Reprodução Cultural e Reprodução Social Pierre Bourdieu 1930/2002

Objecto da Sociologia da Educação: È determinar a contribuição do sistema de ensino no que diz respeito á reprodução das relações de força e relações simbólicas entre as classes, contribuindo para a reprodução da respectiva cultura.

Reprodução Cultural: Só quem possuir os meios de se apropriar da herança cultural transmitida pelas gerações anteriores é que pode apreender e possuir os bens culturais dessa cultura. Assim só através da posse dos meios de apropriação do capital cultural é que é possível a reprodução cultural. A disposição hierárquica das classes sociais, organiza-se através da aquisição e consumo do capital cultural, bem como, do capital económico.

Acções culturais: Leitura Idas ao teatro Idas a Concertos As diferentes classes sociais consomem a cultura de forma diferente e, este consumo depende das acções culturais e do grau de educação. Acções culturais: Leitura Idas ao teatro Idas a Concertos Cinema de autor Idas a museus

Despesas com a cultura no orçamento das diversas categorias socioprofissionais:

Variações do capital económico segunda a fracção da classe dirigente:

Classes Dominantes: As acções culturais na classe dominante variam de acordo com as habilitações escolares e profissões exercidas. A distribuição do capital cultural não é resultado da distribuição do capital económico. Mas quem possuir capital económico tem maior facilidade em usufruir de capital cultural. A classe dominante dispõe de maior capital cultural e de meios de apropriação desse capital, investindo em escolas que reforçam essas vantagens iniciais.

As fracções da classe dominante apenas com capital económico, favorecem o investimento económico em detrimento do investimento escolar. As fracções ricas em capital cultural são mais reconhecidas pela escola quanto mais capital cultural tiverem e estão mais dispostas a investir no trabalho escolar.

Classes Desfavorecidas: Os filhos das classes desfavorecidas, tem disposições negativas em relação á escola, devido ás baixas expectativas e baixo sucesso, transmitidos pela classe social da qual fazem parte. A escola reforça as desigualdades de distribuição de capital cultural e económico, pois convertem as hierarquias sociais em hierarquias escolares. O sistema de ensino tem tendência a reforçar os efeitos simbólicos e económicos das desigualdades de distribuição do capital cultural dissimulando-as e legitimando-as ao mesmo tempo.

O papel do sistema de ensino: A acção da escola exerce-se de acordo com a classe social de onde provém o aluno. Criando a tendência de reforçar as desigualdades iniciais. Assim a acção do sistema educativo só é eficaz se exercida em sujeitos já inseridos pela família no mundo cultural. Importância da formação previa na família. A apropriação da cultura depende da posse previa dos instrumentos de apropriação.

O aumento das sociedades industrializadas e o aumento de licenciados faz-nos concluir que a transmissão do capital cultural tem tendência a ser substituído pela transmissão do capital económico. Estes factos podem apenas significar a necessidade de autoridade da escola para tornar legitima a transmissão do poder e dos seus privilégios. A escola pode usar a sua autonomia para impor o reconhecimento das suas hierarquias mas não consegue a atitude de que tudo lhe devem e que dela esperam tudo na totalidade.

O diploma será cada vez menos capaz de assegurar o acesso ás classes dominantes e não garante por si só o acesso ao poder económico. Ao afastarmo-nos da escola, o diploma perde a sua eficácia como garantia a uma carreira especifica. Só os detentores de um grande capital de relações sociais e económicas tiram partido dele. O diploma é uma “moeda fraca” que só tem verdadeiro valor dentro do mercado escolar.

Questões: Será que a educação tem tendência a acentuar as desigualdades entre as classes e que mudanças serão possíveis de realizar no sistema de ensino para reduzir ou eliminar as desigualdades? Qual será o valor real do Diploma?