Problema de Aprendizagem Enrique Pichon Riviére

Neurose: é um problema de aprendizagem Visão Psicopedagógica: baseada no tripé epistemológico Pressupostos científicos: Psicanálise, Psicologia Social e Epistemologia Genética. Aprende-se quando desestabiliza o SNC Estágios: Conjugal (Indiscriminação) Medo ao ataque Medo á perda

Sujeito Meio Mãe Substrato Biológico Proto Aprendizagem Grupo Familiar Deutero Aprendizagem Comunidade Aprendizagem Assistemática Instituição Escolar Aprendizagem Sistemática

Níveis de dificuldade Semiológico: sintomas da aprendizagem sistemática e assistemática Patogênico: mecanismos internos, afetividade e cognição Etiológico: nível biológico e psicológico

Momentos da Aprendizagem Pertença _____Comunicação Cooperação ___Aprendizagem Pertinência ____Telê Mudança

Relação Dialética S O OBSTÁCULOS DA APRENDIZAGEM: Epistemofílico – Psicanálise: Medo à perda; ao ataque; indiscriminação; dificuldade em aceitar o novo. Epistemológico – Conceito de Bachelard: resistência em aceitar algo que irá de confronto com sua concepção de vida. Ex: o homem não foi à Lua. Epistêmico – Conceito de Piaget: estrutura cognitiva que delimita o conhecimento Funcional – falta de possibilidades de atuação por causas funcionais de órgãos ou de problemas emocionais ou cognitivos.

Enfoque psicanalítico e social Processos inconscientes que afetam os aspectos afetivos do desempenho escolar. Desempenho escolar influenciado por vetores que ora somam, ora anulam. Saúde Física Condições Sócio – econômica Conduta dos profissionais Filosofia da instituição Dinâmica familiar compõe o inconsciente e exerce papel fundamental em todo o comportamento. Interesse, motivação, capacidade de estabelecer relações e abstrações, envolvimento com os professores – todos eles são efeito de processos inconscientes.

Relação criança - professor Contra inteligência – manifestação de morte no plano intelectual ou seja o bloqueio interno as funções cognitivas. Relação – mãe – filho – experiências frustradas produzindo a introjeção da figura materna negativa danificando o desenvolvimento intelectual. Fontes inconscientes – As funções de atenção, discriminação e memória estão relacionados à tolerância, intolerância, capacidade / incapacidade, equilíbrio, frustração que ainda estão relacionados com o corpo da mãe como fonte de sobrevivência.

Pesquisa feita para investigar fatores psicológicos, psicodinâmicos e operatórios 1ª série do 1º grau: 37 crianças – 7 anos 23 desempenho regular 14 desempenho péssimo 10 nível social médio 27 nível social baixo Provas aplicadas – testes de Piaget e testes Projetivos Teste relacionado ao alimento: 80% relação positiva, desempenho regular. 100% relação negativa: insegurança.

O alimento representa a figura do adulto, a situação de aprendizagem é análoga – se a relação com o adulto é boa, a discriminação neste teste também é boa. Assim a escrita que é o domínio do adulto estará ou não ameaçada. Imagos Parentais – representações internas mentais que tem significados; não são retratos, mas idéias e sentimentos relacionados aos adultos; são formadas no convívio da criança com o adulto. Ex: A inveja é um processo que vem da pulsão de morte ou seja que querem destruir algo que não podem dominar. O adulto passa esta idéia para a criança que a absorve. O adulto fica danificado ou seja “frágil”, a criança percebe como uma imago negativa e projeta na aprendizagem o mesmo sentimento. O sentimento de gratidão é pulsão de vida ressalta os aspectos positivos – a idéia da criança será de adulto fonte protetor, patente – imago positivo. Inomia, sadismo, frustração, complexos, pulsões de morte que entram no ambiente familiar. Adultos violentos, inseguros – imago negativo. Adultos protetores, carinhosos, compreensivos – imagos positivos.

Desempenho Escolar – importância do ego no desenvolvimento. Importância do fenômeno transferencial na relação professor – aluno. Estabelecimento dentro do EGO de um objeto bom que permitira integração, coerência, força capacidade de amar, construir, criar. Se a imago for positiva ela tem recursos internos e externos para construir o conhecimento e a aprendizagem. Ela tem um porto seguro capaz de fazer frente as situações de ansiedades gerando confiança, produtividade e criatividade. Fenômeno transferencial: inferência na relação professor – aluno, pois a figura parental se fixa no papel do professor. O passado está sempre no presente. A relação é sempre vivenciada na história pregressa. A criança transfere para o professor a mesma imago parental seja positiva ou negativa. Brunner e Piaget trabalham o erro instrutivo: Os erros tem lógica e são postas para as soluções; localizar o significado do erro é condição para encontrar o caminho. Ex: Criança que escreve tauba em vez de tábua. Importante é estabelecer a diferença entre sua fala e a fala codificada.

Avaliação do professor: 1. valorizar o processo, não o produto 2. não usar sua onipotência, tentando colocar armadilhas. 3. buscar o que o educando sabe. 4. ampliar o referencial do professor. Ex: aipim – resposta mandioca. Queixas de aprendizagem: conversa, dificuldade de fala, escrita, troca de letras, dificuldade de subtração, divisão, multiplicação. Ex: agitado, mente, preguiçoso, exibido são formas de chamar atenção, de pedir socorro. Etapas não resolvidas por problemas emocionais ou cognitivos. Ex: conceito de necessidade. Ex: 7x5 = 35 não vai saber 5x7 Possibilitar o aluno a encontrar o erro – significa aproveitá-lo. Aprendizagem = prazer = função de reprodução = afetividade. Há 3 momentos: Estado confusional Medo ao ataque Medo a perda

Pesquisa: Psicopedagógica ano 1989, Periferia do Rio de Janeiro. Favela da UERJ, crianças de 8 a 10 anos – 1ª e 2ª série, pré – operatório, baixa renda, 1 ano de atendimento. Nível de apreensão dos conteúdos de leitura, escrita, cálculo, estruturas, aspectos sociais e cognitivos (ansiedades, medos, motivação, auto – imagem) história e a história (anamnese) Sintomas: lentidão, parada na aprendizagem, sexualidade, nível QI, evasão, repetência, agressividade. Caixa de trabalho: conteúdo simbólico, diagnóstico individual. Equipe: coordenadora e 2 observadoras. Técnica: grupo operativo – uma vez por semana. Pais – uma vez por semana. Queixa: desinteresse, apatia, rejeição ao material escolar. Atendimento: 1° momento: desorganização do material, confusão entre o que serve e o que não serve, o que sei e o que não sei, o que posso e o que não posso. Não discriminam, não classificam, não tem as regras, não conta os pontos. Medos: ser castigado, fazer errado, perder o que sei, enfrentar algo novo. 2° momento: construção, menor solicitação do coordenador. Grupo já caminha sozinho, aumenta auto – estima.

3° síntese elaborada: já podem descobrir que cada um tem limitações, perda das defesas e das onipotências. Alguns já podem ler as regras dos jogos, já elaboram bilhetes, já fazem cálculos espontâneos, o material escolar já não ameaça. As tarefas escolares são aceitas pelo lúdico. O material concreto já não é objeto dado, mas objeto construído, não é mais vazio mas representa o individual construído para cada um, é um objeto cheio.