MÉTODO CLÍNICO PIAGETIANO Antonio José da Silva
Para entender... No livro Pensamento e linguagem (1934): “Piaget deve a descoberta de novos dados, uma mina de ouro, ao novo método introduzido por ele, o método clínico, cuja força e originalidade situam-se entre os melhores métodos de pesquisa psicológica e convertem-no em um elemento insubstituível para o estudo da mudança evolutiva das complexas formações do pensamento infantil.”
Contexto de elaboração: Anos 20 - Métodos dominantes no estudo da psicologia infantil: - observação mais ou menos sistemática, - provas padronizadas para diagnóstico.
Algumas preocupações de Piaget Qual é a gênese das estruturas lógicas do pensamento da criança? O que está por trás dos erros? Como é que elas funcionam? Quais os processos de conhecimento que a criança utiliza? Por que os erros cometidos eram tão sistemáticos? Por que os sujeitos tinham tantas dificuldades para resolver alguns problemas
Etapas do Método Clínico 1920 – 1930: Elaboração do método: pesquisas sobre a representação do mundo na criança. 1930 – 1940: Observação crítica: estudo das origens da inteligência. 1940 – 1955: Método clínico e formalização: estudo das operações mentais concretas e formais. 1955 em diante: Desenvolvimentos recentes.
Resultados dos estudos sobre as perguntas do teste de Burt: Primeiros esboços Resultados dos estudos sobre as perguntas do teste de Burt: 1921: identifica que as crianças têm problemas para entender a noção de parte, 1922: estudos sobre a multiplicação lógica e as origens do pensamento formal. Identifica que as crianças têm dificuldade para raciocinar sobre a forma de enunciados.
Primeiros esboços 1923: Primeiro livro – A linguagem e o pensamento na criança - observações das produções verbais espontâneas das crianças. 1924: Segundo livro – O juízo e o raciocínio na criança - relações lógicas através da linguagem, - aparecem mescladas provas mais ou menos padronizadas e observações ao lado de conversas abertas com as crianças sobre alguns problemas.
Constituição do Método 1926a – A representação do mundo na criança - estudo das características gerais que se atribuem à realidade física e mental nas representações do mundo que as crianças estabelecem, - compara o método que propõe com a observação e os testes e em seguida descreve os tipos de respostas das crianças.
Constituição do Método 1927 – A causalidade física na criança - trata da explicação de fenômenos físicos concretos, - cria situações concretas que o sujeito deve explicar.
Constituição do Método 1932 – O juízo moral na criança - estudo das idéias morais da criança, sua noção das normas e sua compreensão de justiça, - recorre ao estudo das regras que as crianças utilizam em seus jogos para evidenciar a concepção que elas têm das normas, - apóia-se na ação do sujeito.
Método não-verbal Estudo das origens da inteligência antes do aparecimento da linguagem. 1936 – O nascimento da inteligência na criança 1937 – A construção do real na criança 1945 – A formação do símbolo na criança - Em vez de questionar o sujeito por meio da linguagem limita-se a pô-lo em situações que possam revelar sua forma de pensamento
Manipulação e formalização Recorre à lógica formal para a formalização dos estudos, Descoberta das estruturas lógicas subjacentes ao pensamento do sujeito: grupos, agrupamentos, redes, Realização de experiências sobre materiais familiares para a criança, Cria-se uma situação a partir do material que é oferecido ao sujeito para ver como ele explica o que está ocorrendo diante dele, Utiliza a linguagem, mas apoiando-se na atividade que o sujeito realiza.
Caracterização do Método Clínico É um procedimento para investigar como as crianças pensam, percebem, agem e sentem, que procura descobrir o que não é evidente no que os sujeitos fazem ou dizem, o que está por trás da aparência de sua conduta, seja em ações ou palavras (Delval, 2002, p. 67).
Caracterização do Método Clínico O que o diferencia de outros métodos é a intervenção sistemática do experimentador diante da atuação do sujeito e como resposta às suas ações ou explicações, O experimentador procura analisar o que está acontecendo e esclarecer seu significado, O experimentador deve se perguntar a cada momento qual é o significado da conduta do sujeito e a relação com suas capacidades mentais,
Caracterização do Método Clínico A intervenção deve ser flexível e sensível ao que o sujeito está fazendo, A intervenção sistemática do experimentador ocorre como reação às ações ou respostas do sujeito e sempre é guiada pela tentativa de descobrir o significado de suas ações ou explicações.
Pressupostos Os sujeitos têm uma estrutura de pensamento coerente, constroem representações da realidade à sua volta e revelam isso ao longo da entrevista ou de suas ações, O interesse está menos voltado ao sujeito individual do que às características gerais da forma de explicar ou de resolver um problema, O sujeito tem uma concepção do mundo, geralmente implícita, da qual ele próprio não tem consciência, mas é dela que se vale para dar sua explicação,
Pressupostos Experimentador deve buscar esclarecer qual é o sentido dos termos utilizados pela criança dentro da estrutura mental deste sujeito (criança), É preciso que o experimentador vá formulando hipóteses acerca da explicação dada pelo sujeito, de suas razões e de seu sentido, e modificando-as ao mesmo tempo, O experimentador deve modificar suas perguntas ou a situação experimental em função da conduta ou das respostas do sujeito.
Alguns Livros DELVAL, Juan. Introdução ao Método Clínico. Artmed. Porto Alegre. 2002 COLLARES, Darli. Epistemologia Genetíca e Pesquisa Docente: Estudos das ações no contexto escolar. Instituto Piaget. Lisboa 2003 DOLLE, Jean-Marie. Para compreender Jean Piaget. . Instituto Piaget. Paris 1997
Algumas provas piagetianas: Conservações: Conservação do sólido Modificações em massa de modelar Conservação do líquido Transvazamento de líquidos em copos com formatos diferentes Conservação numérica Correspondência termo a termo de fichas com cores diferentes.
Algumas provas piagetianas: Quantificação da inclusão: Com fichas de cores diferentes, explorar a relação “todos” e “alguns”.