágio muito rápido, com efeito direto (canal financeiro) e indireto (via comércio internacional). d) Desaceleração econômica maior nos países desenvolvidos (1,5% em 2008) do que nos países em desenvolvimento (6,9%). e) Big Bank e Big Government.

Países em desenvolvimento Vários países com superávit em conta corrente. Nível de reservas elevados (2007): Brasil US$ 179 bilhões; India US$ 299, Rússia US$ 464; China Regimes cambiais flexíveis (ao contrário dos anos 90). Não há crises cambiais como nos anos 90! Em boa parte dos países não houve um contágio financeiro direto. Impactos: fuga de capitais e desaceleração do comércio mundial: preços das commodities. Mercado de títulos em geral ainda pouco desenvolvido.

Brasil Bom nível de reservas cambais. Poupança predominantemente doméstica (juros elevados e elevada liquidez dos fundos). Boom do mercado de títulos ainda insuficiente. Impacto da crise: acesso a fundos externos bancos e firmas e saída de capitais de não-residentes (aplicação em bolsa). Crise externa não causa crise fiscal! Estado com posições ativas líquidas em moeda estrangeira. Rápida deterioração das expectativas: crise de confiança e maior preferência pela liquidez dos bancos (retração do crédito).

Resposta a crise Capacidade razoável de resposta do Estado. Bancos de desenvolvimento (BNDES). Descoordenação de políticas macroeconômicas? Setor bancário robusto!? Resposta um pouco lenta do governo: demora na redução da taxa de juros, dificuldade em deslanchar os investimentos públicos.

Alternativa oficial (G20 etc.) De modo geral, sugere ajustes nos métodos de supervisão, mas sem mudanças significativas. Melhor administração de riscos, em particular das “operações fora do balanço”. Aprimoramento dos Acordos da Basiléia e expansão não definida do número de membros do Forum de Estabilidade Financeira. Maior cooperação entre reguladores dos países. Regras de conduta mais estritas para agências de classificação de riscos. Disciplina do mercado?

Caminhos para países emergentes Ponto de partida: mercados financeiros são importantes para o crescimento mas são inerentemente instáveis. Logo, sistema financeiro tem externalidades positivas e negativas que justificam maior regulação. Bancos públicos de desenvolvimento. Re-regulamentação extensiva para incluir diferentes modalidades de instrumentos e instituições financeiras. Ao invés de regulação prudencial, fixação de índices de alavancagem e de liquidez que limitem exposição dos bancos ao risco. Desenvolvimento do mercado de títulos. Controle dos fluxos de capitais?