PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM A TEORIA SOCIO-HISTÓRICA AMANDA MARTINS SIMÔES (88) 9 9627 7153
Vygotsky empenhou-se em criar uma teoria que abarcasse uma concepção de desenvolvimento cultural do ser humano por meio do uso de instrumentos, em especial a linguagem, tida como instrumento do pensamento.
Os objetivos da Teoria sócio-Histórica: O homem é um ser histórico-social, ou de modo mais abrangente, um ser histórico-cultural. O homem é moldado pela cultura que ele próprio cria.
O indivíduo é determinado nas interações sociais, ou seja, por meio da relação com o outro. É através da linguagem que o indivíduo é determinado e se torna determinante a outros indivíduos.
A atividade mental é exclusivamente humana e é resultante da aprendizagem social, da interiorização da cultura e das relações sociais. O desenvolvimento mental é, em sua essência, um processo sociogenético.
O desenvolvimento é um longo processo marcado por saltos qualitativos que ocorrem em três momentos: -Da FILOGÊNESE (origem da espécie) para a SOCIOGÊNESE (origem da sociedade) -Da SOCIOGÊNESE para a ONTOGÊNESE (origem do homem) -Da ONTOGÊNESE para a MICROGÊNESE (origem do indivíduo único)
A atividade cerebral superior não é simplesmente uma atividade nervosa ou neuronal, mas uma atividade que interiorizou significados sociais derivados das atividades culturais e mediada por signos. A atividade cerebral é sempre mediada por instrumentos e signos.
A linguagem é o principal mediador na formação e no desenvolvimento das funções psicológicas superiores A linguagem compreende várias formas de expressão: Oral, Gestual, Escrita, Artística, Musical e Matemática.
O processo de interiorização das funções psicológicas superiores é histórico, e as estruturas de percepção, a atenção voluntária, a memória, as emoções, o pensamento, a linguagem, a resolução de problemas e o comportamento assumem diferentes formas, de acordo com o contexto histórico da cultura.
A cultura é interiorizada sob a forma de sistemas neurofísicos que constituem parte das atividades fisiológicas do cérebro, as quais permitem a formação e o desenvolvimento dos processos mentais superiores.
A Linguagem, a Aprendizagem e os Instrumentos Psicológicos : Instrumentos Simbólicos A linguagem A aprendizagem
Instrumentos Simbólicos: Para Vygotsky, os signos (a linguagem simbólica desenvolvida pela espécie humana) têm um papel similar ao dos instrumentos: Tanto os instrumentos de trabalho quanto os signos são construções da mente humana, que estabelecem uma relação de mediação entre o homem e a realidade.
Instrumentos Simbólicos (cont.): Por esta similaridade, Vygotsky denominava os signos de instrumentos simbólicos, com especial atenção à linguagem, que para ele configurava-se um sistema simbólico fundamental em todos os grupos humanos e elaborado no curso da evolução da espécie e história social.
A linguagem: A linguagem é uma espécie de “cabo de vassoura” muito especial, capaz de transformar decisivamente os rumos de nossa atividade. Quando aprendemos a linguagem específica do nosso meio sociocultural, transformamos radicalmente os rumos de nosso próprio desenvolvimento.
A linguagem (cont.): Assim, podemos ver como a visão de Vygotsky dá importância à dimensão social, interpessoal, na construção do sujeito psicológico. As suas pesquisas sobre aprendizagem tiveram na sua maior parte enfoque na Pedagogia.
A linguagem (cont.): Os processos de desenvolvimento chamaram a atenção de Vygotsky, que sempre procurou o aparecimento de novas formas de organização psicológica, ao invés de reduzir a estrutura de aprendizagem a elementos constitutivos.
A linguagem (cont.): Na área educacional, a influência de Vygotsky também vem crescendo cada vez mais, dando origem a experiências mais diversas. Não existe um método Vygotsky. Como Piaget, o psicólogo bielo-russo é mais uma fonte de inspiração do que um guia para os pedagogos. .
A aprendizagem: Vygotsky utiliza alguns conceitos na área do desenvolvimento da aprendizagem. Um dos conceitos mais importantes é o de Zona de Desenvolvimento Proximal, que se relaciona com a diferença entre o que a criança consegue realizar sozinha e aquilo que, embora não consiga realizar sozinha, é capaz de aprender e fazer com a ajuda de uma pessoa mais experiente (adulto, criança mais velha ou com maior facilidade de aprendizado, etc.).
A aprendizagem (cont.): A Zona de Desenvolvimento Proximal é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos intelectuais quando lhe é dado o suporte educacional devido. Este conceito será, posteriormente desenvolvido por Jerome Bruner, sendo hoje vulgarmente designado por etapa de desenvolvimento.
A aprendizagem (cont.): Outra contribuição de Vygotsky foi a relação que estabelece entre pensamento e linguagem. Entre suas contribuições a esse tema destacam a formação de conceitos e a compreensão das funções mentais enquanto sistemas funcionais, sem localização específica no cérebro de grande plasticidade e dinâmica variando ao longo da história da humanidade e do desenvolvimento individual.
A aprendizagem (cont.): Concepção essa que foi posteriormente bem desenvolvida e demonstrada do ponto de vista neuropsicológico por seu discípulo e colaborador A. R. Luria.
A aprendizagem (cont.): Outro conceito importante da obra de Vygostsky é o conceito de síntese. O autor define a síntese não apenas como a soma ou a justaposição de dois ou mais elementos, e sim como a emergência de um produto totalmente novo gerado a partir da interação entre elementos anteriores.
A aprendizagem (cont.): Vygotsky particulariza o processo de ensino e aprendizagem na expressão obuchenie, uma expressão própria da língua russa que coloca aquele que aprende e aquele que ensina numa relação interligada.
A aprendizagem (cont.): A ênfase em situar quem aprende e, aquele que ensina como partícipes de um mesmo processo corrobora com outro conceito chave na teoria de Vygotsky, a mediação, como um pressuposto da relação eu-outro social.
A aprendizagem (cont.): A relação mediatizada não se dá pelo outro corpóreo necessariamente, mas pela possibilidade de interação com signos, símbolos culturais e objetos. Um dos pressupostos básicos é que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro. A aprendizagem relaciona-se ao desenvolvimento desde o nascimento, sendo a principal causa para o desabrochar do desenvolvimento do ser.