Magda Pischetola Bruna Heinsfeld PPGE PUC-Rio

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Transcrição da apresentação:

Magda Pischetola Bruna Heinsfeld PPGE PUC-Rio Tecnologias, estilo motivacional do professor e democracia em sala de aula Magda Pischetola Bruna Heinsfeld PPGE PUC-Rio IX Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias UERJ – 07 de junho de 2017

Tecnologias e didática Quais elementos favorecem mudanças nas formas de ensinar e aprender, em presença de novas ferramentas para a didática? Hipótese: Metodologia / Atitude do professor / “Estilo motivacional” “A escolha do professor para determinadas estratégias didáticas é o que os autores chamam de “estilo motivacional” (REEVE et al., 1999). Esse conceito inclui dois elementos fundamentais: (1) as características da personalidade do professor e (2) as habilidades que ele adquiriu ao longo de sua carreira profissional. As primeiras referem-se à atitude do professor na relação com seus alunos, atitude que pode ser mais autoritária ou mais dialógica. Entre as habilidades, destacam-se a empatia, ou seja, a predisposição para assumir a perspectiva do outro, e o domínio da linguagem, que consiste na valorização ou não da informação para a construção da relação com os alunos. Além desses elementos, Guimarães e Boruchovitch (2004) ressaltam que o estilo motivacional do professor é influenciado por fatores contextuais, como o tamanho das turmas, as relações interpessoais com colegas de trabalho, pais e diretores, o sistema de avaliação de seu trabalho.”

Estilo motivacional e democracia em sala de aula Estilo controlador Valorização do professor; Comportamento específico; Motivação extrínseca. Estilo promotor da autonomia Informação; Empatia; Diálogo com os alunos. “De que forma as atitudes dos professores frente as tecnologias contribuem para esse cenário ou para a sua superação? Os estilos motivacionais estão garantindo aos alunos aproveitarem das potencialidades que as tecnologias apresentam? Como os docentes se percebem como profissionais nesse momento de mudança social? Quais as repercussões de suas visões na construção da democracia em sala de aula?” Pischetola, 2016

A pesquisa: atitude dos professores frente às TIC Abordagem qualitativa. Entre 2014 e 2016. Oito escolas municipais do Rio de Janeiro. Entrevistas semi- estruturadas com oito professores/escola.

Resultados: controle / autonomia / estilos híbridos Desvalorização conhecimento alunos Medo da perda de controle Informação unilateral Valorização saberes dos alunos Busca pela participação ativa Diálogo

Resultados: estilo controlador “ Comigo [o uso da mídia] não é sempre. Até porque eles acabam querendo ir para outros lados, como a internet tá ligada, eles querem buscar outros e eu não tenho como dar conta de trinta. Do que estão fazendo. [...] Não sempre uso [a mídia], mas justamente por isso: porque eu perco o controle (P08: 01.08). Quando o aluno sai daqui, ele vai procurar a mídia, a rede social, para divertimento. Raros são aqueles que utilizam para aprender alguma coisa (P57: 08.02). ” “Ao voltarmos nosso olhar para as falas desses professores, percebemos a presença de uma relação hierárquica entre aquilo o que o professor entende como conhecimento válido e a prática do aluno. Há o julgamento de valor pejorativo dos interesses do aluno e da forma como se utiliza das tecnologias digitais, ao mesmo tempo em que ocorre a supervalorização do saber acadêmico-escolar e de práticas outras entendidas pelos professores como adequadas. O discurso desses professores apresenta as características já citadas com relação à proximidade do estilo motivacional mais controlador: a valorização da indicação do próprio professor, as expectativas dos comportamentos julgados adequados e os incentivos extrínsecos para a motivação do aluno.

Resultados: estilo promotor da autonomia “ A relação entre mídia e escola, ela consiste num trabalho de ensino-aprendizagem, em que nós podemos usar computador, podemos usar, o que o aluno traz em si, seu conhecimento de mundo, sua experiência [...] eles trabalham com mídias, eles usam mídias e o que nós fazemos é aproveitar esse conhecimento que eles expõem e tentar inserir isso na aula (P21: 03.05). Eu acho que o mais interessante é que nós possamos gerar meios para que nossos alunos possam participar nisso. Eles, com as opiniões colaborativas deles, discutam os assuntos e tenham a possibilidade de publicar discussões, opiniões (P16: 02.08). ” “As falas destacadas trazem consigo aspectos relevantes na promoção de autonomia, como a valorização dos saberes do aluno com relação à tecnologia e seu conhecimento de mundo, o diálogo, a empatia, a busca pela participação ativa e pela colaboração. Essas características, como dissemos anteriormente, são indícios de práticas mais democráticas em sala de aula”

Resultados: reflexividade e autoquestionamento Contudo, na análise das entrevistas foi possível observar mais uma categoria de depoimentos que não se encaixam apenas nos estilos motivacionais polarizados descritos anteriormente. Trata-se de professores que não enfatizam, ou não se limitam a enfatizar, nem o conhecimento do aluno com respeito às tecnologias nem a falta desse conhecimento, mas apresentam uma reflexividade marcada e uma atitude auto-questionadora interessante. O foco dessa visão é o próprio professor, sua responsabilidade para com a mediação pedagógica e sua função de orientador para os alunos. No entanto, como visto, as características de problematização da própria prática, enfatizando o caráter mediador, apontam em uma direção favorável às práticas democráticas, podendo indicar o início de um deslocamento no continuum para os professores posicionados no primeiro extremo.

Resultados: reflexividade e autoquestionamento “ Você vê que ele está o tempo todo em contato com a tecnologia, mas a questão do letramento corre por fora porque você precisa de um orientador, você precisa do professor para intervir. Para mostrar para ele como utilizar essas mídias a favor, em benefício próprio, no seu próprio processo de ensino aprendizagem [...] eles não têm essa visão ampla do quanto os recursos tecnológicos podem ajudá-lo no seu processo de ensino e aprendizagem. Eles não têm em sua grande maioria essa visão nenhuma, eles precisam, sim, do professor como esse mediador (P19: 03.03). ”

Considerações finais Presença de tecnologias no âmbito escolar requer: Professor mais humano e criativo Professor mediador, que guia os alunos em suas descobertas Professor que valoriza criações autorais e conhecimentos dos alunos Criação de comunidade de aprendizagem na sala de aula  PRÁTICAS DEMOCRÁTICAS / PROMOTORAS DE AUTONOMIA

Referências BANNELL, R. I.; DUARTE, R.; CARVALHO, M. C.; PISCHETOLA, M.; MARAFON, G.; CAMPOS, G. H. B. Educação no século XXI. Cognição, Tecnologias e Aprendizagens. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2016. DECI, E. L.; RYAN, R. M. Intrinsic motivation and self-determination in human behavior. New York: Plenum, 1985. GUIMARÃES, S. E. R.; BORUCHOVITCH E. Estilo motivacional do professor e a motivação intrínseca dos estudantes: uma perspectiva da teoria da autodeterminação. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17(2), p. 143-150, 2004. PISCHETOLA, M. Inclusão digital e educação: A nova cultura da sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2016.