Introdução à Sociologia FD-USP Introdução à Sociologia Alexandre Abdal Aula 09 2017

Estrutura da aula: Retomar aula passada O suicídio A noção de fato O suicídio como fato social O suicídio A importância analítica da taxa de suicídio Tipologia dos suicídios Integração (e desintegração) social A noção de solidariedade social

Referências: Obrigatórias DURKHEIM, 1973. Cap. V (275-322). Complementar DURKHEIM, 2003. Caps. 10, 11 e 12 (pp. 108-122).

Características dos fatos sociais: “(...). Nossa definição compreenderá, pois, todo o definido, se dissermos: é fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então, ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter [itálico do original]”. (DURKHEIM, 2003c: p. 52). Características dos fatos sociais: Independência e exterioridade em relação aos indivíduos Fatos sociais não podem ser reduzidos as suas manifestações individuais; Poder de coerção sobre os indivíduos; e Força coercitiva dos fatos sociais não é auto-evidente; só se percebe quando se tenta ir contra eles. Generalidade. Fatos sociais abarcam todos os membros de uma sociedade (ou grupos social).

Suicídio como exemplo por excelência Por que?

Quais são eles? O que os define? Exemplos? (Taxa de) Suicídio como predisposição de uma sociedade em fornecer contingente de mortos voluntários em certo período de tempo. (Cf DURKHEIM, 2003b). Nesse sentido, interessa à sociologia, investigar fatores que condicionam a variação (da taxa de) suicídio. Taxa de suicídio é “variável dependente”. Portanto, tarefa é separar causas individuais-particulares das causas sociais-gerais do suicídio. As primeiras interessam à psicologia. As segundas, à sociologia. Durkheim identifica três tipos de suicídios, cada um com conjunto diferente de determinantes. Quais são eles? O que os define? Exemplos?

Suicídio egoísta → individualização excessiva (suicídio como escolha individual) (homens deixam de ver razão na existência) Suicídio altruísta → individualização rudimentar (suicídio como obrigação social) (existência está fora dos homens) Suicídio anômico → individualização sem limites e/ou freios (suicídio como result. de paixões desmesuradas) (desregramento atinge existência dos homens) Tipos 1 e 3 de suicídios são próprios da sociedade moderna (sociedades de solidariedade orgânica). Supõe individualização. Tipo 2 de suicídio é próprio das sociedades primitivas (sociedades de solidariedade mecânica). Supõe ausência de individualização.

In Steinbeck, John. A América e os Americanos, 2004. Do que trata? Que história conta? A qual situação remete? A qual tipo de suicídio refere-se? Por que?

O que garante a integração social? Altas (taxas de) suicídio ↔ problemas quanto aos vínculos que integram indivíduos e sociedade. Altas (taxas de) suicídio expressam situações socialmente patológicas: proporção de mortes voluntárias artificialmente alta. Desdobramento: obs. fatores que determinam a integração social. Assim: O que garante a integração social? Por que as sociedades não se desintegram? O que mantém a coesão social?

Essa foi uma preocupação central na obra de Durkheim. Uma obra inteira foi dedicada a ela: Da divisão do trabalho social. Categoria central é a de solidariedade social. É ela que, do ponto de vista teórico e metodológico, possibilita a explicação dos fatores que levam à integração social. Tanto nas sociedades ditas primitivas quanto nas sociedades complexas (moderna). Solidariedade social é tipo específico de fato social que pode variar no tempo e espaço. Designa vínculos que interligam indivíduos entre si e com a sociedade. Portanto, solidariedade social é categoria explicativa da qualidade da integração social.