INFECÇÕES DA ORELHA EXTERNA

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Transcrição da apresentação:

INFECÇÕES DA ORELHA EXTERNA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA - HUPES SERVIÇO DE OTORRINOLARINGOLOGIA INFECÇÕES DA ORELHA EXTERNA Dr. André Apenburg

Anatomia da Orelha Externa

Introdução Conceito Otite externa é um termo genérico que inclui qualquer doença que curse com inflamação ou infecção do meato acústico externo (MAE) e pavilhão auricular, podendo variar de simples inflamação a doenças fatais.

Introdução Fatores Predisponentes Ausência de cerúmen (asteatose) Traumatismos Supurações da orelha média Substâncias cáusticas Queimaduras Corpos estranhos Lavagens repetidas Alterações de temperatura e umidade do ambiente Banhos de imersão

Classificação OE Aguda Difusa OE Aguda Localizada OE Crônica OE Necrosante OE Fúngica Pericondrite Erisipela do Pavilhão

Otite Externa Aguda Difusa Etiologia Pseudomonas aeruginosa (50%) Staphylococcus aureus (20-30%) Gram + (C. diphiteriae, Staphylococcus sp, Streptococcus sp) Gram - (Bacterioides fragilis, Citrobacter sp, Enterobacter sp, E. coli, H. influenzae, Klebisiella sp, Proteus sp) Descamação do epitélio, eritema e diminuição da secreção ceruminosa Causas Retenção de água no MAE Corpos estranhos Corrimento purulento crônico de uma OM Ferimentos e escoriações do epitélio

Otite Externa Aguda Difusa Quadro Clínico - Sintomas Prurido Dor intensa irradiada para região temporal e mandibular → dor à mastigação Sensibilidade à palpação e manipulação Perda auditiva condutiva e plenitude auricular Edema e hiperemia difusa do MAE Pode chegar a obstruir completamente a luz do meato Estenose do meato pelo acúmulo de debris e secreções Associação com banhos de imersão (swimmer`s ear) Obs.: Pode simular uma mastoidite aguda

Otite Externa Aguda Difusa Quadro Clínico – Sinais Hiperemia do meato Estenose Otorréia purulenta Falsas membranas e lesões crostosas Nos quadros mais avançados, febre e linfonodomegalia

Otite Externa Aguda Difusa Estágios Evolutivos (Senturia e cols. - 1945) Estágio Pré-inflamatório: Sensação discreta de dor, edema e plenitude da orelha externa

Otite Externa Aguda Difusa Estágio Inflamatório Leve

Otite Externa Aguda Difusa Estágios Inflamatório Moderado

Otite Externa Aguda Difusa Estágios Evolutivos Severo

Otite Externa Aguda Difusa Complicações Abscesso periauricular Pericondrite Otite externa necrosante (se houver imunossupressão) Recidiva

Otite Externa Aguda Difusa Tratamento Cuidados locais Limpeza atraumática do MAE, aplicação de cremes contendo antibióticos e corticóides Analgesia Anti-inflamatórios não-hormonais, corticóides Antibioticoterapia Tópica 3 a 4 vezes ao dia - 5 a 7 dias (3 dias após o término dos sintomas) Neomicina, cloranfenicol, gentamicina, ciprofloxacina Sistêmica Manifestações gerais, infecções disseminadas

Otite Externa Aguda Localizada ( Furúnculo do MEA) Geralmente é localizada no 1/3 externo do MAE, onde há glândulas sebáceas e folículos pilosos Etiologia Staphylococcus aureus Quadro Clínico Sintomas: otalgia intensa e aguda, prurido e eventual hipoacusia decorrente de obstrução do conduto Sinais: edema, hiperemia do MAE e possível ponto de flutuação. Comum a reinfecção Furunculose do MEA  

Otite Externa Aguda Localizada

Otite Externa Aguda Localizada Tratamento Limpeza cuidadosa e delicada Curativo local com creme contendo antibióticos associados a corticosteróides fluorados Antibióticos por via sistêmica Analgésicos, anti-inflamatórios Calor local por meio de compressas 3 a 4 vezes/dia durante 15 minutos Drenagem

Otite Externa Crônica Doença de etiologia mista (Infecção x Hipersensibilidade) Etiologia Culturas são negativas ou com flora não patogênica Quadro Clínico Sintomas Prurido intenso, desconforto leve e hipoacusia. Geralmente indolor Sinais Asteatose do MAE, com pele seca e hipertrófica com estenose parcial Otorréia mucopurulenta pode ser observada → agudizações

Otite Externa Crônica

Otite Externa Crônica Tratamento Objetivo: restaurar a pele normal do MAE e promover a produção de cerúmen Local Agentes ceratolíticos (como ácido salicílico a 2%) com corticóide fluorado Curativo: remoção dos debris Anti-histamínicos → controle do prurido Antibióticos → agudizações

Otite Externa Necrosante/Maligna É uma infecção grave da orelha externa e base de crânio tipicamente vista em diabéticos, idosos e imunocomprometidos Epidemiologia Pacientes imunocomprometidos, principalmente diabéticos (90%) Pacientes com HIV/AIDS Taxa de mortalidade é elevada: 20% quando não há nenhum par craniano envolvido 50% com paralisia facial periférica 60% com outros pares cranianos envolvidos

Otite Externa Necrosante Microbiologia Pseudomonas aeruginosa Odor fétido característico Afinidade por vasos (angeíte necrotizante) Trombose com isquemia distal, liberando toxinas e enzimas proteolíticas Necrose tissular Aspergillus Evolui tipicamente a partir de infecção na orelha média ou mastóide

Otite Externa Necrosante Fisiopatologia Diabetes Macro e microangiopatia. Progressão MAE, invade osso temporal pela junção ósteo-cartilaginosa, causa osteíte ou osteomielite de onde segue até a mastóide, podendo progredir para ossos da base do crânio.

Otite Externa Necrosante Quadro clínico Início insidioso semelhante a OE difusa Otalgia fora de proporção Tecido de granulação no assoalho do MAE próximo à junção ósseo-cartilaginosa Edema do tecido celular adjacente ao MAE Linfadenopatia Trismo Contratura dolorosa dos masseters Paralisia facial periférica Mal prognóstico

Otite Externa Necrosante

Otite Externa Necrosante Diagnóstico Hemograma Bacteriologia e cultura da otorréia Glicemia VHS (sempre elevado) Exames de imagem Biópsia do tecido de granulação

Otite Externa Necrosante Exames de Imagem Finalidade: diagnóstico da osteomielite de base de crânio e avaliação da progressão da doença. Tomografia Computadorizada (TC) Osteólise do osso temporal até a base do crânio. TC normal não descarta OE maligna. Ressonância Nuclear Magnética (RNM) Complementar à TC. Mostra melhor invasão de partes moles e de medula óssea.

Otite Externa Necrosante Cintilografia com tecnécio 99m (Tc) Cintilografia com Gálio (Ga) Boa sensibilidade e especificidade Exame de escolha para monitorizar a evolução clínica e resposta a terapêutica Diagnóstico precoce de osteomielite; Fixa as zonas de atividade osteogênica que correspondem à destruição óssea provocada pela infecção; Positivo por aproximadamente um ano.

Otite Externa Necrosante Critérios para o diagnóstico Absolutos: Cintilografia com Tecnécio e/ou com Gálio positivas. Sugestivos: Tecido de granulação no assoalho do MAE; Cultura positiva para P. aeruginosa; DM ou imunodeficiência; Otalgia severa.

Otite Externa Necrosante Diagnóstico Diferencial Otite externa difusa rebelde; Tumores malignos da orelha externa; Colesteatoma de conduto; Úlceras inflamatórias; Tuberculose; Blastomicose.

Otite Externa Necrosante Tratamento Controle efetivo das condições gerais e locorregionais do paciente Debridamento local extenso Antibioticoterapia endovenosa Quinolonas de segunda geração Aminoglicosídeos Cefalosporinas anti-pseudomonas (ceftazidima) Tempo de tratamento varia de 6 a 9 semanas

Otite Externa Necrosante Complicações Paralisia facial periférica: envolvimento do forame estilomastoídeo ou por necrose do VII par em infecções avançadas; Síndrome do forame jugular que consiste na paralisia dos IX, X e XI pares que se manifesta com rouquidão, disfagia, aspiração e alterações respiratórias; Outras: trombose do seio sigmóide, meningite, abscessos cerebrais, neurite óptica, artrite séptica da ATM, sepse e morte.

Otite Externa Fúngica Etiologia Aspergillus e Cândida sp são os mais comuns; Aspergillus niger (colônia enegrecida), A. flavus (amarelada) ; C. albicans (esbranquiçada); Phycomycetes, Rhizopus, Actinomyces, Penicillium.

Otite Externa Fúngica

Otite Externa Fúngica Quadro Clínico Isolada: apresenta sintomatologia pobre, lenta e indolor no início, porém com prurido muitas vezes intenso; Associada à infecção bacteriana: apresenta-se com prurido, otalgia intensa, secreção abundante e grande desconforto; À otoscopia observa-se a presença de fungos de coloração negra, acinzentada, verde escuro, amarelada ou branca, com debris celulares no MAE. Pode cursar com perfuração da MT de fora para dentro Infecção da caixa do tímpano

Otite Externa Fúngica Tratamento Limpeza cuidadosa do meato acústico externo Acidificação do ambiente local (Timerosal ou Violeta de Genciana) Antifúngicos tópicos como clotrimazol ou clorfenesina Antifúngicos sistêmicos não são eficazes

Pericondrite Etiologia Complicação de infecções Trauma Pseudomonas aeruginosa Complicação de infecções Trauma Queimaduras e geladuras Quadro clínico Dor que se torna rapidamente intensa Irradia para cervical e temporal Supuração, por vezes, azul-esverdeada Pavilhão: calor local, flutuação, eritema, endurecimento com demarcação do lóbulo Pericondrite: derrame subpericôndrico que suprime o aporte nutricional Deformações cicatriciais mais ou menos intensas do pavilhão

Pericondrite

Pericondrite Tratamento Profilaxia Antibioticoterapia de amplo espectro (ciprofloxacina e ceftazidima) Abscesso subpericondrial flutuante requer imediata incisão e drenagem Evidência de necrose da cartilagem: debridamento Cicatrização por segunda intenção Deve ser feita analgesia vigorosa

Erisipela do Pavilhão Habitualmente causada por estreptococos beta-hemolíticos Secundária a otite externa ou trauma Quadro clínico Edema, calor, dor no pavilhão com borda de inflamação bem definida Aspecto de casca de laranja Propagação para regiões vizinhas na face Elevação de temperatura (39, 40C), calafrios e pulso rápido Tratamento Penicilinas Procaína ou benzatina

Erisipela do Pavilhão

Fim 26.09.2009