Linguagem e Pensamento Filosofia 2º Ano
A importância da Linguagem Na abertura da sua obra Política, Aristóteles afirma que somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais possuem voz (phoné) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (lógos)e, com ela, exprime o bom e mau, o justo e injusto. Na mesma linha é o raciocínio de Rousseau:
“A palavra distingue os homens e os animais; a linguagem distingue as nações entre si. Não se sabe de onde é um homem antes que ele tenha falado” Escrevendo sobre a teoria da linguagem, o linguista Hjelmslev afirma que “a linguagem é o instrumento graças ao qual o individuo influencia e é influenciado; a base mais profunda da sociedade humana”.
A força da linguagem Ela está sempre à nossa volta, sempre pronta a envolver nossos pensamentos e sentimentos, acompanhando-nos em toda a nossa vida. Em Gênese, na Bíblia judaico-cristã, Deus cria o mundo do nada, apenas usando a linguagem: “E Deus disse: Faça-se!”. Porque Ele disse, foi feito. A palavra divina é uma força criadora.
A origem da linguagem A linguagem é natural aos homens ou é uma convenção social? A linguagem como capacidade de expressão dos seres humanos é natural, mas as línguas são convencionais, isto é, surgem de condições históricas, geográficas, econômicas e políticas determinadas, ou, em outros termos, são fatos culturais.
Perguntar pela origem da linguagem levou a quatro tipos de respostas: 1.A linguagem nasce por imitação: os humanos imitam, pela voz, os sons da natureza. 2.A linguagem nasce por imitação dos gestos; nasce como uma espécie de pantomima ou encenação, na qual o gesto indica um sentido. 3.A linguagem nasce da necessidade: a fome, a sede, o frio levaram à criação de palavras, formando um vocábulo elementar e rudimentar que, tornou-se complexo e transformou-se numa língua.
4.A linguagem nasce das emoções, do grito, choro e do riso. Assim, para Rousseau, a linguagem, por nascer das paixões, foi primeiro linguagem figurada e por isso surgiu como poesia e canto, tornando-se prosa muito depois; e as vogais nasceram antes das consoantes.
Empiristas e intelectualistas diante da linguagem Para os empiristas, uma imagem é a associação de vários elementos independentes que provêm da sensação e dos movimentos corporais e são unificados pela mente do sujeito. A linguagem é um conjunto de imagens corporais e mentais formadas por associação e repetição e que constituem imagens verbais, isto é, as palavras.
Os intelectualistas, embora aceitem que a possibilidade para falar, ouvir, escrever e ler esteja em nosso corpo (anatomia e fisionomia), afirmam que a capacidade para a linguagem é um fato do pensamento ou de nossa consciência. A linguagem é apenas a tradução auditiva, oral, gráfica ou visível de nosso pensamento e de nossos sentimentos.
A história de Helen Keller A grande prova dos intelectualistas contra os empiristas foi a história de Helen Keller. Nascida cega, surda e muda, Helen aprendeu a usar a linguagem sem nunca ter visto as coisas e as palavras, sem nunca ter escutado ou emitido um som. Se a linguagem dependesse exclusivamente de mecanismos e disposições corporais, Helen jamais teria chegado à linguagem.
Helen sentia correr a água de uma torneira, enquanto a outra mão segurava um lápis e, guiada por sua professora, ia traçando a palavra água. Assim, a linguagem seria um fato puro da inteligência, uma atividade intelectual simbólica e de compreensão, uma pura tradução de pensamentos.
A inteligência A inteligência é uma atividade que tem por objetivo realizar nossa adaptação ao meio pelo estabelecimento de relações entre meios e fins para a solução de um problema ou de uma dificuldade. Difere-se de instinto e hábito. O instinto é inato e o hábito adquirido.Instinto e hábito são formas de comportamento cuja principal característica é serem específicos.