Ciência, Tecnologia e Sociedade

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Thomas Kuhn Kuhn nasceu em 18 de Julho de 1922, em Cincinnati, Ohio, EUA. Formou-se em Física em 1943, pela Universidade de Havard. Recebeu desta mesma.
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Ciência, Tecnologia e Sociedade Prof. Dr. Flávio Rocha de Oliveira - BRI UFABC, 2016 – 1º. Quad. flavio.rocha@ufabc.edu.br Aula 3 Obs.: Cortesia do Prof. Demétrio - BRI

Módulo 1: Aula 3 Blog da disciplina: https://goo.gl/r8HU3M - ctsflavio No blog você encontrará os materiais do curso: Programa Textos obrigatórios e complementares ppt das aulas (em breve) Links para sites, blogs, vídeos, podcasts, artigos e outros materiais de interesse (em breve)

Thomas Samuel Kuhn (1922-1996), revolucionário da história da ciência

Thomas S. Kuhn "Thomas Kuhn" by Source. Licensed under Fair use via Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/File:Thomas_Kuhn.jpg#/media/File:Thomas_Kuhn.jpg

Thomas S. Kuhn Principais obras de Thomas S. Kuhn: The Structure of Scientific Revolutions (1962) The Copernican Revolution: Planetary Astronomy in the Development of Western Thought (1957) “The Function of Dogma in Scientific Research” (1963) The Essential Tension: Selected Studies in Scientific Tradition and Change (1977)

Thomas S. Kuhn O estudo das revoluções científicas por Kuhn é nada menos do que revolucionário ERC é um dos livros acadêmicos mais citados de todos os tempos (Bird 2011) Suas contribuições são centrais para a: História da ciência Sociologia da ciência Filosofia da ciência Epistemologia

Thomas S. Kuhn Formação e carreira acadêmica de Kuhn: Graduação em física (Harvard, 1943) Durante a Segunda Grande Guerra fez pesquisa em física aplicada (radar) Mestrado e doutorado em física (Harvard, 1946 e 1949) Professor de História da Ciência para estudantes de humanidades em Harvard como parte do currículo de “General Education in Science” (1949-1956)

Thomas S. Kuhn Formação e carreira acadêmica de Kuhn: Professor, Departamento de Filosofia, University of California, Berkeley (1956-1964) Professor de Filosofia e História da Ciência, Princeton University (1964-1982) Professor de Filosofia, Massachusetts Institute of Technology (1983-1996)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Antes de começar a analisar ERC, um breve comentário sobre o gênero em que a obra se inscreve: o ensaio (“Neste ensaio, ‘ciência normal significa...’, primeira fase do primeiro capítulo) Ensaio, não monografia Ensaio, não artigo Ensaio, não verbete

A estrutura da revoluções científicas (1962) Duas grandes contribuições de Kuhn para a história e a sociologia da ciência: Noção de desenvolvimento científico não-cumulativo Papel da comunidade científica no estabelecimento de paradigmas científicos e na transição entre paradigmas (revolução científica)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Principais conceitos da ERC: Paradigma Ciência normal Anomalia/ciência extraordinária Revolução científica Incomensurabilidade dos paradigmas

A estrutura da revoluções científicas (1962) Paradigma: “duas características essenciais: [1] realizações suficientemente sem precedentes para atrair um grupo duradouro de partidários, afastando-os de outras formas de atividade científica dissimilares [2] realizações suficientemente abertas para deixar que toda espécie de problemas fosse resolvida pelo grupo redefinido de praticantes da ciência” (Kuhn 2013: 72)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Paradigmas exemplares: Astronomia ptolomaica Astronomia copernicana

Geo x Helio Ptolomeu x Copérnico

A estrutura da revoluções científicas (1962) Paradigma: “Para ser aceita como paradigma, uma teoria deve parecer melhor que suas competidoras, mas não precisa (e de fato isso nunca acontece) explicar todos os fatos com os quais pode ser confrontada” (Kuhn 2013: 72). “A aquisição de um paradigma e do tipo de pesquisa mais esotérico que ele permite é um sinal de maturidade no desenvolvimento de qualquer campo científico que se queira considerar” (Kuhn 2013: 73)

Paradigma: “Um termo estreitamente relacionado com ‘ciência normal’” (Kuhn 2013: 72)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Ciência normal: “a pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas. Essas realizações são reconhecidas durante algum tempo por alguma comunidade científica específica como proporcionando os fundamentos para sua prática posterior” (Kuhn, 2013: 71)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Ciência normal: seu papel é “(...) definir implicitamente os problemas e métodos legítimos de um campo de pesquisa para as gerações posteriores de praticantes da ciência” (Kuhn, 2013: 71)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Anomalia/ciência extraordinária: violação das expectativas paradigmáticas. “A percepção da anomalia – isto é, de um fenômeno para o qual o paradigma não prepara o investigador – desempenh[a] um papel essencial na preparação do caminho que permit[e] a percepção da novidade” (Kuhn 2013: 134)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Anomalia/ciência extraordinária: “Essa consciência da anomalia inaugura um período no qual as categorias conceituais são adaptadas até que o que inicialmente era considerado anômalo se converta no previsto” (Kuhn 2013: 142)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Revolução científica: “Consideramos revoluções científicas aqueles episódios de desenvolvimento não cumulativo, nos quais um paradigma mais antigo é total ou parcialmente substituído por um novo, incompatível com o anterior” (Kuhn 2013: 177)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Revolução científica: “Por que chamar de revolução uma mudança de paradigma? Em face das grandes e essenciais diferenças que separam o desenvolvimento político do científico, que paralelismo poderá justificar a metáfora que encontra revolução em ambos?” (Kuhn 2013: 177)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Incomensurabilidade dos paradigmas: “A tradição científica normal que emerge de uma revolução científica é não apenas incompatível, mas muitas vezes verdadeiramente incomensurável com aquela que a precedeu” (Kuhn 2013: 191)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Incomensurabilidade dos paradigmas: “(...) a escolha entre paradigmas competidores coloca comumente questões que não podem ser resolvidas pelos critérios da ciência normal. A tal ponto (...) que quando duas escolas científicas discordam sobre o que é um problema e o que é uma solução, elas inevitavelmente travarão um diálogo de surdos ao debaterem os méritos relativos dos respectivos paradigmas” (Kuhn 2013: 198)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Ideia central de ERC: Período de ciência normal: desenvolvimento científico cumulativo no interior de um paradigma Período de revolução científica: desenvolvimento científico não-cumulativo entre paradigmas

A estrutura da revoluções científicas (1962) História, sociologia e filosofia da ciência ANTES de Kuhn e seu ERC: Desenvolvimento científico linear, cumulativo e em direção à verdade (por exemplo, Merton (2013): objetivo institucional da ciência é a ampliação do conhecimento certificado; noção tradicional de ciência)

A estrutura da revoluções científicas (1962) História, sociologia e filosofia da ciência DEPOIS de Kuhn e seu ERC: Desenvolvimento científico não-cumulativo, coletivo e incomensurável (por exemplo, Kuhn: “talvez a ciência não se desenvolva pela acumulação de descobertas e invenções individuais (...) as concepções de natureza outrora correntes não eram nem menos científicas, nem menos o produto de nossa idiossincrasia do que são agora”, 2013: 61)

A estrutura da revoluções científicas (1962) Desenvolvimento científico não-cumulativo, Kuhn: Período pré-paradigmático Consolidação de um paradigma Ciência normal Anomalia/ciência extraordinária Crise Revolução científica Mudança de paradigma