TERAPIA OCUPACIONAL E ARTE TEATRAL: ESTUDOS E PRÁTICAS PARA A CONSTRUÇÃO DE OFICINAS COM POPULAÇÃO EM DESVANTAGEM SOCIAL Autores: Bueno, J.C.S; Castro, E.D.;Coutinho, E.; Moraes, C.L. Co-autores: Marinheiro, E.; Kaltner, R.P; Fessel, T.; Frazão, F.C.G Colaborador: Antunes, J.R. Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional - FMUSP; Departamento de Artes Cênicas -ECA Agencia Financiadora: Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Palavras- chave: Linguagens artisticas;Arte teatral; Terapia Ocupacional; Intervenção Social; Criação Coletiva. Introdução e Objetivos: Este projeto, fruto de uma parceria entre Terapia Ocupacional e Artes Cênicas – âmbitos que potencializam as ações na interface arte-saúde -, visa atender o público em geral através da realização de uma oficina de experimentações teatrais. Inicialmente a oficina foi divulgada na comunidade USP Butantã, aos usuários do CAPS Lapa (Centro de Atenção Psicossocial) e do CECCO Previdência (Centro de Cultura e Cooperativa), localizados na cidade de São Paulo. Inserido nos campos da arte-educação e da saúde, o projeto utiliza-se da linguagem teatral como meio propiciador de experiências para sensibilização do olhar dos participantes para si, para os colegas de trabalho e para os ambientes por eles habitados. Pretendeu-se reconhecer as aplicações desta linguagem na área da saúde e auxiliar na formação profissional dos bolsistas, produzindo com estes estudantes uma reflexão sobre a repercussão da experiência em si mesmos e nos “oficinandos” neste grupo autogestado. Dessa forma, propõe um diálogo entre as distintas áreas que potencializam a experiência artístico-cultural de populações em desvantagem social. Métodos: Anteriormente à realização da oficina, o projeto se dedicou à formação dos bolsistas, propondo leituras e discussões teóricas, experimentação de práticas teatrais para criação de repertório e reuniões de elaboração das oficinas. A oficina foi coordenada coletivamente pelos bolsistas e planejada a partir de eixos norteadores para auxiliar na apropriação dos participantes em relação a cada atividade desenvolvida, sendo estes o Laboratório de Chegada; o trabalho de Consciência Corporal (Eutonia, de Gerda Alexander, e Somagramas, de Suely Rolnik); Exercícios sensoriais, de improviso e os Jogos Teatrais (Viola Spolin); e o Laboratório de Saída. Resultados: O trabalho de consciência corporal trouxe transformações imediatas, desde uma simples percepção de tensões até o aumento da flexibilidade. Ao longo da oficina, seguindo um pensamento processual, foi possível apostar em exercícios mais sutis e de maior exposição, uma vez que a disponibilidade e a apropriação dos participantes mostrou-se além do esperado. Como resultado positivo dentro da perspectiva de processo preterido pode ser apontada a presença continuada de aproximadamente dez participantes, sendo pelo menos três usuários do CAPS Lapa. Assim, pode-se dizer que houve a constituição de um grupo diante das propostas da oficina. Referências Bibliográficas: 1- ALEXANDER, Gerda. "Eutonia - Um Caminho para a Percepção Corporal". Ed. Martins Fontes, 1983; 2- CASTRO, E. D. Arte, corpo e terapia ocupacional: aproximação, intersecções e desdobramentos. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.11, n.1, p. 7-12, jan./abr., 2000; 3- DUARTE J., J. F.. Porque Arte Educação? Campinas-SP. Editora Papirus. 1991. 6a edição. Coleção Ágere. 4- FOUCAULT, Michel. "Ditos e Escritos" - Capitulo '1984 - A Ética do Cuidado de Sí como Prática da Liberdade'. pag. 265 – 293; 5- GUATTARI; ROLNIK. Micropolítica: Cartografias do Desejo. Petrópolis: Vozes, 1996, pp. 15-24. 6- JANUZELLI, Antônio. "A Aprendizagem do Ator". Ed Ática, 1986; 7- PELBART, P. P. Vida Capital. Ensaios de Biopolítica. São Paulo, Iluminuras, 2003. p. 19-27; 8- PELBART, P. P. Teatro Nômade. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.9, n.2, p. 62-9, mai./ago., 1998. 9- QUARENTEI, M. S. Criando Lugar(ES) para acolher a falta de lugar. Revista Interface –Comunicação, Saúde, Educação, v. 5, p.195-202, ago, 1999. 10- SPOLIN, Viola. Jogos Teatrais: o fichário de Viola Spolin SP: Perspectiva,2001. Conclusões: A proposta demonstrou-se potente para os bolsistas pela apropriação, tanto das tecnologias de cuidado desenvolvidas no campo da T.O. quanto dos exercícios e vivências na linguagem teatral. A gestão autônoma e coletiva foi uma das maiores inovações na prática da bolsa, tendo sido facilitada pela diversidade das formações dentro do grupo e sustentada pela supervisão semanal da orientadora Eliane Dias de Castro, que garantia a continuidade do trabalho.