Psicologia e Comunidade

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Transcrição da apresentação:

Psicologia e Comunidade Conceituando a Psicologia Comunitária (Psicologia na comunidade, Psicologia da comunidade e Psicologia (Social) Comunitária) Luciana Souza Borges l

A prática da psicologia da comunidade referida em meados da década de 1990 é bem diferente daquela de anos anteriores. Psicologia comunitária/ Psicologia na comunidade/ Psicologia da comunidade (ideias que as pessoas fazem dessas práticas): Trabalho em lugar pobre. Trabalho que vai ao encontro de uma população que desconhece as possibilidades de ajuda do profissional da psicologia. Trabalho em locais como favelas, cortiços, bairros de periferia, lixões, assentamentos multirões, grupos de mulheres, de jovens, de terceira idade, menores de rua etc. Trabalho em situações institucionalizadas (população que frequenta estaria próxima da condição de marginalizada de serviços, direitos etc.). Luciana Souza Borges

Em todo processo de trabalho/ de produção de conhecimento há determinações históricas e políticas que os influenciam = falar de psicologia comunitária é falar da história recente política do Brasil e da América Latina. Estes exemplos fazem parte, então das práticas da psicologia em comunidade? Vamos resgatar o processo de surgimento desse tipo de prática para responder a esta questão: Processo histórico ligado a essa prática (condições que contribuíram para o aparecimento dos trabalhos em comunidade). Constituição da profissão do psicólogo (temáticas e problemáticas em torno dos quais a prática profissional se estruturou). Luciana Souza Borges

1.5. Algumas considerações. Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.1. Entrando nos anos 60. 1.2. Entrando nos anos 70. 1.3. Entrando nos anos 80. 1.3.1. Criação da ABRAPSO. 1.4. Entrando nos anos 90. 1.5. Algumas considerações. Psicologia na comunidade, psicologia da comunidade e psicologia (social) comunitária: algumas diferenças. Necessidades colocadas à prática da psicologia em comunidade: considerações finais. Luciana Souza Borges

Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: O nome “trabalhos em comunidade” = relativamente antiga (décadas de 40 e 50). Brasil = mudanças no modelo produtivo: agropecuário para agroindustrial/ Preparação de mão de obra específica para atender às demandas de um sistema fabril. São criados e desenvolvidos vários projetos = áreas educacional e assistencial (coordenação do Estado)/ Preparar população para as tarefas do novo modelo econômico. Os trabalhos comunitários atendiam à elite econômica/ profissionais das ciências humanas e sociais ocupavam nos projetos funções de prestação de serviços básicos à população. Luciana Souza Borges

Construção de Brasília. Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: No Brasil/ Década de 50 = clima do desenvolvimentismo/ vários trabalhos assistencialistas e paternalistas com relação a setores mais desfavorecidos da população. Construção de Brasília. J. Kubitscheck (“Crescer 50 anos em cinco anos”). Crescimento em ritmo acelerado da inflação/ do desemprego/ da pobreza. Luciana Souza Borges

Para a classe trabalhadora e a população em geral: Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.1. Entrando nos anos 60. Brasil e vários países da América Latina = período de graves e fortes confrontos entre Estado/forças capitalistas e necessidades básicas da população/participação da sociedade civil nas discussões políticas e societárias. Para a classe trabalhadora e a população em geral: Movimentos populares urbanos frequentes. Meio rural = ligas camponesas. Reinvidicações de necessidades básicas. Greves se espalham. Desemprego com altos índices. Aumento da inflação e do custo de vida. Luciana Souza Borges

Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.1. Entrando nos anos 60. Brasil/ primeiros anos dessa década: tentativas de transformações na área educacional = projetos cuja finalidade era o desenvolvimento da consciência crítica da população para que pudesse recuperar seu lugar no processo social do qual fazia parte. EX: (Nordeste: trabalhos de educação popular e de adultos (filosofia e método de Paulo Freire) = compromisso político explícito com a libertação dos setores populares e com o resgate de seu papel como agentes sociais e históricos. Tempo de vida curto desses trabalhos (Brasil) = por causa do controle repressivo do Estado para conter as manifestações populares e impedir o fortalecimento da crença da população em si mesma. Luciana Souza Borges

Março de 1964 = instaura-se o regime militar no Brasil: Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.1. Entrando nos anos 60. Março de 1964 = instaura-se o regime militar no Brasil: Regime de terror político e cultural na realidade brasileira. Fim a vários direitos civis. Realidade social cria contradições concretas na vida das pessoas, sobre as quais os profissionais passam a atuar. No mundo (sobretudo me países do terceiro mundo): várias manifestações populares diante da miséria, da fome, das doenças etc. Luciana Souza Borges

Nesse quadro de acontecimentos políticos e econômicos: Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.1. Entrando nos anos 60. Pólos industriais de riqueza lado a lado de imensos cinturões de pobreza e de miséria – cujos moradores destes últimos eram os trabalhadores das indústrias, dos bancos, das grandes residências. EX: História da estação da Luz (em SP): grandes fazendeiros de café e o empobrecimento da população o entorno. Nesse quadro de acontecimentos políticos e econômicos: 27 de agosto de 1962 = reconhecimento da profissão de psicólogo no Brasil. Lei N. 4119 (27/08/62): Criação das disposições legais para regulamentação e criação dos cursos de psicologia. Luciana Souza Borges

Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.1. Entrando nos anos 60. Primeiros cursos de psicologia ensinavam teorias e metodologias importadas dos USA, com pouca participação da produção européia. Desde a sua criação, a psicologia tem passado por vários tipos de prática: consultórios, empresas e ambientes educacionais. Mas, em meados da década de 60: inserção do psicólogo em locais diferentes, de forma a tornar a profissão mais próxima da população, mais comprometida com os menos privilegiados. Busca da deselitização = significação política de mobilização e transformação sociais. Luciana Souza Borges

Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.1. Entrando nos anos 60. Contextos nacional e internacional = vários conflitos sociais por causa do descaso e desrespeito das autoridades e também da repressão do Estado. Frequência desses acontecimentos = imprimem um novo rumo para as relações sociais. Nesse contexto = início do emprego do termo “psicologia na comunidade”, por um grupo de psicólogos da PUC-SP, a partir de trabalhos desenvolvidos com populações de baixa renda das zonas leste e oeste de SP (com professores e alunos da graduação em psicologia). Luciana Souza Borges

Outros trabalhos dessa época: Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.1. Entrando nos anos 60. Outros trabalhos dessa época: UFMG (anos 70) = psicologia comunitária fazia parte do currículo do curso de psicologia. Paraíba (profissionais formados na PUC-SP), Belo Horizonte (profissionais que atuam na comunidade antes de se formarem psicólogos), Porto Alegre (PUC-RS e UFRGS), e em SP (com profissionais de carreira acadêmica), e outras localidades. Trabalho do psicólogo: voluntário, não remunerado e convicto de seu papel político e social junto à população. Referencial utilizado: sociologia, antropologia, história, educação popular e serviço social. Atividade fundamental: colocar a psicologia a serviço da população + ajudar as pessoas a se organizar e a reivindicar. Luciana Souza Borges

Brasil ainda é governado por militares. Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.2. Entrando nos anos 70. Brasil ainda é governado por militares. População já havia aprendido a lutar por canais de reivindicação: associações de bairros/ entidades de defesa do cidadão/ movimentos contra o alto custo de vida/ pastorais do menor e da mulher etc. Profissionais liberais (intelectuais de diferentes áreas) incorporaram-se aos setores populares = contribuir com os movimentos populares: participando dos movimentos ou ajudando a organizá-los ou ainda na função de pensadores e animadores de debates sobre assuntos importantes para a população. Luciana Souza Borges

Prática que gerou publicações dessa área. Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.2. Entrando nos anos 70. Esses intelectuais começam então a publicar a respeito das formas de organização dos setores populares: estudo dos processos de formação de consciência e de participação política e da população. Assim, foi o movimento e o compromisso do profissional de psicologia, junto aos movimentos populares, que deram início a essa prática/ problemáticas diferentes em contextos diferentes daqueles sobre os quais estavam tradicionalmente habituados a trabalhar. Prática que gerou publicações dessa área. Luciana Souza Borges

Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.2. Entrando nos anos 70. A identificação com a difícil situação da população desfavorecida contribuiu para aglutinar profissionais que acreditavam na construção de uma sociedade mais justa = desenvolvimento de trabalhos prático, teóricos, e também a participação nos movimentos populares. Saída dos psicólogos dos consultórios, empresas e escolas para os bairros populares, favelas, associações de bairros etc. Deselitização da profissão e envolvimento político: atividades de discussões de temas importantes ou oferecimento de serviços psicológicos gratuitos. Luciana Souza Borges

Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.2. Entrando nos anos 70. Como o trabalho nas comunidades era voluntário e gratuito, os psicólogos possuíam outras atividades (geralmente na academia): discussão da prática era levada para as universidades, onde se debatia o compromisso social e político na formação do psicólogo. Luciana Souza Borges

Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.3. Entrando nos anos 80. O Brasil começa a viver um clima de expectativa de abertura democrática: a clandestinidade dos trabalhos com as comunidades vira foco de discussão. Discussão dos aspectos não remunerado e voluntário do trabalho do psicólogo nestes contextos da comunidade. Termo “Psicologia Comunitária” fica mais consagrado = trabalhos que explicitam uma prática da psicologia social (compromisso político e críticas às teorias psicologizantes e a-históricas). Luciana Souza Borges

1981 (SP): I encontro regional de psicologia na comunidade. Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.3. Entrando nos anos 80. 1.3.1. Criação da ABRAPSO (julho de 1980, na UERJ-RJ) = marco importante para a construção de uma psicologia social crítica, histórica e comprometida com a realidade concreta da população/ regionais da ABRAPSO. 1981 (SP): I encontro regional de psicologia na comunidade. 1985 (Paraná): I encontro nacional de psicologia social da ABRAPSO. 1986 (MG): II encontro nacional. 1987 (PUC-SP): III encontro nacional. 1987 (UFES-ES): IV encontro nacional. etc. Luciana Souza Borges

Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.4. Entrando nos anos 90. Expansão dos trabalhos dos psicólogos junto a diversos setores e segmentos da população: quadro variado de práticas, com pressupostos filosóficos e teóricos bem diferenciados. Passa-se a ouvir o termo “Psicologia da comunidade”: são práticas desenvolvidas quando o psicólogo está no posto de saúde, na secretaria do bem-estar social, em setores vinculados a instituições penais etc./ ele ocupa uma função dentro de um espaço institucional, normalmente público: com o objetivo de ampliar o fornecimento do serviço à população. Atividade associada ao contexto do trabalho social na área da saúde = papel de trabalhador social/ profissional da saúde. Luciana Souza Borges

Grande diversidade teórica, epistemológica e metodológica. Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.4. Entrando nos anos 90 Atividade associada ao contexto do trabalho social na área da saúde = papel de trabalhador social/ profissional da saúde. Fortes influências da análise institucional e das intervenções psicossociológicas. Grande diversidade teórica, epistemológica e metodológica. Luciana Souza Borges

1.5. Algumas considerações. Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.5. Algumas considerações. Por quatro décadas: modificação da prática da psicologia em comunidade e dos motivos para sua realização. Metade dos anos de 1980: saída dos militares do poder acarreta modificações na administração pública. Eleições diretas revelam o peso que a mobilização e organização popular tiveram. Cargos públicos passam a ser ocupados por profissionais mais vinculados com as reivindicações populares = inserção de profissionais das ciências sociais e humanas e reconhecimento da profissão do psicólogo. Luciana Souza Borges

1.5. Algumas considerações. Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade: 1.5. Algumas considerações. SP: Profissional de psicologia passa a trabalhar em postos/ unidades de saúde = concursos públicos para novas vagas de psicologia/ oferecimento do serviço à população, agora de forma remunerada e não mais clandestina ( EX: minha formatura, em 1994, a prefeita de SP era Erundina, do PT, que foi a paraninfa da turma, por conta da abertura de espaço profissional para o psicólogo na cidade de SP. Luciana Souza Borges

Há diferenças entre os termos, que estão além dos nomes: Psicologia na comunidade, psicologia da comunidade e psicologia (social) comunitária: algumas diferenças. Há diferenças entre os termos, que estão além dos nomes: Psicologia na comunidade = proposta de deselitizar e de se tornar mais ligada às condições de vida da população/ deixar de ser realizada nos consultórios e nas escolas para ser realizada nas comunidades = necessária para a repressão vivida nas décadas de 60 e 70. Psicologia da comunidade = de 1985 para cá/ passou a se referir às práticas relacionadas às questões de saúde, por intermédio de órgãos prestadores de serviços (instituição em que o psicólogo trabalhava) = psicologia menos acadêmica e mais identificada com a população. Psicologia (social) comunitária = (na América Latina)/ compreende o homem como sócío-historicamente construído/ enquadre da psicologia social = trabalho com grupos (desenvolvimento de consciência crítica e de identidade social e individual voltadas para preceitos eticamente humanos). Luciana Souza Borges

Perderam o caráter de clandestinidade. Necessidades colocadas à prática da psicologia em comunidade: considerações finais. Hoje, os vários trabalhos da psicologia em comunidade apresentam características muito variadas e às vezes incongruentes entre si. Perderam o caráter de clandestinidade. Aumento por parte do Estado para uma participação maior junto à sociedade e suas problemáticas. Cristalização da universidade nos modelos teórico-metodológicos (estudante de psicologia não conhece a realidade do povo que vive no Brasil). Modelos da clínica e da educação foram transpostos para a comunidade (ênfase no papel de promotor de saúde). Há modelos sendo construídos a partir de uma psicologia social crítica (concepção histórico-dialética) = tentativa de construção de novo paradigma para explicação dos processos psicossociais. Luciana Souza Borges

Necessidades colocadas à prática da psicologia em comunidade: considerações finais. Para contribuir para uma vida psicológica mais saudável, o trabalho deve ultrapassar a esfera do individual para poder compreender a vida concreta e real das pessoas. este trabalho, dentro das práticas psicossociológicas, significa atuar por meio de uma perspectiva da psicologia social = uma visão sócio-histórica, que elimine posições reducionistas, psicologizantes e a-históricas sobre os processos psicossociais. Mesmo que não estejamos diante de uma situação social de urgência, como nos anos da ditadura, os problemas da população estão longe de serem resolvidos (miséria, fome etc.). É neste contexto que as práticas da psicologia em comunidade devem ser discutidas = para colaborar para a construção da identidade e para o desenvolvimento de uma consciência crítica nas pessoas, em seu cotidiano. Luciana Souza Borges