Economia Monetária II 24ª aula

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Transcrição da apresentação:

Economia Monetária II 24ª aula Prof: Francisco Eduardo Pires de Souza Email: fepsouza@ie.ufrj.br

Friedman x ativismo monetário No modelo monetarista, como vimos, a política monetária só é eficaz a CP. A LP é neutra. Só altera a inflação. E só consegue manter U < Un, com p crescente e iludindo permanentemente os trabalhadores (i.e., levando-os a escolhas menos preferíveis do que aquelas que fariam caso não fossem iludidos). Esta seria uma 1ª razão para se opor ao ativismo monetário. Além do mais, a política monetária opera com defasagens (interna – entre choque e resposta das AM- e externa – entre resposta e seus efeitos sobre a economia) o que agrava a instabilidade do capitalismo. Por estas razões Friedman propõe o uso de regras em lugar da discricionariedade (ativismo). Tipo expansão preanunciada de uma taxa de expansão de M (algo entre 3% e 5%) capaz de acomodar crescimento do produto e alguma inflação ou deflação moderada e estável.

Os custos da desinflação e a taxa de sacrifício p é fenômeno essencialmente monetário. Para ser reduzida, deve-se reduzir dM/M (fazer o caminho de volta no gráfico anterior). Porém, redução de p tem custo temporário em termos de desemprego. Dilema: quanto mais rápida a redução da inflação, maior seu custo em termos do nível alcançado por U durante o processo de desinflação. Duas opções genéricas: gradualismo x tratamento de choque

Taxa de sacrifício (TS) para a redução da inflação TS = quanto de desemprego (além da taxa natural) é necessário para reduzir a taxa de inflação em determinado montante. TS = - (pt – pt-1)/(Ut-Um) = a

A Teoria da Política Monetária Novo-Clássica Em finais dos anos 1970, Robert Lucas, Neil Wallace e Thomas Sargent lideraram uma nova revolução (depois da contra-revolução monetarista), nas idéias macroeconômicas: a revolução dos Novos- Clássicos, baseada na hipótese das expectativas racionais. A nova escola (também chamada de escola das expectativas racionais) se contrapõe ao pensamento monetarista de Friedman, apoiado na idéia das expectativas adaptativas, mas sobretudo ao pensamento e às propostas keynesianas. Os novos clássicos vão se opor radicalmente a qualquer intervenção macroeconômica.

A ineficácia da política monetária Novos-clássicos comungam muitas das idéias dos monetaristas, porém divergem quanto a teoria das expectativas e portanto as implicações que dela derivam. Expectativas adaptativas => “backward-looking”: pe é função das taxas de inflação passadas, conforme vimos. Expectativas racionais => “forward-looking”. Justificativa: agentes econômicos são racionais, maximizadores, e portanto levarão em conta todas as informações disponíveis no momento para formarem suas expectativas. Se a política econômica muda, os agentes formam novas expectativas, diferentes das anteriores, foram formuladas em outro contexto, quando a política econômica era outra. Isso levou a uma crítica dos modelos econométricos (que se baseiam em séries de dados do passado para prever o futuro), que ficou conhecida com “crítica de Lucas”.

A ineficácia da política monetária Expectativas racionais => todos agentes entendem a economia da mesma forma (mesmo modelo), que corresponde ao verdadeiro modo de operar da economia. Ex: DM=>DP=>agentes se antecipam elevando P e W. Logo, política monetária será ineficaz para alterar produção e emprego mesmo no curto prazo, já que os efeitos sobre preços e salários são imediatos, não havendo o intervalo em que as variáveis reais são afetadas.

O modelo novo-clássico e a ineficácia da política monetária Ponto de partida=> equilíbrio: U = Un Função oferta de Lucas: Ut = Un – a(pt-pet) a>0 (1) (1) => Ut = Un sempre que a realidade confirma as expectativas de p As expectativas inflacionárias são dadas por: pet= E (pt-/It-1) (2) Ou seja, a expectativa para a inflação corrente leva em conta todas as informações disponíveis no período imediatamente anterior. As informações relevantes se referem sobretudo à política monetária, dado que o modelo usado pelos agentes corresponde ao modelo verdadeiro (segundo monetaristas e novos-clássicos), segundo o qual: pt=(dM/M)t + dt (3) (variação da oferta monetária mais uma variação inesperada da demanda)

O modelo novo-clássico e a ineficácia da política monetária E as expectativas inflacionárias estariam diretamente ligadas à variação do estoque monetário: pet = (dM/M)et (4) Não havendo choque não antecipados de demanda, podemos substituir (3) e (4) em (1), obtendo: Ut = Un – a[(dM/M)t - (dM/M)et ) (5) E se os agentes econômicos conhecem a regra de variação do estoque monetário [(dM/M)et = (dM/M)t ] temos: Ut = Un

A Eficácia da Política Monetária de Surpresa Suponha (seguindo Sargent e Wallace) que o governo adote um procedimento de expansão monetária descrito pela função: (dM/M)t = y(Ut-1-Un) + f (6) onde y>0 e f é elemento de política monetária de surpresa, conhecido apenas pelas AM (“carta na manga”) Agentes formam suas expectativas de acordo com a regra que é conhecida, isto é: (dM/M)et = y(Ut-1-Un) (7) Substituindo (6) e (7) em (5), tem-se: Ut = Un – af a>0 (8) Logo, qualquer desvio da taxa de desemprego em relação à natural será causada por alterações não antecipadas no estoque de moeda. Intervenções discricionárias que pegam os agentes econômicos de surpresa causam tais desvios.

Novos-clássicos x Friedman x Tobin Friedman – desemprego fica abaixo do natural se agentes econômicos são “iludidos”. Como? Se a política monetária torna-se mais expansionista do que no ano anterior, agentes são iludidos porque esperavam a mesma inflação do ano anterior e a inflação corrente é superior a do ano passado. Mas se a política continua assim, eles aprendem e a taxa de desemprego volta à natural. Novos-clássicos – se as autoridades fazem uma política mais expansionista, eles imediatamente incorporam nas suas expectativas (não ficam apenas olhando para trás). Só são iludidos se um elemento de surpresa é introduzido na política monetária. Tobin: os keynesianos não podem aceitar a proposição dos novos clássicos, monetaristas e também policymakers de que o pleno emprego é aquele que é consistente com a estabilidade de preços, seja lá qual for a taxa de desemprego. Em suas palavras: “Neither are Keynesians prepared, as monetarists and new classical economists and policy makers often appear to be, to resolve the dilema (entre inflação e desemprego) tautologically by calling full employment whatever unemployment rate results from policies that stabilize prices”. Tobin, J., Policies for Prosperity, pág.11.

A superneutralidade da moeda na teoria dos ciclos reais Modelo Sargent-Lucas – ciclos “monetários”, i.e., causados por surpresa monetária/inflação não antecipada. Modelo dos ciclos reais (Charles Plosser) - agentes incorporam modelo do BC e antecipam perfeitamente a política monetária. Flutuações do produto são explicadas por choques reais (produtividade, choque político, choques de oferta de commodities, etc)

A Curva de Oferta de Lucas No LP, em que, por definiçao, inexistem choques, Y = Y* => nível de produção agregada gerada pelo nível de emprego quando U=Un.

A Curva de Oferta de Lucas: implicações para a política monetária Política monetária só afeta o produto quando pega agentes econômicos de surpresa, o que gera desconfianças. Se após serem surpreendidos, agentes se convencem que governo vai praticar políticas expansionistas, reajustam seus preços e governo tem que praticar a política monetária expansionista para evitar contração da liquidez e recessão. Ou seja, por ter aplicado o truque da surpresa no passado, o governo “recebe a punição” de ter que administrar uma economia na taxa natural de desemprego com maior inflação. Logo, a proposta é criar instituições que eliminem o incentivo à implementação de políticas de surpresa, a saber: Banco Central independente e regime de metas de inflação.

A proposta de independência do Banco Central Critérios de Cukierman (1992) para avaliar independência de um BC (através da construção de um índice de independência): Grau de rotatividade dos dirigentes – imperfeito (pode ser substituído por tamanho do mandato e não demissibilidade dos dirigentes) Estatutos estabelecendo objetivos e os limites da interferência do executivo sobre a política monetária. Questionário sobre objetivos e relações do BC com o governo, respondido por especialistas.

Evidências empíricas sobre a relação entre independência dos BCs e Taxas de Inflação Para o período 1955-88

Independência e objetivos do Banco Central para a posição novo-clássica Quando um banco central tem como objetivo único obter a estabilidade de preços, ele consegue maior independência (Se há outros objetivos e portanto escolhas a fazer, essas serão escolhas políticas, o que tende a tirar autonomia do Banco Central em face dos governos – Goodhart). Junte-se isso aos seguintes argumentos: quanto maior a independência de um banco central, menor a taxa de inflação (argumento de base empírica); não é possível obter uma taxa de desemprego menor ou um nível de produto maior (no LP) em troca de uma taxa de inflação maior (proposição novo- clássica); E chega-se a conclusão de que o único objetivo estatutário de um banco central deve ser controlar a taxa de inflação, pois isto garantirá um banco central independente e maior sucesso na obtenção de inflação baixa (sem prejuízo dos níveis de produção e emprego, que de qualquer forma seriam dados por Un)

O trinômio credibilidade-reputação-delegação Reputação – grau de confiança dos agentes econômicos nos dirigentes do Banco Central. É adquirida por meio do comportamento pregresso. Ao delegar a política monetária a um agente que tem reputação de ser inteiramente comprometido com a manutenção da estabilidade dos preços, garante-se a credibilidade das regras monetárias. De acordo com os novos-clássicos: Reputação dos dirigentes do Banco Central + política monetária crível => custo zero da desinflação (x custo da desinflação para o monetarismo): anunciada uma política monetária de expansão zero de M, empresários e trabalhadores deixam de reajustar preços e salários e economia converge imediatamente para Un. Ausência de custos sociais da desinflação reforça a proposição de independência do Banco Central.

Sentidos da Independência do Banco Central Independência de instrumentos (autonomia operacional) – quem define a meta de inflação é o governo ou uma entidade governamental (CMN no caso brasileiro). E o Banco Central tem autonomia para utilizar os instrumentos da forma que julgar conveniente para perseguir e atingir a meta. O não atingimento da meta poderia levar a punições (proposta de Walsh) Independência de instrumentos e objetivos (proposta Rogoff) – se banqueiro central escolhido é mais conservador do que a média da sociedade representada no Congresso e no governo, seria implementada uma política de inflação mais baixa do que no primeiro caso. Isto levaria a menores custos de desinflação, quando necessário.

Argumentos contrários à tese da independência dos Bancos Centrais Friedman – contrário a conceder tanto poder a alguns indivíduos escolhidos para dirigir o banco central. Prefere regras de expansão monetária. Keynesianos – política monetária afeta também variáveis reais e por isso não deveria ser utilizada apenas com o objetivo de estabilizar os preços (deveria mirar também o emprego) Debate atual – política monetária deveria ter em conta também a estabilidade financeira e (para alguns) também o câmbio, além da estabilidade dos preços e do emprego. Mas neste caso é preciso ter mais instrumentos utilizados em conjunto (tantos instrumentos quantos são os objetivos).

Anexos

A curva de Phillips: versão Fisher (1926) Fisher fez um estudo econométrico da relação entre inflação e taxa de desemprego 32 anos de Phillips. Mas a direção da causalidade, ao contrário de Phillips, ia da inflação (variável independente) para o desemprego: DP => DReceitas das empresas mas despesas contratualmente fixas (ex., w) constantes => incentivo à oferta de emprego.

O mercado de trabalho com salários reais no eixo vertical Obs: Se demanda e oferta de trabalho dependem do salário real antecipado (e não o corrente), se os preços sobem mais que o antecipado por trabalhadores, a curva de oferta de trabalho desloca-se para a direita, porque para um mesmo W, W/P (corrente, não o antecipado) será menor. E a este W/P menor, os trabalhadores estarão ofertando a mesma quantidade de trabalho de antes dos preços subirem mais do que o antecipado. O mercado de trabalho com salários reais no eixo vertical E0 SE EU Nível de Emprego (E) W/P W/PU W/P0 W/PF DE U F Obs2: trabalhadores x empresários Ambos podem ser pegos de surpresa por um aumento no nível geral de preços, mas enquanto os trabalhadores custarão para perceber e só depois disso incorporarão às suas demandas, os empresários percebem (embora como uma mudança de preços relativos a seu favor, e não como mudança no nível geral de preços. Mas isto já é suficiente para deslocar a curva.