PSIQUISMO E VIDA COTIDIANA

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Profa. Gilvanete Correia Bezerra
Advertisements

Quem é o homem ?.
Dinâmica e Gênese dos Grupos
TEORIA CRÍTICA E EDUCAÇÃO
Professora: Karina Oliveira Bezerra
PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE
Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista
Psicologia Histórico-Cultural – Vigotski, Luria e Leontiev
Ética Profissional A ética e a moral.
DIREITO & SOCIEDADE DISCIPLINA: SOCIOLOGIA JURÍDICA TURMA: C-02 PROF
Identidade dos Indivíduos nas Organizações
MORAL E ÉTICA MORAL: mos-mores
ÉTICA Ηθική.
Sofrimento Psíquico e Trabalho
violência. trabalho. cultura. religião. educação política. modernidade
O senso comum como ponto de partida. Estudo da pág. 10 a 16.
Pedagogia Histórico-Crítica (Dermeval Saviani)
NRE- Itinerante Equipe Pedagógica Educação Especial
Significações e Conceituações Sociológicas do Direito
A atitude e a experiência filosófica
Professora Suraia Rahmé
PRINCIPAIS INTERESSES DE VYGOTSKY: o estudo da consciência humana
Educação.
ÉMILE DURKHEIM ( ): TEORIA DOS FATOS SOCIAIS
Fundamentos Sócio Antropológicos da Educação
OS OBJETIVOS E CONTEÚDOS DE ENSINO
OBJETO DA ÉTICA Nas relações cotidianas dos indivíduos entre si surgem continuamente problemas. Ex: Devo ou não devo falar a verdade! Desta forma faz se.
Dimensões e funções do conhecimento pedagógico-músical
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Emile Durkheim e o fato social
Introdução a Questão Social
Teoria sociointeracionista de Vygotsky
A Sociedade humana: generalidades
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Profª. Taís Linassi Ruwer
A Psicologia ou as Psicologias
Profª. Taís Linassi Ruwer
Karl Marx Máxima: 1818 – 1883 d.C. “Os filósofos não têm feito senão interpretar o mundo de diferentes maneiras, o que importa é transformá-lo”. Teses.
A Educação Matemática como Campo Profissional e Científico
FILOSOFIA E ÉTICA PROF. Dr. ALGACIR JOSE RIGON AULA III
Apresentação do Livro da Maria Lúcia Barroco
Max Weber ( ) Nasceu em Erfurt – Alemanha Estudou Filosofia – História e Sociologia Berlim 1895 (Heidelberg) Participou da constituição da República.
POSITIVISMO Doutrina filosófica de Augusto Comte ( ), segundo a qual a verificação pela experiência é o único critério da verdade. (Mini Dic. Aulete.
INTERACIONISMO SIMBÓLICO
Sociologia Clássica e Educação II
O aparecimento da consciência humana
HUMANIZAÇÃO E ALIENAÇÃO
A DIALÉTICA DO SINGULAR-PARTICULAR-UNIVERSAL
A sociologia como ciência
AULA5: AS RELAÇÕES HUMANAS DEPENDEM DE VALORES E REGRAS
A DIALÉTICA OBJETIVAÇÃO-APROPRIAÇÃO O significado e o sentido
Capítulo 17 Entre o bem e o mal.
Karl Marx e F. Engels Marx ( ) Engels ( )
Kant O que posso saber? (teoria do conhecimento)
As Concepções Pedagógicas.
O homem e a cultura - Leontiev
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
Émile Durkheim.
CULTURA.
Max Weber.
PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA
Psicologia da Educação
MOURA et al. A atividade orientadora de ensino: unidade entre ensino e aprendizagem. In: MOURA, M.O. ( org). A atividade pedagógica na teoria histórico-cultural.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E VALORES
Uma contribuição à teoria do desenvolvimento infantil Aléxis N. Leontiev Uma contribuição à teoria do desenvolvimento infantil Aléxis N. Leontiev.
Faculdade Piaget - Brasil
LEITURA “ A LEITURA É MUITO MAIS DO QUE UM INSTRUMENTO ESCOLAR. É UM PASSAPORTE PARA A ENTRADA NA CULTURA ESCRITA. (...) E LER NA ESCOLA É LER PARA INSERIR-SE.
Somos todos seres sociais
Aula 1- Parte I Somos todos seres sociais
Transcrição da apresentação:

PSIQUISMO E VIDA COTIDIANA Psicologia Sócio-Histórica II DEPSI-UFPR Profª Melissa Rodrigues de Almeida

Referências bibliográficas ROSSLER , João Henrique. O desenvolvimento do psiquismo na vida cotidiana: aproximações entre a psicologia de Alexis N. Leontiev e a teoria da vida cotidiana de Agnes Heller. Cad. Cedes. vol. 24, n. 62. Campinas, abril 2004, p. 100-116. Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br> CARVALHO, M. C. Brant; NETTO, J. P. Cotidiano: conhecimento e crítica. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1996.

Dois grandes âmbitos da vida social VIDA COTIDIANA Objetivações genéricas em-si: linguagem, objetos (instrumentos, utensílios), usos (costumes) Sem elas é impossível a existência e convivência em qualquer sociedade humana. Voltadas à reprodução da existência do indivíduo  necessidades básicas ESFERAS NÃO-COTIDIANAS Objetivações genéricas para-si: ciência, filosofia, arte, moral, política Indicam grau máximo de desenvolvimento da humanidade em dado momento histórico. Voltadas à reprodução da existência da sociedade  motivações genéricas

Formação dos indivíduos Inicia na vida cotidiana, desde o nascimento, e se estende por toda a vida. É um processo mediado direta ou indiretamente por outros indivíduos. Para viver sua cotidianidade: indivíduo deve aprender a manipular os objetos de sua cultura e se apropriar das leis da natureza. Exemplos: uso e significado social do relógio, regras de conduta social como vestuário, gravidade (ao soltar um objeto, ele se dirige ao chão)

Formação de um psiquismo cotidiano ESTRUTURA MATERIAL OBJETIVA DA VIDA COTIDIANA ESTRUTURA PSÍQUICA SUBJETIVA determinados modos de pensar, agir e sentir típicos da vida cotidiana

CARACTERÍSTICAS DO PSIQUISMO COTIDIANO Espontaneidade: Pensar e agir sem reflexão consciente e crítica. Característica dominante da vida cotidiana e necessária à vida e à reprodução individual. Probabilidade ou possibilidade: Ação não conforme certeza científica Ex. ir ao supermercado  acidente (catástrofes da vida cotidiana).

CARACTERÍSTICAS DO PSIQUISMO COTIDIANO Economicismo: Lei do menor esforço: menor dispêndio de energia, tempo, pensamento. Pragmatismo: Unidade imediata entre pensamento e ação  mais determinados por sua funcionalidade imediata que por razões teóricas ou filosóficas. 

CARACTERÍSTICAS DO PSIQUISMO COTIDIANO Confiança: Tem importante papel  serve de suporte. Diferente de fé (alienada). Ultrageneralização: A partir das próprias experiências particulares  manejo grosseiro do singular. Juízos provisórios, preconceitos, analogia, precedentes.

CARACTERÍSTICAS DO PSIQUISMO COTIDIANO Imitação: Como modo de aprender a agir segundo formas socialmente adequadas. Na assimilação dos instrumentos, hábitos, costumes, usos.  Entonação: Espécie de tom afetivo que existe à volta de cada pessoa  ultrageneralização emocional ou preconceito emocional É o tom deixado pela pessoa, sua marca: ‘só podia ser coisa do fulano’

Essas formas de pensar, sentir e agir não são em si um problema São fundamentais para a existência e para a reprodução do indivíduo em sua vida cotidiana “A vida cotidiana não está ‘fora’ da história, mas no ‘centro’ do acontecer histórico.” (Heller)

Quando o indivíduo se torna incapaz de romper com tais formações psíquicas, mesmo em situações da vida em que os padrões cotidianos devessem ser superados ALIENAÇÃO Estrutura da vida cotidiana se hipertrofia Torna-se única forma de vida do indivíduo

ALIENAÇÃO DA VIDA COTIDIANA Psiquismo cotidiano alienado: Quando a vida se resume a um conjunto de atividades voltadas a reproduzir sua particularidade, com modos cristalizados que não se rompem mesmo quando as situações exigem. Determinado por uma totalidade social alienada: Relações sociais de dominação e exploração que impossibilitam a relação dos indivíduos com as esferas não-cotidianas da existência humana.

INDIVÍDUO ALIENADO Não se apropria das formas de pensamento, sentimento e ação das esferas não-cotidianas da vida Está circunscrito aos âmbitos cotidianos de sua existência particular, alienado da universalidade do gênero humano Não pode desenvolver-se plenamente a partir da apropriação de uma esfera do gênero humano – a genericidade para-si Contradição cada vez ais intensa entre enriquecimento do gênero humano e esvaziamento da individualidade

COTIDIANO E ESFERAS NÃO-COTIDIANAS Esferas não-cotidianas são invadidas pela alienação da vida cotidiana: nessa sociedade, não garante desenvolvimento do psiquismo individual Luta coletiva pela generalização social do acesso às esferas não-cotidianas pode ter efeito positivo sobre esferas não-cotidianas e também na vida cotidiana produzindo questionamento da hierarquia espontânea da cotidianidade Cotidiano não é necessariamente alienado!

VIDA COTIDIANA E ESTADO Vida cotidiana: centro de atenção do Estado e da produção capitalista. Estado moderno gere o cotidiano direta ou indiretamente: leis, proibições, intervenções, fiscalizações, orientações à mídia, controle de informações, aparelhos de justiça. Gestor da sociedade que tem como base a cotidianidade.