ANÁLISE SEMIOLÓGICA DO DIAGNÓSTICO MÉDICO: QUANDO O SILENCIAMENTO SIGNIFICA Campus Tubarão – Medicina – Programa de Ciências da Linguagem REIS, Talita (Bolsista PIBIC) 1 ; LITTAIF, ALDO (Orientador) 2 1. Graduanda em Medicina - Campus Regional Sul 2. Programa de Ciências da Linguagem – Campus Regional Sul INTRODUÇÃO Nesta pesquisa, evidencia-se a importância do estudo semiótico dos diferentes tipos de linguagens na formação de diagnósticos médicos. Com base em tais princípios, reconhece-se a importância de se trabalhar processos não-verbais influenciados nas respostas da Anamnese. Analisam-se as estratégias clínicas que um profissional da saúde adotou em ‘Smoke & mirrors’ e também uma estratégia diferente: o não-dito sobre o que levou uma paciente de 3 anos a uma hemorragia na região abdominal, silenciado pelo irmão de 11 anos da paciente, com base na Semiótica Peirce sob a visão de Santaella (2001). OBJETIVO Estudar o modo como se constroem os sentidos dos signos verbais e não- verbais da paciente e seus familiares, que ficam implícitos (silenciados) na interação médico-paciente, no percurso em que o Dr. Ankeney traça até descobrir o que realmente sua paciente tem, e como a interpretação destes esses signos influenciaram o diagnóstico pleno. Logo, nosso interesse, neste artigo, não é estudar a doença em si da criança: deixamos isso para áreas específicas da saúde. METODOLOGIA ESTUDO DE CASO : Partiu-se de uma situação representacional de uma interação médico-paciente e médico-família. Adotou-se a metodologia de pesquisa de natureza qualitativa (cf. RAUEN, 2006). SUJEITO DA PESQUISA : Analisam-se as interações do sujeito principal, o Dr. Geoff Ankeney, protagonista de ‘Smoke & mirror’ da série ‘Diagnóstico X’, com base na hibridização das representações sígnicas entre palavras e imagens que compõem suas falas. ANÁLISE DOS DADOS A FACE DA INTERPRETAÇÃO A interpretação de um signo ou o que ele produz numa mente potencial é realizada levando-se em conta três degraus que o interpretante pode assumir: o imediato (PRIMEIRIDADE), o dinâmico (SECUNDIDADE) e o final (TERCEIRIDADE). INTERPRETANTE IMEDIATO (PRIMEIRIDADE): Gera um potencial de interpretação antes que o signo encontre uma mente atual, ‘trata-se de um interpretante em abstrato, ainda não efetivado, sendo, por isso mesmo, interno ao signo’ (SANTAELLA, 2002, p.129). O espectador, ao se deparar com este filme, produz um sentimento imediato anterior ao pensar “experiência desprovida da significação que os símbolos dão”. (ZAMPRONHA, 1996, p.26). Ou seja, o espectador acaba internalizando aquilo que o vídeo apresenta aos sentidos ao excitá-los, sem compromisso com qualquer objeto, sentimento ou significação. INTERPRETANTE DINÂMICO (SECUNDIDADE): Está relacionado a uma mente potencial interpretando o signo. Dentro dessa mente atual, há três subníveis de efeito que o signo causa ao atingir o intérprete dinâmico: o efeito EMOCIONAL, o efeito ENERGÉTICO e o efeito LÓGICO. INTERPRETANTE FINAL, ou a TERCEIRIDADE: Diz respeito às teorias de linguagens verbais e não-verbais, às leis convencionalizadas às anamneses e às formas de melhor aproximação com um paciente. Quanto mais o espectador tiver conhecimento sobre estes itens, melhor será sua compreensão de todos os métodos adotados pelo Dr. Ankeney no vídeo, porque estarão mais próximos da mensagem que o filme quer produzir. Esta categoria pode ser dita como o mediador entre o interpretante imediato e o interpretante dinâmico, porque quanto mais vasto for o conhecimento do espectador sobre procedimentos citados anteriormente, mais ampla e complexa será sua resposta ao primeiro e segundo item. CONCLUSÕES Os conceitos semiológicos adotados no trabalho deram conta das hipóteses de diagnósticos levantadas a partir dos enunciados materializados pelo Dr. Geoff Ankeney, durante todo o percurso das ações em ‘Smoke & mirrors’. Para Peirce, um signo, por ter uma natureza triádica, pode ser analisado: em si mesmo, nas suas propriedades internas; na sua referência àquilo que ele indica, àquilo que sugere, designa ou representa; e nos tipos de interpretação que ele tem o potencial de despertar nos seus usuários. BIBLIOGRAFIA RAUEN, FÁBIO JOSÉ. ROTEIROS DE PESQUISA. RIO DO SUL: NOVA ERA, SANTAELLA, LÚCIA. SEMIÓTICA APLICADA. SÃO PAULO: PIONEIRA THOMSON LEARNING, SILVA, ROSEMERI MAURUCI (E COLABORADORES). SEMIOLOGIA PARA O ESTUDANTE DE MEDICINA. TUBARÃO: EDITORA DA UNISUL, Apoio Financeiro: UNISUL